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FEIJÓ: Estudo mostra desmatamento evitado na Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda

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A pesquisa revela resultados de pesquisa sobre desmatamento evitado na Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda, localizada em Feijó (AC). Os resultados do estudo revelam que nos últimos 26 anos o desmatamento evitado na Terra Indígena corresponde a uma redução de 61.011 toneladas de carbono que deixaram de ser emitidas na atmosfera.

Capa: foto da floresta da Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda (crédito: Moacir Haverroth).

Com o objetivo de conhecer os índices de desmatamento na Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda, pesquisadores da Embrapa Acre e instituições parceiras estudaram o uso do solo e da floresta durante três anos. A conclusão é que a forma como o povo Kaxinawá pratica a agricultura e a relação harmoniosa com a natureza contribuem para manter a floresta em pé, com possibilidades de gerar renda para a comunidade, pela prestação de serviços ambientais.

De acordo com o pesquisador Moacir Haverroth, além de gerar informações sobre o desmatamento na Terra Indígena, com acréscimos e decréscimos, o estudo mostra como os Kaxinawá de Nova Olinda, com um modo de vida particular, têm ajudado a preservar a floresta e contribuído para reduzir as emissões de carbono na atmosfera, principal gás responsável pelo aquecimento do planeta. “Os moradores da Terra Indígena, principais beneficiários desse trabalho, poderão utilizar esse conhecimento como fonte confiável para buscar iniciativas de compensação por serviços ambientais, uma forma de conservar a floresta e fortalecer a sua própria cultura”, diz.

A pesquisa participativa faz parte do projeto “Etnoconhecimento e agrobiodiversidade entre os Kaxinawá de Nova Olinda – fase 2”, executado em parceria com o Instituto de Mudanças Climáticas e Regulação de Serviços Ambientais (IMC), Universidade Federal do Acre e outras instituições, entre 2014 e 2018.  Além de conhecimentos sobre o potencial da Terra Indígena para a prestação de serviços ambientais, o estudo teve o intuito de indicar caminhos para alinhamento das emissões de Gases de Efeito Estufa (GEE) evitadas à política ambiental do Estado, especialmente o Programa ISa Carbono, que possibilita a captação de recursos financeiros pela conservação, preservação ou recuperação de ativos florestais e promove a repartição dos benefícios.

Práticas agrícolas sustentáveis

Localizada no Alto Rio Envira, município de Feijó, a Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda é formada pelas aldeias Novo Segredo, Boa Vista, Nova Olinda, Porto Alegre, e Formoso e ocupa uma área de 27.852 hectares. O estudo revelou que desse total, foram convertidos 735 hectares de floresta, o que representa 2,6% do território. Os pesquisadores avaliaram um período de 26 anos e constataram que a maior taxa anual de desmatamento registrada foi de 48,9 hectares, em 2008, e a menor, 1,7 hectares, em 2015.

Segundo a publicação, os maiores índices de conversão da floresta primária foram gerados no início do processo de ocupação da Terra Indígena, entre 1990 e 2000, e a menor conversão foi registrada na atual década, devido à intensificação do uso de áreas já desmatadas, com inserção de consórcios agroflorestais e redução das áreas de pastagens existentes antes da homologação da Terra Indígena. Outro aspecto evidenciado pelo estudo é a redução na área utilizada pelas famílias, para os cultivos agrícolas, de 0,28 para 0,17 hectares, mesmo com aumento da população indígena em cerca de 30%, indicando um uso mais racional dos recursos florestais.

O ponto chave para a redução do desmatamento, segundo a pesquisa, é a dinâmica de uso da terra na agricultura que, embora ainda tenha como base a derruba e queima, ocorre em pequenos espaços e em forma de rotação, priorizando áreas de capoeira para implantação de roçados. Para o líder comunitário Aldeni Matos Kaxinawá, presidente da Associação dos Seringueiros, Agricultores e Artesãos Kaxinawá de Nova Olinda (Aspakno), o cenário de preservação na Terra Indígena está relacionado à própria sobrevivência do povo Kaxinawá.

“Temos uma relação histórica e cultural com a agricultura e um conhecimento ancestral que ajuda a evitar o desmatamento na produção agrícola. Cuidando da floresta conservamos também os rios e igarapés, animais e a medicina indígena, que é uma forma de manter a nossa cultura viva e fortalecida. Esses recursos naturais representam uma vida com dignidade, independência e abundância para as famílias Kaxinawá de hoje e para as futuras gerações”, explica.

Desmatamento evitado e créditos de carbono

O estudo publicado considerou a série histórica de 1990 a 2018. A avaliação do desmatamento na Terra Indígena foi realizada a partir do inventário florestal, de dados coletados pelo Lidar (Light Detection And Ranging), sistema que opera com equipamento a laser aerotransportado, e imagens de satélite. O cálculo estimativo apurou um estoque médio de 6.237.632 toneladas de biomassa seca acumulada na floresta.

