NOSSAS REDES

ACRE

EUA: Pare de fingir que cidadãos não pensam como Trump – 06/11/2024 – Mundo

PUBLICADO

em

Carlos Lozada

Lembro-me de quando Donald Trump não era considerado um político normal.

Lembro-me de quando Trump era uma febre que passaria.

Lembro-me de quando a candidatura de Trump era tida como uma piada.

Lembro-me de quando Trump era notícia na seção de entretenimento.

Lembro-me de quando Trump nunca se tornaria o candidato republicano.

Lembro-me de quando Trump não poderia ganhar a eleição geral.

Lembro-me de quando Trump era culpa da mídia.

Lembro-me de quando Trump ganhou porque Hillary Clinton era antipática.

Lembro-me de quando a vitória de Trump em 2016 foi um acaso.

Lembro-me de quando o cargo de presidente moderaria Trump.

Lembro-me de quando os adultos na sala o conteriam.

Lembro-me de quando a ligação para a Ucrânia foi longe demais.

Lembro-me de quando Trump aprendeu a lição após o primeiro pedido de impeachment.

Lembro-me de quando o 6 de Janeiro seria o fim da carreira política de Trump.

Lembro-me de quando as eleições do meio mandato, em 2022, significavam que o país estava seguindo em frente.

Lembro-me de quando as acusações contra Trump fariam os eleitores hesitarem.

Lembro-me de quando as condenações criminais de Trump fariam os eleitores hesitarem.

Lembro-me de quando Trump ganharia porque Joe Biden era velho.

Lembro-me de quando a alegria de Kamala Harris superaria o alarmismo de Trump.

Lembro-me de quando Trump era estranho.

Lembro-me de quando Trump não era quem nós somos.

Houve tantas tentativas de explicar a influência de Trump na política e na imaginação cultural do país, de reinterpretá-lo como aberrante e temporário. Normalizar Trump tornou-se um insulto ao bom gosto, às normas, ao experimento americano.

Agora podemos deixar de lado tais ilusões. Trump é parte de quem somos. Quase 63 milhões de americanos votaram nele em 2016. Mais de 74 milhões o fizeram em 2020. E agora, mais uma vez, eleitores suficientes, em lugares suficientes, decidiram devolvê-lo à Casa Branca. Trump não é um acaso, e o trumpismo não é uma moda passageira.

Afinal, o que é mais normal do que algo que continua acontecendo?

Nos últimos anos, muitas vezes me perguntei se Trump mudou os Estados Unidos ou os revelou. Decidi que foi ambos —ele mudou o país ao revelá-lo. Após o dia da eleição, estou considerando um adendo: Trump nos mudou ao revelar o quão normal, quão verdadeiramente americano, ele é.

Ao longo da vida de Trump, ele incorporou todas as fascinações nacionais: dinheiro e ganância nos anos 1980, escândalos sexuais nos anos 1990, reality shows nos anos 2000, redes sociais nos anos 2010. Por que não o mereceríamos agora?

No início, parecia difícil entender que realmente tínhamos feito isso. Nem mesmo Trump parecia acreditar em sua vitória naquela noite de novembro de 2016. Tínhamos muitas desculpas, algumas exculpatórias, outras condenatórias. A ressaca da Grande Recessão. Cansaço com guerras intermináveis. Uma reação racista contra o primeiro presidente negro. Um surto populista na América e além. Mortes por desespero. Se não fosse por essa mistura potente, certamente ninguém como Trump jamais teria chegado ao poder.

Agora inventaremos mais, não importa o quão contraditórios ou consistentes os argumentos possam ser. Se ao menos Kamala estivesse mais sintonizada com o sofrimento na Faixa de Gaza ou mais apoiadora de Israel. Se ao menos ela tivesse escolhido Josh Shapiro, o governador da Pensilvânia, como seu companheiro de chapa. Se ao menos a fúria persistente sobre a Covid tivesse recaído sobre Trump.

Se ao menos Kamala não tivesse sido tão centrista ou se, ao menos, ela não fosse uma progressista californiana, escondendo todas aquelas posições que deixou escapar em sua campanha de 2019. Se ao menos Biden não tivesse demorado tanto para se retirar da corrida ou se ele não tivesse murmurado coisas sobre lixo.

Kamala descreveu Trump como um fascista, um tirano mesquinho. Ela o chamou de divisivo, raivoso, ressentido. E esse era um argumento inteligente a ser feito se, no fundo, a maioria dos eleitores prezasse a democracia e se tantos deles já não estivessem raivosos.

