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Haddad se equilibra entre ajuste e sucessão de Lula – 30/12/2024 – Mercado

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Adriana Fernandes

No comando da política econômica brasileira, Fernando Haddad (Fazenda) equilibra-se na posição de defensor de medidas para ajustar as contas públicas e do político apontado como o principal nome do PT para suceder Luiz Inácio Lula da Silva na Presidência da República.

A cirurgia da cabeça do presidente e a pesquisa Quaest, colocando Lula e Haddad na liderança de todos os oito cenários testados na disputa das eleições de 2026, acabaram também jogando mais holofotes na direção do ministro.

A dualidade entre a técnica e a política já era uma marca da sua gestão na Fazenda, mas se sobressaiu durante a elaboração e anúncio do pacote de contenção de gastos.

Nas negociações das medidas, Haddad tomou cuidado para não gravar nenhuma declaração dura em defesa dos cortes de benefícios, como o aperto no BPC (Benefício de Prestação Continuada) para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, e outras medidas impopulares que pudessem ser usadas, no futuro, contra ele por seus adversários numa eventual disputa eleitoral.

A estratégia de comunicação adotada foi concentrar sua artilharia em críticas ao governo Bolsonaro, que segundo ele deixou para o presidente Lula um “Orçamento fake” em 2023. Haddad também culpa a prorrogação pelo Congresso da desoneração da folha de pagamentos e do Perse (programa de socorro ao setor de eventos) por não chegar ao fim deste ano com as contas do governo no azul.

“Teríamos hoje uma situação superavitária pela primeira vez desde 2013. Foi o último superávit primário consistente, porque o de 2022 vocês sabem que foi fake. Foi fruto de um calote, de privatizações açodadas, de caixa com dividendos extraordinários, coisas absolutamente maquiagem contábil”, disse Haddad, no café de fim de ano com jornalistas.

O mesmo argumento foi utilizado no início de todas as últimas entrevistas em que falou do pacote para mostrar a herança de Jair Bolsonaro.

No pronunciamento à nação para anunciar as medidas fiscais, no final de novembro, Haddad assumiu mais o papel do político e menos do ministro da Fazenda. Ele optou por um tom de campanha e evitou usar a palavra corte de gastos, preferindo usar termos como “eficiente” e “fiscal”.

Em vez de sinalizar compromisso com o corte de despesas, focou a sua fala na medida de aumento da faixa de isenção do IR (Imposto de Renda) para R$ 5.000, que beneficia a classe média, a ser bancada pela taxação dos milionários. Uma bandeira do PT e promessa de campanha do presidente Lula.

Diante da forte reação do mercado financeiro, no entanto, foi preciso entrar em campo com o figurino de ministro da Fazenda. Haddad tentou mudar a forma de comunicação do pacote para conter a escalada do dólar, puxada pelas incertezas fiscais.

Em encontro com banqueiros, no dia seguinte ao anúncio das medidas, reforçou o que é hoje o seu principal mote de coordenação de expectativas: a mensagem de que não há uma bala de prata e que o pacote não é o ‘gran finale’ de tudo que precisa fazer.

Para o cientista político e sócio da Tendências Consultoria Rafael Cortez, o principal trabalho de Haddad é o equilíbrio entre esses dois personagens. “É natural essa dualidade pelo perfil de Haddad, que já disputou cargo eletivo, é filiado a um um partido e submetido a constrangimentos políticos”, diz.

Cortez ressalta que Haddad possivelmente é o ministro que mais enfrenta essa dualidade pela combinação dessas características, reforçada pelo fato de que é hoje potencialmente o plano B de Lula para a campanha eleitoral, seja em 2026 ou nas eleições de 2030.

O cientista político destaca que o ministro personifica esse dilema porque tem a pasta que precisa dar subsídio técnico para que as escolhas políticas sejam feitas num governo em que o presidente prometeu desde a campanha eleitoral colocar o pobre dentro do Orçamento.

