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Itamar Vieira Junior: desinteresse de brasileiros pelos livros é mito

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8 meses atrásem
Cristina Indio do Brasil – Repórter da Agência Brasil
Com a marca de 1 milhão de livros vendidos, o escritor baiano Itamar Vieira Junior acredita que a tese de que o brasileiro não se interessa por livros ou leituras é um mito. Ele conversou com a Agência Brasil dias antes de participar da Festa Literária Internacional de Maricá (Flim), na região metropolitana do Rio, que receberá visitantes até o dia 10 de novembro.
Para o autor, a participação do público brasileiro em eventos e feiras literárias vem crescendo. “Isso mostra o interesse do brasilerio pela leitura, por este encontro com o autor e cai por terra esse mito de que o brasileiro não se interessa por literatura e por livros. Estas feiras são importantes porque às vezes elas chegam em cidades que não têm uma livraria, ou não têm uma biblioteca.”, afirmou.
Ele também destacou a proximidade de seus personagens com os brasileiros e garantiu que prepara um novo romance para ser lançado em breve. “A gente só precisa falar da gente mesmo. Então, olhar para nós mesmos. Isso é que é importante. Acho que é dessa maneira que a gente vai conquistar mais leitores”.
A marca de 1 milhão de livros vendidos no Brasil em cinco anos será celebrada com o lançamento de uma edição comemorativa de Torto Arado em capa dura serigrafada, no dia 7 de novembro. Itamar Vieira Junior também é autor de Salvar o Fogo, de Doramar ou a Odisseia e do livro infantil Chupim.
Itamar Vieira Junior, que nasceu em Salvador, na Bahia, em 1979, é geógrafo e doutor em estudos étnicos e africanos pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Foi vencedor dos prêmios Leya, Oceanos e Jabuti.
Em entrevista exclusiva à Agência Brasil, o autor disse que tem participado de várias feiras literárias e fica satisfeito em ver que esses eventos levam a cultura a várias regiões do país.
Agência Brasil – Como você vê o crescimento da participação do público em eventos literários?
Itamar Vieira Junior – “É sempre muito bom. Tenho participado de muitas feiras em cidades pequenas, em cidades médias e o que percebo é que estão sempre repletas de gente, sempre têm uma grande circulação. Eu não participei em nenhum desses eventos para ter poucas pessoas, sempre tem muitas. Isso mostra o interesse do brasilerio pela leitura, por este encontro com o autor e cai por terra esse mito de que o brasileiro não se interessa por literatura e por livros. Estas feiras são importantes porque às vezes elas chegam em cidades que não têm uma livraria, ou não têm uma biblioteca. Elas movimentam não só a cidade, mas as cidades do entorno. Então, sempre vejo com bons olhos o acontecimento dessas feiras.
Agência Brasil – Você que percorre tantos lugares diferentes do país, tem notado um maior interesse por estas feiras?
Itamar – Eu acho que nos últimos anos houve uma mudança significativa na literatura brasileira, Acho que se tornou, de alguma maneira, mais diversa, tem mais gente publicando de lugares e de origem diferentes. Isso renovou o interesse dos leitores por nossa literatura. Pessoas do nordeste, pessoas negras e indígenas têm publicado. Ainda é de maneira pequena e incipiente, acho que ainda pode melhorar muito, mas essa mudança tem de fato ocorrido e isso renovou o interesse dos leitores por nossa literatura. Acho que, sim, as pessoas estão interessadas no que escrevemos e na literatura brasileira.
Agência Brasil – Além disso, porque também se sentem representadas na literatura, não é?
Itamar– Claro. O Brasil é um país diverso. Segundo os dados do próprio IBGE do último Censo, mais de 50% da população se declara como negra, ou seja, preta e parda. Isso mostra que as pessoas querem se sentir representadas de alguma maneira nessa história. Que elas falem tudo das coisas que conhecemos, que falem do Brasil, que elas possam recontar a nossa história. Que a gente possa falar sobre as nossas dores, mas também nossas esperanças, Acho que de fato a literatura brasileira tem experimentado um pouco disso nos últimos anos.
Agência Brasil – Nesta feira específica, a secretaria de educação do município tem o objetivo de levar mais de 30 mil alunos da rede municipal de ensino e dar a eles o benefício da Mumbuca Literária, estendendo a medida aos estudantes do Programa Passaporte Universitário. Maricá tem uma moeda social que se chama Mumbuca e na feira os estudantes vão ganhar o benefício equivalente a 200 mumbucas para a compra de livros. Isso também é uma forma de incentivar a procura pelos livros?