Se tudo o que os EUA precisavam era de um argumento articulado sobre por que Trump era ruim, então Kamala era a candidata certa com a mensagem certa no momento certo. A promotora que derrotaria o criminoso.

Mas os eleitores ouviram seu argumento e ainda assim decidiram a favor do réu. Um político que admira ditadores e diz que será um por um dia. O que era considerado anormal, até mesmo antiamericano, foi redefinido como aceitável e reafirmado como preferível.

A campanha de Kamala, assim como a campanha de Biden, trabalhou sob a falsa impressão de que mais exposição a Trump repeliria os eleitores. Eles simplesmente devem ter se esquecido do caos de sua Presidência, o desgosto que o ex-presidente certamente inspirou.

“Eu conheço o tipo de Donald Trump”, disse Kamala, comparando-o aos criminosos e predadores que ela enfrentou como promotora na Califórnia. Ela até instou os eleitores a assistirem aos comícios de Trump —para testemunhar os momentos que ultrapassavam limites— como se isso imunizasse os cidadãos contra ele.

Não funcionou. Os EUA conheciam seu tipo também, e gostavam disso. Trump falava para e por seus eleitores. Ele ganhou por causa disso, não apesar disso.

Trump há muito confunde a si mesmo com os EUA, com as ambições de seu povo. “Quando você mexe com o sonho americano, você está do lado de luta de Trump”, ele escreveu em “A América que Merecemos”, publicado em 2000.

Os democratas tentaram arduamente perfurar essas fantasias durante a campanha. Eles arrecadaram quantias absurdas de dinheiro. Eles empurraram o presidente em exercício, o porta-estandarte de seu partido, para fora da corrida, uma vez que ficou claro que ele não venceria. Eles o substituíram por uma candidata mais jovem e dinâmica que derrotou Trump no único debate presidencial entre os dois.

Nada disso foi suficiente. Os EUA votaram cedo, antes de qualquer cédula de correio estar disponível, e deu a Trump o “mandato poderoso” que ele reivindicou nas primeiras horas da manhã desta quarta.

Desta vez, essa escolha veio com pleno conhecimento de quem Trump é, como ele se comporta no cargo e o que ele fará para permanecer lá.

A racionalização de 2016 —que Trump foi um voto de protesto feito por americanos desesperados tentando enviar uma mensagem ao establishment de ambos os partidos— não é mais operativa. O grotesco comício no Madison Square Garden não foi uma anomalia, mas uma soma. Foi o argumento final do trumpismo, e ele foi aceito.



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

ACRE

Ufac promove ações pelo fim da violência contra a mulher — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

WhatsApp Image 2025-08-25 at 12.37.17 (1).jpeg

A Ufac realizou ações de conscientização pelo fim da violência contra a mulher, em alusão à campanha Agosto Lilás. A programação, que ocorreu nesta segunda-feira, 25, incluiu distribuição de adesivos na entrada principal do campus-sede, às 7h, com a participação de pró-reitores, membros da administração superior e servidores, que entregaram mais de 2 mil adesivos da campanha às pessoas que acessavam a instituição. Outro adesivaço foi realizado no Restaurante Universitário (RU), às 11h.

“É uma alegria imensa a Ufac abraçar essa causa tão importante, que é a não violência contra a mulher”, disse a reitora Guida Aquino. “Como mulher, como mãe, como gestora, como cidadã, eu defendo o nosso gênero. Precisamos de mais carinho, mais afeto, mais amor e não violência. Não à violência contra a mulher, sigamos firmes e fortes.”
Até 12h, o estacionamento do RU recebeu o Ônibus Lilás, da Secretaria de Estado da Mulher, oferecendo atendimento psicológico, jurídico e outras orientações voltadas ao enfrentamento da violência contra a mulher.

Agosto Lilás



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Evento no PZ para estudantes do Ifac difunde espécies botânicas — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Evento no PZ para estudantes do Ifac difunde espécies botânicas (1).jpg

A Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex) da Ufac realizou a abertura do Floresta em Evidência, nesta quarta-feira, 20, no auditório da Associação dos Docentes (Adufac). O projeto de extensão segue até quinta-feira, 21, desenvolvido pelo Herbário do Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac em parceria com o Instituto Federal do Acre (Ifac) e o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. A iniciativa tem como público-alvo estudantes do campus Transacreana do Ifac.

