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Ana Cláudia Almeida e Tadáskía em exposição em SP – 20/01/2025 – Ilustrada

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5 meses atrásem
Lara Paiva
“Sabe quando você está com um amigo próximo e ele te conta algo muito pessoal que muda sua perspectiva de mundo? Isso é o que quero trazer”, diz à Folha a artista Ana Cláudia Almeida.
Quando o vento passa pela ampla galeria, suas gravuras em tecido cru esvoaçam. O material com transparência permite que vejamos o resquício de seu desenho –num meio-termo entre o figurativo e o abstrato.
Na parede ao lado, estão pendurados desenhos de sua amiga, a artista trans Tadáskía. Conhecida pelo seu estilo lúdico e criativo, ela traz, a esta mostra, obras inéditas com tons mais sombrios e traços errantes. “Meu interesse é pela transformação”, diz. “Nunca me vi tão aproximada de uma certa iluminação obscura”.
Em “The spider, her pray, and the ladybug in the desert a aranha, sua presa e a joaninha no deserto”, ela conta a história de uma das aparições que testemunhou. Uma joaninha pousa entre quatro aranhas que avançam para comê-la. O inseto então alça voo e deixa para trás suas antagonistas. “Ladybug tears lágrimas de joaninha”, mais caótico e irrequieto, traz outra camada à história.
Além da amizade, as duas artistas têm aspectos biográficos em comum. São ambas mulheres negras, oriundas de comunidades do Rio de Janeiro e estudaram arte na Escola Parque Lage. Produzem entre o Brasil e os Estados Unidos –Almeida finaliza seu mestrado na Universidade de Yale, e Tadáskía expôs no Museu de Arte Moderna de Nova York, o MoMA, no ano passado.
A ideia da mostra conjunta, com obras nas galerias de São Paulo Fortes D’Aloia e Gabriel e Quadra, em cartaz até esta sexta-feira (24), surgiu enquanto faziam uma residência artística no deserto de Nevada, nos Estados Unidos.
Mas a curadoria de Clarissa Diniz propõe aproximar as artistas menos por suas semelhanças que por seus desencontros. Na arte de Tadáskía, é tão importante esconder quando mostrar. Prova disso é sua série de fotografias “To show to hide”, feita na pandemia com membros de sua família. Em algumas fotos, seus rostos estão cobertos com tecidos e, em outras, são ligados por um fio dourado.
Já Almeida relata que sua arte tornou-se mais pessoal ao se mudar para os Estados Unidos. Isso a afastou de seus referenciais e mudou sua relação com o espaço, a cidade e a natureza.
Esse desejo culmina na obra “Diário”, um compilado de folhas soltas que cobrem uma parede do chão ao teto. Elas possuem desenhos ora abstratos, ora figurativos. São janelas ao dia a dia da artista, suas experiências e seus momentos do cotidiano.
“Comecei a ser mais direta e me comunicar de forma mais específica. Trouxe tons mais terrosos, filtrei as cores para ser mais intimista. É quase uma vontade de falar um pouco mais baixo”, afirma. “E me permitir a falar de mim mesma, das coisas que me afetam, de como é ser mulher na nossa sociedade, da minha relação com a sexualidade, com a religião”.
Tadáskía também personaliza seu trabalho no jogo de esconder-mostrar. A artista conta que, até pouco tempo atrás, só fazia arte feliz, para não contaminar a prática com seus sentimentos. “Mas comecei a entender o sofrimento como uma passagem. Não preciso ter medo dele –ele interferiria [na arte] da mesma forma que o amor ou paixão”.
Ela recorre aos contrastes em seu primeiro livro de páginas soltas, “ave preta mística mystical black bird”, misturando imagem e poesia, amor e dor, liberdade e sofrimento. Tadáskía expôs o livro no MoMA, junto de esculturas e desenhos.
A artista diz se identificar com a joaninha da sua aparição pela capacidade inerente de transformação –assim como as borboletas, ela passa por uma metamorfose. Na escultura “ladybug house casa de joaninha II”, Tadáskía dá um lar a esse animal tão emblemático para ela.
Almeida também busca retratar o “além” do real. “Quando comecei, pensei muito sobre como criar uma divindade. Elas são uma coisa tão humana: criamos elas e moldamos deuses conforme nossa experiência”.
Mas a materialidade de suas obras contrasta com essa intenção sacra. As gravuras dos tecidos que fluem como espíritos pela galeria são feitas com monotipia –Almeida pinta em um plástico e então transfere a arte ao tecido.
O resíduo plástico, sujo de tinta, é então aproveitado em suas esculturas, montes amalgamados, criando um volume indefinido.
Já Tadáskía vê o uso ritualístico dos materiais de suas esculturas. A palha de taboa está amarrada, equilibradas acima de seixos e adornadas com frutas reais, e a obra assemelha-se à arte de nomes como Mestre Didi, que recria elementos do candomblé.
“É mais uma conexão espiritual do que religiosa —dos erros, da alma, da carga humana”, diz a artista, que costuma começar desenhos de olhos fechados para conseguir ver melhor as diferentes camadas da paisagem. “É um encontro com o desconhecido”.
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MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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