“Uma parte da dificuldade do ministro em dar sinais mais contundentes é para não arranhar essa imagem. O governo está tão preocupado com o seu capital político, tão inseguro, que em meio ao pacote precisou dar um sinal para a classe média com o anúncio da isenção fiscal do IR”, diz.

No cargo de ministro mais importante da Esplanada dos Ministérios, Haddad tem sido cobrado dentro do governo a explorar os dados positivos da economia real, como os investimentos anunciados pelo setor privado e a pauta econômica (fora das medidas fiscais) que o Congresso entregou.

O diagnóstico é que a Fazenda tem um problema grave de comunicação e está afetando o equilíbrio de forças entre o ministro, que busca controlar as expectativas do mercado, e o “cara da política”, que precisa acomodar as demandas do governo.

Uma das queixas é que Haddad, pelo seu temperamento, assume muitas vezes o papel de quem sempre foi derrotado em vez de reforçar as suas grandes vitórias dentro e fora do governo. Entre elas, a aprovação do arcabouço fiscal, a manutenção da meta fiscal de 2024, aumento de receitas e uma consolidação fiscal de cerca de 1,5 ponto porcentual do PIB (Produto Interno Bruto) nas contas do governo entre 2023 e 2024.

Pilar do pacote, a revisão da política de valorização do salário mínimo foi também uma vitória de Haddad, que obteve consenso no governo para a revisão da regra e passou sem dificuldades no Congresso.

A posição de equilibrista de Haddad tende a aumentar com a proximidade das eleições. O teste de fogo para o ministro já está no radar do mercado: os programas Pé-de-Meia, de bolsa para estudantes do ensino médio, e o Auxílio-Gás.

Nos dois programas, há uma pressão no governo para ampliar os recursos fora do Orçamento como aposta do presidente Lula para as eleições de 2026. Haddad já descartou medidas parafiscais (fora do Orçamento) para turbiná-los, mas técnicos da área econômica avaliam que a pressão deve continuar.

“São dois programas que são plataforma eleitoral do Lula. À medida que caminhamos para a segunda metade do mandato do Lula, a pressão sobre Haddad aumentará”, prevê o economista Bruno Carazza, professor associado da Fundação Dom Cabral.

Para ele, a margem de manobra de Haddad foi se esgotando, e o cenário a partir de agora será muito mais desafiador. “Vai ter uma pressão muito grande para ele entregar resultados de crescimento econômico, de manter o desemprego baixo e agradar à base política do governo”, diz

Na sua avaliação, a questão da saúde do Lula, após a cirurgia, é um componente a mais nessa travessia.

“Ele[Haddad] encontra várias resistências por parte de muita gente do PT. É essa coisa de ele ser chamado de o mais tucano dos petistas…”, ressalta Carazza, que lembra também a preocupação do ministro, por outro lado, em ser chamado de “Taxadd” nos memes das redes sociais. Trata-se de uma referência a pauta da Fazenda de aumento de impostos.



Leia Mais: Folha

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Ufac recepciona estudantes de licenciaturas que farão o Enade — Universidade Federal do Acre

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Ufac recepciona estudantes de licenciaturas que farão o Enade — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta sexta-feira, 24, no Teatro Universitário, a recepção aos alunos concluintes dos cursos de licenciatura que participarão do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade), neste domingo, 26.
O evento teve como objetivo acolher e motivar os estudantes para a realização da prova, que tem grande importância para a formação docente e para a avaliação dos cursos de graduação. Ao todo, 530 alunos participarão do Enade Licenciaturas este ano, sendo 397 em Rio Branco e 133 em Cruzeiro do Sul.
Participam do Enade Licenciaturas os concluintes dos cursos de Física, Física EaD, Letras/Português, Letras/Inglês, História, Geografia, Ciências Biológicas, Química, Matemática, Matemática EaD, Pedagogia, Ciências Sociais, Filosofia e Educação Física.

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, que representou a reitora Guida Aquino, destacou o papel da universidade pública na formação docente e o compromisso social que acompanha o exercício do magistério. “A missão de quem se forma nesta instituição vai além do diploma. É defender a educação pública, a democracia e os direitos humanos. Vocês representam o que há de melhor na educação acreana e brasileira. Cada um de vocês é parte da história e da luta da Ufac.”

