NOSSAS REDES

MUNDO

Demolição de ex-moradia de diplomatas cria marco no mercado imobiliário em Brasília – 03/11/2024 – Mundo

PUBLICADO

em

Demolição de ex-moradia de diplomatas cria marco no mercado imobiliário em Brasília - 03/11/2024 - Mundo

Thaísa Oliveira

Residência oficial de diplomatas britânicos durante mais de cinco décadas, um prédio de três andares demolido em 2023 traçou um marco no mercado imobiliário de Brasília que, na visão de urbanistas, pode mudar ainda mais as características originais do Plano Piloto.

Projetado em 1962 (dois anos após a inauguração da cidade) a pedido do Reino Unido e entregue em 1968, o bloco de 18 apartamentos foi construído pelo arquiteto William Bryant, baseado em Londres, em parceria com o brasileiro Américo Campello.

O prédio estava desocupado desde 2019 e foi vendido em 2022 pelo Ministério das Obras Públicas britânico para a construtora Paulo Octávio. O valor do negócio foi equivalente a R$ 8 milhões.

“O que mais chamava atenção nesse prédio demolido era o tratamento das fachadas. Diferentemente dos prédios da época, ele tinha varandas nas laterais”, afirma o presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil Distrito Federal, Luiz Sarmento. “E as varandas, que eram essas caixas que saíam, eram um elemento compositivo arquitetônico. Elas eram desencontradas, tinham um ritmo, um dinamismo. Essas caixas estão muito presentes na obra do Campello.”

Os 18 apartamentos destinados aos enviados britânicos foram transformados em 12 pela embaixada ao longo do tempo. O concreto aparente da fachada, típico da chamada arquitetura brutalista, recebeu pintura bege, enquanto os pilotis passaram a ser usados de forma improvisada como garagem.

A construtora afirma que não conseguiria reformar o prédio por uma série de questões cartoriais e de segurança. A escada de incêndio, por exemplo, passava por dentro de um dos apartamentos e tinha 90 centímetros de largura, 30 a menos que o exigido pelas normas de hoje.

Único bloco de apartamentos projetado por um arquiteto estrangeiro, o antigo S da quadra 403 Sul acumulou assim outro ineditismo ao se tornar o primeiro prédio residencial demolido nas Superquadras do Plano Piloto —e causou comoção na cidade.

“Acho que as pessoas estão entendendo que a gente não consegue mais construir com essa qualidade”, avalia Sarmento. “E a valorização da arquitetura cotidiana se dá, a meu ver, em contraponto às caixas de vidro espelhado que têm povoado as grandes cidades. Acho também que as pessoas sabem que esse pode ser um precedente muito perigoso.”

O receio de que haja um novo precedente remonta ao projeto urbanístico de Lúcio Costa. A baixa oferta de moradia e de terrenos disponíveis para construção no Plano Piloto alavancam o preço do metro quadrado —e empurram as pessoas mais pobres para o entorno, desde a fundação da cidade.

Mas as quadras 400, onde estava o prédio demolido, ainda guardam indicadores de que seria ali a parte mais econômica do formato de avião pelo qual Brasília é conhecida: os edifícios são mais baixos (três andares, contra seis das demais quadras residenciais do Plano Piloto) para dispensar o uso de elevador. Via de regra, também não há garagem subterrânea.

O arquiteto e urbanista Matheus Carvalho, sócio do escritório Coplanar Arquitetura e criador da página Melhor Brasília, teme que, aos poucos, haja o apagamento do que foi proposto para as quadras 400 na concepção da capital federal.

“A partir do momento que você cria esse precedente, de uma construtora adquirir um prédio, botar ele no chão e substituir por outro de mais alto padrão, eu acho que é só uma questão de tempo até realmente as construtoras conseguirem se articular [para fazer o mesmo em outros lugares]”, diz.

“Aí você substitui um prédio por outro com unidades mais caras e continua o processo de encarecimento do Plano Piloto. Acho que as 400’s já deixaram de ter apartamentos para a classe média baixa há muito tempo, mas você tem a intensificação disso. Você torna o que já foi gentrificado ainda mais inacessível e ainda mais distante das intenções originais.”

