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Análise: Rússia se afasta de doutrina de dissuasão nuclear da Guerra Fria

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O uso pela Rússia de um míssil balístico com capacidade nuclear na quinta-feira (22) é a mais recente escalada na guerra na Ucrânia.

Marca também um momento decisivo e potencialmente perigoso no conflito de Moscou com o Ocidente.

A utilização do que Vladimir Putin disse ser um míssil balístico com múltiplas ogivas em combate ofensivo é um claro afastamento de décadas da doutrina de dissuasão da Guerra Fria.

Mísseis balísticos com múltiplas ogivas, conhecidos como “múltiplos veículos de reentrada com alvos independentes”, ou MIRVs, nunca foram usados ​​para atacar um inimigo, dizem os especialistas.

“Que eu saiba, sim, é a primeira vez que o MIRV é usado em combate”, disse Hans Kristensen, diretor do Projeto de Informação Nuclear da Federação de Cientistas Americanos.

Os mísseis balísticos têm sido a base da dissuasão, oferecendo o que é conhecido como “destruição mútua assegurada”, ou MAD, na era nuclear.

A ideia é que, mesmo que alguns mísseis sobrevivam a um primeiro ataque nuclear, restará poder de fogo suficiente no arsenal do oponente para destruir várias cidades importantes do agressor, garantindo assim que nenhum dos lados seja incapaz de escapar às consequências das ações nucleares.

Nesse sentido, os mísseis balísticos foram concebidos para servir de sentinela em futuro onde as armas nucleares nunca mais seriam disparadas em momentos de raiva.

Mas analistas, incluindo Kristensen, argumentam que os mísseis MIRV podem convidar, em vez de dissuadir, um primeiro ataque.

A capacidade altamente destrutiva dos MIRVs significa que eles são tanto potenciais armas de primeiro ataque quanto alvos de primeiro ataque, escreveram Kristensen e seu colega Matt Korda, da Federação de Cientistas Americanos, em um estudo publicado em março.

Isso porque é mais fácil destruir múltiplas ogivas antes de serem lançadas do que tentar derrubá-las enquanto elas caem em velocidade hipersônica sobre seus alvos.

E de acordo com uma publicação recente da Union of Concerned Scientists, uma organização sem fins lucrativos de defesa da ciência sediada nos EUA, isto cria um cenário do tipo “use-os ou perca-os” – um incentivo para atacar primeiro em tempos de crise. “Caso contrário, um primeiro ataque que destruísse os mísseis MIRV de um país prejudicaria desproporcionalmente a capacidade de retaliação desse país”, dizia a postagem.

Vídeos do ataque russo de quinta-feira mostraram múltiplas ogivas caindo em diferentes ângulos sobre o alvo, e cada ogiva precisaria ser derrotada com um foguete antimíssil, uma perspectiva assustadora mesmo para os melhores sistemas de defesa aérea.

E embora as ogivas lançadas sobre a cidade ucraniana de Dnipro na quinta-feira não fossem nucleares, a sua utilização em operações de combate convencionais irá certamente levantar novas incertezas num mundo já no limite.

É importante ressaltar que a Rússia alertou os Estados Unidos sobre o uso do míssil disparado na quinta-feira. Mas mesmo com esse aviso prévio, quaisquer novos lançamentos por parte do regime de Putin irão agora inevitavelmente aumentar os receios em toda a Europa, com muitos se perguntando: Será que a dissuasão acabou de morrer?

Os MIRVs pelo mundo

Não são apenas a Rússia e os Estados Unidos que possuem a tecnologia MIRV. A China também, nos seus mísseis balísticos intercontinentais, de acordo com o Centro de Controle de Armas e Não-Proliferação, e o Reino Unido e a França, juntamente com a Rússia e os EUA, há muito têm tecnologia MIRV nos seus mísseis balísticos lançados por submarinos.

E também há novos jogadores no jogo MIRV. O Paquistão supostamente testou um míssil com múltiplas ogivas em 2017, e no início deste ano a Índia disse ter testado com sucesso um ICBM MIRV.

Os analistas se preocupam mais com os MIRVs terrestres do que com os submarinos. Isso porque os submarinos são furtivos e difíceis de detectar. Mísseis terrestres, especialmente aqueles em silos estacionários, são mais facilmente encontrados e, portanto, são alvos mais tentadores.

No seu relatório de março, Kristensen e Korda escreveram sobre os perigos do clube MIRV em expansão, chamando-o de “um sinal de uma tendência preocupante maior nos arsenais nucleares mundiais” e de uma “corrida armamentista nuclear emergente”.

