POLÍTICA
Desilusões eleitorais: Eleitores surpreendem e imp…
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1 ano atrásem
José Casado
Saiu das urnas a mais nova trapaça da política: Lula e o PT terminaram as eleições municipais deste domingo (27/10) derrotados pelos próprios aliados no governo – os partidos PSD, MDB, União Brasil e Republicanos.
Esse quarteto partidário vai governar 2.760 cidades, onde vivem 83 milhões de pessoas ou 39% da população brasileira. Terá o controle de 15 prefeituras de 26 capitais.
Não é pouco. É quase cinco vezes o número de prefeituras conquistadas pelo PT de Lula e o PSB de Geraldo Alckmin, incluídas duas capitais (Recife e Fortaleza), em cidades que somam o total 10 milhões de habitantes.
O eleitorado foi eloquente: é a vez do centro. Significa que esquerda e direita envelheceram na mensagem sectária com que uma alimentou outra durante a última década.
Lula e o PT começaram a semana sob uma calamidade eleitoral. Guilherme Boulos, do Psol, sofreu uma derrota acachapante, por uma diferença de um milhão de votos (19 pontos percentuais) num eleitorado de 5,7 milhões.
Boulos se tornou candidato por imposição de Lula, que atropelou o PT e mandou apostar cerca de 60 milhões de reais na sua campanha.
Foi batido pelo prefeito Ricardo Nunes, do MDB, que obteve 3,3 milhões de votos depois de aumentar a votação em 88% nas três semanas entre o primeiro e do segundo turno.
Nunes foi patrocinado pelo governador paulista Tarcísio de Freitas, do Republicanos, e Gilberto Kassab, presidente do PSD – partido que elegeu 887 prefeitos em todo o país, cinco deles em capitais, e, entre elas, as dos três maiores Estados (São Paulo, em aliança, Rio de Janeiro e Belo Horizonte). A partir de janeiro, o PSD vai controlar uma em cada três prefeituras do Estado de São Paulo.
Outra derrota expressiva de Lula e do PT aconteceu em Porto Alegre. O prefeito Sebastião Melo, do MDB, venceu a deputada do PT Maria do Rosário com uma vantagem de 152 mil votos (23 pontos à frente) entre 660 mil eleitores.
Desde as enchentes devastadoras de maio, Lula manteve o Rio Grande do Sul, e sobretudo a capital gaúcha, na vitrine governamental. Escolheu um ministro-residente, Paulo Pimenta, visto no PT como provável candidato ao governo estadual, e mobilizou o caixa federal. Atravessou a campanha repetindo: “Eu posso dizer com todas as letras: nunca antes na história do país o governo federal se jogou tanto de corpo e alma para ajudar um estado como nós fizemos com o Rio Grande do Sul.” Se esperava resposta favorável nas urnas, decepcionou-se com o resultado – passível de ser interpretado como plebiscito sobre a atuação governamental na crise local.
Lula e o PT ficaram restritos a Fortaleza, onde o deputado Evandro Leitão venceu o extremista André Fernandes, do Partido Liberal, por apenas 11 mil votos entre 1,4 milhão de eleitores.
Fernandes protagonizou um dos gestos mais simbólicos desta temporada eleitoral: recusou a participação de Jair Bolsonaro na sua campanha porque o ex-presidente alcançara um nível recorde de rejeição na capital cearense, à beira dos 70% em diferentes pesquisas.
Bolsonaro conseguiu a proeza de rachar o bloco de direita que havia unificado desde a eleição presidencial de 2018. É consequência natural do divisionismo que estimulou entre aliados.
No primeiro turno assistiu a uma devastação dos seus principais redutos eleitorais no Rio pelo adversário local, o prefeito Eduardo Paes, do PSD. Ele se reelegeu com 60,47% dos votos válidos, contra 30,8% do candidato que Bolsonaro havia imposto ao PL local, o deputado Alexandre Ramagem. Paes alcançou 72% da votação em áreas da Zona Oeste, como Santa Cruz, Pedra de Guaratiba e Sepetiba, onde o ex-presidente sempre foi bem votado, ocasionalmente com sete em cada dez votos apurados.
