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Antonio Cicero viu tragédia em Armando Freitas Filho – 28/12/2024 – Ilustríssima

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Gustavo Zeitel

[RESUMO] Livros póstumos dos poetas Antonio Cicero e Armando Freitas Filho, recém-lançados, sintetizam estilo e pensamento dos dois autores, bastante diferentes entre si, mas ambos pilares da poesia brasileira contemporânea.

Morto um poeta, parece difícil explicitar como sua ausência impactaria a coletividade no século 21. Mesmo os teóricos já decidiram que um poema vale por si: entre o primeiro e o último verso, forma-se um acontecimento sem finalidade. Seguindo a lógica, não precisaríamos de poesia para viver, seria lícito afirmar.

Contudo, as mortes de Antonio Cicero, aos 79 anos, e de Armando Freitas Filho, aos 84, que ocorreram no intervalo de um mês, entre setembro e outubro, provam o contrário e ainda permanecem, entre seus leitores, como um luto indecifrável, cuja dimensão se recusa a ser mensurada por meios objetivos.

A leitura de “Respiro”, último livro de Armando, e de “O Eterno Agora”, coletânea de ensaios escrita por Cicero, que chegam postumamente às livrarias, representa o enfrentamento ao vazio, originado pela interrupção abrupta de duas obras norteadoras do ofício poético em nosso país. Tão diferentes entre si, Armando e Cicero tornaram-se pilares da poesia contemporânea brasileira, estabelecendo projetos singulares, em diálogo com a tradição modernista.

No caso de Cicero, “O Eterno Agora” ressalta seu trabalho como filósofo, que ele mesmo tentava manter apartado da escrita literária. Num primeiro momento, os textos foram apresentados em conferências, organizadas pelo jornalista e também filósofo Adauto Novaes. Em especial, Cicero dedica três ensaios a uma investigação sobre a natureza da poesia, tema que perseguiu durante toda a vida.

Em “A Poesia Entre o Silêncio e a Prosa do Mundo”, ele discorre sobre o conceito de linguagem do entendimento, criado pelo filósofo alemão Hegel, para opor dois usos distintos da língua. A linguagem do entendimento está alicerçada na razão humana e tem a finalidade específica de diferenciar as coisas, dado que, nas palavras de Hegel, “a atividade de separação é a força e o trabalho do nosso entendimento”.

O mundo, afinal, apresenta-se ao ser humano como uma grande indistinção a ser organizada pela racionalidade. Ocorre que, na poesia, prevalece outro objetivo. Embora o poeta não possa recusar a faculdade do entendimento, sua função é subverter a linguagem utilitária, promovendo um deslocamento entre as palavras e os respectivos significados dicionarizados.

Assim, o autor deve provocar uma nova realidade semântica, em que a apreensão estética se sobreponha ao utilitarismo, numa desorganização da linguagem. Não à toa, Hegel pensa um poema como um “organismo intrinsecamente infinito”, que se desdobra em múltiplos sentidos.

Tampouco a revelação da verdade deve orientar a escrita poética, como Cicero observa em “Homero e a Essência da Poesia”. É sabido que, na Antiguidade Clássica, os aedos —os poetas cantores da Grécia Antiga— invocavam as musas para rememorar os acontecimentos e entoá-los. Para o senso comum, o poema épico seria a reconstituição da história de um povo, e o aedo, o guardião de tal passado.

Traçando uma genealogia das musas, Cicero relativiza a leitura tradicional ao sugerir que a relação entre a memória e a imaginação é inextricável. Prevaleceria, em última instância, a liberdade do fazer poético e o sentido de invenção artística.

“A beleza do poema épico —sua qualidade estética— prova a origem divina do poema, e a origem divina do poema confere relativa liberdade —autonomia— à poesia, logo ao poeta, liberdade para cantar […] sem nenhuma consideração para com a verdade, a ética ou a utilidade”, escreve.

O autor também analisa a criação literária, em “Poesia e Preguiça”. Rejeitado pela sociedade de livre mercado, o ócio aparece como um requisito à escrita de poemas, tanto mais agora, quando o tempo livre tem se comprimido de tal forma, que perturba a atenção à leitura e ao estudo extensivo.

Dialogando com o filósofo Henri Bergson, Cicero caracteriza a preguiça do poeta como a recusa do tempo espacializado, o tempo do trabalho convencional. Não se trata, porém, de uma recusa do trabalho. O autor deve suspender o tempo do relógio, adentrando um vazio para ter a “liberação de passado, de futuro e da consciência presente”. Só assim, em dias limpos, seu ofício pode ser exercitado. Afinal, a escrita de um poema tem duração vertiginosa, podendo levar dias ou anos.

