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Turma de Galípolo na faculdade relata embate filosófico – 31/12/2024 – Mercado
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Joana Cunha
Entre os milhares de alunos que o economista José Marcio Rego teve nos mais de 30 anos em que deu aula na PUC-SP, ele considera Gabriel Galípolo, que assume a presidência do Banco Central em 1º de janeiro, o mais destacado de todos. Mas pela mesma turma de faculdade de Galípolo, que tem hoje 42 anos, passaram outros expoentes de uma geração de economistas que ganhou relevo nos últimos anos.
Além de Guilherme Mello, atual secretário de Política Econômica do governo Lula (PT), outros nomes foram contemporâneos dele há cerca de 20 anos, como André Roncaglia, indicado pelo Ministério da Fazenda em agosto como diretor-executivo do Brasil no Fundo Monetário Internacional.
Também saíram desta geração da PUC, com alguma diferença de idade e em anos letivos variados, Igor Rocha, atualmente economista-chefe da Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), e André Perfeito, ex-economista chefe da Gradual e da Necton e hoje sócio da consultoria APCE, com quem Galípolo ainda mantém amizade.
Aluno aplicado que era, segundo quem conviveu com ele em sala de aula, não foi nas cervejadas, nem nos bares vizinhos da PUC, na rua Ministro Godói, que Galípolo deixou as memórias mais marcantes.
Com Mello, que era um ano mais novo, a convivência foi maior nos tempos de centro acadêmico, no movimento estudantil. “Nós éramos de chapas opositoras, mas ele sempre foi um sujeito capaz de construir pontes entre as duas chapas e ser respeitado nos dois campos. Era um interlocutor constante. Antes de participar do movimento estudantil, nós ajudamos a organizar a Semana de Economia da PUC-SP”, diz Mello.
Segundo Roncaglia, a disputa pelo centro acadêmico ocorreu em 2002, e sua chapa com Mello e Perfeito venceu, porque reunia uma frente ampla, de centro-direita, cobrindo todos os cursos da faculdade de economia da PUC, enquanto a chapa de Galípolo, mas à esquerda, se concentrava no curso de economia.
“Depois deste embate, perdi contato com o Gabriel e fui reencontrá-lo, mais tarde, no mestrado, onde tínhamos o mesmo orientador, o professor João Machado Borges Neto. Gabriel sempre foi questionador, com uma incomum destreza em debates e uma destacada facilidade em enxergar o fio da meada em vários temas de economia, história e filosofia. Tivemos debates acalorados sobre questões filosóficas. Aprendia muito com ele”, relembra Roncaglia.
Para Perfeito, que era o mais veterano e foi presidente do Centro Acadêmico Leão 13, uma das características da turma, além do gosto pelo debate, era o engajamento na vida universitária.
Mello relata que eles participaram da primeira à terceira edições da Semana de Economia, o que fomentou um contato mais próximo com um amplo grupo de professores e grandes economistas, entre eles, Luiz Gonzaga Belluzzo.
Era nítida a influência do convívio com Belluzzo e Rego sobre a trajetória intelectual de Galipolo, segundo Roncaglia.
“Gabriel sempre os citava em suas falas. O acesso a vários economistas de renome me parece ter sido crucial para catalisar a potência intelectual que ele já trazia consigo. O fato de ter acompanhado José Marcio Rego em várias das entrevistas publicadas no livro “Conversas com Economistas Brasileiros 2″ e de compartilhar da intimidade palestrina com Belluzzo tornaram o estudo da economia uma prática diária, desde cedo, quando a maioria dos estudantes está tateando os campos do saber econômico”, diz Roncaglia.
Belluzzo, que é amigo de Lula desde os anos 1970 e conselheiro econômico histórico do presidente, foi um dos principais padrinhos na trajetória de Galípolo. A proximidade com Rego, que organizava reuniões com economistas, se aprofundou ao longo da graduação.
“A gente fazia almoços com Belluzzo, mas também com Pérsio Arida, pessoas das mais diferentes vertentes. E o Gabriel sempre foi uma pessoa de raciocínio rápido, inteligente, de trato fácil. Isso ajudou a construir uma visão rica e diversa dos fenômenos econômicos. Essa nossa geração da PUC deu origem a diversas pessoas que vieram a participar dos debates econômicos na esfera pública”, diz Mello.
Perfeito, por sua vez, avalia que há uma interpretação equivocada de que na PUC-SP prevalece a vertente heterodoxa da economia, com viés à esquerda —uma visão que repercutiu na esteira do anúncio de que Galípolo seria o escolhido de Lula para suceder Roberto Campos Neto.
Ele defende que a instituição lhes ofereceu o pluralismo que alimentou um perfil eclético e conciliador, que Galípolo manifesta, transitando por ambientes distintos, desde o mercado financeiro, passando pela academia, pelo governo José Serra (PSDB) em São Paulo em 2007 e chegando à gestão petista em 2023.
“A PUC-SP sempre foi mais heterogênea do que heterodoxa. Estudamos muito Keynes e Marx, mas também muito Friedman, muito manual de economia mais ortodoxo”, diz Perfeito.
Após se graduar na PUC em 2004, onde também obteve o título de mestre em economia política, Galípolo lecionou na instituição. Foi professor de disciplinas como economia brasileira contemporânea, macro, economia para relações internacionais, introdução à ciência política, entre outras.
O mais novo da turma, Igor Rocha, 38, acompanhou de perto a atuação de Galípolo nos anos seguintes, quando foi trabalhar na área de infraestrutura.
“Eu fiquei muito tempo trabalhando com consultoria em infraestrutura e ele era um baita especialista reconhecido no setor. Fazia estruturação financeira, teve uma consultoria muito bem-sucedida e foi chamado para trabalhar no Banco Fator”, diz o amigo.
No banco, onde assumiu a diretoria de negócios em 2016 e se tornou presidente entre 2017 e 2021, Galípolo atuou na modelagem das privatizações da Cesp e da Cedae, entre outros projetos.
Rocha ressalta outros temas de interesse do novo presidente do BC. “Gabriel sempre foi engajado. Se interessa por física, psicologia e filosofia. Teve uma época em que ele ia discutir estudos no departamento de física da USP”, diz.
O repertório adquirido Galípolo já vem mostrando em declarações públicas nos últimos meses, citando nomes como o do físico dinamarquês Niels Bohr em metáforas econômicas para explicar a dificuldade de lidar com projeções futuras.
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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
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12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.
Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.
O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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