MUNDO
Pessoas que vivem com HIV ainda enfrentam discriminação – DW – 30/11/2024

PUBLICADO
7 meses atrásem
Yana Kolpakova, de Vladivostok, Rússia, mora com HIVhá muito tempo e disse que acha que qualquer pessoa com VIH na Rússia provavelmente já foi discriminada pelos médicos em algum momento.
“Uma enfermeira aconselhou pessoas como eu a serem esterilizadas”, disse Kolpakova à DW. “Quando fui internada no hospital por causa de uma ruptura na trompa de Falópio, fui chamada de prostituta. Fui acusada de tomar drogas, e é por isso que alegaram que a anestesia não funcionaria para mim”.
Stefania Hrydina foi adotada em Nikopol, na Ucrânia, aos 11 anos. Foi quando descobriu que tinha HIV. Disseram-lhe que provavelmente foi infectada pela mãe biológica, que ela não conhece.
“Meu pai adotivo se comportou normalmente comigo, mas minha mãe me deu meus próprios pratos, mantendo tudo separado para mim”, disse Hrydina.
Durante um exame médico na cidade de Dnipro, aos 18 anos, ela foi informada de que ali não havia lugar para pessoas com HIV. Para Hrydina, hoje com 23 anos, esta foi a última vez que consultou um médico na Ucrânia.
Valentina Mankiyeva, de Almaty, Cazaquistão, disse que um neurologista lhe perguntou se a sua filha de 10 anos, que estava presente na altura e sabe o estado serológico da sua mãe, também contraiu o vírus.
“Vivo com o VIH há 27 anos e simplesmente não consigo habituar-me a esta ignorância generalizada”, disse Mankiyeva à DW. “Então, é claro que expliquei a ele que as pessoas com HIV podem ter filhos saudáveis”. O médico então examinou suas costas a uma distância cuidadosa, usando luvas.
Infecções e mortes aumentaram
De acordo com o Programa Conjunto das Nações Unidas sobre VIH/SIDA (ONUSIDA)a Rússia, a Ucrânia, o Uzbequistão e o Cazaquistão são responsáveis por 93% de todos os novos casos de VIH na Europa Oriental e na Ásia Central. A região é a única no mundo onde tanto as novas infecções como as mortes relacionadas com o VIH estão a aumentar, de acordo com o novo relatório da ONUSIDA, publicado em 1 de Dezembro, Dia Mundial da SIDA. As infecções por VIH aumentaram 20% em 2023 em comparação com 2010, enquanto as mortes relacionadas com o VIH aumentaram 3%, conclui o relatório.
“Há uma estigmatização e uma discriminação significativas na região, o que complica o acesso aos cuidados de saúde”, disse à DW o chefe de gabinete da ONUSIDA, Mahesh Mahalingam. O problema é muitas vezes que as pessoas não sabem o seu estado serológico, descobrem-no demasiado tarde ou param de receber tratamento. “As pessoas sentem que deveriam ter vergonha do seu estado serológico, o que torna o seu tratamento de saúde mais difícil”.
A maioria dos russos mantém a infecção pelo HIV em segredo
A maioria das pessoas com VIH nesta região vive na Rússia, com mais de 1,1 milhões confirmados como seropositivos, segundo as autoridades russas. No entanto, a incidência do VIH caiu quase 40% desde 2016 e está agora no nível mais baixo de todos os tempos, disse o ministro da Saúde russo, Mikhail Murashko.
No entanto, estes números apenas reflectem o lado positivo, de acordo com Vadim Pokrovsky, da Academia Russa de Ciências.
“Nos últimos 10 anos, o número de pessoas que adoeceram aumentou catastroficamente”, disse Pokrovsky à DW. “O Ministério da Saúde russo reportou mais de 600.000 novas infecções por VIH ao Organização Mundial de Saúde entre 2015 e 2022. Em 2023, ocorreram mais 50 mil infecções, o que também é esperado para 2024. As mortes por VIH aumentaram 5% em 2023 em comparação com o ano anterior.”
Existem problemas a vários níveis, desde o diagnóstico até ao tratamento, disse Maria Godlevskaya, uma activista do VIH de São Petersburgo.
“Mesmo aqueles que tomaram uma decisão consciente de fazer um teste de HIV e obtiveram um resultado positivo muitas vezes deixam de consultar um médico”, disse ela à DW. “Muitos dizem que os primeiros meses após o diagnóstico foram um inferno para eles. Eles foram primeiro perseguidos pelo infectiologista e depois pelo epidemiologista, para descobrir como haviam sido infectados”.
