ACRE
Desde quando o Estado brasileiro é laico? – 11/12/2024 – Cotidiano

PUBLICADO
11 meses atrásem
Flávio Dino, Cristiano Zanin e Paulo Gonet têm algo em comum. Além de terem sido indicados por Lula para os cargos de ministro do STF, no caso dos dois primeiros, e para o comando da PGR, no caso de Gonet, são todos católicos e fazem questão de assim se apresentarem. Durante suas sabatinas para confirmação nos cargos também ficou evidente, por exemplo, a posição conservadora dos três sobre questões como o aborto. Terrivelmente católicos, poderíamos dizer.
A preocupação com misturas promíscuas entre religião e Estado é legítima e compreensível. No entanto, é comum que essa preocupação se baseie em um equívoco histórico. Refiro-me à ideia, compartilhada por alguns analistas, de que somente nas últimas décadas o país começou a perder os contornos de um Estado laico devido à maior presença dos evangélicos na cena pública. Esse descuido ignora a longa história da presença católica nos espaços do Estado brasileiro e alimenta a percepção de que nossa laicidade teria sido mais vigorosa no passado.
Na verdade, jamais fomos plenamente laicos. Ou melhor, o que temos é uma laicidade à brasileira. Compreendê-la em seus próprios termos é essencial para aprimorar o debate sobre as relações entre religião e política.
De forma sucinta, a noção sociológica de laicidade refere-se à regulação institucional, política e jurídica das relações entre religião e política, igreja e Estado. Trata-se de um princípio que emancipa o Estado de interpretações religiosas sobre seu funcionamento e garante neutralidade confessional e isonomia no trato com as religiões.
Contudo, essa é apenas a descrição normativa da laicidade. Ela não considera que os Estados nacionais desenvolvem formas diversas de implementá-la. Apesar de constitucionalmente laico, o Brasil nunca esteve próximo de adotar o modelo de laicidade da tradição republicana francesa. Aqui, sempre tivemos uma espécie de quase laicidade.
A laicidade à brasileira raramente protegeu a educação pública da influência religiosa, frequentemente falhou na separação total entre Estado e religiões e limitou pouco a participação de líderes religiosos em assuntos públicos.
Formalmente, a separação entre igreja e Estado ocorreu com a Constituição de 1891, consolidando a República. No entanto, isso não eliminou os privilégios católicos nem encerrou a perseguição estatal a grupos religiosos.
Nas primeiras décadas do século 20, autoridades e intelectuais usaram o catolicismo como modelo de religião, classificando práticas espíritas e afro-brasileiras como inferiores. Mediunidade e outras formas de transe eram tratadas como doenças e frequentemente resultavam na internação dos praticantes em hospitais psiquiátricos ou em perseguições policiais, sob o pretexto de exercício ilegal da medicina. Tudo isso sob as leis de um Estado dito laico.
Até a década de 1940, as religiões afro-brasileiras enfrentaram intensa repressão policial e judicial, acusadas de feitiçaria e curandeirismo. Para evitar essa perseguição, líderes umbandistas registravam seus terreiros como tendas espíritas nos cartórios, escapando de serem fichados como “casas de macumba”.
Colunas e Blogs
Receba no seu email uma seleção de colunas e blogs da Folha
A Igreja Católica, em absoluta sinergia com o Estado, também agiu para conter o crescimento de outras religiões. Em 1939, no início do Estado Novo, o presidente Getúlio Vargas criou o Departamento de Defesa da Fé, destinado a apoiar a ação católica e resistir a grupos protestantes. Perseguições a evangélicos, com relatos de prisões, torturas, expulsões de cidades e até mortes, ocorreram pelo menos até a década de 1950.
Esse histórico se estende até os dias atuais, como demonstra o acordo firmado em 2009 entre o governo Lula e a Santa Sé, que garantiu privilégios fiscais e institucionais à Igreja Católica.
A laicidade à brasileira pode até ter se transformado ao longo das últimas décadas, com a presença de novos grupos religiosos na cena pública, mas seu principal beneficiário continua sendo a Igreja Católica.
Por aqui, o texto da lei ainda tem a letra do padre. E para não deixar dúvidas, o crucifixo continua no STF, de onde nunca saiu.
Relacionado
VOCÊ PODE GOSTAR
ACRE
Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO
6 horas atrásem
22 de outubro de 2025
A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.
Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”
Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.
Relacionado
ACRE
Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO
7 horas atrásem
22 de outubro de 2025
A Ufac realizou a abertura dos Jogos Interatléticas-2025, na sexta-feira, 17, no hall do Centro de Convenções, campus-sede, e celebrou o espírito esportivo e a integração entre os cursos da instituição. A programação segue nos próximos dias com diversas modalidades esportivas e atividades culturais. A entrega das medalhas e troféus aos vencedores está prevista para o encerramento do evento.
A reitora Guida Aquino destacou a importância do incentivo ao esporte universitário e agradeceu o apoio da deputada Socorro Neri (PP-AC), responsável pela destinação de uma emenda parlamentar de mais de R$ 80 mil, que viabilizou a competição. “Iniciamos os Jogos Interatléticas e eu queria agradecer o apoio da nossa querida deputada Socorro Neri, que acredita na educação e faz o melhor que pode para que o esporte e a cultura sejam realizados em nosso Estado”, disse.
A cerimônia de abertura contou com a participação de estudantes, atletas, servidores, convidados e representantes da comunidade acadêmica. Também estiveram presentes o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, e o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
Relacionado
ACRE
Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO
2 dias atrásem
20 de outubro de 2025
Os kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues aos atletas inscritos nesta quinta-feira, 23, das 9h às 17h, no Centro de Convivência (estacionamento B), campus-sede, em Rio Branco. O kit é obrigatório para participação na corrida e inclui, entre outros itens, camiseta oficial e número de peito. A 2ª Corrida da Ufac é uma iniciativa que visa incentivar a prática esportiva e a qualidade de vida nas comunidades acadêmica e externa.
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
- ACRE6 dias ago
Curso de extensão da Ufac sobre software Jamovi inscreve até 26/10 — Universidade Federal do Acre
- ACRE6 dias ago
PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre
- ACRE5 dias ago
Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre
- ACRE2 dias ago
Kits da 2ª Corrida da Ufac serão entregues no Centro de Convivência — Universidade Federal do Acre
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login