Se a poesia se define pela subversão da linguagem prática para o estabelecimento de uma dimensão estética, a morte de um poeta significa perder a liberdade de imaginar uma realidade outra, que não o presente cotidiano. Por isso, a interrupção da fala de um poeta limita as possibilidades de ver o mundo.

Como dizia o francês Jacques Roubaud, lemos um poema com a voz aural, a voz “para dentro”: fazemos das palavras do outro as nossas, unimos a nossa voz à do autor, numa imersão ativa no texto. A morte de um poeta nos silencia. E todo silenciamento é uma violência.

Em “O Eterno Agora”, nada escapa ao pensamento do autor, que exercita o seu conhecido estilo lógico de escrita e se mostra atento ao avanço da biotecnologia (“O Ser Humano e o Pós-Humano”), ao conceito de modernidade (“A Sedução Relativa”) e ao crescente conservadorismo no mundo (“Os Diretos Humanos vs. O Neofascismo”).

Cicero encontrou, na mitologia grega, seu referencial civilizatório, embora no livro transpareça, sobretudo, um certo iluminismo, a mesma postura libertária e racional que caracterizou sua vida e obra até a decisão de fazer eutanásia, na Suíça, quando já padecia dos sintomas do Alzheimer.

É bem verdade que Cicero pode ser visto como um autor de múltiplas faces. Só o letrista tem duas. Nos anos 1980, com sua irmã, a cantora Marina Lima, adotou uma dicção direta, correspondente à música pop. Na década seguinte, seu trabalho se redimensionaria, nas parcerias com Adriana Calcanhotto, quando as diferenças entre poema e letra de música foram anuladas.

Há ainda o autor dos livros “Guardar” (1996), “A Cidade e os Livros” (2002) e “Porventura” (2012). Neles, a dicção clássica impera, avalizada pelo domínio das formas fixas. Não raro, os temas mitológicos fundem-se à paisagem carioca, aproximando a discussão existencial ao leitor.

Já o ensaísta mostrou interesse na obra de seus contemporâneos, inclusive na de Armando Freitas Filho. Embora não fossem íntimos, os poetas sempre se encontravam em eventos literários e mantiveram uma relação cordial. Há sete anos, figurava, na coletânea “A Poesia e a Crítica”, o ensaio “A Poesia de Armando Freitas Filho e a Apreensão Trágica do Mundo”.

Nele, Cicero compara as tragédias de Shakespeare à temática dominante na obra de Armando, cujo sujeito lírico se assemelha ao herói trágico, que “afirma verdades profundas sobre o caráter patético, ridículo, terrível e/ou absurdo da própria condição humana”.

Tal paradigma está presente no recém-lançado “Respiro”, último livro do autor, morto por uma conjunção de problemas de saúde. Enquanto “O Eterno Agora” dimensiona as perdas, “Respiro” investiga a morte. De início, leiamos o poema “Imóvel”:

Entre vida e morte nada.

Tédio. Não atravesso o mar

Nem o rio.

Nem ninguém me leva

para nenhuma aventura

de viagem ao limite do horizonte.

Também o barco

e a sua vela sem vento

não se livra da âncora.

O substantivo inaugural do segundo verso, “tédio”, seguido por ponto final, anula a antítese anterior formada por “vida” e “morte”. No que se restringe à temática, o sentimento de tédio se mostrará soberano nos versos seguintes.

Adiante, o marasmo concretiza-se na imagem da vela sem vento, e o poema finda com a tragicidade figurada pela âncora. Tal é o peso da existência, feito barco que não singra, parado contra o mar. Não aprendemos a morrer, é certo, mas a imobilidade é uma forma de preparação para o desaparecimento.

Muito além da condição física do corpo, subsiste, nos poemas de “Respiro”, a sensação de que as coisas passam, enquanto permanecemos no mesmo lugar, reféns da arbitrariedade do tempo. Em geral, observa-se que a imobilidade torna-se vetor criativo da obra literária, na medida em que permite ao autor a recusa do cotidiano monocórdico, escrutinando-a ou exteriorizando seu processo criativo a outras imagens.

Inerte, o poeta aprofunda temas recorrentes em seus livros: a escrita de um poema, a paisagem do Rio de Janeiro e a própria casa, esmiuçada em “Móvel Imóvel”, obra em que até a “placa de borracha preta/ que impedia a máquina de escrever/ Olivetti Letter 22 deslizar no tampo” é investigada, como se, prevendo a tragicidade da existência, o eu lírico se apegasse a rastros de vida.

