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Como incentivar um filho a ler, ao menos um pouco – 03/11/2024 – Giovana Madalosso

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Incentivar um filho a ler está difícil para todo mundo, até para mim que sou escritora e respiro celulose. A verdade é que estamos (quase) todos lendo menos do que gostaríamos. Nós porque tivemos nosso tempo furtado pela carga de trabalho e pelas demandas do WhatsApp e das redes. Nossos filhos porque são nativos digitais e já nasceram com a tela na frente do rosto.

Desistir? Jamais. A leitura traz benefícios demais para ser abandonada feito um brinquedo velho. E, acima de tudo, traz prazer, esse item tão revolucionário em um mundo que tenta nos transformar em parafusos para seguir avançando rumo ao próprio fim.

Abaixo listo algumas dicas que nada têm de infalíveis. A leitura é demasiado humana, a relação de cada pessoa com os livros é única, portanto dois mais dois podem não ser quatro, e nem todos nasceram para ser leitores ávidos, mas há sim algumas iniciativas que podem ajudar, testadas com algum sucesso aqui debaixo do meu telhado.

Primeiro, é preciso criar espaço para a leitura. Entre o celular e o livro, quase todos preferem o primeiro. É pedir demais para uma criança ou adolescente ler quando ele tem tantos sons, imagens e estímulos na mão, além de um algoritmo programado para reter a sua atenção. Portanto, coragem. Lembre-se que quem manda na casa (ainda) é você e tente estabelecer horários sem tela. Aqui não usamos à noite. Nem sempre minha filha lê, às vezes prefere desenhar ou mesmo assistir às unhas crescerem, mas com frequência acaba enfiando o nariz em algum livro ou gibi.

Não dê o peixe, ensine a pescar na prateleira. Visitar bibliotecas e livrarias também é parte do prazer. Escolher os próprios livros dá um gostinho de autonomia e liberdade para o pequeno sujeito. Além disso, aumenta as chances de acerto, já que ele sabe melhor do que ninguém o que vai gostar de devorar.

Livro não combina com gongo. Ficar dizendo “você tem que ler este e não este” só afasta o par de olhos das páginas. Deixe a escola suar pelos clássicos, pelas leituras obrigatórias. Em casa é curtição, e vale tudo. Como sempre digo por aí, quem começa com horóscopo pode ir para astrologia, astronomia, e tudo isso ainda pode acabar em Dom Casmurro.

Tente conversar sobre a leitura. Aqui falamos de alguns personagens como se fossem parentes: e daí, deu tudo certo com o Harry e a Hermione?

Não pague para seu filho ler. Não sei quem teve essa ideia tão triste, mas sei que se espalhou. Ao monetizar a leitura, passamos a ideia de que ler é um sacrifício a ser recompensado. Pode funcionar de isca, mas, em geral, a fisgada não dura mais que um ou dois livros. E ainda deixa um gosto amargo na carteira.

Agora vem a parte mais difícil mas também a mais redentora. Sabe aquela frase do inglês, “be the change you want” (seja a mudança que você quer)? Eu também tenho em mim uma criança que está lendo menos do que gostaria. Além de dar o exemplo para a minha filha, quero dar para mim mais algumas horinhas para desafiar a Sociedade do Cansaço, para segurar um livro como um escudo contra as demandas excessivas, contra o imediatismo e a platitude de certos posts, de certas palavras de ordem.

E até de certas regras prontas, como as deste texto, que sempre podem ser subvertidas e reescritas, especialmente por quem lê.


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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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