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As palavras, periodicamente condenadas, não têm culpa – 12/10/2024 – Ricardo Araújo Pereira

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É um momento muito bonito. O humorista americano George Carlin é o convidado do National Press Club para falar de seu último livro no canal televisivo C-SPAN2. Durante a apresentação, ele fala da palavra “índios” para defender que não há nada de errado com ela. Diz ele que, ao contrário do que se pensa, Colombo não chamou índios aos índios por achar que estava na Índia.

Segundo Carlin, os índios obtiveram o seu nome porque Colombo os descreveu, nos seus escritos, como “una gente in dios”, um povo em Deus. E tinha sido aquele “in dios” que produzira a palavra índios. É uma história muito interessante, até porque é completamente falsa.

É um mito etimológico, como há tantos. Colombo nunca escreveu aquela frase, a palavra “in” não existe em espanhol, e ele estava mesmo convencido de ter chegado à Índia. Slavoj Zizek, o filósofo esloveno que, entre todos os pensadores que falam como Patolino, é o segundo mais interessante do mundo —o primeiro é o Patolino—, conta a história de seu amigo índio, que prefere ser designado por essa palavra. Diz ele: “Não gosto que me chamem nativoamericano. Prefiro ser índio, porque assim o meu nome é um monumento à estupidez do homem branco.”

Ou seja, Carlin defende a palavra porque sua suposta origem é beatífica e pura. O amigo de Zizek prefere-a precisamente por a sua origem se basear num erro. O que Carlin faz é uma operação conhecida como falácia etimológica. Algumas pessoas acreditam que o verdadeiro sentido de uma palavra é o seu sentido original. Ora, isso não é verdade.

O sentido das palavras altera-se com o uso. Queer, por exemplo, significava anormal, e esse é ainda um dos seus significados no dicionário. Mas o que era um insulto foi transformado num emblema, e hoje há uma disciplina chamada Queer Studies. Com as coisas acontece o mesmo.

Ao que parece, a esteira, na academia, foi originalmente concebida como objeto de tortura. Mas ninguém se sente culpado por treinar numa esteira —embora talvez continue a sentir-se torturado. As palavras, que são periodicamente condenadas, não têm propriamente culpa. São conjuntos de letras, de sinais, de barulhos. Não é muito sensato levá-las a tribunal. Sobretudo para serem julgadas por advogados sem curso de linguística.


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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

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Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

Os kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues aos atletas inscritos nesta quinta-feira, 23, das 9h às 17h, no Centro de Convivência (estacionamento B), campus-sede, em Rio Branco. O kit é obrigatório para participação na corrida e inclui, entre outros itens, camiseta oficial e número de peito. A 2ª Corrida da Ufac é uma iniciativa que visa incentivar a prática esportiva e a qualidade de vida nas comunidades acadêmica e externa.

 



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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, e a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, realizaram nessa quarta-feira, 15, no anfiteatro Garibaldi Brasil, uma atividade em alusão ao Dia dos Professores. O evento teve como objetivo homenagear os docentes da instituição, promovendo um momento de confraternização. A programação contou com o show de talentos “Quem Ensina Também Encanta”, que reuniu professores de diferentes centros acadêmicos em apresentações musicais e artísticas.

“Preparamos algo especial para este Dia dos Professores, parabenizo a todos, sou muito grata por todo o apoio e pela parceria de cada um”, disse Guida.

Ednaceli Damasceno parabenizou os professores dos campi da Ufac e suas unidades. “Este é um momento de reconhecimento e gratidão pelo trabalho e dedicação de cada um.”

O presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara, reforçou o orgulho de pertencer à carreira docente. “Sinto muito orgulho de dizer que sou professor e que já passei por esta casa. Feliz Dia dos Professores.”

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

O Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) realizaram o evento Diálogos de Saberes Ambientais: Compartilhando Experiências, nessa quarta-feira, 15, no PZ, em alusão ao Dia do Educador Ambiental e para valorizar o papel desses profissionais na construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a sustentabilidade. A programação contou com participação de instituições convidadas.

Pela manhã houve abertura oficial e apresentação cultural do grupo musical Sementes Sonoras. Ocorreram exposições das ações desenvolvidas pelos organizadores, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sínteses da Biodiversidade Amazônica (INCT SinBiAm) e SOS Amazônia, encerrando com uma discussão sobre ações conjuntas a serem realizadas em 2026.

À tarde, a programação contou com momentos de integração e bem-estar, incluindo sessão de alongamento, apresentação musical e atividade na trilha com contemplação da natureza. Como resultado das discussões, foi formada uma comissão organizadora para a realização do 2º Encontro de Educadores Ambientais do Estado do Acre, previsto para 2026.

Compuseram o dispositivo de honra na abertura o coordenador do PZ, Harley Araújo da Silva; a secretária municipal de Meio Ambiente de Rio Branco, Flaviane Agustini; a educadora ambiental Dilcélia Silva Araújo, representando a Sema; a pesquisadora Luane Fontenele, representando o INCT SinBiAm; o coordenador de Biodiversidade e Monitoramento Ambiental, Luiz Borges, representando a SOS Amazônia; e o analista ambiental Sebastião Santos da Silva, representando o Ibama.

 



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