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Economia global se prepara para ‘choque macro’ de Trump – 07/11/2024 – Mercado

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Sam Fleming, Olaf Storbeck

A vitória eleitoral de Donald Trump causou um tremor na Europa e na Ásia, enquanto formuladores de políticas e executivos digeriam as implicações de uma guinada liderada pelos Estados Unidos em direção ao protecionismo.

Os países europeus orientados para a exportação —liderados pela maior economia da região, a Alemanha— estão fortemente expostos às alegações do presidente eleito dos EUA de que ele apertaria as restrições comerciais e afrouxaria os laços de segurança com os aliados dos EUA.

Moritz Schularick, presidente do Instituto Kiel para a Economia Mundial, descreveu um segundo mandato presidencial de Trump como “o momento econômico mais difícil” na história pós-guerra da Alemanha.

Berlim “não estava preparada” para lidar com os desafios tanto no comércio exterior quanto na política de segurança que em breve enfrentará, disse ele, acrescentando que agora precisaria “investir massivamente” em capacidades de defesa.

As repercussões para a economia global não são imediatas nem diretas, no entanto.

Muitos analistas esperam que a promessa do próximo presidente de tornar permanentes seus cortes de impostos de 2017 para empresas e ricos inicialmente impulsione o crescimento. “O estímulo fiscal pode dominar e ser um pequeno positivo” no curto prazo, disse Innes McFee da Oxford Economics.

Os mercados de ações dos EUA dispararam após a vitória decisiva de Trump, enquanto os investidores se concentravam na perspectiva de impostos corporativos mais baixos e desregulamentação.

Se Trump levar adiante seus planos de tarifas mais altas —20% para exportadores fora da China, onde uma taxa de 60% poderia ser imposta — isso aumentaria a perspectiva de medidas comerciais olho por olho que prejudicariam o comércio. Mas levará muitos meses até que os detalhes da política comercial de Trump se tornem claros.

“O impacto no resto do mundo é dominado por como será o regime tarifário final”, disse McFee.

Peter Sand, analista-chefe da Xeneta, disse que esperava que as taxas de frete disparassem à medida que as empresas se apressassem para enviar mercadorias aos EUA antes da posse do presidente eleito em 20 de janeiro.

“A reação instintiva dos transportadores dos EUA será antecipar as importações antes que Trump possa impor suas novas tarifas”, disse Sand. “Se você tem espaço de armazém e mercadorias para enviar, antecipar as importações é a maneira mais simples de gerenciar esse risco no curto prazo —mas isso trará seus próprios problemas.”

Em um sinal das pressões de longo prazo que uma guinada dos EUA em direção ao protecionismo prenuncia, as ações das empresas globais de transporte marítimo caíram nesta quarta-feira (6).

As ações da Maersk, o segundo maior grupo de transporte de contêineres do mundo, caíram 7,6%, enquanto a Hapag-Lloyd caiu 5,8% ao meio-dia.

Modelagens do FMI apontam para um impacto econômico mais amplo se as tarifas ameaçadas por Trump visarem uma “fatia considerável” do comércio global.

As tarifas —juntamente com o restante de sua agenda econômica de regras de migração mais rígidas, cortes de impostos prolongados nos EUA e custos de empréstimos globais mais altos— apagariam 0,8% da produção econômica no próximo ano e 1,3% em 2026, disse o fundo no mês passado.

Krishna Guha, vice-presidente da Evercore ISI, disse que esperava que o “choque macro” de Trump tivesse implicações fortemente divergentes para a economia global, com os EUA experimentando preços e crescimento mais altos, enquanto outros países sofreriam desinflação e uma queda na produção.

Hildegard Müller, chefe de uma entidade comercial que representa o setor automobilístico em dificuldades da Alemanha, disse que a pressão sobre os fabricantes para realocar a produção da Europa para os EUA seria “enorme”.

Michael Hüther, presidente do Instituto de Pesquisa Econômica de Colônia, disse que as empresas alemãs deveriam “se preparar para uma guerra comercial custosa a partir de hoje”.

A Irlanda, lar das sedes europeias ou grandes operações de grandes empresas de tecnologia e farmacêuticas dos EUA, também tem uma relação comercial desproporcional com os EUA.

“Este é um problema realmente grande para a economia irlandesa”, disse Dan O’Brien, economista-chefe do Instituto de Assuntos Internacionais e Europeus. Ele acrescentou que a imposição de tarifas generalizadas era “o maior risco de curto prazo” para a economia irlandesa.

A Europa como um todo parece agudamente vulnerável, com os EUA representando um quinto das exportações totais do bloco no ano passado, de acordo com dados do Eurostat. Com 502 bilhões de euros (R$ 3 tri), as exportações da UE foram 46% maiores do que as importações de bens dos EUA pela região.

As tarifas de Trump atingiriam uma “economia da zona do euro já frágil”, alertaram os economistas do ABN Amro, com “os riscos negativos” para o crescimento e a inflação tendo aumentado significativamente.

O resultado seria taxas de juros mais baixas na região —e uma lacuna maior entre os custos de empréstimos no bloco monetário e nos EUA.

Enquanto a maioria das ações europeias perdeu terreno, o Raiffeisen Bank International da Áustria, que continua sendo o maior credor ocidental ainda operando na Rússia, foi o melhor desempenho no índice de bancos Euro Stoxx, subindo mais de 6%. Durante a campanha, Trump afirmou repetidamente que poderia acabar rapidamente com a guerra na Ucrânia.

As implicações em outros lugares dependerão de até onde Trump vai em perseguir sua agenda anti-globalização.

Os exportadores asiáticos estão expostos a barreiras comerciais mais altas, com a já fraca economia da China prestes a sofrer agudamente se Trump seguir adiante com os planos de impor uma taxa de 60% sobre todas as exportações chinesas para os EUA.

Analistas do Citigroup argumentaram que a ameaça de 60% à China parece mais um “trunfo de negociação” do que um risco real.

O México, que ultrapassou a China como o maior exportador para os EUA, também é vulnerável, apesar de um acordo de livre comércio assinado com os EUA e o Canadá durante o primeiro mandato de Trump.

Ele prometeu impor tarifas —incluindo uma taxa de 200% sobre carros importados do México— a menos que seu vizinho do sul reduza o fluxo de migrantes através de sua fronteira.

A montadora japonesa Honda alertou nesta quarta-feira (6) sobre um “impacto extremamente grande” em suas exportações para os EUA de fábricas mexicanas, caso Trump cumpra essa promessa.

Para os parceiros comerciais dos EUA, a perspectiva imediata é um período prolongado de incerteza elevada, enquanto a economia mais importante do mundo passa por uma mudança de regime histórica.

“Trump continua imprevisível e errático”, disse Holger Schmieding, economista do Berenberg Bank. “Assim, não podemos realmente avaliar quais de suas promessas de campanha frequentemente grandiosas e nem sempre consistentes ele realmente implementaria.”

Colaboraram Laura Pitel em Berlim, Jude Webber em Dublin e Kana Inagaki, Daria Mosolova e Mari Novik em Londres.



Leia Mais: Folha

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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