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A região esmagadoramente pró-Rússia da Moldávia – DW – 11/01/2024

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Gagauzia quer ser amiga da Rússia“, diz Valentina, uma mulher de meia-idade com raízes ucranianas. Valentina está separando recibos em um banco de parque em Comrat, capital da Unidade Territorial Autônoma de Gagauzia, no sul Moldávia.

Tal como 95% dos eleitores em Gagauzia, ela votou “não” na o referendo de 20 de outubrorejeitando a proposta de ancorar a ambição da Moldávia de aderir ao União Europeia na constituição do país.

Esta foi uma rejeição recorde da União Europeia. Mesmo na região separatista pró-Rússia de Transnístriaonde as tropas russas estão estacionadas há mais de 30 anos, mais de um terço do eleitorado votou a favor da UE.

Quando questionada sobre o que sabe sobre a União Europeia, Valentina é evasiva: “Não estou interessada em política”, diz.

Segundo turno das eleições presidenciais

No dia 3 de Novembro, os eleitores na Moldávia irão novamente às urnas para a segunda volta das eleições presidenciais do país. Valentina diz que pretende votar em Alexandr Stoianoglo, adversário do O atual presidente pró-europeu da Moldávia, Maia Sandu.

Stoianoglo tem o apoio do Partido Socialista da República da Moldávia (PSRM), pró-russo. Ele boicotou o referendo da UE simplesmente não aceitando o boletim de voto que lhe foi oferecido na assembleia de voto.

‘As pessoas na Bulgária não têm uma vida melhor do que nós’

Valentina conta à DW que visitou um estado-membro da UE, Bulgáriamas não ficou impressionado. “Eles não têm uma vida melhor do que nós”, diz ela. “Vi pessoas vendendo tomates e melões na beira da estrada, assim como nós”.

Os seus próprios filhos estão na Rússia, tal como muitas outras pessoas de Gagauzia, diz ela.

Valentina tem raízes ucranianas. Ela diz que nunca poderia ter imaginado que o “irmão” Rússia lutaria contra a Ucrânia. Mas, aos seus olhos, a Ucrânia e os EUA são responsáveis ​​pela guerra no vizinho oriental da Moldávia. Esta é exactamente a linha seguida pela propaganda russa, que é muito prevalecente na Gagauzia.

Mídia russa em Gagauzia

Um número muito elevado de pessoas aqui recebe notícias da mídia russa, entre outras coisas porque falam principalmente russo.

Os Gagauz são um grupo étnico turco ortodoxo cristão no sul da Moldávia, uma antiga república soviética.

Uma mulher de meia-idade, usando óculos escuros e uma jaqueta branca sem mangas, está sentada em um banco amarelo. Há sacolas de compras ao lado dela e ela está segurando um smartphone na mão. Atrás dela estão árvores e arbustos. O sol está brilhando.
Valentina (foto aqui) tem raízes ucranianas, mas diz que a Rússia não tem culpa pela guerra láImagem: Elena Covalenco

Devido a uma política de russificação durante o período soviético, a maioria do povo Gagauz não fala nem a língua Gagauz, nem o romeno, a língua oficial da República da Moldávia.

Votação pró-Rússia no referendo de 2014

Em 2014, a liderança da Unidade Territorial Autônoma de Gagauzia organizou um pseudo referendoperguntando aos eleitores se a República da Moldávia deveria aderir à UE ou à União Económica da Eurásia sob a liderança da Rússia.

Naquela altura, nada menos que 97% do eleitorado de Gagauz votou contra a UE, apenas mais 2% do que em 20 de Outubro.

O referendo de 2014 foi restrito a Gagauzia, foi ilegal e não foi reconhecido pelo governo da capital da Moldávia, Chisinau. O referendo deste ano, por outro lado, foi legal e teve lugar em toda a Moldávia.

A influência de Lenin e da UE

Até hoje, mais de 30 anos após o colapso do comunismo, uma estátua de Lénine, o fundador da União Soviética, ainda permanece do lado de fora do edifício do governo regional em Comrat – uma lembrança constante do passado soviético do país.

