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Cientistas revelam origem dos enxames de gafanhotos – 04/03/2025 – Ciência

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Cientistas revelam origem dos enxames de gafanhotos - 04/03/2025 - Ciência

Na primavera de 2020, o maior enxame de gafanhotos em 70 anos varreu dez países no leste da África.

Os danos às plantações foram estimados em US$ 8,5 bilhões (R$ 50 bilhões), atingindo uma região onde 23 milhões de pessoas enfrentam grave insegurança alimentar.

Durante essas invasões, os gafanhotos do deserto (Schistocerca gregaria) comem o equivalente a seu próprio peso todos os dias. A praga em escala bíblica consumiu 160 milhões de quilos de comida por dia –o suficiente para alimentar 800 mil pessoas durante um ano.

Há décadas os cientistas tentam entender como os gafanhotos individuais se reúnem em enxames. Essa compreensão pode ser vital para prever e gerenciar novos surtos.

Um novo modelo, publicado na semana passada na revista científica Science, começa a desvendar a mente coletiva dos gafanhotos. O estudo descreve como os gafanhotos individuais passam de se comportar como animais solitários para enxames gigantes com movimentação coletiva.

“Nosso trabalho fornece uma nova perspectiva para considerar a movimentação coletiva em animais e também na robótica”, explicou Iain Couzin, autor principal do estudo e neurobiólogo do Centro de Estudos Avançados do Comportamento Coletivo de Constança, na Alemanha.

“Uma aplicação é uma nova classe de modelos preditivos de como e para onde os enxames se movem. Pesquisas futuras sobre isso poderão impactar os meios de subsistência de 1 em cada 10 pessoas no planeta”, disse Couzin à DW.

Ajuda da realidade virtual

Os enxames de gafanhotos ameaçam a segurança alimentar há milênios e têm desempenhado seu papel na história –os gafanhotos foram 1 das 10 pragas trazidas ao Egito segundo o Livro do Êxodo.

Cientistas vêm tentando entender como os gafanhotos individuais se movem em multidões coletivas quando enxameiam. Em 2006, Couzin desenvolveu um modelo explicando como os gafanhotos marchariam juntos em uma linha quando se organizam em enxames.

“Esse modelo veio da física de partículas e sugeriu que os indivíduos colidem uns com os outros aleatoriamente, então fluem juntos todos na mesma direção se houver uma alta densidade de indivíduos”, disse Couzin.

O autor do estudo, Sercan Sayin, começou a testar esse modelo em gafanhotos usando um cenário de realidade virtual para esses insetos. Sayin fez os insetos se moverem em uma bola cercada por vistas panorâmicas em telas. Essas paisagens reconstruíram o mundo em 3D para fazer com que os gafanhotos pensassem que estavam em um enxame.

Ele, porém, não conseguiu replicar as descobertas de 2006 de que a densidade animal era responsável pela formação dos enxames de gafanhotos.

Visão indica comportamento de enxame

Experimentos de campo no Quênia durante o enorme enxame de 2020 mostraram que certas pistas visuais fizeram com que os gafanhotos se comportassem com movimentos coletivos ao enxamear.

“Anteriormente, pensávamos que esbarrar uns nos outros causava enxames, mas nossos experimentos mostraram que a visão é importante”, afirmou Couzin. “Descobrimos, em vez disso, que [os comportamentos de enxame] são desencadeados pelo tipo de informação sensorial ao redor deles, não por quantos gafanhotos os cercam.”

Jan Ache, neurobiólogo da Universidade de Würzburg, na Alemanha, que não estava envolvido no estudo, disse que a pesquisa expande um modelo matemático de enxames que reconhece a individualidade dos gafanhotos.

“Para que os gafanhotos tenham movimento coletivo, eles precisam de formas muito básicas de processamento cognitivo –onde os insetos integram sua própria posição em relação à posição daqueles ao seu redor e, em seguida, seguem ativamente outros gafanhotos.”

Isso ocorre em gafanhotos individuais, mas, quando eles se juntam em multidões, cria o efeito emergente de um enxame.

Como o cérebro toma decisões

Ache disse que os gafanhotos são fascinantes de estudar porque eles existem em dois estados diferentes: solitários ou em enxame. Os insetos mudam para bandos em marcha após várias horas de aglomeração.

“Quando eles mudam de um tipo para outro, o cérebro está em dois estados diferentes. Em cada estado, os mesmos neurônios conduzem comportamentos muito diferentes, como ser atraído ou repelido por outros gafanhotos”, afirmou Ache.

Em última análise, as descobertas dizem respeito à tomada de decisões em sistemas neuronais, explicou Couzin. “No nível básico, há competição entre grupos de neurônios no cérebro. O cérebro deve chegar a um consenso e tomar uma decisão sobre o movimento.”