A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou o caráter formativo do exame e o compromisso da universidade com a qualidade da educação. “O Enade é mais do que uma prova. Ele representa uma etapa importante da trajetória de cada estudante que trilhou sua formação nesta universidade. É um momento de reflexão sobre o aprendizado, o esforço e o legado que cada um deixa para os próximos alunos.”
Ela reforçou que o desempenho dos estudantes é determinante para o conceito de cada curso e destacou a importância da participação responsável. “É fundamental que todos façam a prova com dedicação, levando o nome da Ufac com orgulho. Nós preparamos esse encontro para motivar, orientar, e entregar um kit com lanche, água, fruta e caneta, ajudando os alunos a se organizarem para o domingo.”
A pró-reitora lembrou ainda que a mesma ação está sendo realizada no campus Floresta, em Cruzeiro do Sul, com o apoio da equipe da Prograd e dos coordenadores locais. “Lá, os alunos estão distribuídos em três escolas, e nossa equipe vai acompanhá-los no dia da prova, garantindo o mesmo acolhimento e suporte.”

O evento contou com apresentação cultural da cantora Luzienne Lucena e do Grupo Vibe, do projeto Pró-Cultura Estudantil, formado pelos acadêmicos Gabriel Daniel (Sistemas de Informação), Geovanna Maria (Teatro) e Lucas Santos (Música).
Também participaram da solenidade a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; e os coordenadores de cursos de licenciatura: Francisca do Nascimento Pereira Filha (Pedagogia), Lucilene Almeida (Geografia) e Alcides Loureiro Santos (Química).

 



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Ufac promove ação de autocuidado para servidoras e terceirizadas — Universidade Federal do Acre

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Ufac promove ação de autocuidado para servidoras e terceirizadas — Universidade Federal do Acre

A Coordenadoria de Vigilância à Saúde do Servidor (CVSS) da Ufac realizou, nesta quinta-feira, 23, o evento “Cuidar de Si É um Ato de Amor”, em alusão à Campanha Outubro Rosa. A atividade ocorreu no Setor Médico Pericial e teve como público-alvo servidoras técnico-administrativas, docentes e trabalhadoras terceirizadas.

A ação buscou reforçar a importância do autocuidado e da atenção integral à saúde da mulher, indo além da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do colo do útero. O objetivo foi promover um momento de acolhimento e bem-estar, integrando ações de valorização e promoção da saúde no ambiente de trabalho.

“O mês de outubro não deve ser apenas um momento de lembrar dos exames preventivos, mas também de refletir sobre o cuidado com a saúde como um todo”, disse a coordenadora da CVSS, Priscila Oliveira de Miranda. Ela ressaltou que muitas mulheres acabam se sobrecarregando com as demandas da casa, da família e do trabalho e acabam deixando o autocuidado em segundo plano.

Priscila também explicou que a iniciativa buscou proporcionar um espaço de pausa e acolhimento no ambiente de trabalho. “Nem sempre é fácil parar para se cuidar ou ter acesso a ações de relaxamento e promoção da saúde. Por isso, organizamos esse momento para que as servidoras possam respirar e se dedicar a si mesmas.” 

O setor mantém atividades contínuas, como consultas com clínico-geral, nutricionista e fonoaudióloga, além de grupos de caminhada e ações voltadas à saúde mental. “Essas iniciativas estão sempre disponíveis. É importante que as mulheres participem e mantenham o compromisso com o próprio bem-estar”, completou.

A programação contou com acolhimento, roda de conversa mediada pela assistente social Kayla Monique, lanche compartilhado e o momento “Cuidando de Si”, com acupuntura, auriculoterapia, reflexologia podal, ventosaterapia e orientações de cuidados com a pele. A ação teve parceria da Liga Acadêmica de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e da especialista em bem-estar Marciane Villeme.

 



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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.

Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”

Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.



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