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Filme de Charlie Chaplin é restaurado ao original – 30/01/2025 – Ilustrada

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To Save and Project, a mostra anual de preservação de filmes do Museu de Arte Moderna, encerrará na noite de quinta-feira com uma exibição de “Shoulder Arms” de Charlie Chaplin. Estrelando Chaplin como um soldado americano durante a Primeira Guerra Mundial, esta comédia, que dura cerca de 40 minutos, tem encantado o público desde sua estreia em outubro de 1918.

No entanto, cada tomada e cada quadro na restauração do MoMA, que é um trabalho em andamento, provavelmente diferem do que a maioria dos espectadores assistiu no último século. “É um filme desconhecido de Chaplin, de fato, que ninguém realmente viu como foi lançado”, disse Dave Kehr, curador do departamento de filmes do museu. (Antes de se juntar ao MoMA, Kehr foi colaborador de longa data do The New York Times.)

A versão que Chaplin distribuiu nos Estados Unidos em 1918 não é a versão que circulou aqui por décadas. Entender o porquê requer uma explicação de como o filme foi feito —e então, em certo sentido, refeito.

Chaplin filmou “Shoulder Arms” com duas câmeras, como era prática comum na era do cinema mudo. A Kodak ainda não havia desenvolvido um estoque para fazer negativos duplicados, e Chaplin precisava criar mais de um negativo para produzir cópias suficientes do filme para satisfazer seu público mundial. “Um filme de Chaplin era um evento, mesmo em 1918”, disse Scott Eyman, autor da recente biografia “Charlie Chaplin vs. America.”

A partir das filmagens feitas com as duas câmeras, Chaplin montou quatro versões de “Shoulder Arms”. A principal delas era o que se chama de negativo A —aquele que incorporava as tomadas preferidas de Chaplin de seus ângulos de câmera preferidos. Esse negativo foi usado para fazer cópias do filme para os cinemas americanos em 1918.

Para outros mercados, Chaplin criou um negativo B (suas tomadas preferidas do ângulo de câmera não utilizado), um negativo C (suas segundas escolhas de tomadas de seu ângulo preferido) e um negativo D (suas segundas escolhas de tomadas do outro ângulo). Isso significava que o público em diferentes continentes via versões de “Shoulder Arms” que eram próximas, mas não iguais.

Por mais que os editores da época tentassem fazer os negativos se conformarem, disse Eyman, “As tomadas eram sempre ligeiramente diferentes, especialmente com um comediante como Chaplin, que trabalhava fisicamente e no momento.”

Uma reviravolta ocorreu em 1943, quando o Exército dos EUA perguntou se Chaplin disponibilizaria “Shoulder Arms” como um incentivo moral para as tropas da Segunda Guerra Mundial. Essa perspectiva encantou o diretor, escreveu seu biógrafo David Robinson no livro de 1985 “Chaplin: His Life and Art.”

Mas havia um problema: Naquele ponto, a degradação significava que o negativo A não podia mais ser usado. Devido ao desbotamento da imagem, qualquer cópia feita a partir dele basicamente mostraria uma tela preta, explicou Peter Williamson, gerente de conservação de filmes do MoMA, em uma apresentação.

O negativo B teria sido inacessível para Chaplin devido a questões complicadas de direitos —e, de qualquer forma, ele havia sido destruído em um incêndio em 1938. Isso significava que Rollie Totheroh, o cinematógrafo regular de Chaplin, tinha apenas os negativos C e D para trabalhar ao fazer cópias para as exibições do exército.

Para complicar ainda mais, o exército exibiu “Shoulder Arms” em projetores de som, que rodavam a 24 quadros por segundo, uma taxa mais rápida do que os projetores usavam em 1918. Para ajustar para esses projetores, o filme foi impresso com estiramento, o que significa que certos quadros foram duplicados para acelerar o filme. Como consequência, muitos movimentos em “Shoulder Arms” pareceriam trêmulos.

Finalmente, a revisão dos anos 1940 foi cortada e impressa com estiramento em um padrão diferente, disse Williamson, quando foi incluída em “The Chaplin Revue”, um longa-metragem de 1959 que reuniu “Shoulder Arms” e dois outros filmes de Chaplin: “A Dog’s Life” (1918) e “The Pilgrim” (1923).

