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A escalada do conflito no Sudão piora a situação humanitária – DW – 16/10/2024

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Num conflito que já matou dezenas de milhares de pessoas em Sudãoos combates intensificaram-se mais uma vez entre as Forças Armadas Sudanesas (SAF) e as Forças Paramilitares de Apoio Rápido (RSF).

O local da última escalada é Cartum, a capital do país, onde as SAF lançaram uma grande ofensiva para retomar áreas sob controlo da RSF. De acordo com as salas locais de resposta a emergências, iniciativas lideradas por civis que foram nomeadas para o Prémio Nobel da Paz deste ano por apoiarem civis, os confrontos recentes têm matou dezenas de pessoas nos mercados de Cartum.

O exército do Sudão e a RSF têm estado empenhados em uma guerra civil desde abril de 2023 isso tem mergulhou o Sudão numa crise humanitária. O conflito resultou de uma luta pelo poder entre o chefe do Exército, Abdel Fattah al-Burhan, e o líder da RSF, Mohamed Hamdan Dagalo, que já tinha partilhado o poder após um golpe militar em 2021.

Pelo menos 20.000 pessoas foram mortos, mas o número de mortos será provavelmente muito mais elevado, uma vez que os combates em curso e o colapso do sistema de saúde tornaram impossível a actualização ou verificação dos números de vítimas.

De acordo com as Nações Unidas, a guerra também provocou a maior crise de deslocamento do mundo, com mais de 11 milhões de pessoas deslocadas para campos de refugiados e países vizinhos. A ONU também afirmou no início de Outubro que a fome e o surto de doenças como a cólera agravaram ainda mais uma situação já desesperada.

Destruição parcial da ponte Al-Halfaya que liga a cidade sudanesa de Bahri à cidade de Omdurman, próxima à capital do Sudão, Cartum
As forças da SAF começaram a atacar a RSF em Cartum, numa tentativa de recuperar o controlo sobre a capital. Imagem: Lv Yingxu/Xinhua/IMAGO

‘Situação catastrófica’ em El Fasher

Também ocorreram bombardeios em mercados perto de El Fasher, uma cidade na região ocidental de Darfur, no Sudão, e outro campo de batalha importante desde o início da guerra civil.

“Nos últimos 10 dias, os bombardeios ficaram mais intensos”, disse à DW Salah Adam, residente do campo de refugiados de Abu Shouk e membro ativo da sala de resposta de emergência local.

Adam disse que os ataques aéreos da RSF atingiram um mercado que ele visitou na segunda-feira para comprar alguns mantimentos. Três pessoas morreram e outras 10 ficaram feridas na greve enquanto compradores de supermercado corriam para salvar suas vidas.

“Você não pode imaginar nossa situação catastrófica”, disse Adam. “Não existem organizações que forneçam apoio ou ajuda. Somos as únicas pessoas que trabalham no terreno e simplesmente não temos nada suficiente.”

As pessoas sofrem com a fome, ferimentos e doenças, disse ele. “Todos os dias vejo crianças morrerem. Estes são os momentos mais difíceis.”

Segundo a agência de notícias Reuters, Saqueadores da RSF têm visado cada vez mais organizações humanitárias internacionais. Michelle D’Arcy, diretora da organização de Ajuda Popular Norueguesa para o Sudão, salienta que o acesso à ajuda humanitária é apenas um dos muitos desafios.

“As respostas humanitárias lideradas localmente, como as salas de resposta de emergência e as cozinhas comunitárias, precisam de proteção, pois continuam a enfrentar ameaças e insegurança enquanto operam nas zonas de conflito”, disse ela à DW.

Danos causados ​​por um ataque aéreo no mercado central Al-Souk Al-Markazy em Cartum
Dados oficiais dizem que cerca de 20 mil pessoas foram mortas na guerra até agora, no entanto, o número provavelmente será muito maior. Imagem: Sala de Emergência do Grupo de Voluntários Sul de Cartum/Xinhua/IMAGO

Crise esquecida

Mais recentemente, também o Chefe dos Direitos Humanos da ONU, Volker Türk soou o alarme sobre o “crescente número de vítimas horríveis sobre os civis” no campo de refugiados de Al Fasher, Abu Shouk, e no campo vizinho de Zamzam.

“As pessoas nesses campos correm grave risco de ataques retaliatórios (pela RSF) com base na sua identidade tribal, real ou percebida”, afirmou Türk. Ele acrescentou que os movimentos armados alinhados com a SAF dentro dos campos tornaram-se um alvo chave para as forças da RSF.

Num futuro próximo, a situação humanitária deverá piorar no campo de Zamzam, que alberga pelo menos 80 mil pessoas.

Esta semana, Médicos Sem Fronteiras (MSF) suspendeu seu trabalho depois que a RSF obstruiu a ajuda e a SAF bloqueou sistematicamente a ajuda a áreas fora de seu controle, explicou a coordenadora de MSF no Sudão, Claire San Filippo, em um briefing.

“Agora, 5.000 crianças que estão desnutridas, incluindo 2.900 crianças gravemente desnutridas, ficam sem apoio”, disse Filippo.

“As Forças Armadas Sudanesas ainda não permitem o acesso de ajuda crucial às áreas controladas pelas Forças de Apoio Rápido, e as Forças de Apoio Rápido continuam a saquear suprimentos e ajuda que conseguiram chegar a alguns dos civis nas suas áreas de controlo”, disse Mohamed Osman. , confirmou o pesquisador sudanês da Human Rights Watch.

Na sua opinião, também não há atenção internacional suficiente. “Esta é definitivamente uma crise esquecida”, disse ele à DW.

Guerra no Sudão: quem apoia os dois rivais?

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Linhas de batalha pouco claras

A situação também está ficando cada vez mais complicada, disse à DW Hager Ali, que pesquisa o Sudão no think tank alemão GIGA Institute for Global and Area Studies.

Ali disse que quando a guerra começou, há 18 meses, foi uma luta clara pelo poder entre as Forças Armadas Sudanesas e as Forças de Apoio Rápido. “Desde então, o faccionalismo tornou-se uma tendência particularmente preocupante. A outrora clara linha da frente SAF-RSF foi agora destruída por muitas questões e objectivos.

“A SAF e a RSF tiveram que recrutar e terceirizar muitas outras facções em um curto espaço de tempo e com uma capacidade limitada para treinar recrutas. As RSF paramilitares recrutaram especialmente rapidamente, então os combatentes provavelmente nunca passaram por treinamento real. Isto enfraquece substancialmente a cadeia de comando, especialmente se as facções questionarem a autoridade local da RSF.”

Numa guerra travada em tantas frentes num país tão vasto, Ali disse que é cada vez mais difícil supervisionar quem está realmente a fazer o quê, quem está a cumprir ordens e quem não está. Há sinais tanto para a RSF como para a SAF de que nenhuma delas detém já o controlo total das suas próprias tropas no país.

Tudo isso acontece contra o desafio de governar de fato também o território que está sob o domínio respectivo controleAli acrescentou.

A falta de ajuda, a diminuição do apoio e os combates contínuos afetaram Adam, o membro da sala de resposta a emergências. “Apelo às organizações humanitárias e aos activistas dos direitos humanos para que tomem medidas imediatas e salvem o povo de Al Fasher”, disse ele à DW.

Ele acrescentou que se nada mudar, ele estará exausto o suficiente para perder a esperança para sempre.



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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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