POLÍTICA
Há um Brasil nessas fraudes: emendas Pix serão em…

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6 meses atrásem

Felipe Barbosa
Nesse último fim de semana a sociedade brasileira tomou conhecimento do que pode vir a ser mais um possível caso de malfeitos envolvendo o emprego das emendas Pix: municípios e estados não prestaram contas acerca da utilização de 3,8 bilhões de reais dessas emendas, perfazendo quase 90% do total dos repasses.
Segundo pesquisa recente realizada pela Transparência Brasil, um total de 4,48 bilhões de reais foram destinados a governos estaduais e prefeituras na primeira metade de 2024 e somente 14% desse total (627,2 milhões de reais) tiveram sua utilização detalhada.
De acordo com a Transparência Brasil, metade dos municípios brasileiros (2.757 de um total de 5.570), e 22 das 27 unidades da Federação não prestaram contas dos recursos a eles destinados.
Vale também registrar que nos últimos quatro anos foram transferidos um total 21 bilhões de reais nessas emendas Pix, sendo que 933 milhões de reais (equivalentes a apenas 4% do total) foram objeto de prestação de contas por parte dos municípios e estados beneficiados.
Interessante lembrar que nenhum outro parlamento no planeta decide gastos nessas proporções. Trata-se de uma anomalia sem tamanho, que só é proporcional ao apetite dos nossos políticos pelo poder. O Orçamento de 2025 foi aprovado no mês passado com uma previsão record de 50,4 bilhões de reais em emendas parlamentares.
O ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino persiste em sua cruzada exigindo que os poderes Executivo e Legislativo atendam as exigências constitucionais de transparência e rastreabilidade sobre os repasses. Isso certamente implica na comprovação de gastos, indicação da origem e destinatários da dinheirama. O magistrado segue insatisfeito, pois não foi atendido pelo Congresso na totalidade de suas exigências. Os parlamentares são escorregadios…
A Controladoria-Geral da União já estaria conduzindo auditorias sobre esses repasses, assim como o Ministério Público Federal já iniciou investigações país afora, também com o foco nas emendas Pix.
Tendo em vista os últimos grandes (e bombásticos) casos de corrupção ocorridos no país, como o Mensalão e o Petrolão, que envolveram praticamente toda a classe política, de todos os partidos, e de todas as matizes ideológicas; e considerando a impunidade crônica de nosso sistema processual, que não consegue atingir com reprimendas penais duras os estamentos superiores dessa elite política, nada nos autoriza a acreditar que não haverá milhares de fraudes no fim da tramitação dessas emendas – nas pontas -, na aplicação desses recursos e nas respectivas prestações de contas.
Vale lembrar que há mais dinheiro transitando via emendas parlamentares do que no Mensalão e Petrolão somados, e que muitos dos que tiveram seus nomes envolvidos nesses casos notórios, seguem na política, decidindo e se beneficiando dessas emendas, enfim, é muito difícil não acreditar que com esse contexto e esse elenco, as emendas parlamentares não serão o próximo escândalo nacional de corrupção.
A Polícia Federal já pode ir até preparando suas equipes, formando forças-tarefas de agentes, peritos e delegados, pois esses inquéritos serão instaurados pelo Brasil inteiro, e com certeza dezenas de operações repressivas (com prisões, buscas e apreensões) serão deflagradas. E muitos desses processos certamente serão aforadas no Supremo Tribunal Federal, em razão do foro privilegiado dos principais investigados.
Nunca nenhum escândalo foi tão anunciado como esse “do Emendão”. O curso lerdo e tranquilo – quase fluvial – dessa fraude, faz parte do que o Ministro Luís Roberto Barroso, Presidente do STF, um dia chamou de “naturalização das coisas erradas”. A nitidez com que essa situação vem se desenhando nos faz crer que estamos anestesiados e que perdemos o poder de nos indignarmos. Está a caminho uma verdadeira pule de dez que não vai surpreender absolutamente ninguém. É o nosso business as usual. Afinal, como já percebemos, há um país nessa fraude.
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A articulação para mudar quem define o teto de jur…

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5 de maio de 2025
Nicholas Shores
O Ministério da Fazenda e os principais bancos do país trabalham em uma articulação para transferir a definição do teto de juros das linhas de consignado para o Conselho Monetário Nacional (CMN).
A ideia é que o poder de decisão sobre o custo desse tipo de crédito fique com um órgão vocacionado para a análise da conjuntura econômica.
Compõem o CMN os titulares dos ministérios da Fazenda e do Planejamento e Orçamento e da presidência do Banco Central – que, atualmente, são Fernando Haddad, Simone Tebet e Gabriel Galípolo.
A oportunidade enxergada pelos defensores da mudança é a MP 1.292 de 2025, do chamado consignado CLT. O Congresso deve instalar a comissão mista que vai analisar a proposta na próxima quarta-feira.
Uma possibilidade seria aprovar uma emenda ao texto para transferir a função ao CMN.
Hoje, o poder de definir o teto de juros das diferentes linhas de empréstimo consignado está espalhado por alguns ministérios.
Cabe ao Conselho Nacional da Previdência Social (CNPS), presidido pelo ministro da Previdência Social, Wolney Queiroz, fixar o juro máximo cobrado no consignado para pensionistas e aposentados do INSS.
A ministra da Gestão e Inovação, Esther Dweck, é quem decide o teto para os empréstimos consignados contraídos por servidores públicos federais.
Na modalidade do consignado para beneficiários do BPC-Loas, a decisão cabe ao ministro do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Wellington Dias.
Já no consignado de adiantamento do saque-aniversário do FGTS, é o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, que tem a palavra final sobre o juro máximo.
Atualmente, o teto de juros no consignado para aposentados do INSS é de 1,85% ao mês. No consignado de servidores públicos federais, o limite está fixado em 1,80% ao mês.
Segundo os defensores da transferência da decisão para o CMN, o teto “achatado” de juros faz com que, a partir de uma modelagem de risco de crédito, os bancos priorizem conceder empréstimos nessas linhas para quem ganha mais e tem menos idade – restringindo o acesso a crédito para uma parcela considerável do público-alvo desses consignados.
Ainda de acordo com essa lógica, com os contratos de juros futuros de dois anos beirando os 15% e a regra do Banco Central que proíbe que qualquer empréstimo consignado tenha rentabilidade negativa, a tendência é que o universo de tomadores elegíveis para os quais os bancos estejam dispostos a emprestar fique cada vez menor.
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