No processo de transformação do desmatamento evitado em créditos de carbono (CO2), a mensuração das reduções das emissões foi feita pelo método de construção do nível de referência para esse cálculo apresentado pelo governo federal à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC), em 2014. “Com base no estoque de biomassa florestal e na metodologia escolhida, em 26 anos, período utilizado para contabilizar os ativos florestais, o desmatamento evitado na Terra Indígena Kaxinawá de Nova Olinda corresponde a uma redução de 61.011 toneladas nas emissões de carbono na atmosfera”, enfatiza Amaral.

Charles de Oliveira, Chefe do Departamento de Monitoramento do IMC, integrante da equipe de estudos na Terra Indígena, explica que em função da ausência de um nível de referência nacional para contabilizar a redução das emissões de carbono, até 2015 o método utilizado no Acre era o Carbon Standard (ACS) Jurisdicional, desenvolvido no Estado. “Com a aprovação da metodologia do governo brasileiro, passamos a adotar a ferramenta por ser simplificada e oferecer a possibilidade de alinhamento com a política nacional de serviços ambientais”, diz.

O estudo revelou, ainda, a média anual de emissões evitadas na Terra indígena, calculada em 3.813 toneladas de carbono. A estimativa de remuneração por desmatamento evitado é 22 mil dólares por ano, algo em torno de 120 mil reais, com um total aproximado de 366 mil dólares no horizonte de 20 anos.

Resultado prático

Como primeiro resultado da vinculação do estudo com a provisão de serviços ambientais na Terra Indígena, os Kaxinawá de Nova Olinda, por meio da Associação, aprovaram um projeto junto ao IMC, que resultou no recebimento de recursos do programa REM, iniciativa do governo estadual, apoiada pelo Banco Alemão de Desenvolvimento-KFW, que se fundamenta em pagamento baseado em performance na proteção florestal e mitigação das mudanças climáticas.

Segundo Aldeni Kaxinawá, os recursos permitiram reformar o espaço cultural onde são realizadas as festas e rituais tradicionais da cultura kaxinawá. “A expectativa é aprovar novos projetos para contabilizar as emissões evitadas e converter esses recursos em melhoria para a comunidade. Queremos investir em novas estratégias de produção agrícola e no fortalecimento cultural, especialmente o artesanato feminino, para continuar conservando a floresta e gerando renda para as famílias”, afirma.

Os resultados do estudo estão no documento “Evolução do Uso e Desmatamento Evitado na Terra Indígena Kaxinawá Nova Olinda, Feijó, AC, Brasil”, disponível em formato digital no site da Embrapa Acre (https://www.embrapa.br/acre).

 

Por: Diva Gonçalves. ASCOM/Embrapa Acre

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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre

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Curso de Medicina Veterinária da Ufac promove 4ª edição do Universo VET — Universidade Federal do Acre

As escolas da rede municipal realizam visitas guiadas aos espaços temáticos montados especialmente para o evento. A programação inclui dois planetários, salas ambientadas, mostras de esqueletos de animais, estudos de células, exposição de animais de fazenda, jogos educativos e outras atividades voltadas à popularização da ciência.

A pró-reitora de Inovação e Tecnologia, Almecina Balbino, acompanhou o evento. “O Universo VET evidencia três pilares fundamentais: pesquisa, que é a base do que fazemos; extensão, que leva o conhecimento para além dos muros da Ufac; e inovação, essencial para o avanço das áreas científicas”, afirmou. “Tecnologias como robótica e inteligência artificial mostram como a inovação transforma nossa capacidade de pesquisa e ensino.”

A coordenadora do Universo VET, professora Tamyres Izarelly, destacou o caráter formativo e extensionista da iniciativa. “Estamos na quarta edição e conseguimos atender à comunidade interna e externa, que está bastante engajada no projeto”, afirmou. “Todo o curso de Medicina Veterinária participa, além de colaboradores da Química, Engenharia Elétrica e outras áreas que abraçaram o projeto para complementá-lo.”

Ela também reforçou o compromisso da universidade com a democratização do conhecimento. “Nosso objetivo é proporcionar um dia diferente, com aprendizado, diversão, jogos e experiências que muitos estudantes não têm a oportunidade de vivenciar em sala de aula”, disse. “A extensão é um dos pilares da universidade, e é ela que move nossas ações aqui.”

A programação do Universo VET segue ao longo do dia, com atividades interativas para estudantes e visitantes.

(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)



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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre

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Doutorandos da Ufac elaboram plano de prevenção a incêndios no PZ — Universidade Federal do Acre

Doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Biodiversidade e Biotecnologia da Amazônia Legal (Rede Bionorte) apresentaram, na última quarta-feira, 19, propostas para o primeiro Plano de Prevenção e Ações de Combate a Incêndios voltado ao campus sede e ao Parque Zoobotânico da Universidade Federal do Acre (Ufac). A atividade foi realizada na sala ambiente do PZ, como resultado da disciplina “Fundamentos de Geoinformação e Representação Gráfica para a Análise Ambiental”, ministrada pelo professor Rodrigo Serrano.

A ação marca a primeira iniciativa formalizada voltada à proteção do maior fragmento urbano de floresta em Rio Branco. As propostas foram desenvolvidas com o apoio de servidores do PZ e utilizaram ferramentas como o QGIS, mapas mentais e dados de campo.