Itamar – Com certeza. O Brasil é um país muito desigual, muitas pessoas não chegam a leitura ou pela falta de condições para comprar ou para empréstimo desses livros. Tudo que for feito para reduzir e mitigar esta desigualdade e fazer com que as pessoas se interessem e busquem os livros. que possam ter a oportunidade de ter o livro na mão e levar para casa para ler ou emprestar, tudo que é feito para reduzir essa desigualdade é muito benvindo. Outras feiras literárias tiveram experiências parecidas, acho que na Bahia. Na Bienal de São Paulo, a prefeitura fez este trabalho. Faz toda diferença, porque vai criando na população essa cultura de que a leitura é importante e de que o livro é importante. Não vai excluir pelo menos aqueles alunos que estão participando, ou as pessoas da cidade. Eles não vão deixar de comprar o livro, porque simplesmente não têm condição financeira. Vai ter lá um valor, uma importância, que ele vai utilizar para comprar um livro e fazer as suas escolhas no que desejarem. Acho que é muito válido, importante. É algo que deveria ser replicado sempre que possível em todas as feiras.


Escritor Itamar Vieira Junior participou da 9ª Festa Literária Internacional de Maricá (Flim) – Bernardo Gomes/Prefeitura de Maricá
Agência Brasil – Você alcançou agora uma marca até insólita de 1 milhão de exemplares vendidos dos seus livros e, inclusive, vai ter a edição comemorativa. O que você, que se destaca tanto dentro de uma feira dessa, qual é a mensagem que pode levar justamente no momento de uma marca tão expressiva na venda de livros?
Itamar – Eu fico feliz e percebo que não estou sozinho nesses números. É algo que eu compartilho com os autores e com os leitores também. Isso mostra que a nossa literatura pode chegar em muitos lugares. É uma literatura que é excelente, que quando tem oportunidade é premiada, mesmo fora do Brasil, pode conseguir novos leitores. Eu não estou sozinho nesta estrada. Muitos autores contemporâneos como Jeferson Tenório, Carla Madeira, também têm números expressivos de venda. Isso é muito bom, mostra um interesse que se renovou pela literatura do país e nos coloca em uma posição de importância de que a nossa literatura pode não só conquistar leitores aqui, mas leitores fora do Brasil. Acho que está mais do que na hora do Brasil figurar como uma potência criativa, uma potência literária no mundo. Tudo isso é importante para que a gente, de fato, se orgulhe das nossas criações, da nossa produção literária e do que nós fazemos. Esse número diz menos sobre mim. Diz mais sobre o Brasil, sobre os leitores, sobre o momento que a nossa literatura vive hoje.
Agência Brasil – Os seus personagens retratam muito uma parte do Brasil, muito o espírito brasileiro também, não é?
Itamar – Sim. Acho importante que para escrever boas histórias para leitores, a gente não precisa ir muito longe. A gente só precisa falar da gente mesmo. Então, olhar para nós mesmos. Isso é que é importante. Acho que é dessa maneira que a gente vai conquistar mais leitores.
Agência Brasil – Como está a sua programação e o seu trabalho agora? O que vem pela frente?
Itamar – Estou escrevendo o romance que fecha esse ciclo que iniciei com Torto Arado e continuou com Salvar o Fogo. Não sei quando concluirei, mas é algo que tem ocupado meu trabalho como autor e acabei de lançar um livro infantil em agosto. Tenho circulado também e rodado para falar desse livro.
Agência Brasil – O que você traz neste livro e porque se dedicou ao público infantil?
Itamar – O livro se chama Chupim e saiu com o selo Baião da Todavia. Conta a história de um menino que vive em um campo de arroz com os pais e outros trabalhadores. Ele tem como função espantar uma praga que ele depois vai descobrir que é um pássaro chamado Chupim. Essa é a história contada pelos olhos de uma criança com as imagens da Manuela Navas [artista plástica]. É um livro que tem me trazido muitas alegrias. Tenho participado de contação de histórias, de eventos para lançar e falar sobre esse livro também. Acho que é, importantíssimo me dedicar um pouco para a literatura infantil, afinal, se eu me formei porque descobri a literatura ainda muito cedo e foi a literatura infantil que despertou em mim a leitura, se não fosse a leitura, eu não seria autor, então para mim é um trabalho importante porque me dedico à literatura da infância.
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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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4 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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4 semanas atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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4 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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