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Achados fósseis de anêmonas com milhões de anos no Ceará – 23/01/2025 – Ciência
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Reinaldo José Lopes
Rochas espalhadas por um trecho de 130 km do território cearense abrigam uma preciosidade: fósseis de anêmonas com mais de 400 milhões de anos de idade. Os resquícios de invertebrados marinhos, muito raros no registro paleontológico, são pistas do que aconteceu nos oceanos depois de um dos grandes episódios de extinção da história do planeta.
Para os padrões de seu grupo, a espécie Arenactinia ipuensis é uma das maiores entre as identificadas pelos paleontólogos até agora, medindo até 14 cm de altura. Graças à grande abundância de indivíduos, os pesquisadores responsáveis pela descoberta conseguiram identificar até a região da boca e dos tentáculos dos antigos animais, cuja preservação costuma ser ainda mais difícil que a do resto do corpo.
A descrição da anêmona, que viveu no começo do período Siluriano (entre 444 milhões e 433 milhões de anos antes do presente), foi publicado recentemente no periódico especializado Earth History and Biodiversity.
O primeiro autor é Francisco Rony Gomes Barroso, da UFPE (Universidade Federal de Pernambuco). Também assinam o estudo suas orientadoras Sonia Agostinho, da UFPE, e Maria Somália Viana, da Universidade Estadual do Vale do Acaraú (CE), assim como Mírian Forancelli Pacheco, da UFSCar (Universidade Federal de São Carlos).
Estudos sobre as estruturas encontradas nas rochas da chamada Formação Ipu, em território cearense, acontecem desde 2010, mas não era exatamente fácil confirmar a identificação das anêmonas, explicou Barroso à Folha.
“A grande questão é que não é fácil a visualização da estrutura delas em muitas das rochas”, diz ele. “Nas rochas que afloravam ao nível do solo, apareciam estruturas com forma de disco. A descoberta de novos sítios, por enquanto entre a cidade de Ipu e a de Santana do Acaraú, foi montando o quebra-cabeças aos poucos.”
Em certos afloramentos, em encostas, era possível ver tanto os discos quanto o prolongamento deles nas partes inferiores da rocha. Na lateral, as formas passavam a ser de cone ou cilindro —às vezes com uma expansão clara na base do cilindro, por exemplo.
Esse último detalhe ajudou a bater o martelo, porque estruturas abiogênicas —ou seja, produzidas por fatores que não têm a ver com os seres vivos— não produzem nada desse tipo. E análises de tomografia computadorizada feitas na Universidade de Bristol, no Reino Unido, revelaram a estrutura interna dos fósseis, com uma cavidade e possíveis impressões dos músculos que fortaleceram ainda mais a hipótese de que se tratava de anêmonas.
Quem só conhece esses invertebrados muito simples com base em sua aparição nos desenhos da série “Procurando Nemo” (a “casa” dos peixinhos protagonistas é uma anêmona) talvez não saiba que as anêmonas, na verdade, usam seu corpo para escavar o sedimento marinho e nele se fixar.
Isso faz com que o corpo relativamente molenga delas mude de formato dependendo do substrato e de outros fatores. Além disso, elas também têm o chamado comportamento de cobertura —juntam pedaços de conchas, seixos e outros materiais duros em volta do corpo para dar mais rigidez a ele. Isso provavelmente contribuiu para a preservação do formato da estrutura corporal das anêmonas.
Outro detalhe-chave é o fato de que, dependendo do sítio, há um grande acúmulo de anêmonas num espaço relativamente pequeno, alcançando densidades de até 20 indivíduos da espécie por metro quadrado.
Em parte, isso se deve à concentração de recursos alimentares num espaço relativamente pequeno, e também à reprodução assexuada que acontece nesse grupo —é como se novos “brotos” de anêmona fossem surgindo ao lado dos pais.
Mas outro elemento importante é o fato de elas corresponderem ao que se costuma chamar de biota de recuperação —ou seja, as comunidades de seres vivos que surgem depois de um grande desastre.
E é exatamente esse o caso. Há 445 milhões de anos, no fim do período Ordoviciano, boa parte da vida na Terra desapareceu por uma combinação de fatores, incluindo a diminuição da oxigenação dos oceanos, vulcanismo e grandes glaciações —uma coisa, ao que parece, reforçando a outra. O atual território brasileiro, por exemplo, ganhou geleiras, o que também ocorreu na África.
O aglomerado de anêmonas representa os passos iniciais da reconstrução dos ecossistemas marinhos.
A importância do achado também está ligada à sua raridade, diz Maria Somália Viana. “Temos a conservação de inúmeros indivíduos de corpo mole em um ambiente onde eles normalmente não se preservariam”, explica ela. “Houve um soterramento repentino de populações inteiras, revelando uma incrível diversidade de formas devido à plasticidade de seus corpos.”
