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Como uma sobrevivente das escolas residenciais do Canadá recuperou sua identidade | Direitos Indígenas

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‘É como se estivesse em casa’

Martha conseguiu curar parte desse trauma ao se reconectar com o pai antes de ele morrer em 2005.

“Ele ficou sóbrio nos últimos anos”, diz ela. “Ele estava ficando doente, mas eu perguntava coisas a ele (sobre a nossa cultura). E ele me levava para danças circulares, ele me levava para uma sauna curativa.”

Em cada cerimónia, ela observava o pai – a forma como ele se comportava, como interagia com os mais velhos, a forma precisa como realizava os seus rituais culturais. Quando ele falava das tradições Cree, ela se aproximava, absorvendo cada palavra.

“Era isso que estava faltando”, diz ela.

“Eu realmente senti que ele estava tentando cuidar de mim agora que eu era mais velho e entendia sobre dor e sofrimento e todas essas coisas. Acho que é por isso que ele estava me trazendo para essas cerimônias. Perdi minha cultura e minha identidade. E ele estava tentando trazê-lo de volta.”

Martha estava começando a conhecê-lo, diz ela, quando, aos 72 anos, ele morreu enquanto dormia em casa.

Agora, Martha transmite a cultura e as tradições aos 14 netos.

Mas para poder fazer isso plenamente, ela teve que perdoar aqueles que abusaram dela.

“Tive que orar (pelas pessoas que me machucaram) porque quero ter uma vida boa. Eu quero estar em paz. Tive que aprender a perdoar.”

Em 2008, o primeiro-ministro canadense Stephen Harper pediu desculpas aos sobreviventes das escolas residenciais. No mesmo ano, foi criada a Comissão da Verdade e Reconciliação. Ao longo de seis anos, viajou pelo Canadá, recolhendo testemunhos de sobreviventes. A Igreja Católica apresentou um pedido de desculpas histórico em 2022.

Martha agora está aposentada. Ela passa seu tempo organizando oficinas de cura em Saddle Lake e outras comunidades indígenas e trabalhando como voluntária em uma igreja em Edmonton, onde alimenta os sem-teto e oferece assistência às pessoas necessitadas.

Martha passa os dedos por um grande maço de folhas secas de sálvia.

“A cura é uma jornada para toda a vida”, diz ela.

“Demorou muito (para chegar onde estou)”, reflete ela. “Vou continuar aprendendo, continuar voltando à minha cultura. Adoro quando alguém está falando comigo em Cree. É como se estivesse em casa.”

Neste verão Martha participou de uma cerimônia de dança do sol, ritual sagrado praticado por diversas Nações Indígenas. A dança do sol é um momento de renovação espiritual e sacrifício pessoal. Os participantes buscam visões, oferecem orações e fazem sacrifícios ao Criador. Martha jejuou durante quatro dias e dançou no círculo sagrado orando pela cura de sua comunidade.

Chovia torrencialmente enquanto ela dançava, mas ela diz que o céu se abriu para uma visão deslumbrante de seu pai.

“Quando eu estava dançando, vi meu pai. Ele estava olhando para baixo. Eu pensei: ‘Oh, estou fazendo isso pelo meu pai’. E a mensagem para mim foi: ‘Seu pai está feliz, você está fazendo isso por ele, você está fazendo isso por todos’”.

“Não quero ficar presa lá (no passado)”, diz ela. “Eu já estava lá há tempo suficiente.”

Se você, uma criança ou um jovem adulto que você conhece precisar de apoio, há ajuda disponível. Por favor visite Linhas de apoio à criança internacionais para encontrar fontes de ajuda. No Canadá, Telefone de ajuda para crianças está disponível em 1-800-668-6868. No Reino Unido, ligue Linha infantil no 0800 1111 e nos Estados Unidos, envie uma mensagem de texto ou ligue para Linha direta de ajuda infantil número 800-422-4453.



Leia Mais: Aljazeera

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Ufac recebe equipamentos para Laboratórios de Toxicologia e Farmácia Viva — Universidade Federal do Acre

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Ufac recebe equipamentos para Laboratórios de Toxicologia e Farmácia Viva — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou nesta segunda-feira, 1º, na sala ambiente do bloco de Nutrição, a entrega oficial do material destinado ao Laboratório de Toxicologia Analítica e ao Projeto Farmácia Viva, reforçando a infraestrutura científica da instituição e ampliando o suporte às ações de ensino, pesquisa e extensão.

A ação integra o Projeto de Implantação do Laboratório de Toxicologia Analítica, que recebeu a doação de 21 equipamentos permanentes, adquiridos com recursos do Ministério Público do Trabalho da 14ª Região (MPT-14), mediante autorização da Primeira Vara Federal do Acre. A iniciativa reconhece o interesse público e a relevância social das atividades desenvolvidas pela Universidade Federal do Acre, especialmente nas áreas da saúde, inovação científica e desenvolvimento regional.

Os equipamentos recebidos fortalecem duas frentes estratégicas da instituição. No âmbito do Projeto Farmácia Viva, eles ampliam a capacidade de cultivo, processamento e controle de qualidade de plantas medicinais, reforçando também as ações de extensão voltadas à promoção da saúde e ao uso racional de fitoterápicos. Já na área de toxicologia analítica, os novos aparelhos permitem o desenvolvimento e validação de métodos de análise, o processamento de matrizes biológicas e ambientais e o suporte a investigações científicas e forenses.

