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Economia global tem sido surpreendentemente resiliente – 23/10/2024 – Martin Wolf

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“Uma pandemia que ocorre uma vez a cada século, erupção de conflitos geopolíticos e eventos climáticos extremos têm interrompido cadeias de suprimentos, causado crises de energia e alimentos e levado governos a tomar ações sem precedentes para proteger vidas e meios de subsistência.” Assim descreve o último Panorama Econômico Mundial do FMI os eventos econômicos desde o início de 2020.

No entanto, no geral, a economia mundial mostrou resiliência. Infelizmente, porém, sem surpresa, os países de alta renda —abençoados com mais espaço para políticas— mostraram mais resiliência, enquanto os países em desenvolvimento mostraram menos. Em suma, “enquanto os primeiros alcançaram a atividade e a inflação projetadas antes da pandemia, os últimos estão mostrando cicatrizes mais permanentes”.

Um fato notável, no entanto, é que o aumento inesperado da inflação diminuiu a um custo baixo em termos de produção e emprego. No entanto, a inflação subjacente também tem mostrado sinais de persistência, observa o FMI. Crucialmente, “a 4,2%, a inflação dos preços dos serviços básicos é cerca de 50% maior do que antes da pandemia nas principais economias avançadas e de mercado emergente (excluindo os Estados Unidos)”.

A pressão para alinhar os salários aos preços é o principal motor da robusta inflação subjacente nos serviços. Mas, à medida que as lacunas de produção se fecham, o fundo espera, essa pressão salarial também deve diminuir.

Tanto o pico da inflação quanto sua queda notavelmente indolor precisam de explicações. Estas, argumenta o Panorama Econômico Mundial, incluem uma queda mais rápida do que o esperado nos preços da energia e uma forte recuperação na oferta de trabalho, reforçada por aumentos inesperados (e impopulares) na imigração.

Uma explicação mais sutil do comportamento da inflação é que a interação da demanda crescente pós-pandemia com restrições na oferta tornou a relação entre folga econômica e inflação (conhecida como “curva de Phillips”) mais íngreme (ou, no jargão dos economistas, “menos elástica”).

Assim, a inflação subiu mais do que o esperado quando a demanda aumentou, mas caiu mais rápido do que o esperado à medida que a oferta e a demanda se equilibraram. A política monetária desempenhou um papel em ambas as direções, estimulando e depois restringindo a demanda, mas também, quando apertada, reforçando a credibilidade das metas de inflação.

Uma característica notável desde 2020 tem sido a mudança na relação entre política monetária e fiscal. Na pandemia, ambas foram ultra-flexíveis. Mas, após 2021, a política monetária se apertou, enquanto a política fiscal permaneceu flexível, notadamente nos EUA. Taxas de juros mais altas aumentam então os déficits fiscais.

No entanto, há uma grande divergência entre os EUA e a zona do euro nas perspectivas fiscais: nas projeções do FMI, a dívida pública dos EUA aumentará para quase 134% do PIB até 2029; na zona do euro, por outro lado, a relação entre dívida pública e PIB deve se estabilizar em cerca de 88% em 2024, embora com grandes diferenças entre os países.

Outra característica significativa recente da economia mundial é que, desde o ataque da Rússia à Ucrânia em fevereiro de 2022, a taxa de crescimento do comércio entre “blocos” caiu mais do que dentro dos “blocos”, com um centrado nos EUA e Europa e outro centrado na China e Rússia.

O fundo não mudou muito sua visão, projetando um crescimento global próximo a 3%. Isso assume que não há grandes choques negativos, o comércio cresce em linha com a produção, a inflação se estabiliza, as políticas monetárias se afrouxam e as políticas fiscais se apertam.

Suas projeções mostram o crescimento dos EUA de quarto trimestre a quarto trimestre caindo de 2,5% em 2024 para 1,9% em 2025, enquanto sobe ligeiramente, para 1,3%, na zona do euro. No período posterior, o crescimento da Ásia em desenvolvimento é projetado em 5%, o da China em 4,7% e o da Índia em 6,5%.

Os riscos de queda são, infelizmente, abundantes. A política monetária passada pode ter um impacto maior do que o esperado agora, talvez gerando recessões. Se a inflação for mais robusta do que o esperado, a política monetária seria mais apertada do que o assumido, o que poderia afetar a estabilidade financeira. O impacto das taxas de juros mais altas na sustentabilidade da dívida pode ser maior do que o esperado, especialmente em países emergentes e em desenvolvimento.

Os problemas macroeconômicos da China podem ser maiores do que o esperado agora, à medida que seu setor imobiliário se retrai e as medidas políticas compensatórias permanecem muito limitadas. Se Donald Trump se tornar presidente dos EUA e lançar suas medidas comerciais, as chances de uma guerra comercial total também devem ser consideráveis, com consequências imprevisíveis para a economia mundial e as relações internacionais.

Além disso, a eleição nos EUA será decidida pacificamente? O agravamento das guerras existentes ou o surgimento de novas também são possíveis. Tais eventos poderiam levar a novos picos nos preços das commodities, possivelmente (ou até provavelmente) agravados por mudanças rápidas no clima global.

Tudo isso é assustador. No entanto, vale a pena notar também os potenciais aspectos positivos. Reformas e confiança renovada podem levar a um aumento nos investimentos. A inteligência artificial e a revolução energética podem impulsionar o investimento e o crescimento. É até possível que a humanidade decida que tem coisas melhores a fazer do que elevar a hostilidade e a estupidez a níveis cada vez mais altos.

O FMI enfatiza a necessidade de garantir um pouso suave na inflação e na política monetária. Também destaca a necessidade mais imediata de estabilizar as finanças públicas, promovendo o crescimento e reduzindo a desigualdade. No médio prazo, espera reformas estruturais mais fortes, incluindo melhorar o acesso à educação, reduzir as rigidezes do mercado de trabalho, aumentar a participação da força de trabalho, reduzir barreiras à concorrência, apoiar startups e avançar na digitalização. Não menos importante, deseja a aceleração da transição verde e a cooperação multilateral aprimorada.

Se ao menos uma divindade compelisse a humanidade a ser tão sensata. Na prática, cabe, como sempre, a nós.



Leia Mais: Folha

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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