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Viagem sobre o teto do trem volta à moda no RJ – 02/11/2024 – Cotidiano

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Yuri Eiras

A SuperVia, concessionária que administra os trens urbanos do Rio de Janeiro, tem demonstrado preocupação com a volta dos “surfistas de trem”, grupos de crianças e adolescentes que viajam no teto dos vagões, desviando de fiações elétricas e demais obstáculos do sistema ferroviário.

A concessionária comunicou o fato ao governo do estado em setembro e pediu ajuda para reforçar a fiscalização.

A prática ganhou o apelido de surfe ferroviário na década de 1990, quando mortes ocorreram nos sistemas de trens de Rio e São Paulo. A maioria das vítimas foi eletrocutada.

Neste ano, oito pessoas já foram conduzidas a delegacias do Rio por viajar em cima dos trens. Em setembro, três jovens foram levados.

Como há 30 anos, a moda do surfe ferroviário se espalhou entre crianças e adolescentes.

Os surfistas esperam o trem parar na estação e tentam escalar o vagão até chegar ao teto. Em cima do trem, o desafio é se equilibrar enquanto o trem se locomove e fugir da fiação elétrica, especialmente do pantógrafo, dispositivo instalado no topo da composição. O pantógrafo é responsável pela captação da corrente elétrica que alimenta o trem. A descarga elétrica pode ser mortal.

Outros viajam na lateral do vagão, com o corpo para fora, desviando de obstáculos como placas e postes, ou ainda sentados nos engates entre um vagão e outro.

O ramal com mais ocorrências do tipo é o Japeri, que liga o centro da cidade a municípios da Baixada Fluminense. O trecho mais crítico fica entre as estações de Ricardo de Albuquerque, zona norte, e Edson Passos, em Mesquita, já na Baixada.

O Japeri é o ramal mais movimentado. Somente entre Ricardo de Albuquerque e Paracambi, última estação, a média diária é de 64.656 passageiros em dias úteis.

Ali, a SuperVia começou em setembro uma operação com uso de drones para flagrar os casos.

O artigo 260 do Código Penal prevê pena de reclusão de dois a cinco anos, além de multa, para maiores de 18 anos que tentem “impedir ou perturbar o serviço de estrada de ferro” ou “praticar ato que possa resultar em desastre”.

Quando crianças e adolescentes são identificados, a PM os conduz à Polícia Civil, que aciona a Vara da Infância e Juventude e o Conselho Tutelar.

A concessionária procura outros órgãos para engrossar a campanha de conscientização até o verão, quando o deslocamento de crianças e adolescentes para o centro é maior, por ser o caminho em direção às praias da zona sul.

Uma primeira campanha realizada via redes sociais em setembro já diminuiu o número de casos, diz a SuperVia. Até setembro, as ocorrências eram diárias.

A empresa divulgou vídeos alertando para os perigos da prática. Alguns adolescentes se reconheceram nas gravações e compartilharam nas suas redes sociais pessoais, exaltando o feito.

Na década de 1990, o “surfe ferroviário” ganhou páginas de jornais, reportagens na televisão e letras de música, como “W Brasil”, de Jorge Ben Jor.

Com a repercussão, a Justiça do Rio de Janeiro viu crescer o número de ações judiciais contra a então gestora dos trens urbanos, a empresa pública Flumitrens.

Os casos de acidentes com jovens que viajavam no teto dos trens se misturavam com as próprias falhas no transporte de passageiros. Em alguns processos, autores alegaram ter sofrido acidente dentro dos trens, que muitas vezes se locomovia com as portas abertas. A Flumitrens respondia que o autor se tratava de um “pingente”, ou “surfista ferroviário”.

Em um dos processos, de 1996, a Justiça deu ganho de causa à mãe de uma criança que caiu de um trem e sofreu amputação do pé. A Flumitrens alegou que se tratava de um surfista ferroviário —a informação constava em boletim de ocorrência —, mas testemunhas confirmaram que ele viajava dentro da composição, na companhia da mãe. A empresa foi obrigada a pagar indenização equivalente a 300 salários mínimos à época.

O ressurgimento do fenômeno vem em momento de crise da SuperVia, que deve devolver em breve a concessão dos trens. A empresa, controlada pelo grupo japonês Mitsui, está em recuperação judicial, diz que o governo estadual não cumpriu obrigações de pagamento nos últimos anos e que a falência é um risco concreto. O governo Cláudio Castro (PL) avalia realizar uma nova concessão.

Em carta enviada no dia 25 de setembro à secretaria estadual de Transportes e Agetransp (Agência Reguladora de Serviços Públicos de Transportes do Rio de Janeiro), a SuperVia explicou os casos dos surfistas ferroviários e pediu apoio “a realização de ações efetivas”.

A Central (Companhia Estadual de Engenharia de Transportes e Logística), empresa pública sob o escopo da secretaria de Transportes, respondeu a carta afirmando que a repressão aos casos escapa de sua alçada. “Não cabe à Central providenciar alguma ação efetiva para fins de resguardo do patrimônio de responsabilidade da concessionária”, disse a empresa.

Em nota à reportagem, a Agetransp disse que “acompanha, com preocupação, os casos através de notificações da concessionária e pelo monitoramento das redes sociais”, e que “estamos atentos ao problema, embora não seja atribuição da Agetransp a fiscalização”.

A Polícia Militar afirma não ter números expressivos sobre esse tipo de ocorrência e que “o policiamento ostensivo segue sendo empregado”.



Leia Mais: Folha

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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