“Parabenizo os três professores que estão à frente desse projeto: a professora Marta Adelino, Dayan Marques e Anne Grace. Isso moderniza nossa universidade e representa um salto qualitativo na formação de profissionais”,  afirma a reitora Guida Aquino.

O professor Dayan de Araújo Marques, docente do Centro de Ciências da Saúde e do Desporto (CCSD) e farmacêutico industrial, realizou a apresentação das fases do projeto. Ele destacou que a parceria com o MPT-14 representa a consolidação de um espaço científico. “Essa consolidação é capaz de oferecer respostas mais rápidas e precisas às demandas de saúde e meio ambiente no Acre, reduzindo a dependência de laboratórios externos e ampliando o impacto social das pesquisas desenvolvidas na universidade”.

Com a entrega desse conjunto tecnológico, a instituição eleva seu potencial de atuação laboratorial e reafirma o compromisso com a produção de conhecimento e o atendimento às demandas da sociedade acreana.

Também compuseram o dispositivo de honra o Pró Reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; a coordenadora do projeto do laboratório de toxicologia analítica, Marta Adelino da Silva Faria; a procuradora do Trabalho, representando o ministério público, Ana Paula Pinheiro de Carvalho.

 



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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre

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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre

As escolas da rede municipal realizam visitas guiadas aos espaços temáticos montados especialmente para o evento. A programação inclui dois planetários, salas ambientadas, mostras de esqueletos de animais, estudos de células, exposição de animais de fazenda, jogos educativos e outras atividades voltadas à popularização da ciência.

A pró-reitora de Inovação e Tecnologia, Almecina Balbino, acompanhou o evento. “O Universo VET evidencia três pilares fundamentais: pesquisa, que é a base do que fazemos; extensão, que leva o conhecimento para além dos muros da Ufac; e inovação, essencial para o avanço das áreas científicas”, afirmou. “Tecnologias como robótica e inteligência artificial mostram como a inovação transforma nossa capacidade de pesquisa e ensino.”

A coordenadora do Universo VET, professora Tamyres Izarelly, destacou o caráter formativo e extensionista da iniciativa. “Estamos na quarta edição e conseguimos atender à comunidade interna e externa, que está bastante engajada no projeto”, afirmou. “Todo o curso de Medicina Veterinária participa, além de colaboradores da Química, Engenharia Elétrica e outras áreas que abraçaram o projeto para complementá-lo.”

Ela também reforçou o compromisso da universidade com a democratização do conhecimento. “Nosso objetivo é proporcionar um dia diferente, com aprendizado, diversão, jogos e experiências que muitos estudantes não têm a oportunidade de vivenciar em sala de aula”, disse. “A extensão é um dos pilares da universidade, e é ela que move nossas ações aqui.”

A programação do Universo VET segue ao longo do dia, com atividades interativas para estudantes e visitantes.

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)



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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre

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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre

Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte) apresentaram, na última quarta-feira, 19, propostas para o primeiro Plano de Prevenção e Ações de Combate a Incêndios voltado ao campus sede e ao Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac). A atividade foi realizada na sala ambiente do PZ, como resultado da disciplina “Fundamentos de Geoinformação e Representação Gráfica para a Análise Ambiental”, ministrada pelo professor Rodrigo Serrano.

A ação marca a primeira iniciativa formalizada voltada à proteção do maior fragmento urbano de floresta em Rio Branco. As propostas foram desenvolvidas com o apoio de servidores do PZ e utilizaram ferramentas como o QGIS, mapas mentais e dados de campo.

Entre os produtos apresentados estão o Mapa de Risco de Fogo, com análise de vegetação, áreas urbanas e tráfego humano, e o Mapa de Rotas e Pontos de Água, com trilhas de evacuação e açudes úteis no combate ao fogo.

Os estudos sugerem a criação de um Plano Permanente com ações como: Parcerias com o Corpo de Bombeiros; Definição de rotas de fuga e acessos de emergência; Manutenção de aceiros e sinalização; Instalação de hidrantes ou reservatórios móveis; Monitoramento por drones; Formação de brigada voluntária e contratação de brigadistas em período de estiagem.

O Parque Zoobotânico abriga 345 espécies florestais e 402 de fauna silvestre. As medidas visam garantir a segurança da área, que integra o patrimônio ambiental da universidade.

“É importante registrar essa iniciativa acadêmica voltada à proteção do Campus Sede e do PZ”, disse Harley Araújo da Silva, coordenador do Parque Zoobotânico. Ele destacou “a sensibilidade do professor Rodrigo Serrano ao propor o desenvolvimento do trabalho em uma área da própria universidade, permitindo que os doutorandos apliquem conhecimentos técnicos de forma concreta e contribuam diretamente para a gestão e segurança” do espaço.

Participaram da atividade os doutorandos Alessandro, Francisco Bezerra, Moisés, Norma, Daniela Silva Tamwing Aguilar, David Pedroza Guimarães, Luana Alencar de Lima, Richarlly da Costa Silva e Rodrigo da Gama de Santana. A equipe contou com apoio dos servidores Nilson Alves Brilhante, Plínio Carlos Mitoso e Francisco Félix Amaral.

 



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