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Por que a ecologia precisa se voltar para uma nova economia – 19/12/2024 – Ciência Fundamental

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“Foi publicado em alguma revista científica?” Fiz essa pergunta algumas vezes em Cali, Colômbia, quando me deparava com algum protocolo sobre o mercado de créditos de biodiversidade, em outubro deste ano. Enquanto os debates se intensificavam nas plenárias da Convenção sobre a Diversidade Biológica da COP16, dezenas de pessoas se aglomeravam para discutir os rumos da economia no contexto das crises ambientais.
A lógica é semelhante à do mercado de carbono. Quem protege e restaura fauna e flora pode gerar créditos para quem, de algum modo, quer ou precisa agregar valor econômico a esses ativos ambientais. Um instrumento potente para financiar a conservação e a recuperação ambiental, mas que enfrenta desafios praticamente superados nas transações envolvendo CO₂. Como medir essa biodiversidade? Atestar essa medição? Mensurar o valor de um crédito? Garantir que ele representa um ganho real para o meio ambiente?
Já há dezenas de protocolos em operação mundo afora e quase nenhum consenso sobre essas questões. E o motivo é simples. Embora a maior parte das empresas tenha um conselho de cientistas, em geral esses protocolos são desenvolvidos fora da universidade, o que não é necessariamente ruim, mas é, no mínimo, inseguro para o mercado. A academia ainda detém o melhor lastro de credibilidade para tomadas de decisões relativas à natureza. Portanto, para que o mercado de créditos de biodiversidade seja confiável e escalável, é essencial que protocolos passem pelo crivo científico.
Em paralelo, cabe a reflexão: cientistas que trabalham com biodiversidade estão preparados nessa busca por uma nova economia? Como está o cenário para o Brasil, que abriga a maior riqueza biológica do mundo e parte considerável das maiores autoridades em ecologia e conservação?
Se nós, cientistas da área ambiental, somos excelentes em diagnosticar os riscos dos impactos ambientais, não sei se o mesmo pode ser dito quanto a construir soluções, sobretudo diante da complexidade dos desafios econômicos.
O papo sobre créditos de biodiversidade é somente um em um mar de outras oportunidades. Devemos estar mais preparados para o mundo do Nature Positive, atividades econômicas que, além do impacto zero, promovem um saldo positivo para o meio ambiente.
Ainda que escassos, não faltam bons exemplos no país. Na Bahia, o Laboratório de Ecologia Aplicada da UESC, liderado pela bióloga Deborah Faria, elabora pesquisas de monitoramento e manejo que ajudam sistemas agroflorestais de cacau a agregar mais valor econômico à cadeia produtiva de chocolate. Mariana Vale, da UFRJ, tem apontado quais serviços ecossistêmicos a fauna brasileira presta à sociedade. A última lista dos cientistas mais influentes do mundo publicada pela Clarivate Analytics inclui Bernardo Strassburg (PUC-RJ/re.green), Pedro Brancalion (USP/re.green) e Mauro Galetti (Unesp), ecólogos que têm desenvolvido estudos e soluções sobre mudanças climáticas, restauração e seus desdobramentos na economia.
Há muitas demandas a serem atendidas por acadêmicos e o poder público tem um papel essencial. Ao investir em bancos de dados públicos sobre biodiversidade, por exemplo, governos podem criar as bases para tornar o desenvolvimento dessa nova economia mais rápido e atestável.
Entretanto, se os potenciais frutos estão no mercado privado, cabe a ele a maior responsabilidade por financiá-los, quando então a academia tem a oportunidade de olhar para fora e construir pontes com o setor produtivo. Projetos que possam identificar riscos e oportunidades associados à biodiversidade tendem a atrair maior financiamento, ao mesmo tempo em que geram conhecimento relevante para a ciência básica.
Sem ciência sólida, dados confiáveis e parcerias estratégicas, a oportunidade para uma economia regenerativa corre o risco de ser uma promessa vazia. O Brasil tem todos os instrumentos para liderar essa transformação, mas é urgente que academia, governo e setor privado unam forças para desenhar soluções tão complexas e resilientes quanto os ecossistemas que buscamos preservar.
*
Hugo Fernandes é biólogo, professor da UECE e CIO da Seteg Soluções Ambientais.
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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

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Os kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues aos atletas inscritos nesta quinta-feira, 23, das 9h às 17h, no Centro de Convivência (estacionamento B), campus-sede, em Rio Branco. O kit é obrigatório para participação na corrida e inclui, entre outros itens, camiseta oficial e número de peito. A 2ª Corrida da Ufac é uma iniciativa que visa incentivar a prática esportiva e a qualidade de vida nas comunidades acadêmica e externa.
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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

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17 de outubro de 2025
A reitora da Ufac, Guida Aquino, e a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, realizaram nessa quarta-feira, 15, no anfiteatro Garibaldi Brasil, uma atividade em alusão ao Dia dos Professores. O evento teve como objetivo homenagear os docentes da instituição, promovendo um momento de confraternização. A programação contou com o show de talentos “Quem Ensina Também Encanta”, que reuniu professores de diferentes centros acadêmicos em apresentações musicais e artísticas.
“Preparamos algo especial para este Dia dos Professores, parabenizo a todos, sou muito grata por todo o apoio e pela parceria de cada um”, disse Guida.
Ednaceli Damasceno parabenizou os professores dos campi da Ufac e suas unidades. “Este é um momento de reconhecimento e gratidão pelo trabalho e dedicação de cada um.”
O presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara, reforçou o orgulho de pertencer à carreira docente. “Sinto muito orgulho de dizer que sou professor e que já passei por esta casa. Feliz Dia dos Professores.”
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

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16 de outubro de 2025
O Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) realizaram o evento Diálogos de Saberes Ambientais: Compartilhando Experiências, nessa quarta-feira, 15, no PZ, em alusão ao Dia do Educador Ambiental e para valorizar o papel desses profissionais na construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a sustentabilidade. A programação contou com participação de instituições convidadas.
Pela manhã houve abertura oficial e apresentação cultural do grupo musical Sementes Sonoras. Ocorreram exposições das ações desenvolvidas pelos organizadores, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sínteses da Biodiversidade Amazônica (INCT SinBiAm) e SOS Amazônia, encerrando com uma discussão sobre ações conjuntas a serem realizadas em 2026.
À tarde, a programação contou com momentos de integração e bem-estar, incluindo sessão de alongamento, apresentação musical e atividade na trilha com contemplação da natureza. Como resultado das discussões, foi formada uma comissão organizadora para a realização do 2º Encontro de Educadores Ambientais do Estado do Acre, previsto para 2026.
Compuseram o dispositivo de honra na abertura o coordenador do PZ, Harley Araújo da Silva; a secretária municipal de Meio Ambiente de Rio Branco, Flaviane Agustini; a educadora ambiental Dilcélia Silva Araújo, representando a Sema; a pesquisadora Luane Fontenele, representando o INCT SinBiAm; o coordenador de Biodiversidade e Monitoramento Ambiental, Luiz Borges, representando a SOS Amazônia; e o analista ambiental Sebastião Santos da Silva, representando o Ibama.
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