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A esquerda é parte de elite cultural que perdeu espaço – 28/10/2024 – Joel Pinheiro da Fonseca

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O PL perdeu a maioria dos segundos turnos em que enfrentou um candidato de centro ou de centro-direita. Seus grandes triunfos —como Brunini, em Cuiabá— se deram justamente onde o adversário era de esquerda. Isso significa que, na maior parte das capitais, a união entre esquerda, centro e centro-direita ainda soma mais do que a extrema direita sozinha. Ufa!

Mas a direita bolsonarista puro-sangue continua forte. O PL, que tantas cidades perdeu no segundo turno, ainda assim foi o partido com o maior número de votos para prefeito do Brasil e é o partido com o maior número de prefeituras de grandes cidades (aquelas com mais de 200 mil eleitores). Tem 16, seguido pelo PSD com 15. O partido de esquerda melhor colocado nesse ranking é o PT, em oitavo lugar, com 6 prefeituras de grandes cidades.

Cristina Graeml, Bruno Engler, Pablo Marçal, André Fernandes, Éder Mauro e tantos outros podem ter perdido, mas já se fixaram como nomes viáveis em eleições majoritárias para uma faixa expressiva do eleitorado. A direita, mesmo apostando no radicalismo, chegou tão ou mais perto de ganhar quanto a esquerda que desdobrou para se mostrar moderada.

Isso não é à toa. E duvido que um candidato de esquerda que não se moderasse —se Boulos fizesse da defesa de ocupações e das críticas à Polícia Militar suas bandeiras, por exemplo— tivesse maiores chances. Há uma série de temas para os quais ser de esquerda é um obstáculo, enquanto o de direita pode contar com os ventos favoráveis da opinião pública. E isso se explica por uma mudança cultural de fundo: nossa sociedade está mais “de direita”.

Empreendedorismo, por exemplo, é um tema em que as teses da esquerda e as crenças do grosso da população estão em oposição. Para a esquerda, o empreendedorismo é um problema social, uma forma de trabalho precarizado que ilude trabalhadores para melhor explorá-los. O ideal seria que toda a população trabalhasse no modelo CLT ou, melhor ainda, no regime do serviço público concursado.

Outro é a segurança pública: o que uma candidatura de esquerda tem a dizer sobre esse tema além de desdizer o que era dito antes? Depois de anos tratando o criminoso como vítima da sociedade, e a polícia como violadora de direitos humanos, como alinhar o discurso às crenças da população de forma convincente?

Não faltam outros temas: política externa, meritocracia, religião. Vozes de esquerda terão muito mais capacidade do que eu, mero observador externo, de descobrir como se adequar a esse novo panorama ideológico. Esse desafio, contudo, não diz respeito apenas à esquerda. Há uma série de conquistas iluministas, que contemplam também a direita liberal, que também estão em xeque: Estado laico, direitos LGBT, pensamento científico (versus pensamento mágico), divisão de poderes, jornalismo profissional, etc.

Um abismo separa a elite cultural —que até hoje teve peso desproporcional na mídia e na política— e o resto do povo. Diferença de valores, crenças e sensibilidade. Reduzir essa distância —não por meio da censura, e sim pelo diálogo e pela persuasão— deve ser o objetivo número 1 de todos os que acreditam que os valores que marcaram o mundo liberal e democrático precisam ser preservados.


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PPG em Educação da Ufac promove 4º Simpósio de Pesquisa — Universidade Federal do Acre

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PPG em Educação da Ufac promove 4º Simpósio de Pesquisa — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou, nessa terça-feira, 18, no teatro E-Amazônia, campus-sede, a abertura do 4º Simpósio de Pesquisa do Programa de Pós-Graduação em Educação (PPGE). Com o tema “A Produção do Conhecimento, a Formação Docente e o Compromisso Social”, o evento marca os dez anos do programa e reúne estudantes, professores e pesquisadores da comunidade acadêmica. A programação terminou nesta quarta-feira, 19, com debates, mesas-redondas e apresentação de estudos que abordam os desafios e avanços da pesquisa em educação no Estado.