Entre os produtos apresentados estão o Mapa de Risco de Fogo, com análise de vegetação, áreas urbanas e tráfego humano, e o Mapa de Rotas e Pontos de Água, com trilhas de evacuação e açudes úteis no combate ao fogo.

Os estudos sugerem a criação de um Plano Permanente com ações como: Parcerias com o Corpo de Bombeiros; Definição de rotas de fuga e acessos de emergência; Manutenção de aceiros e sinalização; Instalação de hidrantes ou reservatórios móveis; Monitoramento por drones; Formação de brigada voluntária e contratação de brigadistas em período de estiagem.

O Parque Zoobotânico abriga 345 espécies florestais e 402 de fauna silvestre. As medidas visam garantir a segurança da área, que integra o patrimônio ambiental da universidade.

“É importante registrar essa iniciativa acadêmica voltada à proteção do Campus Sede e do PZ”, disse Harley Araújo da Silva, coordenador do Parque Zoobotânico. Ele destacou “a sensibilidade do professor Rodrigo Serrano ao propor o desenvolvimento do trabalho em uma área da própria universidade, permitindo que os doutorandos apliquem conhecimentos técnicos de forma concreta e contribuam diretamente para a gestão e segurança” do espaço.

Participaram da atividade os doutorandos Alessandro, Francisco Bezerra, Moisés, Norma, Daniela Silva Tamwing Aguilar, David Pedroza Guimarães, Luana Alencar de Lima, Richarlly da Costa Silva e Rodrigo da Gama de Santana. A equipe contou com apoio dos servidores Nilson Alves Brilhante, Plínio Carlos Mitoso e Francisco Félix Amaral.

 



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Ufac sedia 10ª edição do Seminário de Integração do PGEDA — Universidade Federal do Acre

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Ufac sedia 10ª edição do Seminário de Integração do PGEDA — Universidade Federal do Acre

A Rede Educanorte é composta por universidades da região amazônica que ofertam doutorado em Educação de forma consorciada. A proposta é formar pesquisadores capazes de compreender e enfrentar os desafios educacionais da Amazônia, fortalecendo a pós-graduação na região.

Coordenadora geral da Rede Educanorte, a professora Fátima Matos, da Universidade Federal do Pará (UFPA), destacou que o seminário tem como objetivo avaliar as atividades realizadas no semestre e planejar os próximos passos. “A cada semestre, realizamos o seminário em um dos polos do programa. Aqui em Rio Branco, estamos conhecendo de perto a dinâmica do polo da Ufac, aproximando a gestão da Rede da reitoria local e permitindo que professores, coordenadores e alunos compartilhem experiências”, explicou. Para ela, cada edição contribui para consolidar o programa. “É uma forma de dizer à sociedade que temos um doutorado potente em Educação. Cada visita fortalece os polos e amplia o impacto do programa em nossas cidades e na região Norte.”

Durante a cerimônia, o professor Mark Clark Assen de Carvalho, coordenador do polo Rio Branco, reforçou o papel da Ufac na Rede. “Em 2022, nos credenciamos com sete docentes e passamos a ser um polo. Hoje somos dez professores, sendo dois do Campus Floresta, e temos 27 doutorandos em andamento e mais 13 aprovados no edital de 2025. Isso representa um avanço importante na qualificação de pesquisadores da região”, afirmou.

Mark Clark explicou ainda que o seminário é um espaço estratégico. “Esse encontro é uma prática da Rede, realizado semestralmente, para avaliação das atividades e planejamento do que será desenvolvido no próximo quadriênio. A nossa expectativa é ampliar o conceito na Avaliação Quadrienal da Capes, pois esse modelo de doutorado em rede é único no país e tem impacto relevante na formação docente da região norte”, pontuou.

Representando a reitora Guida Aquino, o diretor de pós-graduação da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg), Lisandro Juno Soares, destacou o compromisso institucional com os programas em rede. “A Ufac tem se esforçado para estruturar tanto seus programas próprios quanto os consorciados. O Educanorte mostra que é possível, mesmo com limitações orçamentárias, fortalecer a pós-graduação, utilizando estratégias como captação de recursos por emendas parlamentares e parcerias com agências de fomento”, disse.

Lisandro também ressaltou os impactos sociais do programa. “Esses doutores e doutoras retornam às suas comunidades, fortalecem redes de ensino e inspiram novas gerações a seguir na pesquisa. É uma formação que também gera impacto social e econômico.”

A coordenadora regional da Rede Educanorte, professora Ney Cristina Monteiro, da Universidade Federal do Pará (UFPA), lembrou o esforço coletivo na criação do programa e reforçou o protagonismo da região norte. “O PGEDA é hoje o maior programa de pós-graduação da UFPA em número de docentes e discentes. Desde 2020, já formamos mais de 100 doutores. É um orgulho fazer parte dessa rede, que nasceu de uma mobilização conjunta das universidades amazônicas e que precisa ser fortalecida com melhores condições de funcionamento”, afirmou.

Participou também da mesa de abertura o vice-reitor da Ufac, Josimar Batista Ferreira.



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