A construtora não dá data para o início das obras, mas afirma que o novo prédio terá os mesmos três andares do anterior —como impõe o tombamento de Brasília—, apartamentos de um e dois quartos, elevador e garagem subterrânea.

A diretora de empreendimentos residenciais da Paulo Octávio, Gabriela Canielas, diz que a fachada e os pilares serão inspirados na arquitetura brutalista do imóvel anterior. Ela vê a demolição com naturalidade, como parte da evolução da cidade, e avalia que esta não será a única.

“Mais cedo ou mais tarde, a cidade muda, os valores mudam, o modus operandi da vida muda. Se lá em 1968 as pessoas usavam muito transporte público, tinham no máximo um carro, existia muito espaço livre, hoje você vê que a realidade não é mais a mesma”, afirma.

“Eu não acho que em Brasília, daqui a alguns anos, essa vai ter sido a primeira [e única] demolição. Acho que na Asa Sul tem vários prédios com essa mesma perspectiva por não estarem dentro das normas vigentes hoje em dia.”

A embaixada afirma que, “de acordo com uma avaliação realizada por técnicos vindos do Reino Unido, a adaptação e reforma de um prédio antigo como este seria inviável, dada a complexidade e os altos custos”.

“Mesmo depois da desocupação do prédio, a missão diplomática britânica manteve guardas no local para impedir ações de vandalismo e a ocupação irregular do espaço. Isso foi feito até 2022, quando ocorreu a entrega oficial das chaves ao comprador”, conclui.

A arquiteta e urbanista Romina Capparelli, integrante do Movimento Urbanistas por Brasília, lamenta a falta de informações. “Esse edifício realmente era diferente, tinha uma visão menos local sobre a arquitetura de Brasília. Certamente deveria ter sido inventariado para que houvesse o registro dessa obra”, diz.





Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Varejo tem alta de 0,4% de setembro para outubro, diz IBGE

PUBLICADO

em

Varejo tem alta de 0,4% de setembro para outubro, diz IBGE

Vitor Abdala – Repórter da Agência Brasil 

O volume de vendas do comércio varejista cresceu 0,4% no país em outubro deste ano, na comparação com o mês anterior. Essa é a segunda alta consecutiva do indicador, que já havia avançado 0,6% em setembro. Os dados da Pesquisa Mensal do Comércio (PMC), foram divulgados nesta quinta-feira (12), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O setor também apresentou altas de 6,5% na comparação com outubro do ano passado, o que representou o 17º resultado positivo do setor. O crescimento acumulado no ano chegou a 5%. Em 12 meses, o varejo acumula alta de 4,4%.

Na passagem de setembro para outubro, seis das oito atividades pesquisadas apresentaram alta: móveis e eletrodomésticos (7,5%), equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (2,7%), tecidos, vestuário e calçados (1,7%), combustíveis e lubrificantes (1,3%), hiper, supermercados, produtos alimentícios, bebidas e fumo (0,3%) e livros, jornais, revistas e papelaria (0,3%).

“O setor de móveis e eletrodomésticos foi o que teve maior alta em outubro, refletindo os dois meses anteriores de queda. Ao longo do ano, o segmento apresenta uma volatilidade alta, com maior amplitude tanto de altas quanto de baixas, mais intensa do que a dos demais setores”, afirma o pesquisador do IBGE Cristiano Santos.

Por outro lado, duas atividades tiveram queda: artigos farmacêuticos, médicos, ortopédicos e de perfumaria (-1,1%) e outros artigos de uso pessoal e doméstico (-1,5%).

O varejo ampliado, que também considera os segmentos de materiais de construção e vendas de automóveis e peças, cresceu 0,9% de setembro para outubro. A alta foi puxada principalmente pelas atividades de veículos e motos, peças e partes, que avançou 8,1%. Os materiais de construção tiveram alta de apenas 0,7%.

O varejo ampliado também teve altas nas demais comparações temporais: 8,8% na comparação com outubro de 2023, 4,9% no acumulado do ano e 4,3% no acumulado de 12 meses.

Receita nominal

A receita nominal do comércio varejista teve altas de 0,9% na comparação com setembro deste ano, 11,9% em relação a outubro de 2023, 8,8% no acumulado do ano e 8% no acumulado de 12 meses.