É este “Shoulder Arms”, de 1959, que geralmente é usado em lançamentos oficiais hoje. Mas a maior parte dele, disse Williamson, veio do negativo D, as segundas escolhas de Chaplin de seus ângulos de segunda escolha. E devido à impressão com estiramento, muito do movimento ainda parece trêmulo.

A partir de 2021, Adrian Gerber, arquivista e historiador de cinema, trabalhou com o arquivo suíço Lichtspiel/Kinemathek Bern em um projeto para localizar e catalogar todas as cópias de filme sobreviventes de “Shoulder Arms”. O MoMA havia relatado suas cópias, mas Gerber disse que não estava ciente da restauração até este fim de semana.

“Estamos bastante felizes, porque esse era o objetivo básico do nosso projeto de pesquisa”, disse ele. “Queríamos fazer uma pesquisa para realizar uma restauração adequada.” Lichtspiel é um pequeno arquivo, disse ele, e deixou claro que não tinha os recursos para restaurar o filme por conta própria.

O objetivo do MoMA era reconstruir o filme que o público americano viu em 1918. O que está sendo exibido na quinta-feira foi montado tanto quanto possível a partir de cópias sobreviventes baseadas no material original do negativo A. É um trabalho em andamento porque o MoMA teve que recorrer a cópias de 16 milímetros e 28 milímetros para uma pequena parte do filme. Quando essas seções aparecerem em 35 milímetros, a restauração poderá ser concluída.

A impressão com estiramento foi eliminada, no entanto, e “Shoulder Arms” agora roda a uma taxa mais apropriada para o período de 20 quadros por segundo. O equivalente mais próximo a esta versão, uma reedição que a Pathé lançou domesticamente em 1927, havia usado o negativo A, mas alterou os cartões de título, que agora foram restaurados para como eram em 1918.

Você precisaria de uma comparação lado a lado para ver como todas as tomadas divergem, mas algumas variações são marcantes.

Na restauração, quando o soldado de infantaria interpretado por Chaplin é mostrado entrando em uma trincheira pela primeira vez, ele caminha em direção à câmera, que recua com seu movimento. Na versão “Chaplin Revue”, ele entra pela extremidade oposta da trincheira, e a câmera inicialmente avança.

Em outro lugar, a sequência hilariante em que Chaplin se aventura atrás das linhas inimigas disfarçado de árvore começa ligeiramente diferente, com a estrela coçando-se atrás. Após um corte para uma visão mais próxima, Chaplin aparece, se é que algo, um pouco mais irritado por ser uma árvore na versão do MoMA.

“Shoulder Arms” está longe de ser o único filme que Chaplin retrabalhou anos após seu lançamento. “Ele reeditou quase todos os seus filmes mudos em algum momento, para se manter relevante à medida que sua própria produção diminuía”, disse Eyman. O espólio de Chaplin favoreceu as versões que o cineasta deixou quando morreu em 1977, explicou Eyman, e isso sempre foi fonte de discussões, com argumentos fortes a serem feitos de qualquer maneira.

Ainda assim, ele acrescentou, “Dentro da comunidade crítica, as pessoas querem ver o que ele fez quando estava em plena atividade.”

Por e-mail, Arnold Lozano, diretor administrativo do escritório em Paris que representa os bens de Chaplin, destacou o perfeccionismo do diretor mesmo no final da vida e disse que as políticas dos detentores dos direitos para exibições respeitam os desejos de Chaplin e as instruções da família. Mas enquanto “The Chaplin Revue” e a trilha sonora que Chaplin adicionou a “Shoulder Arms” permanecem sob direitos autorais, o filme como existia em 1918 já passou da idade em que entrou em domínio público nos Estados Unidos, abrindo caminho para a exibição da versão restaurada pelo MoMA.



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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre

A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.

Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.

Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.” 

A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”

Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.” 

Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”

A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde. 

Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.

 



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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre

O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.

Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria. 

“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”

 



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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre

O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.

Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.

O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”

Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 

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