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Ações sustentáveis podem gerar US$ 10 tri em negócios – 20/12/2024 – Ambiente

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André Julião

Além de resguardar a vida na Terra para as próximas gerações, conter a crescente perda de biodiversidade e dos serviços prestados por ela pode ser lucrativo. É o que apontam os mais recentes sumários para tomadores de decisão da Plataforma Intergovernamental sobre Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos (IPBES, na sigla em inglês).

Os dois documentos foram lançados nesta semana (nos dias 17 e 18) após a realização da 11ª Plenária do IPBES, em Windhoek, na Namíbia.

Os relatórios apontam para a geração de 295 milhões de empregos e oportunidades de mais de US$ 10 trilhões em negócios até 2030 em atividades sustentáveis ou centradas na natureza. Os prejuízos causados pela falta de ação seriam superiores ao dobro desse valor.

Os documentos apontam ainda para a necessidade de uma reconexão das pessoas com a natureza, de forma a fazer com que os 75% da população mundial que vivem em cidades mudem hábitos para conter a destruição da biodiversidade no planeta e suas consequências, como a perda de polinização, chuva, alimento e outros serviços prestados pela natureza.

Os sumários são resultado de dois diagnósticos construídos a partir da primeira avaliação global do estado da natureza, publicado pelo IPBES em 2019.

Na ocasião, o documento apontava que a única forma de atingir objetivos de desenvolvimento sustentável seria por meio de mudanças transformadoras, tema de um dos relatórios divulgados agora.

“Uma mensagem importante é o custo da inatividade. Se continuarmos a fazer o de sempre, isso terá um custo alto nos próximos anos. Muito maior do que as oportunidades que existem, como a restauração ecológica, que gera uma grande quantidade de empregos e traz de volta uma série de serviços ecossistêmicos”, aponta Carlos Joly, professor emérito da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), membro da coordenação da Iniciativa Amazônia+10 e coordenador da BPBES (Plataforma Brasileira de Biodiversidade e Serviços Ecossistêmicos).

Joly foi um dos revisores do capítulo 5 do diagnóstico que deu base para o sumário divulgado agora sobre mudanças transformadoras. Os diagnósticos são divulgados posteriormente aos sumários e não dependem de aprovação do plenário.

Mudanças transformadoras

O documento sobre mudanças transformadoras aponta seis conjuntos de intervenções que podem ser realizadas de forma complementar para que as transformações ocorram. São mudanças sistêmicas, estruturais, envolvem o empoderamento de grupos historicamente marginalizados, a cocriação entre ciência e outros sistemas de conhecimento tradicionais, o uso de avanços em ciência e tecnologia e a transformação interna das pessoas.

“Essa última é a mais difícil de acontecer, mas também a que pode trazer mais resultados de médio e longo prazo. É uma mudança de valores, de como as pessoas se relacionam com o ambiente em que vivem e seus padrões de consumo”, opina Cristiana Seixas, pesquisadora do Núcleo de Estudos e Pesquisas Ambientais (Nepam-Unicamp), membro da coordenação do Programa Fapesp para o Atlântico Sul e Antártica e autora de um dos capítulos do diagnóstico.

Biodiversidade, água, alimento e saúde

O outro sumário para tomadores de decisão lançado pelo IPBES foi o Assessment Report on the Interlinkages Among Biodiversity, Water, Food and Health, ou relatório Nexo. O documento leva em conta a ligação que a biodiversidade tem com a disponibilidade de água e alimento, além da saúde das pessoas.

“A base da discussão aqui é a humanidade como parte da natureza. A biodiversidade e os serviços ecossistêmicos compõem a vida da sociedade e essa visão integrada é uma das belezas do IPBES”, diz Jean Ometto, pesquisador do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) e membro da coordenação do Programa Fapesp de Pesquisa sobre Mudanças Climáticas Globais (PFPMCG).

Ometto é um dos autores do capítulo sobre governança do relatório Nexo. O documento destaca, entre outros temas, que abordagens de governança integrada podem ajudar a responder a desafios comuns relacionando biodiversidade, água, alimento, saúde e mudanças climáticas.

As abordagens devem focar em políticas públicas, instituições e ações que promovam integração, inclusão, equidade e responsabilidade. No entanto, as ações existentes, que normalmente têm como ponto de partida perspectivas setoriais, acabam resultando em uma governança desalinhada, redundante e inconsistente, falhando em causar mudanças positivas.

“A adaptação para as mudanças climáticas numa cidade, por exemplo, não pode ser setorial. Existem diferentes instâncias, territórios, camadas sociais que estão sendo e serão afetados pelas enchentes ou pela falta de chuvas, por exemplo. Por sua vez, estes afetam aspectos como saúde, acesso ao alimento, transporte. É preciso interligar as ações para que as soluções tenham um espectro mais amplo e duradouro, tirando o melhor proveito de cada uma delas”, observa o pesquisador.

Para Joly, o ponto principal dos dois relatórios, que resultam de uma demanda dos 188 países signatários da Convenção sobre a Diversidade Biológica, é a mudança de modelo econômico, atualmente baseado na exploração predatória de recursos naturais.

As mudanças propostas não apenas trazem a perspectiva da recuperação de serviços ecossistêmicos, como também oportunidades para um desenvolvimento econômico mais justo para todos.



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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