Representando a Reitoria, a pró-reitora de Pós-Graduação, Margarida Lima Carvalho, destacou o papel coletivo na consolidação do programa. “Não se faz um programa de pós-graduação somente com a coordenação, mas com uma equipe inteira comprometida e formada por professores dedicados.”

O coordenador do PPGE, Nádson Araújo dos Santos, reforçou a relevância histórica do momento. “Uma década pode parecer pouco diante dos longos caminhos da ciência, mas nós sabemos que dez anos em educação carregam o peso de muitas lutas, muitas conquistas e muitos sonhos coletivos.”

 

A aluna do programa, Nicoly de Lima Quintela, também ressaltou o significado acadêmico da programação e a importância do evento para a formação crítica e investigativa dos estudantes. “O simpósio não é simplesmente dois dias de palestra, mas dois dias de produção de conhecimento.” 

A palestra de abertura foi conduzida por Mariam Fabia Alves, presidente da Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação (Anped), que discutiu os rumos da pesquisa educacional no Brasil e os desafios contemporâneos enfrentados pela área. O evento contou ainda com um espaço de homenagens, incluindo a exibição de vídeos e a entrega de placas a professores e colaboradores que contribuíram para o fortalecimento do PPGE ao longo desses dez anos.

Também participaram da solenidade o diretor do Cela, Selmo Azevedo Apontes; a presidente estadual da Associação de Política e Administração da Educação; e a coordenadora estadual da Anfope, Francisca do Nascimento Pereira Filha.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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Consu da Ufac adia votação para 24/11 devido ao ponto facultativo — Universidade Federal do Acre

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A votação do Conselho Universitário (Consu) da Ufac, prevista para sexta-feira, 21, foi adiada para a próxima segunda-feira, 24. O adiamento ocorre em razão do ponto facultativo decretado pela Reitoria para esta sexta-feira, 21, após o feriado do Dia Nacional de Zumbi e da Consciência Negra.

A votação será realizada na segunda-feira, 24, a partir das 9h, por meio do sistema eletrônico do Órgão dos Colegiados Superiores. Os conselheiros deverão acessar o sistema com sua matrícula e senha institucional, selecionar a pauta em votação e registrar seu voto conforme as orientações enviadas previamente por e-mail institucional. Em caso de dúvidas, o suporte da Secrecs estará disponível antes e durante o período de votação.

 



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Professora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre

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Professora Aline Nicolli, da Ufac, é eleita presidente da Abrapec — Universidade Federal do Acre

A professora Aline Andréia Nicolli, do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela) da Ufac, foi eleita presidente da Associação Brasileira de Pesquisa em Educação em Ciências (Abrapec), para o biênio 2025-2027, tornando-se a primeira representante da região Norte a assumir a presidência da entidade.

Segundo ela, sua eleição simboliza não apenas o reconhecimento de sua trajetória acadêmica (recentemente promovida ao cargo de professora titular), mas também a valorização da pesquisa produzida no Norte do país. Além disso, Aline considera que sua escolha resulta de sua ampla participação em redes de pesquisa, da produção científica qualificada e do engajamento em discussões sobre formação de professores, práticas pedagógicas e políticas públicas para o ensino de ciências.

“Essa eleição também reflete o prestígio crescente das pesquisas desenvolvidas na região Norte, reforçando a mensagem de que é possível produzir ciência rigorosa, inovadora e socialmente comprometida, mesmo diante das dificuldades operacionais e logísticas que marcam a realidade amazônica”, opinou a professora.

Aline explicou que, à frente da Abrapec, deverá conduzir iniciativas que ampliem a interlocução da associação com universidades, escolas e entidades científicas, fortalecendo a pesquisa em educação em ciências e contribuindo para a consolidação de espaços acadêmicos mais diversos, plurais e conectados aos desafios educacionais do país.

 



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