NOSSAS REDES

ACRE

Ilustrador brasileiro disputa prêmio de HQ na França – 30/01/2025 – Ilustrada

PUBLICADO

em

Adriana Brandão

O Festival de Angoulême, o mais importante evento de histórias em quadrinhos (HQ) do mundo, acontece até o próximo domingo (2) em Angolema, no sudoeste da França. E nesta 52ª edição tem brasileiro na disputa: Luckas Iohanathan, ilustrador e quadrinista natural de Mossoró, no Rio Grande do Norte, está na competição oficial com “Como Pedra” e pode levar o prêmio de melhor HQ do ano, o principal do evento.

O ano de 2024 foi especial para o jovem quadrinista. “Como Pedra” (Comix Zone) venceu o prêmio Jabuti de 2024 na categoria melhor HQ do ano. Logo em seguida, foi traduzido e publicado em agosto do ano passado na França pela editora iLatina, com o título “Comme une Pierre”, e selecionado para o Festival de Angoulême.

O reconhecimento do talento de Luckas Iohanathan, hoje com 30 anos, foi muito rápido. Em 2018, ele criou o primeiro quadrinho, “O Monstro Debaixo da Minha Cama”, lançado gratuitamente na internet em 2020 e que recebeu prêmios, antes de ser publicado em 2023.

“Não esperava ganhar o Jabuti e muito menos ser indicado a Angoulême. É um sentimento meio estranho, porque é como se não fosse real ainda”, contou à RFI antes de embarcar para a França. Ele chega a Angoulême nesta quinta-feira (30) para participar do festival que sonhava em conhecer.

“Eu sempre tive vontade de conhecer Angoulême como leitor, como público, e ir pela primeira vez como artista, e ainda mais participando da premiação, já está mais do que suficiente”, disse, completando que prefere não esperar uma eventual premiação.

“Como Pedra” está na competição oficial que distribui ao todo seis prêmios. Se levar o “Fauve d’Or” de melhor HQ do ano, Iohanathan será o segundo brasileiro a receber a recompensa depois de Marcelo Quintanilha, premiado por “Escuta, Formosa Márcia” em 2022. “Da mesma forma que eu entrei nesse mundo vendo quadrinistas brasileiros sendo reconhecidos, espero que eu também sirva para alguém que quer entrar nos quadrinhos ver que é possível”, torce.

Nordeste brasileiro

“Como Pedra” narra a vida de uma família nordestina, que tem uma filha com deficiência. A HQ de Iohanathan aborda questões históricas do nordeste brasileiro: a seca, a miséria, as desigualdades, a injustiça, denunciando a ausência de políticas públicas e o fanatismo religioso. O livro dialoga com toda uma tradição da literatura e do cinema brasileiros, como “Vidas Secas“, “O Pagador de Promessa”, “Morte e Vida Severina”, “Os Sertões”.

O ilustrador conta que seu objetivo inicial não era fazer uma narrativa de denúncia ou militante. Inspirado pelo livro “O Mito de Sísifo”, do francês Albert Camus, ele quis fazer um conto filosófico. “Esse livro nasceu de uma dúvida. Eu me perguntando se esse tipo de vida vale a pena, se vale a pena todo esforço, se vale a pena continuar”.

No processo de criação, a narrativa evoluiu, influenciada por questões como o aquecimento global, a falta de remédio, a falta de leite e muitos outros elementos da história de vida pessoal do autor no interior do Rio Grande do Norte. A resiliência materna é um tema central da obra.

A técnica do desenho de Iohanathan, que confessa “nunca ter gostado de pintar”, também remete a essa aridez do Nordeste. Ele usa apenas três cores para retratar o sertão brasileiro: o preto, o branco e o amarelo. “Eu queria que a cor tivesse um sentido na história, fosse uma emoção, gritasse também”, explica.

Para o quadrinista, o “amarelo representa muito esse calor que está grudado na pele dos personagens o tempo todo”, detalha, lembrando que as paisagens do interior nordestino são dominadas por essa cor. “É como se você visse apenas o Sol, tomando conta do chão”.

Iohanathan acredita que essa história brasileira pode ressoar para leitores de outras culturas, como a francesa. “Eu queria que no quadrinho as coisas externas fizessem com que os personagens estivessem naquelas situações. Que aquilo não era culpa deles. Coisas como o aquecimento global, qualquer região do mundo está sofrendo com isso, né? Então, eu acho que isso conseguiu dialogar com mais espaços e não só com o nordeste brasileiro”, pontua.

O Festival de HQ de Angoulême termina no domingo (2), quando os vencedores desta 52ª edição serão revelados.



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

ACRE

Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Ufac inicia 34º Seminário de Iniciação Científica no campus-sede — Universidade Federal do Acre

A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) da Ufac iniciou, nessa segunda-feira, 22, no Teatro Universitário, campus-sede, o 34º Seminário de Iniciação Científica, com o tema “Pesquisa Científica e Inovação na Promoção da Sustentabilidade Socioambiental da Amazônia”. O evento continua até quarta-feira, 24, reunindo acadêmicos, pesquisadores e a comunidade externa.

