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Países ricos resistem a financiar US$ 1 tri ao clima – 20/11/2024 – Ambiente

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Giuliana Miranda

A dois dias do fim da COP29, a Conferência das Nações Unidas sobre Mudança Climática no Azerbaijão, os quase 200 países participantes ainda estão longe de desatar o principal nó das negociações: o valor da nova meta global de financiamento climático, mais conhecida pela sigla NCQG (novo objetivo coletivo quantificado).

O impasse entre os países ricos e as nações em desenvolvimento concentra-se em pelo menos cinco propostas de meta financeira, ainda em circulação entre os negociadores.

O G77+China, bloco que reúne nações em desenvolvimento e do qual o Brasil faz parte, apresentou uma proposta de valor anual de US$ 1,3 trilhão anuais. Representantes do grupo vêm reiterando essa cifra em várias ocasiões. Com uma postura menos transparente em relação às cifras propostas, os países ricos trabalham para pagar bem menos do que isso.

Os negociadores da União Europeia discutem internamente valores entre US$ 200 bilhões e US$ 300 bilhões por ano, de acordo com reportagem do portal Politico. Esse montante praticamente não cobre um aumento real em relação à meta atual em vigor, de US$ 100 bilhões anuais, que expira no fim deste ano.

É piada?

Questionado pela imprensa sobre a proposta de US$ 200 bilhões anuais durante uma entrevista coletiva, o principal negociador da Bolívia, Diego Pacheco, respondeu com um sorriso irônico: “Isso é uma piada?”

Na mesma rodada de conversa com os jornalistas, Ali Mohamed, negociador do Quênia, respondeu com acidez. “Não sabemos de onde você está trazendo esses US$ 200 bilhões. Mas, piada ou não, o quantum que nós estamos propondo não chega nem perto do que você acabou de sugerir.”

Diversos levantamentos têm chamado a atenção para os custos crescentes das mudanças climáticas. Em linha com esse entendimento, a declaração de líderes do G20, o grupo das 20 maiores economias do mundo, divulgada na última segunda (18), reforçou que o financiamento do clima deveria sair da casa dos bilhões para a dos trilhões de dólares anuais. Tratou-se de recado aos negociadores em Baku,

À imprensa, os negociadores de países em desenvolvimento enfatizaram que os recursos para o financiamento climático devem ser pagos apenas pelos países desenvolvidos. Essa previsão consta na Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança Climática, de 1992, e também no Acordo de Paris, de 2015.

Ambos os documentos expressam o entendimento de que os países ricos conseguiram alavancar suas economias graças a um longo período de emissões de gases-estufa. Por essa razão, devem financiar as ações para a transição climática nas nações em desenvolvimento.

Resistência da China

As nações mais ricas, por outro lado, insistem na ampliação da base de doadores, com a inclusão de países em desenvolvimento. A ofensiva mira principalmente a China, atualmente a maior emissora de gases estufa do planeta.

Nesta quarta (20), a líder da delegação do Parlamento Europeu na COP29, a portuguesa Lídia Pereira, reforçou a defesa da ampliação da base de doadores. Nota divulgada antes da chegada da comitiva parlamentar a Baku, no entanto, já sinalizava a coesão dos europeus em torno da divisão da conta do financiamento.

“A situação mudou desde os anos 1990 [quando foi assinada a convenção do clima]. Enquanto a União Europeia reduziu mais da metade de sua participação nas emissões globais, para 6% em 2023, as emissões das grandes economias emergentes continuam a crescer, e um país como a China agora tem emissões históricas equivalentes às da UE”, sublinhou o texto.

“Se queremos uma meta ambiciosa de financiamento climático, então todas as grandes economias emergentes de alto PIB (Produto Interno Bruto) e alta emissão, como a China e a Arábia Saudita, devem contribuir financeiramente para a meta pós-2025, que esperamos concordar em Baku.”

Convocada pela presidência azeri da COP29 para ajudar a destravar as negociações, juntamente com os diplomatas do Reino Unido, a delegação brasileira na conferência envolveu-se em uma maratona de conversas com os blocos negociais na tentativa de alcançar um consenso quanto ao financiamento.

Reservadamente, negociadores brasileiros afirmaram que a possibilidade de ampliar a base de doadores obrigatórios para o NCQG já está praticamente enterrada. A pressão agora é pelas contribuições voluntárias.

Embora não sejam obrigados pagar a conta, os países em desenvolvimento podem contribuir de forma voluntária, se assim o desejarem, o que já está previsto no Acordo de Paris.

A China, que se recusa categoricamente a entrar no grupo de pagadores compulsórios, vem sinalizando com o aumento de repasses não compulsórios. Um levantamento apresentado por Pequim indica que o país já desembolsou mais de US$ 24,5 bilhões (R$ 137,8 bilhões) para esse fim desde 2016.

Exaustão

Com a COP29 próxima de seu término, crescem também os apelos por um acordo sobre financiamento climático. Nesta quarta (20), uma carta assinado por mais de 70 organizações, coalizões empresariais, empresas, organizações de povos indígenas, cientistas e membros da sociedade civil pediu que a conferência “reconheça e financie adequadamente” o papel da natureza na crise climática atual.

Enquanto muitos negociadores já expressam abertamente cansaço e frustração com o rumo da conferência, a delegação brasileira trabalha para que o acordo seja mesmo finalizado no Azerbaijão. O fracasso em Baku empurraria a questão do financiamento para a já sobrecarregada agenda da próxima convenção, a COP30, a ser realizada Belém em 2025.

Na manhã de quinta (21), o embaixador André Corrêa do Lago, chefe da delegação brasileira na COP29, e a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, retornam para as conversas. Ambos deixaram Baku às pressas na semana passada em um esforço para extrair do G20, reunido no Rio, um compromisso mais ambicioso sobre financiamento climático —o que não ocorreu.

A liberação de uma nova versão do texto do NCQG está marcada para a madrugada de quinta (21), quando será possível avaliar com maior precisão avanços ou recuos no documento.



Leia Mais: Folha

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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