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A paz estará ao nosso alcance 2 anos após a guerra do Tigré? – DW – 01/11/2024

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Antes do aniversário de dois anos do fim da guerra de Tigray, Gebreselassie Kahsay, professor da Universidade Mekele, na capital de Tigray, refletiu sobre a frágil paz na região mais ao norte da Etiópia.

“Alguns dizem que o acordo de Pretória parou o tiroteio, mas o genocídio não terminou. O genocídio ainda está sendo cometido contra Tegaru (Tigrayans)”, disse ele.

O conflito brutal que durou dois anos viu etíope forças governamentais, milícias regionais aliadas e tropas de países vizinhos Eritreia confronto com os rebeldes Tigrayan, resultando em cerca de 600.000 mortes e relatos de atrocidades generalizadas contra civis cometidas pelos lados em conflito.

Em novembro de 2022, o União Africana mediou conversações de paz em Pretória, África do Sul, levando a um acordo para uma “cessação permanente das hostilidades” entre as forças regionais de Tigray e o governo etíope. Na altura, o enviado da UA no Corno de África, Olusegun Obasanjo, disse que as partes em conflito também concordaram com um “desarmamento sistemático, ordenado, suave e coordenado”.

Para muitos em Tigray, a violência e o sofrimento continuam apesar do acordo de paz.

Explicador: Como começou a guerra do Tigray na Etiópia?

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‘Civis não estão seguros’

Kahsay disse à DW que o acordo de paz não foi totalmente implementado, mas “é um fracasso” porque não restaurou os territórios de Tigray.

“Por causa disso, os habitantes ou deslocados internos do oeste de Tigray, Gulomekeda e Irob não estão voltando para casa. Embora haja alguns retornados na parte sul de Tigray, eles não estão protegidos. Os civis não estão seguros”, acrescentou.

De acordo com o Eos combates deslocaram quase 1,7 milhões de pessoas e deixaram milhões de Tigrayans com lesões físicas e psicológicas.

Medhanie Mulaw, professora da Universidade de Ulm, no sul da Alemanha, disse que o acordo de paz foi feito entre o Frente de Libertação Popular de Tigray (TPLF) e o governo etíope, e não envolveu civis.

Ele disse que os dois partidos estão “principalmente interessados ​​em permanecer no poder a qualquer custo”, em vez de resolver os problemas no terreno.

“Não acredito que especialmente a crise humanitária, como o regresso aos territórios de Tigray e também o repatriamento de pessoas que foram deslocadas (…) pareçam estar no topo da agenda”, disse Mulaw.

Mulaw disse que o acordo é frequentemente desconsiderado, sem consequências para compromissos não cumpridos.

“A falta de pressão dos mediadores, basicamente os EUA e também a União Africana, parece contribuir para a implementação ineficaz do acordo”, acrescentou.

Mulher parada na porta de um prédio de pedra
Nem todas as pessoas deslocadas internamente conseguiram voltar para casa em TigrayImagem: Mariel Müller/DW

Sistemas de saúde ainda em ruínas

Antes da guerra, o sistema de saúde de Tigray era “um dos mais fortes do país”, segundo Nimrat Kaur, coordenador de projecto dos Médicos Sem Fronteiras. Kaur acrescentou que o conflito deixou 89% das instalações de saúde de Tigray danificadas e sem equipamentos.

Quando jornalistas da agência de notícias AFP visitaram um hospital na cidade de Shiraro, no norte de Tigray, observaram salas de espera lotadas, com muitos pacientes sentados no chão, e uma longa fila se estendia desde a farmácia. Alguns pacientes que falaram com os jornalistas disseram que não estão recebendo “bom tratamento”.

  Uma janela quebrada é vista em um Hospital Geral Kombolcha saqueado em Kombolcha, Etiópia
O conflito deixou muitos hospitais da região em ruínas, com muitos deles também saqueados de suprimentos essenciais.Imagem: Getty Images/AFP/Getty Images

Outro problema que assola a região sistema de saúde é a falta de financiamento. Gebrehiwot Mezgebe, diretor do hospital em Shiraro, estima que o centro de saúde, que atende uma população de mais de um milhão de pessoas, incluindo dezenas de milhares de pessoas deslocadas, precise de 100 milhões de birr (763 mil euros/832 mil dólares) por ano. Mas o governo federal fornece atualmente apenas 4 milhões de birr, disse Gebrehiwot.

É pouco provável que sejam necessários mais fundos, dado o péssimo estado das finanças da Etiópia e os custos globais de reconstrução em Tigray estimados em mais de 20 mil milhões de dólares.

O conflito agora está se espalhando para outras regiões

Na região de Amhara de Etiópia que faz fronteira com Tigrayos confrontos ferozes entre o grupo de milícias Fano e a Força de Defesa Nacional da Etiópia intensificaram-se desde Abril de 2023. O conflito começou quando o governo etíope quis desmantelar as forças especiais regionais. Desde então, a violência aumentou, com um aumento do número de vítimas civis nas cidades de Amhara.

Mulaw disse à DW que os atuais conflitos na região de Amhara são “orquestrados, controlados ou governados pelo governo etíope”.

“Portanto, há pouca ou nenhuma informação organizada do outro lado”, disse ele. O conflito, acrescentou Mulaw, é mal divulgado e o interesse da comunidade internacional em comparação com a guerra de Tigray é menor.

O governo já reprimiu anteriormente, cortando o acesso à Internet móvel e detendo jornalistas que cobriam a crise.

Contando o custo da guerra de Tigray na região de Amhara

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A paz duradoura está ao nosso alcance?

A Frente de Libertação Nacional de Ogaden (ONLF) decidiu recentemente retirar-se do processo de Diálogo Nacional Etíope, alegando preocupações sobre a falta de “inclusão” e “transparência”. Num comunicado divulgado em 20 de outubro, o grupo destacou a ausência de atores políticos importantes de Amhara, Oromia e Tigray, afirmando que os conflitos em curso nestas regiões tornam o diálogo atual “unilateral e incapaz de proporcionar uma paz genuína”.

O ONLF é o mais recente partido político a criticar o processo de diálogo nacional que foi criado pelo governo do Primeiro-Ministro Abiy Ahmed para estabelecer um terreno comum sobre questões controversas.

Há falta de clareza quanto ao papel do governo no processo da comissão, disse Mulaw – “o governo é o supervisor da discussão ou o governo é o participante na discussão?”

“A menos que se resolva isto, as pessoas duvidarão que isto atingirá o objectivo que se pretende alcançar”, disse ele, acrescentando que também deveriam ser envolvidas partes externas neutras.

Sobre as soluções possíveis, o conferencista Kahsay disse que é necessário haver um conselho que avalie porque é que o acordo de Pretória não está a ser implementado e aplicado. “Isso deve ser feito o mais rápido possível”, disse ele.

Como é que a juventude africana define a paz?

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Editado por: Benita van Eyssen



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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