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Eleições em 2024 apontam para piora da economia global – 02/11/2024 – Ana Paula Vescovi

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Um dos principais temas em 2024 é o aumento da incerteza com a agenda global tomada por eleições, majoritárias ou proporcionais. Economistas costumam não se aventurar no terreno da política, mas o amplo e inédito movimento eleitoral pode trazer sinais importantes para a economia nos próximos anos.

Segundo dados do Council on Foreign Relations, o mundo jamais se deparou com um número tão grande de eleitores votando como em 2024. São 2 bilhões em mais de 80 países, incluindo 8 entre os 10 mais populosos do mundo. A lista inclui Brasil, Índia e Estados Unidos, além da União Europeia e outros.

Globalmente, a polarização política e cenários eleitorais incertos dificultam consensos, aumentam gastos públicos e enfraquecem ações contra mudanças climáticas. Em países emergentes, nota-se fragilidade institucional e menor apoio a reformas.

Nem todas as eleições foram realmente abertas e transparentes, havendo a recondução de incumbentes em países com regimes fechados. Na Venezuela, na Rússia ou em Bangladesh, o resultado das urnas gerou revoltas populares, seja nas ruas em conflitos conflagrados, seja por meio de elevado absenteísmo como forma de protesto silencioso, seja pela deposição do eleito poucos meses depois. É um pedaço do mundo que convive com tensões sociais aumentadas.

Entre as principais economias emergentes, Índia, México e África do Sul, os sinais foram mistos. Nos dois primeiros, os incumbentes mantiveram a sua força, se reelegendo ou elegendo sucessores. Na África do Sul, o partido de Nelson Mandela perdeu a sua força após 30 anos de hegemonia.

Entre as economias avançadas, os sinais são o aumento de gastos públicos e a ausência de ajuste fiscal, com dívidas soberanas mais altas e ainda crescentes. Isso implica juros mais altos por mais tempo, menos investimentos e pressões inflacionárias latentes.

As eleições para o Parlamento Europeu também surpreenderam, anos após o brexit e a invasão na Ucrânia. Os nacionalistas e a extrema direita aumentaram o número de cadeiras e, embora não tenham chegado à maioria, cresceram na Itália, em Portugal e na Alemanha, além de Áustria, Polônia e Holanda.

Na França, a governabilidade precisará ser bastante negociada. Foi surpreendente a convocação antecipada (em três anos) de eleições legislativas, a qual resultou em uma composição parlamentar fragmentada, com nenhuma das coalizões —Nova Frente Popular, de esquerda; a Aliança Centrista, do presidente Macron; a Reunião Nacional, da ultradireita— conseguindo maioria absoluta.

E, por fim, em poucos dias conheceremos o resultado das eleições presidenciais e congressuais nos Estados Unidos. Pesquisas denotam uma corrida bastante disputada, com os republicanos sinalizando leve vantagem nos estados que não têm a tradição de apoio persistente a um dos dois lados. O que mais atrai a atenção dos mercados são dois pontos: riscos de contestação do resultado, com atrasos na decisão final e mais fricções institucionais; e uma possível vitória majoritária —a Presidência e as duas Casas no Congresso— de um dos partidos, o que reduziria os freios e contrapesos nas discussões de medidas econômicas.

O que mais pesa são as propostas anunciadas na campanha. As estimativas de piora fiscal (aumento de gastos ou redução de impostos) giram em torno de 15% a 25% do PIB nos próximos dez anos. Espera-se ainda o acirramento do protecionismo, especialmente em relação a produtos chineses, com a imposição de tarifas, por parte dos republicanos, ou a aposta de mais subsídios para política industrial, no caso dos democratas.

Não bastasse, a questão geopolítica emerge com outros temas, que vão desde a influência para a redução do financiamento de guerras por meio do aumento de oferta e redução dos preços de petróleo até a retirada do suporte financeiro aos países envolvidos nelas (Israel e Ucrânia), passando pela rediscussão do papel das organizações multilaterais.

Ademais, o protecionismo e a fragmentação do comércio exterior retiram produtividade e crescimento da economia global. A eventual imposição de tarifas comerciais mais altas nos Estados Unidos concorre, com juros mais altos, para a valorização do dólar ao longo do tempo.

Assim, o quadro mais geral que emerge das mudanças políticas é um mundo que retrocede nos aspectos institucionais e na coordenação multilateral e, possivelmente, caminha para mais juros, menos crescimento e dólar mais valorizado, tal como nos anos 1980.

O Brasil abre novas oportunidades para escapar dessa tendência. As eleições municipais recentes sinalizaram um passo mais à direita, mas com ampliação do centro político, o que pode favorecer a busca por consensos e o equilíbrio de forças entre Poderes.

O eleitorado brasileiro indica redução da polarização, o que, se bem traduzido pelos representantes políticos, poderá nos levar para uma agenda mais pragmática. É urgente interromper o crescimento da dívida pública e do seu custo de financiamento, persistir na melhoria do ambiente de negócios (estamos próximos a uma reforma tributária), em políticas sociais mais efetivas e na promoção das vantagens comparativas.

Trata-se de um apelo para o senso de urgência que precisamos ter em relação à busca mais enfática pelo grau de investimento e pelo reposicionamento do Brasil nos mercados globais, com sustentação do seu processo de desenvolvimento.


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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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