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A proibição da UNRWA em Israel é mais uma declaração de intenção genocida | UNRWA

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O parlamento de Israel votou esmagadoramente pela proibição da Agência das Nações Unidas de Assistência e Obras aos Refugiados da Palestina (UNRWA) de operar em toda a Palestina ocupada. Uma segunda votação classificou a agência da ONU como um grupo “terror”.

Dada a crescente ameaça existencial que o Estado israelita representa para o povo palestiniano, uma maior obstrução aos programas da UNRWA terá implicações imediatas e catastróficas para milhões de palestinianos.

Nenhuma organização pode igualar a cobertura do programa, a capacidade logística ou a experiência colectiva da UNRWA. Só em Gaza, a UNRWA conduziu mais de 6 milhões de consultas médicas desde outubro de 2023 e prestou assistência alimentar a quase 1,9 milhões de pessoas. Imediatamente após as votações no Knesset, representantes de várias agências da ONU opuseram-se publicamente a esta medida. O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, defendeu a UNRWA como “indispensável”, enquanto o diretor-geral da OMS, Tedros Ghebreyesus, insistiu que a agência é “insubstituível”.

Saber que nenhuma agência pode substituir a UNRWA, mas tentar incapacitar o seu trabalho de manutenção da vida, é uma declaração clara de intenção genocida. Isto representa um óbvio desrespeito pela decisão de 26 de Janeiro do Tribunal Internacional de Justiça (CIJ), incluindo mais directamente a Disposição Quatro, que ordenava a Israel que assegurasse a prestação de “serviços básicos urgentemente necessários e assistência humanitária para enfrentar as condições adversas de vida”.

Na segunda apresentação da África do Sul ao TIJ em Março, a sua equipa jurídica citou várias acções tomadas por Israel, incluindo o bloqueio do pessoal da UNRWA de chegar às escolas e centros de saúde, a suspensão do envio de produtos da UNRWA e a tentativa de expulsar a UNRWA da sua sede em Jerusalém Oriental. O apelo da África do Sul foi enfático:

“As crianças palestinianas estão a morrer de fome como resultado directo dos actos e omissões deliberados de Israel – em violação da Convenção sobre o Genocídio e da Ordem do Tribunal. Isto inclui as tentativas deliberadas de Israel de paralisar (UNRWA).”

Israel instrumentalizou repetidamente a privação e a distribuição selectiva de ajuda humanitária como um pilar da sua ocupação, mais recentemente para instigar transferências de população e decretar punições colectivas em Gaza. Esta estratégia é muito anterior a Outubro de 2023 – quase toda a população de Gaza foi forçada a depender da ajuda humanitária durante o cerco e ocupação de Israel, com uma média de 500 camiões de ajuda a entrar em Gaza por dia.

Israel tem a obrigação legal básica, como potência ocupante, de garantir o fornecimento adequado de ajuda humanitária e a manutenção de serviços essenciais em toda Gaza. Não houve um único dia desde outubro de 2023 em que esta obrigação tenha sido cumprida. Até 8 de Novembro, Israel só tinha permitido a entrada de 44.453 camiões de ajuda humanitária em Gaza. Tomando como referência os níveis de ajuda humanitária anteriores a Outubro de 2023, o número total de camiões que deveriam ter entrado durante estes 13 meses é de 199.500.

Mesmo que esses camiões tivessem entrado, Israel debilitou qualquer aparência de sistema humanitário. Pelo menos 237 funcionários da UNRWA foram mortos; muitas das clínicas, escolas, padarias e armazéns de Gaza foram destruídas; os caminhões não têm combustível para operar; e a maior parte de Gaza continua sujeita a ordens de deslocação forçada ou à ocupação militar israelita directa, da qual os comboios da ONU exigem – e são frequentemente negados – aprovação para entrar.

Defender a UNRWA neste momento crítico não deve ser confundido com exagerar o papel da ajuda humanitária. Muitos críticos salientaram que um compromisso limitado com a assistência humanitária desviou inegavelmente a atenção da centralidade das reivindicações legais e dos direitos políticos dos palestinianos. Esta mesma crítica permeia toda a história da UNRWA. Em Governing Gaza, a antropóloga Ilana Feldman recorda uma conversa com um palestiniano em Gaza que argumentou que o objectivo da UNRWA era fazer “o palestiniano esquecer a sua terra natal desde que leva o saco de farinha”.

Um ano antes de a Assembleia Geral da ONU (AGNU) votar pela criação da UNRWA, a AGNU aprovou a Resolução 194(III), que afirmava o direito de regresso dos refugiados palestinos e a necessidade de reparações para aqueles que foram forçados a reinstalar-se noutros locais. A mesma resolução criou a Comissão de Conciliação das Nações Unidas para a Palestina (UNCCP), que foi encarregada de concretizar o direito de regresso. A UNCCP enfrentou resistência persistente do recém-formado Estado israelita, tornando a Comissão extinta na década de 1950. Um relatório anual ainda é submetido à AGNU em nome da UNCCP, mas a redação da apresentação de parágrafo único permanece inalterada há mais de 30 anos.

Numa tentativa de ofuscação ideológica, as autoridades israelitas continuam a afirmar que a UNRWA “perpetua o problema dos refugiados palestinos”em vez de culpar os Estados que falharam na sua responsabilidade colectiva de negociar soluções políticas justas. O reconhecimento irrevogável do direito palestiniano de regresso é visto por Israel como uma ameaça à sua própria existência, na medida em que as fundações coloniais dos colonos de Israel exigiam a limpeza étnica da Palestina e a subjugação violenta da restante população palestiniana.

Para além das tentativas de Israel de minar o direito palestino de regresso – que persistirá independentemente do futuro da UNRWA – os repetidos ataques à UNRWA devem ser entendidos no contexto de tentativas mais amplas de Israel de exercer controlo total sobre o sistema humanitário, o que permite a Israel multiplicar os efeitos da sua violência militar directa.

Israel não pode controlar a UNRWA da mesma forma que pode manipular empreiteiros privados ou as ONG internacionais que floresceram em Gaza e que dependem do financiamento de governos cúmplices no genocídio. Altos responsáveis ​​israelitas não tentaram esconder a busca por um maior controlo. Falando no Canal 13 de Israel em Janeiro, o representante de Israel na ONU, Gilad Erdan, explicou o seu desejo de desmantelar a UNRWA: “não se pode supervisionar a UNRWA porque não se pode supervisionar a ONU… nenhum país é realmente capaz de monitorizar, e é preciso haver uma entidade direta da qual você possa cobrar um preço.”

Israel não ataca a UNRWA apenas pela sua memorialização do direito de regresso, mas porque ajuda a nutrir, educar e administrar cuidados aos palestinianos. Qualquer organização cujas actividades funcionem para contrariar a ambição genocida de Israel de destruir total ou parcialmente o povo palestiniano será vista como um obstáculo à lógica colonial de extermínio dos colonos israelitas.

As opiniões expressas neste artigo são do próprio autor e não refletem necessariamente a posição editorial da Al Jazeera.



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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