Bolsonaro, que está inelegível até 2030, começou esta semana com uma série de derrotas incontestáveis. No mapa se destaca João Pessoa, onde Marcelo Queiroga, seu ex-ministro da Saúde durante a pandemia, perdeu por uma diferença de 112 mil votos (28 pontos) num eleitorado de 404 mil eleitores; Cícero Lucena, do PP, ficou com 258,7 mil votos (63,9% do total).
No entanto, nenhum fracasso de Bolsonaro teve a expressividade do fiasco no duelo que travou com o governador de Goiás, Ronaldo Caiado, do União Brasil.
Ele transformou em questão pessoal no embate com Caiado as eleições em Goiânia e na vizinha Aparecida de Goiânia, os dois principais colégios eleitorais do Estado. Perdeu na capital com Fred Rodrigues, do PL, por 70 mil votos (11 pontos) no eleitorado de 636,7 mil pessoas. Naufragou em Aparecida com 70 mil votos de desvantagem (27 pontos).
Caiado representa uma dinastia com quase duzentos anos de influência na política de Goiás. Os índices de aprovação local à sua administração superam 70%, na média das pesquisas. Ele está em campanha para ser candidato do União Brasil à presidência em 2026. Bolsonaro achava que representava ameaça à sua liderança na região Centro-Oeste, a rica base ruralista onde venceu as últimas duas eleições presidenciais. Agora, tem certeza.
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POLÍTICA
A articulação para mudar quem define o teto de jur…
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7 meses atrásem
5 de maio de 2025Nicholas Shores
O Ministério da Fazenda e os principais bancos do país trabalham em uma articulação para transferir a definição do teto de juros das linhas de consignado para o Conselho Monetário Nacional (CMN).
A ideia é que o poder de decisão sobre o custo desse tipo de crédito fique com um órgão vocacionado para a análise da conjuntura econômica.
Compõem o CMN os titulares dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento e da presidência do Banco Central – que, atualmente, são Fernando Haddad, Simone Tebet e Gabriel Galípolo.
A oportunidade enxergada pelos defensores da mudança é a MP 1.292 de 2025, do chamado consignado CLT. O Congresso deve instalar a comissão mista que vai analisar a proposta na próxima quarta-feira.
Uma possibilidade seria aprovar uma emenda ao texto para transferir a função ao CMN.
Hoje, o poder de definir o teto de juros das diferentes linhas de empréstimo consignado está espalhado por alguns ministérios.
Cabe ao Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), presidido pelo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, fixar o juro máximo cobrado no consignado para pensionistas e aposentados do INSS.
A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, é quem decide o teto para os empréstimos consignados contraídos por servidores públicos federais.
Na modalidade do consignado para beneficiários do BPC-Loas, a decisão cabe ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias.
Já no consignado de adiantamento do saque-aniversário do FGTS, é o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que tem a palavra final sobre o juro máximo.
Atualmente, o teto de juros no consignado para aposentados do INSS é de 1,85% ao mês. No consignado de servidores públicos federais, o limite está fixado em 1,80% ao mês.
Segundo os defensores da transferência da decisão para o CMN, o teto “achatado” de juros faz com que, a partir de uma modelagem de risco de crédito, os bancos priorizem conceder empréstimos nessas linhas para quem ganha mais e tem menos idade – restringindo o acesso a crédito para uma parcela considerável do público-alvo desses consignados.
Ainda de acordo com essa lógica, com os contratos de juros futuros de dois anos beirando os 15% e a regra do Banco Central que proíbe que qualquer empréstimo consignado tenha rentabilidade negativa, a tendência é que o universo de tomadores elegíveis para os quais os bancos estejam dispostos a emprestar fique cada vez menor.
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