“Estamos muito felizes em anunciar o aumento de 130 bolsas de pesquisa. É importante destacar que esse avanço não vem da renda do orçamento da universidade, mas sim de emendas parlamentares”, disse a reitora Guida Aquino. “Os trabalhos apresentados pelos nossos acadêmicos estão magníficos e refletem o potencial científico da Ufac.”

A pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarida Lima de Carvalho, ressaltou a importância da iniciação científica na formação acadêmica. “Quando o aluno participa da pesquisa desde a graduação, ele terá mais facilidade em chegar ao mestrado, ao doutorado e em compreender os processos que levam ao desenvolvimento de uma região.”

O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, comentou a integração entre ensino, pesquisa, extensão e o compromisso da universidade com a sociedade. “A universidade faz ensino e pesquisa de qualidade e não é de graça; ela custa muito, custa os impostos daqueles que talvez nunca entrem dentro de uma universidade. Por isso, o nosso compromisso é devolver a essa sociedade nossa contribuição.”

Os participantes assistiram à palestra do professor Leandro Dênis Battirola, que abordou o tema “Ciência e Tecnologia na Amazônia: O Papel Estratégico da Iniciação Científica”, e logo após participaram de uma oficina técnica com o professor Danilo Scramin Alves, proporcionando aos acadêmicos um momento de aprendizado prático e aprofundamento nas discussões propostas pelo evento.

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

PUBLICADO

em

Representantes da UNE apresentam agenda à reitora da Ufac — Universidade Federal do Acre

A reitora da Ufac, Guida Aquino, recebeu, nessa segunda-feira, 22, no gabinete da Reitoria, integrantes da União Nacional dos Estudantes (UNE). Representando a liderança da entidade, esteve presente Letícia Holanda, responsável pelas relações institucionais. O encontro teve como foco a apresentação da agenda da UNE, que reúne propostas para o Congresso Nacional com a meta de ampliar os recursos destinados à educação na Lei Orçamentária Anual de 2026.

Entre as prioridades estão a recomposição orçamentária, o fortalecimento de políticas de permanência estudantil e o incentivo a novos investimentos. A iniciativa também busca articular essas demandas a pautas nacionais, como a efetivação do Plano Nacional de Educação, a destinação de 10% do PIB para a área e o uso de royalties do petróleo em medidas de justiça social.

“Estamos vivenciando um momento árduo, que pede coragem e compatibilidade. Viemos mostrar o que a UNE propõe para este novo ciclo, com foco em avançar cada vez mais nas políticas de permanência e assistência estudantil”, disse Letícia Holanda. Ela também destacou a importância da regulamentação da Política Nacional de Assistência Estudantil, entre outras medidas, que, segundo a dirigente, precisam sair do papel e se traduzir em melhorias concretas no cotidiano das universidades.

Para o vice-presidente da UNE-AC, Rubisclei Júnior, a prioridade local é garantir a recomposição orçamentária das universidades. “Aqui no Acre, a universidade hoje só sobrevive graças às emendas. Isso é uma realidade”, afirmou, defendendo que o Ministério da Educação e o governo federal retomem o financiamento direto para assegurar mais bolsas e melhor infraestrutura.

Também participaram da reunião a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno; o pró-reitor de Assuntos Estudantis, Isaac Dayan Bastos da Silva; a pró-reitora de Pesquisa e Pós-Graduação, Margarina Lima de Carvalho; o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes; representantes dos centros acadêmicos: Adsson Fernando da Silva Sousa (CA de Geografia); Raissa Brasil Tojal (CA de História); e Thais Gabriela Lebre de Souza (CA de Letras/Português).

 

(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)

 



Leia Mais: UFAC

Continue lendo

ACRE

Multa para ciclistas? Entenda o que diz a lei e o que vale na prática

PUBLICADO

em

Multa para ciclistas? Entenda o que diz a lei e o que vale na prática

CT

Tomaz Silva / Agência Brasil

Pode não parecer, mas as infrações previstas no Código de Trânsito Brasileiro não se limitam só aos motoristas de carros e motos — na verdade, as normas incluem também a conduta dos ciclistas. Mesmo assim, a aplicação das penalidades ainda gera dúvidas.

Nem todos sabem, mas o Código de Trânsito Brasileiro (CBT) descreve situações específicas em que ciclistas podem ser autuados, como pedalar em locais proibidos — o artigo 255 do CTB, por exemplo, diz que conduzir bicicleta em passeios sem permissão ou de forma agressiva configura infração média, com multa de R$ 130,16 e possibilidade de remoção da bicicleta.

Já o artigo 244 amplia as situações de infração para “ciclos”, nome dado à categoria que inclui bicicletas. Entre os exemplos estão transportar crianças sem segurança adequada, circular em vias de trânsito rápido e carregar passageiros fora do assento correto. Em casos mais graves, como manobras arriscadas ou malabarismos, a penalidade prevista é multa de R$ 293,47.

De fato, o CTB prevê punições para estas condutas, mas o mais curioso é que a aplicação dessas regras não está em vigor. Isso porque a Resolução 706/17, que estabelecia os procedimentos de autuação de ciclistas e pedestres, foi revogada pela norma 772/19.

Em outras palavras, estas infrações existem e, mesmo que um ciclista cometa alguma delas, não há hoje um mecanismo legal que permita a cobrança da multa.




Leia Mais: Cibéria

Continue lendo

MAIS LIDAS