Em outras palavras, quando há um conflito no cérebro, as vias neuronais competem até que uma decisão seja tomada, no momento em que uma via “sai vencedora” sobre a outra.

Em seus experimentos, as pistas visuais de outros gafanhotos na frente acabam servindo como um alvo, fazendo com que os sistemas de navegação puxem o organismo na mesma direção.

“Isso é muito semelhante à dinâmica de opinião em humanos, onde as pessoas adotam opiniões semelhantes às de outras e descartam opiniões diferentes”, disse Couzin.

Prever enxames e multidões?

Segundo Couzin, o novo modelo tem implicações importantes para prever enxames no mundo real.

“Se fomos capazes de criar um modelo prevendo como os enxames se movem, [isso significa que] anteriormente estávamos usando o modelo errado. O que está implicado são novas maneiras de prever como e onde os enxames se movem com base em uma compreensão biológica do movimento coletivo”, disse o pesquisador.

Também pode ajudar a entender como os peixes se movem em cardumes; os pássaros, em bandos e, potencialmente, como os mamíferos se movem em rebanhos. Couzin também aplica sua pesquisa em robôs, criando movimento coletivo em veículos autônomos.

Ele disse que suas descobertas podem ser levadas em conta em multidões humanas também, talvez para ajudar a evitar aglomerações, mas ressaltou que “é muito cedo para fazer qualquer afirmação, pois esses experimentos não foram feitos”.



Leia Mais: Folha

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Ufac promove ação de autocuidado para servidoras e terceirizadas — Universidade Federal do Acre

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Ufac promove ação de autocuidado para servidoras e terceirizadas — Universidade Federal do Acre

A Coordenadoria de Vigilância à Saúde do Servidor (CVSS) da Ufac realizou, nesta quinta-feira, 23, o evento “Cuidar de Si É um Ato de Amor”, em alusão à Campanha Outubro Rosa. A atividade ocorreu no Setor Médico Pericial e teve como público-alvo servidoras técnico-administrativas, docentes e trabalhadoras terceirizadas.

A ação buscou reforçar a importância do autocuidado e da atenção integral à saúde da mulher, indo além da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do colo do útero. O objetivo foi promover um momento de acolhimento e bem-estar, integrando ações de valorização e promoção da saúde no ambiente de trabalho.

“O mês de outubro não deve ser apenas um momento de lembrar dos exames preventivos, mas também de refletir sobre o cuidado com a saúde como um todo”, disse a coordenadora da CVSS, Priscila Oliveira de Miranda. Ela ressaltou que muitas mulheres acabam se sobrecarregando com as demandas da casa, da família e do trabalho e acabam deixando o autocuidado em segundo plano.

Priscila também explicou que a iniciativa buscou proporcionar um espaço de pausa e acolhimento no ambiente de trabalho. “Nem sempre é fácil parar para se cuidar ou ter acesso a ações de relaxamento e promoção da saúde. Por isso, organizamos esse momento para que as servidoras possam respirar e se dedicar a si mesmas.” 

O setor mantém atividades contínuas, como consultas com clínico-geral, nutricionista e fonoaudióloga, além de grupos de caminhada e ações voltadas à saúde mental. “Essas iniciativas estão sempre disponíveis. É importante que as mulheres participem e mantenham o compromisso com o próprio bem-estar”, completou.

A programação contou com acolhimento, roda de conversa mediada pela assistente social Kayla Monique, lanche compartilhado e o momento “Cuidando de Si”, com acupuntura, auriculoterapia, reflexologia podal, ventosaterapia e orientações de cuidados com a pele. A ação teve parceria da Liga Acadêmica de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e da especialista em bem-estar Marciane Villeme.

 



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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.

Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”

Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.



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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou a abertura dos Jogos Interatléticas-2025, na sexta-feira, 17, no hall do Centro de Convenções, campus-sede, e celebrou o espírito esportivo e a integração entre os cursos da instituição. A programação segue nos próximos dias com diversas modalidades esportivas e atividades culturais. A entrega das medalhas e troféus aos vencedores está prevista para o encerramento do evento.

A reitora Guida Aquino destacou a importância do incentivo ao esporte universitário e agradeceu o apoio da deputada Socorro Neri (PP-AC), responsável pela destinação de uma emenda parlamentar de mais de R$ 80 mil, que viabilizou a competição. “Iniciamos os Jogos Interatléticas e eu queria agradecer o apoio da nossa querida deputada Socorro Neri, que acredita na educação e faz o melhor que pode para que o esporte e a cultura sejam realizados em nosso Estado”, disse.

A cerimônia de abertura contou com a participação de estudantes, atletas, servidores, convidados e representantes da comunidade acadêmica. Também estiveram presentes o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, e o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara.

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)

 



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