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Estarão os fabricantes de automóveis alemães a explorar os trabalhadores sérvios? – DW – 27/11/2024

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7 meses atrásem
Cabelo roxo com mechas grisalhas emoldura o rosto de Mirjana Nesic. Ela está olhando para as mãos e diz que estão cansadas do trabalho. Ela é funcionária da Yura, fornecedora da indústria automotiva de propriedade da Coreia do Sul, em Leskovac, Sérvia. A senhora de 50 anos diz que precisa tomar analgésicos, mas eles quase não ajudam mais.
A pressão na fábrica Yura é intensa, acrescenta ela e começa a falar em “tortura psicológica”, alvos inatingíveis e proibição de usar o banheiro. A mídia sérvia até noticiou que os trabalhadores são forçados a usar fraldas durante o trabalho.
“Sinto-me mal quando entro lá”, diz Nesic. Ela precisa de medicação para dormir.
Há 13 anos, Nesic produz fiação automotiva para Yura em Leskovac – fiação que pode eventualmente se transformar em um elegante Mercedesou qualquer outra montadora alemã fornecida pela empresa.
Yura não é o único fornecedor de peças na Sérvia onde a mídia e os sindicatos descobriram violações de direitos humanos e leis trabalhistas. A empresa chinesa Linglong e o fornecedor alemão Leoni também estariam “explorando” a sua força de trabalho no país do sudeste europeu. Todas essas empresas fornecem montadoras alemãs como Mercedes, Audi, Volkswagen e BMW.
O medo reinando nas fábricas da Sérvia?
Desde 2023 o A Lei Alemã da Cadeia de Abastecimento está em vigor com o objectivo de proteger trabalhadores como Nesic. A lei responsabiliza as empresas por garantir o cumprimento dos direitos humanos e das normas ambientais em toda a cadeia de abastecimento. Isto inclui o direito à saúde e segurança no local de trabalho, salários justos e o direito de formar sindicatos.
No início deste ano, o Sindicato Independente dos Metalúrgicos da Sérvia queixou-se aos fabricantes de automóveis Mercedes e Audi sobre as condições de trabalho em Yura. Na sua queixa, o sindicato afirmou que os trabalhadores estão muitas vezes exaustos, mal pagos e expostos a produtos químicos perigosos. Além disso, o direito de greve e de realização de reuniões sindicais foi violado.
Predrag Stojanovic, que atua no sindicato, disse à DW que experimentou isso em primeira mão durante o Pandemia do covid-19 quando defendeu medidas de proteção no local de trabalho. Ele acabou sendo demitido por isso, mas depois entrou com uma ação legal e ganhou o caso.
Predrag Stojanovic e Mirjana Nesic estão entre os poucos trabalhadores que se atrevem a falar à imprensa. Em junho, Nesic juntou-se a cerca de metade da força de trabalho da fábrica de Leskovac para fazer greve.
“Os colegas me perguntaram como tive coragem de fazer isso. Eles acham que nós também não temos medo?” ela diz, acrescentando que sentia que as coisas não poderiam continuar como estavam.
UE aprova lei sobre direitos humanos na cadeia de abastecimento
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Violações investigadas por montadoras e autoridades
Yura fornece as montadoras alemãs premium Mercedes e Audi. Audi, uma subsidiária da Grupo Volkswagendisse à DW em comunicado que está “revisando” as condições em Yura, enquanto a Mercedes respondeu que está levando o assunto “muito a sério” e exigiu uma explicação de Yura após saber das acusações.
Além disso, a empresa disse que contratou uma empresa de auditoria independente para realizar uma “avaliação de sustentabilidade reconhecida internacionalmente”. Caso seja encontrada qualquer má conduta, ações corretivas serão tomadas, afirmou Mercedes. Yura não respondeu às alegações dentro do prazo editorial.