O projeto busca difundir conhecimentos teóricos e práticos sobre coleta, identificação e preservação de espécies botânicas, contribuindo para valorização da biodiversidade amazônica e fortalecimento da pesquisa científica na região.

Representando a Proex, a professora Keiti Roseani Mendes Pereira enfatizou a importância da extensão universitária como espaço de democratização do conhecimento. “A extensão nos permite sair dos muros da universidade e alcançar a sociedade.”

O coordenador do PZ, Harley Araújo, destacou a contribuição do parque para a conservação ambiental e a formação de profissionais. “A documentação botânica está diretamente ligada à conservação. O PZ é uma unidade integradora da universidade que abriga mais de 400 espécies de animais e mais de 340 espécies florestais nativas.”

A professora do Ifac, Rosana Cavalcante, lembrou que a articulação entre instituições é fundamental para consolidar a pesquisa no Acre. “Ninguém faz ciência sozinho. Esse curso é fruto de parcerias e amizades acadêmicas que nos permitem avançar. Para mim, voltar à Ufac nesse contexto é motivo de grande emoção.”

A pesquisadora Viviane Stern ressaltou a relevância da etnobotânica como campo de estudo voltado para a interação entre pessoas e plantas. “A Amazônia é enorme e diversa; conhecer essa relação entre comunidades e a floresta é essencial para compreender e preservar. Estou muito feliz com a recepção e em poder colaborar com esse trabalho em parceria com a Ufac e o Ifac.”

O evento contou ainda com a palestra da professora Andréa Rocha (Ufac), que abordou o tema “Justiça Climática e Produção Acadêmica na Amazônia”.

Nesta quarta-feira, à tarde, no PZ, ocorre a parte teórica do minicurso “Coleta e Herborização: Apoiando a Documentação da Sociobiodiversidade na Amazônia”. Na quinta-feira, 21, será realizada a etapa prática do curso, também no PZ, encerrando o evento.



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Ufac recebe deputado Tadeu Hassem e vereadores de Capixaba para tratar de cursos e transporte estudantil — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Ufac recebe deputado Tadeu Hassem e vereadores de Capixaba para tratar de cursos e transporte estudantil.jpg

A reitora da Universidade Federal do Acre (Ufac), Guida Aquino, recebeu, na manhã desta segunda-feira, 18, no gabinete da reitoria, a visita do deputado estadual Tadeu Hassem (Republicanos) e de vereadores do município de Capixaba. A pauta do encontro envolveu a possibilidade de oferta de cursos de graduação no município e apoio ao transporte de estudantes daquele município que frequentam a instituição em Rio Branco.

A reitora Guida Aquino destacou que a interiorização do ensino superior é um compromisso da universidade, mas depende de emendas parlamentares para custeio e viabilização dos cursos. “O meu partido é a educação, e a universidade tem sido o caminho de transformação para jovens do interior. É por meio de parcerias e recursos destinados por parlamentares que conseguimos levar cursos fora da sede. Precisamos estar juntos para garantir essas oportunidades”, afirmou.

Atualmente, 32 alunos de Capixaba estudam na Ufac. A demanda apresentada pelos parlamentares inclui parcerias com o governo estadual para garantir transporte adequado, além da implantação de cursos a distância por meio do polo da Universidade Aberta do Brasil (UAB), em parceria com a prefeitura.

O deputado Tadeu Hassem reforçou o pedido de apoio e colocou seu mandato à disposição para buscar soluções junto ao governo estadual. “Estamos tratando de um tema fundamental para Capixaba. Queremos viabilizar transporte aos estudantes e também novas possibilidades de cursos, seja de forma presencial ou a distância. Esse é um compromisso que assumimos com a população”, declarou.

A vereadora Dra. Ângela Paula (PL) ressaltou a transformação pessoal que viveu ao ingressar na universidade e defendeu a importância de ampliar esse acesso para jovens de Capixaba. “A universidade mudou minha vida e pode mudar a vida de muitas outras pessoas. Hoje, nossos alunos têm dificuldades para se deslocar e muitos desistem do sonho. Precisamos de sensibilidade para garantir oportunidades de estudo também no nosso município”, disse.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Abreu Damasceno; o presidente da Câmara Municipal de Capixaba, Diego Paulista (PP); e o advogado Amós D’Ávila de Paulo, representante legal do Legislativo municipal.



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

MAIS LIDAS