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Repressão no Azerbaijão se intensifica antes da COP29 – 04/11/2024 – Ambiente

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Anton Troianovski

Para a COP29, cúpula da ONU (Organização das Nações Unidas) sobre mudanças climáticas, o governo do Azerbaijão tem se preparado intensamente no seu papel de anfitrião, reformando fachadas de prédios, treinando voluntários e adaptando um estádio para dezenas de milhares de delegados.

A nação rica em energia na região das montanhas do Cáucaso se envolveu em atividades mais sinistras também: prendeu dezenas de ativistas e jornalistas em uma campanha de repressão descrita por especialistas como a mais agressiva do país em anos.

A onda de prisões, que começou no ano passado, surpreendeu alguns observadores que esperavam que o governante autoritário do Azerbaijão, o presidente Ilham Aliyev, sentisse pressão internacional para projetar uma imagem de abertura política antes da cúpula, convocada pelas Nações Unidas. Em vez disso, monitores de direitos humanos e analistas políticos dizem que Aliyev parece determinado a acabar com os últimos vestígios da sociedade civil independente e da imprensa livre em seu país.

“Não vemos uma repressão como essa no país há muito tempo”, disse Stefan Meister, que estuda o Azerbaijão e outras partes da antiga União Soviética para o Conselho Alemão de Relações Exteriores.

Algumas das prisões, segundo ele, parecem ser um esforço para “eliminar tudo o que possa levar a críticas em torno da COP”, como é conhecida a reunião sobre mudanças climáticas, oficialmente a Conferência das Partes.

Os detidos incluem pelo menos 12 jornalistas de três proeminentes veículos de imprensa independentes, dizem grupos de defesa dos direitos humanos. Também foram presos ativistas conhecidos como Anar Mammadli, detido semanas depois de cofundar em fevereiro um grupo chamado Iniciativa pela Justiça Climática, que tinha como objetivo usar a cúpula do clima para pressionar o governo a melhorar os direitos humanos e reduzir suas emissões de gases de efeito estufa.

Aliyev rejeitou as críticas internacionais às prisões como uma “campanha difamatória” destinada a desviar a atenção de “nossa nobre missão de lidar com os impactos negativos das mudanças climáticas”. As autoridades citaram supostos crimes financeiros e violações do rígido código do Azerbaijão para organizações não governamentais como razões para as prisões.

“Ser jornalista e ser representante da sociedade civil não significa que alguém deva estar acima da lei”, disse o conselheiro de política externa de Aliyev, Hikmet Hajiyev, em uma entrevista por telefone. “Todas as ações tomadas são realizadas dentro da lei.”

Grupos internacionais de direitos humanos consideram que as prisões têm motivação política e que as acusações são infundadas. Em um relatório feito no mês passado sobre as prisões, a Human Rights Watch instou os países que participam da reunião climática em Baku, a capital do país, a “falarem de forma veemente” sobre “o ambiente cada vez pior para a sociedade civil”.

Mas a resposta internacional tem sido contida. No Cáucaso, a região montanhosa onde a Europa e a Ásia se encontram, Aliyev emergiu como um líder após 21 anos de governo. Com armamento moderno financiado por receitas de petróleo e gás, seu exército derrotou a vizinha Armênia em 2020 e novamente no ano passado, em um conflito de longa data.

Ao mesmo tempo, as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio elevaram o Azerbaijão a um parceiro-chave para o Ocidente. A União Europeia vê o Azerbaijão como uma alternativa à Rússia como fonte de combustíveis fósseis e prometeu, após a invasão da Rússia à Ucrânia, dobrar as importações de gás natural do Azerbaijão até 2027.

O Azerbaijão também é um parceiro-chave para Israel, importando armamentos israelenses e vendendo petróleo para Israel.

O Secretário de Estado Antony J. Blinken falou com Aliyev pelo menos cinco vezes este ano, de acordo com o Departamento de Estado, elogiando “um número crescente de iniciativas de parceria” entre os Estados Unidos e o Azerbaijão.

Um diplomata europeu sênior, em anonimato, disse que a recente repressão de Aliyev decorre de um cálculo de que, na visão do Azerbaijão, o Ocidente “precisa mais de nós do que nós precisamos deles”.