A Índia proclamou que o sucesso do MIRV durante um teste no mesmo mês foi apenas um sinal de alerta, escreveram eles.

“Isso segue a implantação de MIRVs pela China em alguns de seus ICBMs DF-5, a aparente busca de MIRVs pelo Paquistão para seu míssil de médio alcance Ababeel, a Coreia do Norte também pode estar buscando a tecnologia MIRV, e o Reino Unido decidiu aumentar seu arsenal nuclear para poder implantar mais ogivas nos seus mísseis lançados por submarinos”, escreveram Kristensen e Korda.

Eles argumentam que mais ogivas MIRV em vários arsenais do país “reduziriam drasticamente a estabilidade da crise, incentivando os líderes a lançarem rapidamente as suas armas nucleares numa crise”.

“Um mundo em que quase todos os países com armas nucleares implementam uma capacidade significativa de MIRV parece muito mais perigoso do que o nosso atual ambiente geoestratégico”, afirmaram.

Declaração final do G20 aborda mudanças climáticas, guerras e taxação

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SUS vai distribuir vacina contra herpes-zóster, afirma ministro da Saúde; vídeo

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Em breve, os brasileiros poderão se imunizar de graça contra uma doença silenciosa, muito dolorida, que atinge principalmente, quem tem mais de 50 anos. O SUS (Sistema Único de Saúde) vai incluir a vacina contra herpes-zóster na lista de prioridades. A notícia boa foi dada esta semana pelo Ministro da Saúde, Alexandre Padilha.

Atualmente, a vacina é oferecida apenas nas unidades privadas – em duas doses –  e custa, em média, R$ 800. O pedido para a inclusão da vacina foi feito diretamente ao ministro durante audiência na Comissão de Saúde na Câmara, por uma deputada que teve a doença.

“É uma prioridade nossa, enquanto ministro da Saúde, que essa vacina possa estar no Sistema Único de Saúde. A gente pode fazer grandes campanhas de vacinação para as pessoas que têm indicação de receber essa vacina. Pode contar conosco”, afirmou Padilha.

Experiência dolorosa pessoal

O apelo partiu da deputada federal Adriana Accorsi (PT-GO), que ficou cinco dias internada em Goiânia, por uma crise causada pelo vírus que provoca herpes-zóster. Com dores pelo corpo, sentindo a pele queimar, ela disse que foi uma experiência muito dolorosa.

“Passei por essa doença recentemente e senti na pele o quanto ela é dolorosa, perigosa e pode deixar sequelas graves. Por isso, sei o quanto é fundamental garantir acesso à prevenção e à informação, especialmente para quem mais precisa”, afirmou a parlamentar.

As sequelas mais graves da doença podem provocar lesões na pele, cegueira, surdez e paralisia cerebral, por exemplo. Estudos indicam que os casos aumentaram 35% após a pandemia de Covid-19

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A doença herpes-zóster

Só em 2023, mais de 2,6 mil pessoas foram internadas com o diagnóstico da doença no Brasil.

O herpes- zóster, chamado popularmente como “cobreiro”, é infeccioso. A doença é causada pelo vírus varicela-zóster, o mesmo que causa a catapora.

A crise gera erupções na pele, febre, mal-estar e dor intensa fortes nos nervos.

Em geral as pessoas com baixa imunidade estão mais propensas.

Vai SUS!

A vacina contra herpes-zóster deve ser incluída na lista de prioridades, de acordo com o ministro Alexandre Padilha. Foto: Ministério da Saúde A vacina contra herpes-zóster deve ser incluída na lista de prioridades, de acordo com o ministro Alexandre Padilha. Foto: Ministério da Saúde

A promessa do ministro da Saúde, Alexandre Padilha, foi registrada:



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Anvisa aprova medicamento que pode retardar Alzheimer

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Anvisa aprovou o Kinsula, primeiro medicamento que pode retardar a progressão do Alzheimer. Já provado nos EUA, ele é da farmacêutica Eli Lilly. – Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma notícia boa para renovar a esperança de milhares de brasileiros. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou um novo medicamento internacional para tratar o Alzheimer.

Indicado para o estágio inicial da doença, o Kisunla (donanemabe) é fruto de mais de três décadas de pesquisa. Em testes, o medicamento retardou em até 35% o avanço da doença em pacientes com sintomas leves.

