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Papagaio e arara devem suas cores à alteração no DNA – 03/11/2024 – Ciência

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Reinaldo José Lopes

Pequenas mudanças num “interruptor” do DNA podem explicar grande parte da diversidade estonteante de cores na plumagem de papagaios, araras, periquitos e companhia. A alteração interfere no equilíbrio entre pigmentos nas penas dos bichos, revela um estudo feito por cientistas de Portugal.

A pesquisa, publicada na última sexta-feira (31) na revista Science, estudou as chamadas psitacofulvinas, “tinturas” naturais das penas desse grupo de aves, o dos psitaciformes (ambos os nomes vêm do termo grego “psittakôs”, com o significado de “papagaio”).

As psitacofulvinas são responsáveis pelo espectro de coloração que inclui os tons de amarelo, alaranjado e vermelho. Também são importantes para as penas verdes dos animais do grupo, por meio da interação com tons azuis da plumagem (os quais não são criados por meio de pigmentos, mas sim por mudanças na estrutura microscópica das penas).

A equipe de Portugal, liderada por Miguel Carneiro, do Centro de Investigação em Biodiversidade e Recursos Genéticos da Universidade do Porto, usou uma série de análises químicas refinadas, capazes de medir a composição das penas quase molécula a molécula, para entender as diferenças entre os tipos de psitacofulvinas.

Para isso, eles usaram amostras da plumagem de uma gama bastante ampla de espécies do grupo, dos periquitos-australianos e calopsita, populares no mercado de animais de estimação, à araracanga ou arara-vermelha-pequena (Ara macao), nativa de toda a região Norte do Brasil.

Esse primeiro passo do estudo foi suficiente para demonstrar que, no espectro de cores que vai do vermelho, numa ponta, ao amarelo (e verde), na outra, existe uma correlação forte entre dois tipos diferentes da porção final das moléculas de pigmento.

As penas vermelhas carregam grande quantidade de psicatofulvinas que terminam num aldeído (uma molécula orgânica que é caracterizada por um átomo de carbono com ligação dupla de um átomo de oxigênio e um átomo de hidrogênio). Já as amarelas e verdes têm maior quantidade de psicatofulvinas que terminam numa carboxila (que tem a mesma ligação dupla de oxigênio e, no lugar do hidrogênio “solitário”, outro átomo de oxigênio ligado ao hidrogênio).

A diferença, do ponto de vista bioquímico, parecia estar clara. O próximo passo da equipe da Universidade do Porto foi tentar as bases genéticas dessa variabilidade. Para isso eles decidiram usar como modelo o papagaio Pseudeos fuscata, uma espécie da Nova Guiné que possui duas variedades naturais, uma amarela e outra vermelha, o que talvez ajudasse a identificar pistas mais claras para resolver o mistério.

Foi assim que eles identificaram uma variação numa única “letra” química do DNA que parecia estar associada ao código para a fabricação de uma molécula associada à produção de aldeídos ou carboxilas. Para ser mais exato, essa molécula, em grandes quantidades, coordena a transformação de aldeídos em carboxilas –ou seja, poderia levar à transformação de penas vermelhas em penas amarelas ou verdes.

Uma série de outros testes, incluindo também outra espécie do grupo, mostraram que é isso mesmo o que acontece: a presença da molécula aumenta justamente no processo de especialização das células produtoras de pigmento quando as penas estão se formando. E a variação no DNA afetaria justamente como um interruptor, modulando a produção da molécula.

Os pesquisadores propõem que a simplicidade dessa alteração no DNA e os efeitos consideráveis que ela provoca poderiam explicar como o grupo dos papagaios e araras conseguiu produzir uma variedade tão grande de coloridos ao longo de sua trajetória evolutiva.



Leia Mais: Folha

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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Mestrado em Ciências Ambientais é destacado em livro da Capes — Universidade Federal do Acre

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Mestrado em Ciências Ambientais é destacado em livro da Capes — Universidade Federal do Acre

O mestrado em Ciências Ambientais (PPGCA) da Ufac foi destaque no livro “Impacto da Pós-Graduação Brasileira na Agenda 2030: Contribuição do Sistema Nacional de Pós-Graduação para a COP30 na Amazônia” (248 p.), editado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). A boa prática destacada se origina do projeto “Formação de Capacidades e Trocas de Conhecimentos para a Governança e o Empreendedorismo Socioambiental na Bacia do Alto Juruá”.

O projeto é realizado em parceria com o programa de pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade de São Paulo, o Programa de Conservação e Desenvolvimento Tropical da Universidade da Flórida e o Instituto Fronteiras. O destaque está nas páginas 158 e 159 do livro.

“O projeto promoveu a parceria global para o desenvolvimento sustentável ao mobilizar e compartilhar 159 conhecimento, expertise e recursos financeiros para a capacitação de 30 pessoas em liderança empreendedora comunitária na Bacia do Alto Juruá (Acre)”, diz um dos trechos da referência.

A atividade foi coordenada pelo professor da Ufac, Charles Rossi. “A reflexão sobre a necessidade de repensar sua abordagem de investigação, educação e formação para apoiar as comunidades tradicionais e indígenas tem sido um pilar a ser fortalecido no PPGCA”, pontuou ele.

O livro aborda os destaques de experiências na pós-graduação, através de atividades de ensino, pesquisa, extensão e inovação, que atendem aos objetivos de desenvolvimento sustentável (ODS). “Dos destaques enviados foram selecionados 4 de cada das 9 grandes áreas, sendo uma delas da área de ciências ambientais de um programa com jovens no interior da Amazônia, demonstrando o potencial de contribuição vindo da Amazônia e para a Amazônia”, comentou o coordenador da Área de Ciências Ambientais da Capes, professor Carlos Sampaio.

 



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