A receita nominal do varejo ampliado também apresentou resultados positivos: 1,4% de crescimento na comparação com setembro, 13,5% em relação a outubro do ano passado, 7,9% no acumulado do ano e 7,2% no acumulado de 12 meses.



Leia Mais: Agência Brasil



Continue lendo

MUNDO

Revista Time nomeia Donald Trump como ‘Personalidade do Ano’ pela segunda vez | Donald Trump

PUBLICADO

em

Revista Time nomeia Donald Trump como 'Personalidade do Ano' pela segunda vez | Donald Trump

Joseph Gedeon in New York

Donald Trump tornou-se mais uma vez a cobiçada “Personalidade do Ano” da revista Time, garantindo o reconhecimento anual pela segunda vez em menos de uma década.

O presidente eleito, que já conquistou o título em 2016, vencer uma lista da vice-presidente Kamala Harris; Catarina, Princesa de Gales; o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu; a presidente mexicana, Claudia Sheinbaum; o bilionário Elon Musk e a sensação do podcast Joe Rogan.

O título – historicamente concedido a figuras que moldaram dramaticamente os acontecimentos globais, desde líderes mundiais a revolucionários culturais – serve como uma leitura barométrica do significado contemporâneo. Cada presidente dos EUA desde Franklin D Roosevelt – com exceção de Gerald Ford – usou a coroa pelo menos uma vez, tornando a seleção anual da Time uma espécie de rito de passagem presidencial.

Agora vencedor por duas vezes, o título também sublinha a persistente atração gravitacional de Trump na narrativa global, apesar – ou talvez por causa – da sua trajetória política tumultuada, que culminou numa vitória decisiva nas eleições presidenciais em novembro.

Trump disse à Time em uma entrevista paralela à sua nomeação que um de seus primeiros atos oficiais como presidente seria perdoar a maioria dos manifestantes acusados ​​ou condenados de invadir o Capitólio para bloquear a certificação da vitória de Biden.

“Vai começar na primeira hora”, diz ele. “Talvez os primeiros nove minutos.”

O presidente eleito também contou à revista o que pensa sobre o fim da guerra na Ucrânia.

“O Médio Oriente é um problema mais fácil de resolver do que o que está a acontecer com a Rússia e a Ucrânia. O número de jovens soldados mortos caídos nos campos por todo o lado é impressionante. É uma loucura o que está a acontecer”, disse ele, antes de apontar para Kiev por ter lançado mísseis fabricados nos EUA em território russo no mês passado: “Discordo veementemente do envio de mísseis a centenas de quilómetros para dentro da Rússia. Por que estamos fazendo isso? Estamos apenas intensificando esta guerra e tornando-a pior.”

Trump prosseguiu dizendo que usaria o apoio dos EUA à Ucrânia como alavanca contra a Rússia num esforço para acabar com a guerra.

“Quero chegar a um acordo”, disse ele, “e a única maneira de chegar a um acordo é não abandonar”.

Sobre a inflação, Trump disse à Time que iria trabalhar especificamente para reduzir o preço dos alimentos.

“É difícil derrubar as coisas depois que elas sobem”, disse ele. “Sabe, é muito difícil.”

pular a promoção do boletim informativo

Além do último prêmio, Trump esteve na capa da Time três vezes este ano.

Enquanto ele apareceu pela primeira vez na capa em 1989, o relacionamento de Trump com a revista tem sido instável há muito tempo. Depois de descartar a lista das 100 pessoas mais influentes como uma “piada e dublê”, ele simultaneamente ansiava por sua validação.

Em 2015, quando a então chanceler alemã, Angela Merkel, recebeu a aprovação, Trump postou no Twitter: “Eu disse a você que a @TIME Magazine nunca me escolheria como pessoa do ano, apesar de ser o grande favorito (sic). Eles escolheram (sic) a pessoa que está arruinando a Alemanha.”

Quando ele foi revelado como o vencedor da capa no ano seguinte Trump disse à NBC News “estar na capa da Time como Personalidade do Ano é uma honra tremenda”.

Seu reconhecimento em 2024 chega em meio a um momento político semelhante. Trump se junta a uma lista de 14 presidentes dos EUA homenageados pela revista.



