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Paralelos entre batalhas de gladiadores e reality shows – 14/11/2024 – Ilustrada

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Petra Lambeck

Gladiador“, um sucesso de bilheteria do ano 2000, foi um épico monumental que recebeu diversos prêmios e indicações. Agora, 24 anos depois, a sequência finalmente chega aos cinemas do mundo todo.

Um grande chamariz para os fãs, certamente, é o fato de que “Gladiador 2” também foi dirigido por Ridley Scott. O cineasta britânico, de 86 anos, esteve por trás de produções famosas, como “Alien” (1979), “Blade Runner” (1982) e, mais recentemente, “Napoleão” (2023).

Para além dos filmes de Scott, as batalhas de gladiadores são objeto de grande fascínio. E dá até para encontrar alguns paralelos com o sucesso dos reality shows de TV de hoje em dia.

O povo precisa de “pão e circo”

Essa citação, atribuída ao poeta romano Juvenal, refere-se a como a população geralmente pode ser mantida apaziguada, desde que receba comida e entretenimento. Juvenal estava, na verdade, criticando o povo romano por não se interessar o suficiente pela política e se deixar manipular por meio de distrações superficiais.

A luta dos gladiadores foi a “maior ferramenta política de sua época”, afirma o historiador e especialista em gladiadores Alexander Mariotti, que mora em Roma, perto do Coliseu.

O imperador que encomendou o Coliseu, Vespasiano, assumiu o poder em tempos difíceis: Roma tinha acabado de sair de uma guerra civil e estava em uma fase conturbada.

“Vespasiano era um homem do povo, e ele entendeu que precisava de uma maneira de se fazer amado pelo povo, porque o império estava basicamente ameaçado”, Mariotti conta à DW. “Os romanos costumavam distribuir grãos, então a parte do ‘pão’ estava resolvida. E seus ‘circos’, é claro, eram essas caras e elaboradas disputas ao vivo.”

Reality show —o “circo” moderno?

Olivia Stowell, doutoranda na Universidade de Michigan cuja pesquisa se concentra na história dos reality shows, também vê uma ligação entre lutas de gladiadores e programas como “Survivor”. Em ambos os formatos, participantes competem pelo deleite da audiência.

Ela brinca, que, embora “Candid Camera“, um programa de comédia de longa duração que estreou em 1948, seja frequentemente identificado como o primeiro reality show, ela deveria expandir sua pré-história de reality shows. “Eu deveria começar com o Coliseu!”, diz.

Aqui pode-se argumentar que os participantes de um programa de TV normalmente se inscrevem voluntariamente, enquanto os gladiadores da Roma Antiga não. Mas isso não é bem verdade. No início, a maioria dos gladiadores eram escravos ou criminosos sentenciados a cumprir pena na arena. Mas, à medida que esses jogos se tornaram populares, mais pessoas começaram a se inscrever voluntariamente em “escolas de gladiadores”, que as treinavam para se tornarem profissionais —verdadeiros heróis que personificavam virtudes romanas como coragem e força.

“Sabemos que por volta de 75 a.C. metade de todos os gladiadores eram pessoas livres, eram homens livres. E eram muito bem pagos: você recebia 2.000 sestersi como bônus de inscrição. Só para colocar isso em perspectiva, 900 sestersi era o salário anual de um soldado romano. Então você recebia o equivalente a dois anos de pagamento de um soldado em uma única inscrição”, explica Mariotti.

Era, portanto, uma maneira fácil de ganhar muito dinheiro. E é preciso lembrar, acrescenta o historiador romano, “que na antiguidade era muito mais difícil mudar de status social do que hoje em dia”.

Uma loteria para fama e fortuna

Os gladiadores sabiam que estavam arriscando a vida. Mas também havia uma chance de se tornarem ricos e famosos. “Eles eram os atletas mais desejados sexualmente do seu tempo”, diz Mariotti. “Estavam no degrau mais baixo da escala social, mas também eram muito admirados.”

Participantes de reality shows normalmente não arriscam a vida, mas também sacrificam algo em troca de fama e fortuna, diz Stowell. “A privacidade é um exemplo. E também a dignidade até certo ponto.”

Um método clássico de criar drama, por exemplo, é privar as pessoas do sono e fornecer a elas muito álcool. “Esse tipo de coisa, que cria as condições em que temos essas pessoas privadas de sono que às vezes estão embriagadas, e que, além disso, estão realmente isoladas de suas redes de apoio da vida real”, aponta a pesquisadora. Exemplos famosos incluem “The Bachelor“, “Survivor” e “Big Brother“.

Participantes de reality shows geralmente falam sobre “o mundo exterior”, porque durante o programa eles vivem em um mundo separado, onde deixam suas famílias, amigos, empregos, confortos e rotina para trás —outro paralelo com os gladiadores, que também eram completamente isolados do resto da sociedade.

Produtores — os imperadores modernos?

Comparar os gladiadores com os participantes de um reality show moderno também levanta a questão: Quem é o imperador na analogia moderna? “Eu acho que somos nós —os criadores do show”, diz Sagar More, produtor e diretor de Mumbai, na Índia —um país onde os reality shows viraram uma febre nos últimos anos.

More dirigiu dez temporadas do reality show mais antigo da Índia, “Roadies”. Mas ele admite que jamais participaria como competidor de um programa desses. “De jeito nenhum –eu sei o que eu os faço passar!”