Desenvolvido pela farmacêutica Eli Lilly, o donanemabe foi aprovado nos Estados Unidos em julho de 2024. No Brasil, a aprovação foi divulgada nesta terça-feira (22). O Kisunla é injetável e deve ser administrado uma vez por mês.

Como funciona

A principal função do fármaco é remover as chamadas placas amiloides, os acúmulos anormais de proteínas no cérebro.

São esses acúmulos que atrapalham a comunicação entre os neurônios e estão associados ao surgimento e à progressão da doença.

Nos testes clínicos, o remédio conseguiu eliminar até 75% das placas após 18 meses de tratamento.

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Quem se beneficia

O tratamento é indicado apenas para pacientes com comprometimento cognitivo leve e demência leve.

Por outro lado, o Kisunla não é recomendado para quem usa anticoagulantes ou sofre de uma condição chamada angiopatia amiloide cerebral.

Também há restrições para pacientes que não possuem uma variante específica do gene ApoE ε4.

Em comunicado à imprensa, Luiz Magno, diretor médico sênior da Lilly do Brasil, comemorou a aprovação pela Anvisa:

“Estamos vivendo um momento único na história da neurociência. Depois de mais de trinta e cinco anos de pesquisa da Lilly, finalmente temos o primeiro tratamento que modifica a história natural da doença de Alzheimer aprovado no Brasil. Claro, esse é um marco para nós como companhia e para a ciência, mas principalmente para as pessoas que vivem com a doença de Alzheimer e seus familiares – que há anos buscam por mais esperança. Essa é nossa missão, transformar vidas.”

Estudo clínico

A avaliação para a aprovação foi feita a partir de um estudo clínico de 2023. Ao todo, a pesquisa envolveu 1.736 pacientes de 8 países com Alzheimer em estágio inicial.

Aqueles que receberam o Kisunla tiveram uma progressão clínica da doença menor em comparação aos pacientes tratados com o placebo.

Segundo a Anvisa, assim como qualquer outro remédio, o medicamento vai continuar sendo monitorado.

Disponível em breve

Apesar da aprovação, o Kisunla ainda não está disponível nas farmácias.

Para isso, é preciso esperar o medicamento passar pela Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED).

O processo pode levar semanas ou até meses.

Nos Estados Unidos, o tratamento com o fármaco custa por volta de US$ 12.522 por 6 meses e US$32.000 por 12 meses, aproximadamente R$ 183.192 na cotação atual.

O medicamento é injetável e deve ser administrado uma vez por mês. - Foto: Getty Images/Science Photo Libra

O medicamento é injetável e deve ser administrado uma vez por mês. – Foto: Getty Images/Science Photo Libra



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China lança banda larga 10G; a primeira e mais rápida do mundo

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São 7 os próximos feriados de 2025. Três vão cair em plena quinta-feira. - Foto: Freepik

Na vanguarda sempre, os chineses surpreendem mais uma vez. A China lança a primeira banda larga 10G do mundo. A expectativa é oferecer velocidades de download de até 9.834 Mbps, velocidades de upload de 1.008 Mbps e latência de 3 milissegundos, muito maiores do que as usadas atualmente.

Com o 10G vai ser possível baixar em apenas 20 segundos um filme completo em 4K (com cerca de 20 GB), que normalmente leva de 7 a 10 minutos em uma conexão de 1 Gbps.

A tecnologia de Rede Óptica Passiva (PON) 50G, que abastece a rede 10G, melhora a transmissão de dados pela infraestrutura – de fibra óptica atual.

Trabalho em parceria

A inovação foi anunciada, no Condado de Sunan, província de Hebei. O lançamento é resultado de um trabalho colaborativo da Huawei e da China Unicom.

Essa tecnologia permitirá, por exemplo, o uso de nuvem, realidade virtual e aumentada, streaming de vídeo 8K e integração de dispositivos domésticos inteligentes, tudo de uma só vez.

Com essa iniciativa, a China supera a banda larga comercial em países, como Emirados Árabes e Catar, de acordo com o Times of India.

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Expectativas de aplicações sociais

A implementação da banda larga 10G deve facilitar avanços em setores sociais, como saúde, educação e agricultura por intermédio da transmissão de dados mais rápida e confiável.

De acordo com os engenheiros e pesquisadores envolvidos, essa tecnologia será usada em aplicados “exigentes” de alta velocidade.

Com a banda larga 10G, a China se coloca à frente dos Emirados Árabes e do Catar em tecnologia comercial. Foto: Freepik Com a banda larga 10G, a China se coloca à frente dos Emirados Árabes e do Catar em tecnologia comercial. Foto: Freepik



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