Sob o aspecto formal, é notável a escrita de poemas de uma estrofe, com um só período e sucessivos “enjambementes” —grosso modo, a continuação de um verso no outro, advinda de uma cesura sintática. E, ao contrário de Cicero, Armando aventurou-se, com maior frequência, pelo verso livre.

Em obras recentes, também passou a construir poemas a partir de referências culturais, numa atitude crítica. Escrevia o que se apresentava ao cotidiano: uma tela, um filme, outro poema. Embora diluída, a tendência reaparece em “Vencer e Sofrer”.

Borges foi perdendo

a visão. Os olhos

foram se fechando

decorados e lidos

com ajuda e amor.


Nelson Freire

de repente caiu

para sempre e resolveu

não ouvir mais

a sua perfeição

no teclado imóvel.

Em primeiro lugar, o paralelo criado entre o escritor argentino Jorge Luis Borges e do pianista brasileiro Nelson Freire denota a exteriorização da apreensão trágica do eu lírico, identificada pelo filósofo, projetada em dois personagens. Tal paralelo é construído por duas estrofes, uma para cada artista, mas com um número desigual da versos —a primeira com cinco e a segunda com seis.

Ressalta-se o “enjambement” entre os versos iniciais. O eu lírico dramatiza a cegueira de Borges ao deslocar o complemento do verbo (“a visão”) até o segundo verso. Do mesmo modo, a ênfase na ação prolongada em “perdendo” e “foram se fechando” enfatiza a dolorosa cegueira do autor de “Ficções”.

Mas a queda, que provocou a depressão de Nelson Freire, não comporta gerundismos, apenas o pretérito perfeito (“de repente caiu”). A imagem poética, no entanto, consiste na subversão temporal de um evento episódico numa queda “para sempre”. Por fim, há uma menção à imobilidade: o piano vazio concretiza a união do pensamento trágico à atitude crítica. Em suma “Vencer e Sofrer” é um poema exemplar do autor, na medida em que conjuga esmero construtivo à riqueza inventiva.

Ninguém deu uma contribuição tão efetiva à poesia contemporânea quanto Armando Freitas Filho, um homem gago, franzino e cheio de medos e manias. As comidas não podiam ser coloridas, e os jogos do Fluminense tinham dupla narração: a do locutor da TV e a da onipresente Cristina Barreto, sua mulher.

Ela repassava os lances para o poeta, que concebia uma partida de futebol como uma tragédia em potencial. Hipocondríaco, já apresentava uma personalidade grave, que não raro redundava em momentos cômicos. O próprio “Respiro” é dedicado ao “Drama”, assim, com “D” maiúsculo.

Armando ressaltava a sua escrita trifásica: primeiro à mão, depois na máquina de escrever e só então no computador. Nos últimos anos, sua casa na Urca, na zona sul carioca, tornou-se o ponto de encontro de jovens poetas, a maioria mulheres, que renovariam a cena, com seus 30 anos. Laura Liuzzi, Bruna Beber e Alice Sant’Anna foram algumas das escritoras que se reuniam naquela casa para tomar algumas lições.

Na juventude, Armando integrou a Instauração Práxis, movimento em reação à poesia concreta. Melhor amigo de Ana Cristina Cesar, esteve, nos anos 1970, à margem da geração marginal, optando por dialogar com João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade e Manuel Bandeira, inclusive tête-à-tête. No futuro, seria o guardião do acervo de sua melhor amiga.

Em 1986, teve o livro “3×4” premiado com o Jabuti. Catorze anos depois, ganharia o Alphonsus de Guimarães, com “Fio Terra”. Ao lançar “Arremate”, na ocasião do seu aniversário de 80 anos, garantiu ser aquele o seu último livro, numa tentativa vã de domesticar a qualidade trágica do destino.

Com a publicação de “Respiro”, a morte surge em desprendimento de tudo, como se só restassem as imagens dos objetos, passando em carrossel, aptas a serem raptadas pelo poeta. É o que diz “Contar”: “Todos os dias são contados. Só não sei ao certo/ a quanto contam, a quantas manhãs/ e noites faltam ainda no céu.”

Armando veria manhãs, tardes e noites se embaralharem na passagem do tempo, refletida na natureza, onde tudo nasce, cresce e morre, numa indiferença orgânica e essencial a existência humana. Mesmo sem o poeta, os dias recomeçariam “Zero Bala”, com a força vital da poesia, “organismo intrinsecamente infinito”. “A vida tem um vigor/ que o corpo não comporta/ por mais que se prepare./ No mesmo passo, a natureza caminha para o zero/ como o seu fruto principal.”



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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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