Roadies acompanha jovens na estrada por 30 dias, enquanto viajam por diferentes partes do país cumprindo tarefas e desafios. “Apenas criamos situações, e as pessoas preenchem com suas emoções e estratégias. Mas conforme as temporadas foram crescendo, as tarefas foram se tornando cada vez maiores. E então as coisas se tornaram mais intensas”, explica.

More também aponta que há horas e horas de filmagem. Os editores têm que escolher o que incluir e, mais importante, o que deixar de fora. Isso é muito poder em suas mãos. “Isso pode realmente mudar o curso de uma história”, diz. E o critério mais importante no processo de decisão é o fator entretenimento do público.

Conquistando o público

Na Roma antiga, o imperador tinha poder direto sobre o destino do gladiador. Mas ele também tinha os espectadores em mente, visando, em última análise, manter sua popularidade. Quando um dos gladiadores perdia sua arma e levantava um dedo —o símbolo para pedir misericórdia— o imperador normalmente pedia à multidão para sinalizar por gestos ou gritos se o gladiador deveria ser perdoado ou condenado à morte.

Hoje em dia, os reality shows obviamente não envolvem a morte, mas têm recebido muitas críticas ao longo dos anos, seja pelas más condições de trabalho no set, por promover padrões de beleza pouco saudáveis ou por serem falsos e manipuladores.

Recentemente, um aspecto que tem ganhado destaque é a saúde mental. Os participantes de muitos programas diferentes têm falado sobre a solidão, ansiedade e até depressão que vivenciaram durante e após as filmagens. É por isso que muitos programas agora oferecem alguma forma de apoio psicológico durante e mesmo após as filmagens, mas nem sempre é o suficiente.

Lutas de gladiadores foram proibidas no início do século 5, mas hoje filmes sobre o tema ainda atraem um grande público. O primeiro “Gladiador” de Ridley Scott arrecadou cerca de 457 milhões de dólares (R$ 2,6 bilhões) no mundo. E a sequência promete não ficar muito longe disso.



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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, e a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, realizaram nessa quarta-feira, 15, no anfiteatro Garibaldi Brasil, uma atividade em alusão ao Dia dos Professores. O evento teve como objetivo homenagear os docentes da instituição, promovendo um momento de confraternização. A programação contou com o show de talentos “Quem Ensina Também Encanta”, que reuniu professores de diferentes centros acadêmicos em apresentações musicais e artísticas.

“Preparamos algo especial para este Dia dos Professores, parabenizo a todos, sou muito grata por todo o apoio e pela parceria de cada um”, disse Guida.

Ednaceli Damasceno parabenizou os professores dos campi da Ufac e suas unidades. “Este é um momento de reconhecimento e gratidão pelo trabalho e dedicação de cada um.”

O presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara, reforçou o orgulho de pertencer à carreira docente. “Sinto muito orgulho de dizer que sou professor e que já passei por esta casa. Feliz Dia dos Professores.”

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

O Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) realizaram o evento Diálogos de Saberes Ambientais: Compartilhando Experiências, nessa quarta-feira, 15, no PZ, em alusão ao Dia do Educador Ambiental e para valorizar o papel desses profissionais na construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a sustentabilidade. A programação contou com participação de instituições convidadas.

Pela manhã houve abertura oficial e apresentação cultural do grupo musical Sementes Sonoras. Ocorreram exposições das ações desenvolvidas pelos organizadores, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sínteses da Biodiversidade Amazônica (INCT SinBiAm) e SOS Amazônia, encerrando com uma discussão sobre ações conjuntas a serem realizadas em 2026.

À tarde, a programação contou com momentos de integração e bem-estar, incluindo sessão de alongamento, apresentação musical e atividade na trilha com contemplação da natureza. Como resultado das discussões, foi formada uma comissão organizadora para a realização do 2º Encontro de Educadores Ambientais do Estado do Acre, previsto para 2026.

Compuseram o dispositivo de honra na abertura o coordenador do PZ, Harley Araújo da Silva; a secretária municipal de Meio Ambiente de Rio Branco, Flaviane Agustini; a educadora ambiental Dilcélia Silva Araújo, representando a Sema; a pesquisadora Luane Fontenele, representando o INCT SinBiAm; o coordenador de Biodiversidade e Monitoramento Ambiental, Luiz Borges, representando a SOS Amazônia; e o analista ambiental Sebastião Santos da Silva, representando o Ibama.

 



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Curso de extensão da Ufac sobre software Jamovi inscreve até 26/10 — Universidade Federal do Acre

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Curso de extensão da Ufac sobre software Jamovi inscreve até 26/10 — Universidade Federal do Acre

O curso de extensão Jamovi na Prática: Análise de Dados, da Ufac, está com inscrições abertas até 26 de outubro. São oferecidas 30 vagas para as comunidades acadêmica e externa. O curso tem carga horária de 24 horas e será realizado de 20 de outubro a 14 de dezembro, na modalidade remota assíncrona, pela plataforma virtual da Ufac. É necessário ter 75% das atividades realizadas para obter o certificado.

O objetivo do curso é capacitar estudantes e profissionais no uso do software Jamovi para realização de análises estatísticas de forma intuitiva e eficiente. Com uma abordagem prática, o curso apresenta desde conceitos básicos de estatística descritiva até testes inferenciais, correlação, regressão e análise de variância.

Serão explorados recursos de importação e tratamento de dados, interpretação de resultados e elaboração de relatórios. Ao final, o participante estará apto a aplicar o Jamovi em pesquisas acadêmicas e profissionais, otimizando processos de análise e apresentação de dados com rigor científico e clareza.

 



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