“Temos nosso próprio papel a contribuir para a segurança energética da União Europeia”, disse Hajiyev, conselheiro do presidente do Azerbaijão. Ele condenou “a politização das questões de direitos humanos”, descrevendo-as como tentativas “de encurralar o Azerbaijão“.

Destacando suas opções geopolíticas, Aliyev sinalizou uma relação cada vez mais próxima com a Rússia sem endossar a invasão da Ucrânia pelo presidente Vladimir V. Putin. Putin fez uma visita de dois dias ao Azerbaijão em agosto, e o chefe de inteligência estrangeira da Rússia, Sergei Naryshkin, fez uma visita no mês passado.

Anunciando a viagem de Naryshkin, sua agência de espionagem disse que o Azerbaijão era um aliado na luta contra os serviços de inteligência ocidentais que tentam minar “a estabilidade política interna em nossos estados”.

Na semana passada, Aliyev viajou para Kazan, na Rússia, para o principal evento geopolítico do ano de Putin: a cúpula dos Brics, que reuniu um clube em expansão de países não ocidentais, incluindo Brasil, Índia, China e África do Sul.

Aliyev “não precisa temer uma reação dura do Ocidente”, disse Rauf Mirgadirov, analista político azeri que vive no exílio na Suíça. “Desde que ele não esteja totalmente sob a influência da Rússia, o Ocidente estará em diálogo com ele.”

A conferência climática da ONU, agendada para 11 a 22 de novembro e com dezenas de líderes mundiais presentes, provavelmente aumentará ainda mais a estatura global de Aliyev. Ele disse que a reunião deste ano terá o slogan “Em Solidariedade por um Mundo Verde” —mesmo que a reunião esteja sendo realizada em uma autocracia rica em combustíveis fósseis, como foi o caso em Dubai no ano passado.

O comitê organizador da conferência, disse em um discurso aos delegados no mês passado, “envolve mulheres, parlamentares e representantes da sociedade civil”.

Mas a Abzas Media, organização de notícias independente conhecida por investigar a corrupção entre os funcionários do governo, estará entre os meios de comunicação do Azerbaijão que lutam para cobrir a conferência. Seis de seus jornalistas, incluindo seus principais editores, foram presos desde novembro passado.

Leyla Mustafayeva, jornalista azeri que agora dirige a Abzas Media do exílio em Berlim, disse em uma entrevista que a cúpula “é um desastre para nós”, porque desvia atenção dos abusos aos direitos humanos no Azerbaijão.

“Este evento vai encobrir completamente todos esses problemas”, disse aMustafayeva.

A conferência ocorrerá enquanto Aliyev, 62 anos, consolida sua dominação dentro de seu país de cerca de 10 milhões de pessoas. Abandonando décadas de esforços de mediação envolvendo tanto a Rússia quanto o Ocidente, Aliyev usou seu exército modernizado para esmagar as forças armênias em uma guerra de 44 dias em 2020 e novamente em uma operação relâmpago no ano passado.

As vitórias recapturaram o enclave montanhoso de Nagorno-Karabakh e áreas circundantes, que por mais de 20 anos existiram como um enclave étnico armênio dentro das fronteiras internacionalmente reconhecidas do Azerbaijão. Dezenas de milhares de armênios que habitavam a região foram forçados a fugir.

No Azerbaijão, onde cerca de 10% da população foram deslocados da mesma área pela vitória da Armênia em uma guerra entre os países na década de 1990, as vitórias aumentaram a popularidade de Aliyev.

Armênia e Azerbaijão estão agora negociando um acordo de paz e possíveis ligações de transporte através da Armênia em direção à Turquia. As negociações poderiam redesenhar o mapa entre o mar Negro e o mar Cáspio de uma maneira que, dependendo do resultado, poderia reduzir a influência da Rússia e do Irã na região, ao mesmo tempo que aumentaria a influência da Turquia, um aliado da Otan.

Como resultado de seu papel fundamental nos conflitos geopolíticos do Ocidente, Aliyev não espera que qualquer crítica ocidental aos abusos dos direitos humanos no Azerbaijão leve a consequências reais, disse Meister, analista em Berlim.

“Aliyev tem uma boa posição de negociação em todas as direções”, disse. “Esses regimes percebem imediatamente quando as ameaças não são realmente levadas a sério —então eles vão um passo além.”



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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