Isto contrasta fortemente com os sinais exteriores ao gabinete do presidente da Câmara e no parque da cidade que descrevem os numerosos projectos locais que foram concluídos com a assistência financeira da União Europeia.

Um pensionista com lenço na cabeça está sentado ao sol. Ao fundo estão placas de sinalização, árvores, uma estrada e um prédio térreo com uma entrada decorativa e as bandeiras da Moldávia e da Unidade Territorial Autônoma de Gagauzia voando do lado de fora da porta
Este reformado, cujos filhos vivem em Inglaterra, ficou decepcionado com o resultado do referendo da UE em GagauziaImagem: Elena Covalenco

Quando questionados se sabem que projectos de infra-estruturas foram financiados com dinheiro da UE, a maioria dos transeuntes apenas encolhe os ombros. Nos últimos anos, a UE — e em particular Estado-membro vizinho da UE, Roménia — injetou milhões de euros na infraestrutura de Gagauzia.

‘Vítimas da propaganda russa’

No centro de Comrat, um aposentado aguarda um microônibus que vai para a Inglaterra. Seus filhos moram lá e ela quer enviar um pacote para eles. Ela é uma das poucas pessoas em Gagauzia que votou a favor da UE no referendo.

“Muitas pessoas aqui são vítimas de Propaganda russa. Eles acham difícil abandonar seu amor por Rússia. Mas pergunto-lhes sempre: Porque é que estão contra a União Europeia quando as pré-escolas, as escolas e as estradas foram reparadas com dinheiro da UE? Muitos deles têm filhos que trabalham na UE ou até ganharam dinheiro lá, voltaram e construíram uma casa aqui, mas ainda assim votam contra o caminho da UE”, diz ela.

Ela está preocupada com o futuro: “Temo que uma guerra irrompa novamente se voltarmos ao domínio da Rússia. Se a Ucrânia tivesse caído, a guerra já teria chegado até nós há muito tempo. A Europa não nos trará a guerra.”

‘São todos homossexuais na UE!’

Uma mulher elegantemente vestida, de vinte e poucos anos, admite que nem sequer foi à assembleia de voto. “Também não quero aderir à UE”, diz ela à DW. “Já estive lá e posso dizer-vos que a economia está a ficar cada vez mais fraca, tal como na República da Moldávia.”

Ela prossegue dizendo que ambos os seus pais trabalharam em estados membros da UE; sua mãe se casou lá pela segunda vez.

Os feirantes do mercado de Comrat estão começando a fazer as malas para o dia. Eles parecem irritados com questões sobre o referendo ou as eleições.

Uma grande faixa branca mostra fotos de projetos financiados pela UE e outras instituições ocidentais. As bandeiras da UE e da República da Moldávia podem ser vistas no canto superior direito
Este banner mostra projetos de infraestrutura e construção em Gagauzia que foram financiados pela UE e outras instituições ocidentaisImagem: Violeta Colesnic/DW

“São todos homossexuais na UE”, diz uma mulher que vende pepinos e tomates.

‘Você não sabe como os russos são bons?’

Outro homem diz-nos que nem sequer sabe qual foi o resultado da primeira volta das eleições presidenciais. Ele também diz que não sabia que havia um segundo turno no domingo. Ele diz que votou “não” no referendo, mas não sabe explicar por quê.

Uma mulher que vende produtos no limite do mercado e se queixa ao seu colega sobre as baixas pensões na Moldávia, diz que gosta da Rússia porque teve duas operações lá e não há corrupção lá.

“Por que você não quer ir para a Rússia também?” ela pergunta. “Você não sabe como os russos são bons?”

Quando perguntado por que A Rússia invadiu a Ucrâniaela responde com uma torrente de propaganda anti-ucraniana. Quando ela finalmente termina, um homem que ouviu o que ela disse junta-se a ele. Mas é apenas mais do mesmo: ele também está convencido da magnanimidade da Rússia.

Este artigo foi publicado originalmente em romeno.



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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