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Julianne Moore e Tilda Swinton dão aula de atuação em belíssimo novo filme de Almodóvar
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1 ano atrásem
Diretor espanhol investiga o luto, a morte e o livre-arbítrio em um filme carinhoso e cheio de vida.
Julianne Moore e Tilda Swinton em ‘O Quarto ao Lado’
Foto: El l Deseo/Iglesias Más
Só citar que o novo filme de Pedro Almodóvar é estrelado por Julianne Moore e Tilda Swinton já é o suficiente para atiçar a curiosidade de quem é familiarizado com o tamanho da potência destes três artistas. Em seu primeiro filme em inglês, o cineasta de “Tudo Sobre Minha Mãe”, “Fale com Ela” e “Volver” prova que sua genialidade está além da língua e dos símbolos hispânicos que permeiam suas obras, sendo perfeitamente capaz de fazer o melodrama funcionar em elementos ligeiramente diferentes daqueles a que estamos habituados.
Não que as referências clássicas de qualquer filme de Almodóvar não estejam em “O Quarto ao Lado”, estreia desta quinta (24) nos cinemas brasileiros. Embora lide com algumas colocações novas e intensidades diferentes, o uso desavergonhado das cores quentes e recursos cênicos que criam uma atmosfera acolhedora ao espectador estão lá, junto a temas que dialogam com sexualidade, o universo feminino e laços maternos rompidos ou fragmentados. Portanto, se o seu medo é de ver um Almodóvar diferente e “vendido”, não se preocupe. Seu estilo continua intacto, e ainda por cima embalado por duas atrizes que cativam com uma intensidade que desnuda quem está despreparado.
Com roteiro que o próprio Almodóvar adaptou a partir do romance “O Que Você Está Enfrentando”, de Sigrid Nunez (Editora Instante), o filme vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza deste ano conta a história de Martha (Swinton), uma mulher enfrentando uma forma agressiva de câncer que se reconecta com Ingrid (Moore), uma amiga de sua juventude. Após anos sem se encontrarem, as duas, que trabalharam juntas em uma revista, retomam a amizade diante de uma situação delicada que fará suas diferenças aflorarem.
À medida que se atualizam sobre os acontecimentos de suas vidas, elas vão ficando mais próximas, e ver essa amizade entre Tilda Swinton e Julianne Moore desabrochar é o suficiente para que o espectador se sinta uma terceira pessoa nesse círculo, como se também fizesse parte deste grupo de amigos. E, quando Martha convida Ingrid para passar uma temporada com ela em uma casa isolada em Woodstock, essa relação dá origem a um tipo de cabo de guerra interessante: os valores opostos das duas a respeito de vida, laços familiares, legado e luto fazem com que elas se aproximem e precisem entender o ponto de vista uma da outra.
Julianne Moore e Tilda Swinton em ‘O Quarto ao Lado’
Foto: El l Deseo/Iglesias Más
Neste sentido de colisão e encontro de opostos, “O Quarto ao Lado” conversa bastante com “Mães Paralelas”, filme anterior de Almodóvar que trazia Penélope Cruz e Milena Smit como duas mães-solo com ideias antagônicas sobre maternidade e ancestralidade. Desta vez, no entanto, a sensação é que a história corre com uma fluidez mais natural, algo que lembra muito “Tudo Sobre Minha Mãe”.
Ao contrário do que se imaginaria a princípio, as ideologias opostas que as personagens de Moore e Swinton carregam fazem com que a casa em Woodstock se transforme em uma espécie de ninho acolhedor, pois uma acaba ouvindo e abraçando os anseios da outra com respeito e admiração. Nesta atmosfera de delicadeza e ternura, os temas que são preciosos ao cineasta espanhol são debatidos sob um ângulo em que as coisas não se anulam, mas se complementam.
Colocando a cereja no bolo, Tilda Swinton e Julianne Moore trabalham em uníssono com atuações muito sóbrias e singelas — John Turturro, sempre um deleite à parte, também não pode ser ignorado. Seu personagem, cujo realismo cético desequilibra a balança de Martha e Ingrid de forma linda, é um ponto de interseção que provoca o espectador a concordar ora com uma, ora com outra, ora com as duas ao mesmo tempo. As duas, no entanto, se alternam em uma elegância ímpar entre grandes momentos de alegria, tristeza e angústia que ficarão para a memória.
O mais surpreendente do filme, ainda mais diante de temas tão pesados, é a existência de um humor inesperado, que vem sobretudo da personagem de Swinton e ilumina a história mesmo quando ela enfrenta seus momentos mais intensos.
É curioso, e totalmente característico do realizador, que este olhar cômico funcione de forma tão harmônica com o tom sóbrio de conversas a respeito de morte e memória. A leveza impressa em tela não apenas contribui para que a história daquelas personagens seja mais impactante, mas é como se Almodóvar estivesse dizendo com palavras, cenários e luzes muito bonitas que não há uma forma certa e única de se lidar com a passagem. E não há mesmo.
Muito se falou, após a estreia em Veneza, que “O Quarto ao Lado” era um filme sem tudo aquilo a que estamos acostumados quando se fala em um trabalho de Almodóvar, mas isso está longe de ser a verdade. No entanto, talvez o maior diferencial de seu primeiro filme hollywoodiano seja a diminuição da carga de conflitos dramáticos.
