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Brasil é 8º maior poluidor plástico do planeta, diz estudo – 17/10/2024 – Ambiente

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Fernanda Mena

O Brasil despeja cerca de 1,3 milhão de toneladas de lixo plástico nos mares e é o oitavo maior poluidor plástico do planeta, com impactos na sua fauna marinha e também na saúde da população.

Os dados integram o relatório “Fragmentos da Destruição: Impacto do Plástico na Fauna Marinha Brasileira”, lançado nesta quinta (17) pela ONG Oceana. O documento reúne informações sobre a poluição plástica no Brasil e estudos realizados por cientistas do país a respeito de diferentes espécies, entre aves, peixes, tartarugas e mamíferos.

São pesquisas que apontam, por exemplo, que 9 em cada 10 dos peixes mais consumidos no mundo já ingeriram plástico e que, no Brasil, espécies comerciais como tainha, corvina, dourada e camarão-rosa já foram achadas com lixo plástico em seu trato gastrointestinal. Dos milhares de animais que passaram por necropsia e que tinham ingerido plástico, 1 em cada 10 morreu por causa disso.

O relatório traz também estudos que encontraram plástico no trato de 70% das tartarugas analisadas (em algumas regiões do país, o dado chegou a 100%) e que apontaram que 98% dos peixes amazônicos analisados tinham resíduos de microplásticos no intestino ou nas brânquias.

“São animais que servem de base alimentar de populações ribeirinhas, sem falar na sua contribuição ecológica nesses ambientes. Tudo fica prejudicado”, diz Danielle Ribeiro-Brasil, pesquisadora de contaminantes que estudou os peixes da região amazônica na UFPA (Universidade Federal do Pará).

Este dado evidencia um fenômeno já identificado por pesquisas anteriores que apontam para os rios como os maiores emissores de resíduos para os oceanos, responsáveis por 80% do que vai parar nas águas marinhas. Isso faz com que muitos rios tenham concentrações maiores de lixo plástico do que os mares.

Trata-se de um retrato da histórica má gestão global de resíduos sólidos urbanos, em que mais lixo plástico escapa para o meio ambiente (22%) do que é coletado para reciclagem (15%), de acordo com a OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico).

Estima-se que um terço do plástico produzido no Brasil esteja propenso a chegar ao oceano todos os anos, e que cada brasileiro seja responsável por contribuir para a poluição marinha com 16 kg de resíduos plásticos anualmente.

“O relatório reforça a nossa teoria de que a poluição plástica é um problema sério e sem fronteiras, seja entre os países, seja entre rios e mares, ou mesmo mesmo entre a saúde da fauna marinha e a saúde humana”, afirma Iran Magno, analista de campanhas da Oceana.

“Temos de olhar para a produção de plástico e cortar o que é desnecessário. A gente produz 500 bilhões de itens de plástico de uso único. Essa imensidão de produtos segue sendo um problema.”

Como um todo no planeta, são 400 milhões de toneladas de lixo plástico produzidas por ano, segundo o Pnuma (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) —e isso deve triplicar até 2050. Um terço é composto por embalagens, incluindo aquelas de uso único voltadas à alimentação, como sachês, pacotinhos e copos descartáveis.

O relatório destaca que o Brasil ainda não possui nenhuma legislação para regular a produção de itens de uso único e não recicláveis, que totalizam cerca de 2,95 milhões de toneladas por ano. Países como Coreia do Sul, Ruanda, Índia e Inglaterra baniram produtos plásticos deste tipo, considerados descartáveis e desnecessários, enquanto a União Europeia projetou a medida para 2030.

No Brasil, o projeto de lei 2.524 tramita no Congresso e sugere regras para eliminar itens descartáveis desnecessários e problemáticos e garantir que as embalagens sejam reutilizáveis, retornáveis, comprovadamente recicláveis ou compostáveis.

No âmbito internacional, a poluição plástica é o foco do Tratado Global Contra a Poluição Plástica, cuja quinta e última rodada de negociações entre 198 países acontece no final de novembro na Coreia do Sul. Esse deve ser o maior pacto ambiental do planeta desde o acordo climático de Paris, de 2015.

“A poluição plástica é onipresente. Espécies marinhas que estão na mesa da população brasileira já foram registradas com conteúdo plástico em seus corpos. É um problema que extrapolou a questão ambiental e entrou no âmbito da saúde pública”, avalia o oceanógrafo Ryan Andrades, pesquisador da Universidade Federal do Espírito Santo.

O documento aponta para evidências que indicam que a ingestão de microplásticos pode causar uma ampla gama de efeitos, incluindo lesões físicas, danos neurológicos e hepáticos, modificações no metabolismo e na expressão genética dos animais. Os efeitos em humanos ainda são pouco estudados.

Os dados reunidos no relatório apontam que o Brasil tem um lugar de destaque nesta poluição dos mares. O plástico é o principal poluente encontrado nas praias do país. Canudos, embalagens de doces, copos descartáveis, sacolas e materiais de pesca são os fragmentos encontrados com maior frequência ao longo do litoral. Outro item preocupante é a bituca de cigarro, segundo resíduo mais presente.

Para medir como essa poluição afeta a fauna marinha, Ítalo Braga, professor do Instituto do Mar da Universidade Federal de São Paulo, em Santos, examinou moluscos, como ostras e mexilhões, na baía de Santos e descobriu que eles apresentam índices de poluição por microplástico que estão entre os maiores do mundo.

“Ostras e mexilhões são filtros da água do mar e acabam retendo esse microplástico no seu corpo, por isso são considerados sentinelas da contaminação”, explica ele, que encontrou animais com até 300 partículas de microplástico por grama de peso. “Isso indica que a região recebe aportes brutais de contaminação.”

Segundo Braga, precisamos saber o quanto estamos consumindo de microplástico nos alimentos de origem marinha. “A Anvisa tem análise de pesticidas em alimentos, e penso que algo nesses moldes precisa ser feito para o microplástico.”

Estudos já identificaram microplástico e nanoplástico no coração, no cérebro, na placenta, nos testículos e em outras partes do corpo humano.



Leia Mais: Folha

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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