Ela disse que as pessoas seropositivas temem que esta informação possa ser transmitida aos seus empregadores ou cônjuges. Ela também disse que eles evitam médicos de cidades pequenas, onde as notícias se espalham rapidamente. Os médicos também se recusam frequentemente a examinar e tratar pessoas infectadas com VIH, acrescentou o activista.
Olesja Kurakina, uma infectologista de Nizhny Novgorod, na Rússia, que dirige um blog médico, observou problemas semelhantes: “A ajuda é frequentemente negada aos pacientes seropositivos e são encaminhados para centros de SIDA.” Eles são informados de que supostamente só podem receber atendimento médico nesses centros, que muitas vezes carecem de especialistas. “As pessoas com VIH adiam a consulta médica até ao último minuto e só procuram médicos que não as julguem”.
Médicos mal informados sobre o HIV?
Kurakina criticou a falta de educação sobre o VIH na Rússia, dizendo: “Mesmo durante os meus estudos, fomos informados muito pouco sobre isso.”
Godlevskaya destacou que os médicos nas grandes cidades têm mais oportunidades de participar de treinamento médico adicional. Os médicos das cidades pequenas, por outro lado, não têm essas oportunidades e raramente estão atualizados. Há um debate, por exemplo, sobre se uma carga viral “indetectável” do VIH significa que o vírus é “não contagioso”. A questão é se as pessoas seropositivas que estão em tratamento e não têm carga viral detectável podem transmitir o vírus através do contacto sexual.
Mas as coisas estão a mudar gradualmente, de acordo com Kurakina, que disse que há um maior número de médicos competentes que tratam normalmente os pacientes com VIH.
“Hoje em dia, os pacientes me escrevem dizendo que não foram julgados quando visitaram o médico”, disse Kurakina à DW.
Yana Kolpakova, de Vladivostok, teve uma experiência igualmente positiva. Ela também conheceu médicos qualificados “maravilhosos” na Rússia que fizeram um esforço para tratá-la, apesar da pesada carga de trabalho.
A Rússia deve fazer mais para combater o VIH
A Rússia deve intensificar a luta contra o VIH, afirmou a ONUSIDA. A organização acrescentou que Ucrânia, que foi invadida pela Rússiajá fez muito e continua a fazer muito na sua luta contra o VIH. Os especialistas não podem, contudo, dizer como é que a invasão da Rússia irá afectar os esforços ucranianos.
Stefania Hrydina mudou-se da Ucrânia para a Alemanha em 2022. Concluiu a formação profissional para se tornar ecologista e agora vive em Berlim. Hrydina diz que não tem mais medo de consultar um médico.
Valentina Mankiyeva, entretanto, dirige a Rede de Mulheres da Ásia Central (AMAL), ajudando as pessoas seropositivas a lidar com o medo de enfrentar a rejeição por parte da sociedade. Depois de lidar com o neurologista ignorante no Cazaquistão, Mankiyeva conversou com o chefe da clínica, oferecendo-se para realizar um seminário sobre HIV para médicos. A gerência aceitou sua oferta.
Este artigo foi traduzido do alemão.
Relacionado
VOCÊ PODE GOSTAR
MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO
3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
Leia mais notícia boa
- Menino autista imita cantos de pássaros na escola e vídeo viraliza no mundo
- Cidades apagam as luzes para milhões de pássaros migrarem em segurança
- Três Zoos unem papagaios raros para tentar salvar a espécie
Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
Leia Mais: Só Notícias Boas
Relacionado
MUNDO
Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

PUBLICADO
3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
Leia mais notícia boa
A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
Relacionado
MUNDO
Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

PUBLICADO
3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
Leia mais notícia boa
Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login