O diretor parece pisar no freio em relação às provocações que faz com a história, optando por menos exposição e mais espaço para a interpretação de sentimentos. Isso contribuiu para que o filme encontre com aparente facilidade este tom que é tão particular; é difícil explicar como Almodóvar faz parecer tão fácil refletir sobre o luto sem o peso que a morte carrega consigo naturalmente em quase todas as representações.
Não ser uma ruptura do que já conhecemos como as características de um filme de Almodóvar traz seus pontos positivos e seus pontos negativos para “O Quarto ao Lado”, mas a busca por um ineditismo deve ser o menos importante aqui para os espectadores mais atentos. O que há de novo é a sensibilidade mais aflorada do que nunca do diretor para temas que analisam livre-arbítrio, moralidade e laços inextinguíveis — tudo isso sem jamais perder de vista que, de uma forma ou de outra, a vida perdura mesmo após a morte. Um presente para fãs de histórias absolutamente humanas.
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Nota da Andifes sobre os cortes no orçamento aprovado pelo Congresso Nacional para as Universidades Federais — Universidade Federal do Acre
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1 semana atrásem
23 de dezembro de 2025Notícias
publicado:
23/12/2025 07h31,
última modificação:
23/12/2025 07h32
Confira a nota na integra no link: Nota Andifes
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Ufac entrega equipamentos ao Centro de Referência Paralímpico — Universidade Federal do Acre
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2 semanas atrásem
18 de dezembro de 2025A Ufac, a Associação Paradesportiva Acreana (APA) e a Secretaria Extraordinária de Esporte e Lazer realizaram, nessa quarta-feira, 17, a entrega dos equipamentos de halterofilismo e musculação no Centro de Referência Paralímpico, localizado no bloco de Educação Física, campus-sede. A iniciativa fortalece as ações voltadas ao esporte paraolímpico e amplia as condições de treinamento e preparação dos atletas atendidos pelo centro, contribuindo para o desenvolvimento esportivo e a inclusão de pessoas com deficiência.
Os equipamentos foram adquiridos por meio de emenda parlamentar do deputado estadual Eduardo Ribeiro (PSD), em parceria com o Comitê Paralímpico Brasileiro, com o objetivo de fortalecer a preparação esportiva e garantir melhores condições de treino aos atletas do Centro de Referência Paralímpico da Ufac.
Durante a solenidade, a reitora da Ufac, Guida Aquino, destacou a importância da atuação conjunta entre as instituições. “Sozinho não fazemos nada, mas juntos somos mais fortes. É por isso que esse centro está dando certo.”
A presidente da APA, Rakel Thompson Abud, relembrou a trajetória de construção do projeto. “Estamos dentro da Ufac realizando esse trabalho há muitos anos e hoje vemos esse resultado, que é o Centro de Referência Paralímpico.”
O coordenador do centro e do curso de Educação Física, Jader Bezerra, ressaltou o compromisso das instituições envolvidas. “Este momento é de agradecimento. Tudo o que fizemos é em prol dessa comunidade. Agradeço a todas as instituições envolvidas e reforço que estaremos sempre aqui para receber os atletas com a melhor estrutura possível.”

O atleta paralímpico Mazinho Silva, representando os demais atletas, agradeceu o apoio recebido. “Hoje é um momento de gratidão a todos os envolvidos. Precisamos avançar cada vez mais e somos muito gratos por tudo o que está sendo feito.”
A vice-governadora do Estado do Acre, Mailza Assis da Silva, também destacou o trabalho desenvolvido no centro e o talento dos atletas. “Estou reconhecendo o excelente trabalho de toda a equipe, mas, acima de tudo, o talento de cada um de nossos atletas.”
Já o assessor do deputado estadual Eduardo Ribeiro, Jeferson Barroso, enfatizou a finalidade social da emenda. “O deputado Eduardo fica muito feliz em ver que o recurso está sendo bem gerenciado, garantindo direitos, igualdade e representatividade.”
Também compuseram o dispositivo de honra a pró-reitora de Inovação, Almecina Balbino, e um dos coordenadores do Centro de Referência Paralímpico, Antônio Clodoaldo Melo de Castro.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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Orquestra de Câmara da Ufac apresenta-se no campus-sede — Universidade Federal do Acre
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18 de dezembro de 2025A Orquestra de Câmara da Ufac realizou, nesta quarta-feira, 17, uma apresentação musical no auditório do E-Amazônia, no campus-sede. Sob a coordenação e regência do professor Romualdo Medeiros, o concerto integrou a programação cultural da instituição e evidenciou a importância da música instrumental na formação artística, cultural e acadêmica da comunidade universitária.
A reitora Guida Aquino ressaltou a relevância da iniciativa. “Fico encantada. A cultura e a arte são fundamentais para a nossa universidade.” Durante o evento, o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, destacou o papel social da arte. “Sem arte, sem cultura e sem música, a sociedade sofre mais. A arte, a cultura e a música são direitos humanos.”
Também compôs o dispositivo de honra a professora Lya Januária Vasconcelos.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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