A Lei Alemã da Cadeia de Abastecimento permite que indivíduos, sindicatos e organizações sem fins lucrativos afetados tomem medidas contra violações dos direitos humanos ou violações ambientais. As reclamações podem ser apresentadas ao Gabinete Federal de Assuntos Económicos e Controlo de Exportações (BAFA) na Alemanha. O escritório também pode iniciar investigações com base em reportagens da mídia e impor multas após uma investigação.
O sindicato dos metalúrgicos sérvios apresentou uma queixa à BAFA relativamente à exploração em Yura em Junho de 2024, mas ainda não recebeu resposta.
Annabell Brüggemann, consultora jurídica do Centro Europeu para os Direitos Constitucionais e Humanos, diz ter experimentado a resposta lenta do BAFA às acusações das suas próprias queixas e critica que as pessoas afetadas não estejam envolvidas no procedimento.
“Alguns casos estão em andamento há mais de um ano, mas não sabemos o que a BAFA exigiu das empresas”, disse Brüggemann à DW.
Segundo a BAFA, receberam um total de 221 reclamações desde a promulgação da nova lei, três das quais são da Sérvia. Do total, 161 processos foram julgados improcedentes, restando 60 denúncias ativas. A BAFA afirma que não impôs uma única penalidade até agora.
Clamor público em toda a Sérvia
As alegadas violações causaram protestos públicos na Sérvia depois de vários meios de comunicação, incluindo o canal de notícias por cabo N1, o semanário Temposo portal de notícias Juzne Vesti, bem como os sindicatos, relataram que outros fornecedores da indústria automóvel no país também estão a violar os direitos dos seus trabalhadores.
Foram feitas acusações, por exemplo, contra a empresa alemã Leoni – detida maioritariamente pela empresa chinesa Luxshare desde 2024 – e o fabricante chinês de pneus Linglong.
Leoni é um fornecedor importante da montadora alemã BMW, enquanto a Linglong tem ligações com o Grupo Volkswagen. Em declarações à DW, dois trabalhadores de Leoni descreveram as condições de trabalho como “exploradoras”, e outro trabalhador da fábrica de Leoni em Prokuplje afirmou que o seu dia de trabalho era marcado por “terror psicológico”, citando “salários baixos, alvos absurdos e assédio”.
Em resposta a um pedido de comentário da DW, Leoni rejeitou as acusações, afirmando que “em qualquer organização deste tamanho, haverá inevitavelmente alguns indivíduos que agem de forma irresponsável contra as regras e diretrizes internas”. Tal comportamento levará a ações disciplinares, podendo inclusive demissão, diz Leoni.
A BMW disse à DW que leva as acusações muito a sério e solicitou uma declaração de Leoni. A Volkswagen respondeu brevemente, dizendo que não comenta acusações “potenciais individuais” contra seus fornecedores, mas nos garantiu que investigará completa e prontamente todos os relatos.
A Lei da Cadeia de Suprimentos é uma lei sem força?
Annabell Brüggemann acha que o problema com a Lei da Cadeia de Abastecimento da Alemanha é que os trabalhadores muitas vezes não sabem disso ou mesmo que a sua empresa faz parte de uma cadeia de abastecimento para a Alemanha.
Hendrik Simon, cientista político do think tank Research Institute for Social Cohesion, critica que o projecto original foi diluído no processo de tomada de decisão política, de modo que “não há cláusula sobre responsabilidade civil”, por exemplo.
Os defensores alemães de uma legislação mais forte depositam agora as suas esperanças de melhoria em a nova Lei da Cadeia de Abastecimento da UEque foi aprovada este ano e deve ser adotada pela Alemanha. Inclui a possibilidade de os requerentes processarem as empresas por danos nos tribunais civis dos Estados-Membros da UE.
No entanto, o trabalhador da fábrica Leoni em Prokuplje com quem a DW conversou acredita que nada mudará. “Farei tudo o que puder para encontrar outro emprego”, diz ela.
Este artigo foi publicado originalmente em alemão. Foi compilado com a ajuda do Journalismfund Europe, uma organização independente sem fins lucrativos que promove o jornalismo investigativo transfronteiriço.
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MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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