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Dois romances sobre o impacto do conflito pós-colonial ganham importantes prêmios literários franceses | França

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Angelique Chrisafis in Paris

Romances sobre violência em larga escala em Argélia e o Ruanda ganharam os dois prémios literários mais importantes de França e foram aclamados como narrativas inovadoras sobre a pressão sobre as gerações mais jovens para enfrentarem os conflitos nas sociedades pós-coloniais.

O escritor franco-argelino Camelo Daoud ganhou o prémio literário Goncourt pelo seu romance, Houris, sobre uma jovem marcada pela violência da guerra civil da Argélia na década de 1990. O escritor e artista de hip-hop Gail Faye ganhou o prêmio Renaudot por seu romance best-seller, Jacaranda, sobre jovens que navegam no legado do genocídio de Ruanda em 1994.

O presidente francês, Emmanuel Macron, felicitou os dois escritores, dizendo que mostraram como a língua francesa pode evocar “a beleza, a tragédia e o universal”.

O poderoso e chocante de Daoud romance foi elogiado pelo júri Goncourt pelo seu lirismo trágico. Relato fictício de uma jovem que foi mutilada aos cinco anos durante a guerra civil, o livro questiona como a sociedade argelina pode reconstruir-se em meio ao trauma deixado pelo conflito de 10 anos. Entre 1991 e 2002, o conflito entre o governo argelino e grupos islâmicos resultou em até 200 mil mortes e milhares de desaparecidos, vítimas de tortura e violência sexual.

Daoud é o primeiro romancista argelino a ganhar o principal prêmio literário da França.

Mas o romance, publicado em França em Setembro, causou polémica na Argélia. No início do livro, Daoud cita a lei da Argélia que restringe o que pode ser dito sobre o conflito de décadas da década de 1990 e afirma que qualquer pessoa que use as “feridas da tragédia nacional” para enfraquecer o Estado pode ser punida com prisão ou uma multa. Embora o livro não tenha sido publicado na Argélia, Daoud disse num festival literário francês em Setembro que entendia que cópias piratas tinham circulado lá e disse ao Le Monde que gostaria de ver o livro publicado no país.

Os editores franceses de Daoud, Gallimarddisseram que foram instruídos a não comparecer à prestigiada feira do livro de Argel este mês, o que foi interpretado pela mídia francesa como uma reação das autoridades argelinas ao livro de Daoud.

Daoud nasceu e cresceu na Argélia e trabalhou como jornalista em Oran durante a violência da década de 1990, que ficou conhecida como a “década negra” da Argélia. Desde então, ele adquiriu a nacionalidade francesa e trabalha como colunista da revista francesa Le Point. Publicou vários romances, incluindo o aclamado A investigação Mersaultuma releitura pós-colonial do romance de Albert Camus, The Outsider, a partir de uma perspectiva argelina.

Daoud disse ao Le Monde que tão pouco foi ensinado sobre a violência da década de 1990 na Argélia que a sua própria filha adolescente a princípio não acreditou que o livro pudesse ser baseado em acontecimentos reais. Ele disse que a guerra de independência da Argélia contra a França foi bem ensinada e documentada, mas a violência da década de 1990 não foi abordada. “Acho que, acima de tudo, temos vergonha”, disse Daoud O mundo. “Durante a guerra de independência a violência era nobre, estávamos a defender-nos do inimigo. Em 1992, estávamos matando entre nós.”

O escritor e cantor ruandês-francês Gael Faye segura seu livro Jacaranda enquanto fala com jornalistas. Fotografia: Julien de Rosa/AFP/Getty Images

O prémio Renaudot, considerado um dos principais impulsionadores das vendas no mercado editorial francês, foi ganho por Gail Fayeum artista de hip-hop e um dos escritores mais populares da França. Ele nasceu no Burundi, filho de mãe ruandesa e pai francês. O romance de Faye Jacarandá é uma exploração assombrosa do legado do genocídio de Ruanda em 1994, tendo como pano de fundo a transformação política e económica do país. Personagens das gerações mais jovens, tanto no Ruanda como na diáspora, tentam cuidadosamente desfazer o silêncio dos familiares mais velhos que lutam para encontrar palavras para o indizível. Tornou-se um best-seller quando foi publicado em setembro.

O primeiro romance de Faye, País pequenosobre um menino de 10 anos que atinge a maioridade durante a guerra civil do Burundi, vendeu mais de 1,5 milhão de cópias, foi traduzido para 45 idiomas e adaptado para o cinema e como história em quadrinhos.

Faye disse à rádio France Inter: “A sociedade ruandesa é uma sociedade jovem, 70% da população nasceu depois de 1994… Eu tinha 11 anos na época do genocídio e senti uma espécie de responsabilidade, porque quando você conversa com os jovens, eles estão conscientes do genocídio, mas também estão rodeados de silêncio. Muitas vezes faltam as palavras.”



Leia Mais: The Guardian

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MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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MUNDO

Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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