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Neabi da Ufac inicia 11ª Semana em Favor da Igualdade Racial — Universidade Federal do Acre
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6 de novembro de 2025O Núcleo de Estudos Afro-brasileiros e Indígenas (Neabi) da Ufac realizou, na segunda-feira, 3, na sala Auton Peres, a abertura da 11ª Semana em Favor da Igualdade Racial e do 8º Novembro Negro, com o tema “Nada Sobre Nós Sem Nós: Acesso, Permanência e Protagonismo Negro”. A programação segue até 27 de novembro, com palestras, rodas de conversa, mesas-redondas, seminários, oficinas e exposições.
Os eventos integram as ações do Movimento Negro Educador, que desde 2015 reúne professores, estudantes e representantes de movimentos sociais do Acre em torno da promoção da igualdade racial. “O Novembro Negro constitui um espaço de visibilidade das epistemologias e dos saberes produzidos pelo Movimento Negro, contribuindo para o debate crítico sobre as relações étnico-raciais e para a ampliação da consciência negra, conforme orienta a política pública de promoção da igualdade racial”, disse a coordenadora dos eventos, professora Flávia Rocha.
A cerimônia de abertura contou com apresentação cultural do grupo Moças do Samba, formado por Nayara Saab, Carol de Deus e Sandra Bu. Estiveram presentes o vice-reitor Josimar Batista Ferreira; a vice-diretora do CCBN, Almecina Balbino Ferreira; a diretora do CFCH, Geórgia Pereira; e o coordenador do curso de História, João Paulo Pacheco.
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Prodgep realiza treinamento para fortalecer liderança afetiva — Universidade Federal do Acre
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6 de novembro de 2025A Pró-Reitoria de Desenvolvimento e Gestão de Pessoas (Prodgep) da Ufac promoveu, nessa terça-feira, 4, no laboratório Life, térreo do bloco do Núcleo de Tecnologia da Informação, o treinamento “Sentir para Agir”, voltado à capacitação de gestores da instituição. O encontro faz parte de uma proposta de fortalecimento da liderança afetiva, com foco na melhoria da qualidade de vida e do desempenho das equipes.
Durante a atividade, a palestrante Vanessa Vogliotti Igami destacou que o objetivo é estimular líderes já comprometidos com a universidade a desenvolverem novas habilidades emocionais, capazes de aprimorar a gestão e os resultados institucionais. “Ao cuidar do bem-estar dos líderes, melhoramos o desempenho das equipes e, com isso, toda a cadeia da educação, dos servidores aos estudantes.”
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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Curso de Letras/Libras da Ufac realiza sua 8ª Semana Acadêmica — Universidade Federal do Acre
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4 de novembro de 2025O curso de Letras/Libras da Ufac realizou, nessa segunda-feira, 3, a abertura de sua 8ª Semana Acadêmica, com o tema “Povo Surdo: Entrelaçamentos entre Línguas e Culturas”. A programação continua até quarta-feira, 5, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, com palestras, minicursos e mesas-redondas que abordam o bilinguismo, a educação inclusiva e as práticas pedagógicas voltadas à comunidade surda.
“A Semana de Letras/Libras é um momento importante para o curso e para a universidade”, disse a pró-reitora de Graduação, Edinaceli Damasceno. “Reúne alunos, professores e a comunidade surda em torno de um diálogo sobre educação, cultura e inclusão. Ainda enfrentamos desafios, mas o curso tem se consolidado como um dos mais importantes da Ufac.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou que o evento representa um espaço de transformação institucional. “A semana provoca uma reflexão sobre a necessidade de acolher o povo surdo e integrar essa diversidade. A inclusão não é mais uma escolha, é uma necessidade. As universidades precisam se mobilizar para acompanhar as mudanças sociais e culturais, e o curso de Libras tem um papel fundamental nesse processo.”

A organizadora da semana, Karlene Souza, destacou que o evento celebra os 11 anos do curso e marca um momento de fortalecimento da extensão universitária. “Essa é uma oportunidade de promover discussões sobre bilinguismo e educação de surdos com nossos alunos, egressos e a comunidade externa. Convidamos pesquisadores e professores surdos para compartilhar experiências e ampliar o debate sobre as políticas públicas de educação bilíngue.”
A palestra de abertura foi ministrada pela professora da Universidade Federal do Paraná, Sueli Fernandes, referência nacional nos estudos sobre bilinguismo e ensino de português como segunda língua para surdos.
O evento também conta com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Educação e Cultura, da Secretaria Municipal de Educação, do Centro de Apoio ao Surdo e de profissionais que atuam na gestão da educação especial.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
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