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Como as eleições dos EUA se tornaram uma guerra dos sexos – 01/11/2024 – Mundo

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Fernanda Mena

A eleição presidencial americana reflete um abismo de gênero que tem se intensificado desde 1980 no país. Homens votam majoritariamente no republicano Donald Trump; mulheres, na democrata Kamala Harris. Mas há nuances, e grupos dentro desses eleitorados estão em disputa pelos dois candidatos.

Kamala tem 12 pontos percentuais a mais que Trump no eleitorado feminino (50% contra 38%), segundo pesquisa de outubro da Reuters/Ipsos com 14 mil eleitores. Em 2020, a vantagem de Joe Biden entre mulheres era de 5 pontos. Já Trump tem 7 pontos de vantagem sobre Kamala entre os homens (48% a 41%). Em 2020, era apenas 1 (45% a 44%).

Já um levantamento do Emerson College com mil entrevistados coloca Trump em vantagem de 13 pontos sobre Kamala no eleitorado masculino, e ela tem 10 pontos de dianteira no voto feminino —uma vantagem menor do que a de Biden em 2020 sobre Trump, o que sugere um avanço do republicano entre as mulheres.

É apenas a segunda vez na história dos Estados Unidos que uma mulher é candidata à Presidência por um grande partido —e isso não é um detalhe, para o bem e para o mal.

A pioneira, Hillary Clinton, perdeu para Trump em 2016 numa campanha marcada por ataques sexistas que colocaram o republicano no campo da misoginia, mas galvanizaram em torno do ex-presidente correntes conservadoras antifeministas, neopatriarcais e religiosas.

Agora, 42% das mulheres democratas afirmam que o gênero, a raça e a etnia de Kamala vão pesar contra ela nas urnas, enquanto apenas 14% dos homens eleitores afirmam que o gênero, a raça e a etnia o prejudicariam na corrida.

Kamala evitou focar sua identidade durante a campanha, enquanto Trump evocou as mulheres para dizer que será “seu protetor”, quer elas queiram ou não —um comentário considerado apelativo e infantilizador.

Pesam também na atual divisão de gênero do eleitorado os marcadores de idade (quanto mais jovens, mais mulheres votam em Kamala, e homens, em Trump), de escolaridade (mais instruídos votam na democrata, menos instruídos no republicano) e de raça (negros a preferem, brancos vão mais com ele).

“Há uma homogeneização de identidades, como se mulheres e negros sempre votassem em democratas enquanto homens e brancos sempre votassem em republicanos. Mas essas identidades são muito mais fluídas do que se imagina”, aponta Alessandra Devulsky, professora de direito da Universidade do Québec, em Montreal, e pesquisadora de gênero e raça.

Além disso, questões culturais mais difusas, como percepções sobre equidade e papéis de gênero, sobre o movimento woke e o politicamente correto têm ampliado a polarização entre os dois sexos.

Hoje, há mais homens e mulheres que dizem acreditar que seus respectivos gêneros os colocam em uma situação de desvantagem social nos EUA. Segundo pesquisa do American Enterprise Institute, think tank conservador baseado em Washington, 70% dos apoiadores de Trump afirmam que o país não faz o suficiente para que meninos se tornem homens de sucesso, mas só 35% consideram o mesmo no caso de meninas. Entre os democratas, as porcentagens são 61% e 68%, respectivamente.

Oito em cada dez (82%) eleitoras democratas afirmam que há poucas mulheres em altos cargos políticos dos EUA, ao passo que apenas 19% dos homens republicanos têm a mesma avaliação, indica estudo do Pew Research Center.

“Grande parte da divisão de gênero não vem apenas do fato de Kamala ser uma mulher, já que mulheres foram amplamente favoráveis a Biden em 2020. As diferentes posições dos dois partidos foram ampliadas nos últimos anos pela decisão da Suprema Corte de 2022 de revogar as proteções aos direitos reprodutivos do caso Roe versus Wade”, afirma o cientista político Jonathan Hanson, professor de estatística da Universidade de Michigan, em referência à decisão que derrubou o direito em âmbito federal ao aborto.

Hanson aponta que muitas unidades da Federação, incluindo Michigan, um estado-pêndulo, correram para criar referendos que pudessem restaurar localmente esses direitos. “Essa foi uma questão chave nas eleições para governador e parlamentares de 2022 e favoreceu os candidatos democratas. É ainda uma preocupação muito forte.”

Para Kendall Thomas, professor de direito da Universidade Columbia, em Nova York, especialista em teoria crítica de raça, feminismo e sexualidade, além de Roe vs. Wade pesam contra Trump as revelações de assédio sexual, na esteira do movimento MeToo, que levaram o ex-presidente aos tribunais.

“Há um segmento de mulheres que se uniram a Kamala Harris e que se distinguem não apenas pelo fato de serem mulheres, mas pelo fato de serem instruídas. Acho que existe um abismo de formação tão grande quanto o de gênero”, afirma Thomas.

Cientes desse racha, as campanhas de Kamala e Trump têm reforçado essa trincheira. Ela reforçou às eleitoras que elas “podem votar em quem quiserem, e ninguém nunca vai saber”, como anunciado em vídeo narrado pela atriz Julia Roberts.

Kamala avançou também sobre a fatia de mulheres brancas que votaram em Trump nas duas últimas eleições presidenciais. A democrata supera o republicano em 2 pontos percentuais neste grupo, segundo a pesquisa Reuters/Ipsos. Em 2020, Trump tinha 16 pontos a mais que Biden nesse eleitorado.

O republicano corteja o eleitorado masculino branco, mas também negro e latino conservador. Investiu em ícones de força e de poder para seus comícios, que tiveram o ex-lutador Hulk Hogan e o bilionário Elon Musk como garotos-propaganda.

Ele também fez turnês pela chamada manosfera, rede de comunidades online, entre blogs, podcasts e fóruns, de caráter misógino e antifeminista que promovem a masculinidade tradicional e seus ideais, condenando as restrições impostas pelo que chamam de politicamente correto. Para Hanson, “é um apelo a uma certa masculinidade, do cara durão, que ecoa nos homens em geral, independentemente de sua raça.”



Leia Mais: Folha

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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