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‘Silêncio e abandono globais’ com a destruição do Hospital Kamal Adwan em Gaza | Conflito Israel-Palestina

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O som de tanques percorrendo as ruas em frente ao Hospital Kamal Adwan acordou todos, eles já estavam nervosos depois de suportar meses de ataques diretos israelenses.

Depois ouviram-se os altifalantes ordenando a todos que evacuassem – os doentes, os feridos, o pessoal médico e as pessoas deslocadas que procuravam abrigo – na manhã de sexta-feira.

Ficou claro que o complexo médico em Beit Lahiya, no norte de Gaza, estava prestes a enfrentar um ataque israelita, como tantos outros tinham feito antes, enquanto Israel parecia destruir sistematicamente todos os cuidados de saúde em Gaza.

Não importava que, de acordo com a Organização Mundial de Saúde, o hospital fosse a última grande instalação de saúde operacional no norte de Gaza, uma área que foi sufocadamente sitiada e dizimada por Israel na sua guerra em curso.

Nem que fosse um refúgio para centenas de palestinianos cujas casas tinham sido destruídas por Israel e não tinham para onde ir.

Números escritos em seus peitos

Por volta das 6h, o paciente Izzat al-Aswad ouviu as forças israelenses convocando o Dr. Hussam Abu Safia, o diretor do hospital, pelos alto-falantes.

O Dr. Abu Safia voltou e disse às pessoas no hospital que tinham recebido ordem de evacuação. O próprio Abu Safia, que era uma voz rara a expor o que Israel estava a fazer ao hospital, foi levado por Israel, que se recusou a libertá-lo, apesar dos apelos da ONU, de ONG humanitárias e de organizações internacionais de saúde para o fazer.

Um pouco mais tarde, al-Aswad disse que os soldados israelenses exigiram que todos os homens ficassem apenas de cueca para poder sair.

Tremendo, assustados, muitos deles feridos, os homens receberam ordem de caminhar até um posto de controle que os israelenses haviam montado a cerca de duas horas de distância, contou al-Aswad por telefone.

No posto de controle, eles informaram seus nomes completos e tiraram fotos.

Em seguida, um número foi rabiscado no peito e no pescoço por um soldado, indicando que haviam sido revistados.

Alguns dos homens foram levados para interrogatório.

“Eles bateram em mim e nos homens ao meu redor”, disse al-Aswad. “Eles atingiram pessoas feridas como eu diretamente em nossos ferimentos.”

Izzat al-Aswad foi espancado violentamente por soldados israelenses que o obrigaram a ficar apenas de cueca (Abdelhakim Abu Riash/Al Jazeera)

Shorouq al-Rantisi, 30 anos, enfermeira do departamento de laboratório de Kamal Adwan, estava entre as mulheres retiradas do hospital.

As mulheres foram orientadas a caminhar até o mesmo posto de controle, que ficava em uma escola, e depois esperaram horas no frio.

“Podíamos ouvir os homens sendo espancados e torturados. Foi insuportável.”

Então as buscas começaram.

“Os soldados arrastavam as mulheres pela cabeça em direção à área de busca”, disse al-Rantisi. “(Eles) gritaram connosco, exigindo que retirássemos os nossos lenços de cabeça. Aqueles que recusaram foram espancados gravemente.”

“A primeira garota chamada para revista foi orientada a se despir. Quando ela recusou, um soldado espancou-a e forçou-a a levantar as roupas.

“Um soldado me arrastou pela cabeça e depois outro soldado me ordenou que levantasse a parte de cima da roupa, depois a de baixo, e verificasse minha identidade”, disse ela.

Shrouq al-Rantisi, evacuado do Hospital Kamal Adwan
Shrouq al-Rantisi, enfermeiro de laboratório do hospital, foi arrastado pela cabeça para ser interrogado por soldados israelenses (Abdelhakim Abu Riash/Al Jazeera)

Pacientes abandonados

Al-Rantisi disse que as mulheres acabaram sendo levadas, deixadas em uma rotatória e informadas que não poderiam voltar para Beit Lahiya.

“Como poderíamos sair e abandonar os pacientes? Nenhum de nós jamais pensou em sair até sermos forçados”, disse ela ao telefone.

Israel assaltou o hospital durante muitas semanas antes do ataque.

“O hospital e o seu pátio foram bombardeados implacavelmente, dia e noite, como se fosse normal”, disse al-Aswad.

“Os quadricópteros dispararam contra qualquer pessoa que se movimentasse no pátio… eles tinham como alvo geradores e tanques de água, enquanto a equipe médica lutava para cuidar dos pacientes.”

A noite anterior ao ataque foi “aterrorizante”, acrescentou al-Aswad, com ataques israelenses por toda parte, inclusive no edifício “al-Safeer”.

“Testemunhas dizem que cerca de 50 pessoas estavam lá, incluindo enfermeiras do hospital. Ninguém conseguiu resgatá-los ou recuperar seus corpos, eles ainda estão lá”, contou.

Al-Aswad e os homens que não foram levados para interrogatório foram libertados após um dia inteiro de abusos e humilhações.

“Os soldados ordenaram-nos que fôssemos para oeste da Cidade de Gaza e nunca mais voltássemos”, disse ele. “Caminhamos através da destruição e dos escombros, congelando, até que pessoas vieram ao nosso encontro perto da Cidade de Gaza, oferecendo ajuda e cobertores.”

Fadi Atwaneh, evacuado do Hospital Kamal Adwan
Fadi al-Atawneh ficou ferido, então ficou no hospital esperando por ajuda que nunca chegou (Abdelhakim Abu Riash/Al Jazeera)

‘Traído’ e ‘abandonado’

O ataque de Israel apenas agravou “o silêncio e o abandono global” que os palestinianos em Gaza têm enfrentado ao longo de mais de um ano de incansáveis ​​ataques israelitas que mataram mais de 45 mil pessoas, disse al-Rantisi.

“Mais de 60 dias de bombardeios implacáveis ​​– quadricópteros, artilharia e ataques direcionados a geradores”, disse ela.

“Os apelos do Dr. Hussam ficaram sem resposta até que o hospital foi invadido e esvaziado. Como o mundo permite que isso aconteça?”

“Sinto que todos fomos traídos”, disse Fadi al-Atawneh, 32 anos, amargamente ao telefone.

“Fiquei ferido, por isso fiquei no hospital, esperando que a Organização Mundial da Saúde nos evacuasse ou nos protegesse, mas isso nunca aconteceu”, disse al-Atawneh.

“Estou profundamente triste com o que aconteceu conosco e com o destino do Dr. Abu Safia. Ficamos sozinhos diante dessa agressão”.



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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