Leia Mais: The Guardian



Continue lendo

MUNDO

Assessores de Biden no Oriente Médio em pressão diplomática pela Síria e Gaza | Notícias da Guerra da Síria

PUBLICADO

em

Assessores de Biden no Oriente Médio em pressão diplomática pela Síria e Gaza | Notícias da Guerra da Síria

O impulso diplomático em duas frentes mostra Blinken cobrindo a Jordânia, Turkiye, enquanto Sullivan mantém conversações em Israel, Catar e Egito.

O secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, chegou à Jordânia, iniciando uma viagem de crise ao Médio Oriente após a destituição do presidente sírio, Bashar al-Assad.

O diplomata norte-americano cessante, que apela a um processo “inclusivo” para formar o próximo governo da Síria que proteja as minorias, aterrou na cidade de Aqaba, no Mar Vermelho, na quinta-feira, indo direto para uma reunião com o rei Abdullah II antes de uma viagem a Turkiye mais tarde. no dia.

A viagem de Blinken ocorre dias depois que as forças da oposição lançaram um ofensiva relâmpago liderado por Hayat Tahrir al-Sham (HTS), um grupo anteriormente afiliado à Al-Qaeda, pondo fim a cinco décadas de governo brutal da família al-Assad.

Ao anunciar a viagem, o Departamento de Estado disse que Blinken apelaria a uma Síria que não fosse “uma base do terrorismo ou que representasse uma ameaça para os seus vizinhos” – um aceno às preocupações de Israel e da Turquia.

Desde o voo de al-Assad para a Rússia no domingo, Israel atacou a Síria centenas de vezes, atingindo aeroportos, instalações de defesa aérea e outras infra-estruturas, e deslocando os seus militares para a zona tampão ao longo das Colinas de Golã ocupadas que separam a Síria e Israel desde 1974.

Turkiye, por sua vez, financiou combatentes rebeldes sírios – conhecidos como Exército Nacional Sírio (SNA) – para combater as Forças Democráticas Sírias (SDF), lideradas pelos curdos e apoiadas pelos EUA, expulsando o grupo da cidade de Manbij, no nordeste do país.

Ancara vê as FDS, que criaram um território autónomo no leste do país, como um grupo “terrorista” e quer reduzir a sua presença perto das suas fronteiras.

O impulso diplomático de Blinken sobre a Síria ocorre no momento em que os líderes das principais democracias do Grupo dos Sete (G7) emitiram uma declaração enfatizando que al-Assad deveria ser responsabilizado pelos seus crimes.

Moldando o legado de Biden

Paralelamente à viagem de Blinken, o Conselheiro de Segurança Nacional Jake Sullivan se reunirá com líderes israelenses em Jerusalém na quinta-feira e depois viajará para o Catar e o Egito.

Tanto Blinken como Sullivan tentarão avançar no sentido de um acordo para acabar com a guerra de 14 meses em Gaza e obter a libertação dos restantes prisioneiros detidos lá pelo grupo armado palestino Hamas.

A administração Biden espera que o recente acordo de cessar-fogo entre Israel e o grupo armado libanês Hezbollah, apoiado pelo Irão, combinado com a remoção do aliado de Teerão, al-Assad, possa ajudar a criar impulso para um acordo em Gaza, após meses de diplomacia mal sucedida.

As visitas de alto nível poderão ajudar a moldar o legado de Biden no Médio Oriente nas últimas semanas do seu mandato, antes do regresso do ex-presidente Donald Trump à Casa Branca, em 20 de janeiro.

No entanto, não está claro se Biden tem influência suficiente na região para garantir grandes negócios antes de deixar o cargo.

O Hamas quer o fim da guerra antes que os cativos sejam libertados, mas Netanyahu insistiu que se reserva o direito de realizar operações militares. Israel também não quer que o Hamas governe Gaza.

Trump alertou na semana passada que haveria “um inferno a pagar” no Médio Oriente se os prisioneiros detidos em Gaza não fossem libertados antes da sua tomada de posse em Janeiro.

Na terça-feira, o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, pressionou para um acordo, dizendo que o Hamas estava “cada vez mais isolado” e deveria perceber que “a cavalaria não está vindo para resgatá-los”.



Leia Mais: Aljazeera

Continue lendo

MAIS LIDAS