ACRE
Justiça do AC aceita denúncia contra homem envolvido na morte de Jorge das Flores
PUBLICADO
4 anos atrásem
A justiça do Acre aceitou denúncia contra Igor Cavalcante de Souza que passa a ser réu no processo sobre a morte do empresário Jorge de Souza Batista, de 65 anos, alvejado a tiros dentro da sua floricultura no bairro Bosque, em Rio Branco, no dia 5 de fevereiro.
Souza foi preso no dia 16 de fevereiro sob suspeita de ser o mandante do crime conforme informação da Polícia Civil. O crime, tratado como latrocínio pela polícia, teve grande repercussão já que Jorge das Flores era um dos pioneiros no ramo de floricultura no estado, atuando há mais de 20 anos em Rio Branco.
A denúncia contra o réu foi feita pelo Ministério Público do Acre (MP-AC) no dia 9 de março, segundo informou o Tribunal de Justiça do Acre (TJ-AC). Ele é acusado por fornecer a arma do crime. O processo corre na Vara de Delitos Roubos e Extorsões de Rio Branco.
A prisão do réu ocorreu na cidade de Acrelândia, no interior do Acre. O delegado da Especializada de Combate a Roubos e Extorsões (Decore), Leonardo Santa Bárbara, disse que após o crime Souza ficou escondido em uma chácara no município. A equipe enfrentou 95 km de estrada e mais 60 km de ramal para prendê-lo.
Santa Bárbara falou que um dia antes do crime contra o empresário os dois suspeitos também fizeram um assalto em uma casa, onde roubaram diversos objetos e ainda a moto usada no assalto contra Jorge das Flores. Segundo a polícia, foi Igor que também forneceu a arma para que Juliano Salvador Leitão, de 27 anos, já preso pelo crime, abordasse o empresário.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/Y/i/d2jjE9RVilPPNTKwPrvw/whatsapp-image-2022-02-16-at-12.00.23.jpeg)
Igor foi preso enquanto se encondia em uma colònia em Acrelândia — Foto: Arquivo pessoal
“O Igor está à frente de uma facção criminosa que atua no bairro Raimundo Melo. Já responde pelo crime de homicídio e roubo anteriormente. Além de ser o mandante, também forneceu a arma para o Juliano, que foi preso logo após o crime de homicídio”, disse.
Para chegar até o mandante, a equipe da Decore cumpriu mandados de busca e apreensão na casa da mãe e avô de Igor no dia 15 de fevereiro. Foi neste local que os policiais encontraram objetos roubados durante um assalto na madrugada de 4 de fevereiro – um dia antes do assalto contra Jorge das Flores.
“Parte dos materiais que foram roubados pelo Juliano no dia anterior do crime foi apreendido. Tão logo foi combinada a situação do roubo do Jorge das Flores, eles precisavam de um veículo, então, invadiram uma casa, amarraram as pessoas, roubaram várias coisas, eletrodomésticos, um notebook, impressora, uma moto e um veículo”, explicou o delegado.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/F/Q/VfrtA1T82VFodpAm9W1w/morte-jorge-das-flores-reproducao.jpg)
Grupo assalto uma casa um dia antes de cometer o crime contra Jorge das Flores — Foto: Asscom/Polícia Civil
Investigações seguem
Com esses indícios, os investigadores chegaram ao paradeiro do suspeito. “Estava em uma fazenda e, segundo ele, ia fazer trabalho com madeira. Foi preso com mandado de prisão, agora vai ser interrogado, mas já no local confessou que forneceu a arma pro Juliano.”
O delegado disse que, assim como Juliano, o mandante deve responder por latrocínio. Agora a polícia quer saber se os criminosos receberam informação de alguém para saber que naquele dia o empresário estaria com uma certa quantia em dinheiro.
Polícia apresenta principal suspeito pela morte do empresário Jorge das Flores
“O que posso adiantar é que as investigações continuam e ainda falta ser identificada a pessoa que estava com o Juliano na hora do crime, então estão sendo feitas as investigações. Se teve alguém que deu essa ‘fita’ vai ser identificado e o rapaz que participou também deve ser preso. A motivação foi o dinheiro, mas queremos saber através de quem eles obtiveram a informação de que ele teria o dinheiro e o que motivou esse roubo”, pontuou.
De acordo com o delegado Geremias Ferreira, que também participa das investigações, o assalto que antecedeu o crime contra Jorge da Flores ocorreu na noite de 4 de fevereiro na Vila Ivonete e ainda há uma pessoa que deve ser presa por esse crime.
Processo
O g1 teve acesso a detalhes dos depoimentos, tanto do acusado, Juliano Salvador Leitão, de 27 anos, como de duas funcionárias da loja que estavam no momento do crime. Diferente do que diz Leitão, réu confesso do crime, as testemunhas alegam que em nenhum momento ele chegou a pedir dinheiro da vítima antes de atirar contra Jorge.
No último dia 14, a Justiça aceitou a denúncia contra Leitão e o tornou réu no processo. Apesar de o acusado confessar que agiu por ordem de um grupo criminoso, o Ministério Público do Acre (MP-AC) fez a denúncia contra ele apenas por roubo seguido de morte.
“Confissão, principalmente prestada em sede policial, é retratável e deve ser analisada e confrontada com as demais provas existentes nos autos. Assim, a só confissão dele, sem a necessária confirmação por outros elementos de convicção, não fornece justa causa para oferecimento de denúncia, por integrar grupo criminoso. Em face disso, denúncia ofertada versa apenas sobre crime de roubo”, disse.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/C/U/1LCidHTHmCSYw6XHb51A/juliano-caso-jorge.jpg)
Juliano Salvador Leitão diz que recebeu ordem de facção para assaltar empresário — Foto: Reprodução
O que diz o acusado
Ao cometer o crime, Juliano Leitão foi preso ainda próximo da loja no Bosque quando tentava pegar um mototáxi porque, segundo ele, o comparsa, que estava do lado de fora, fugiu ao ouvir os disparos.
Ele conta que recebeu ordem de uma facção para assaltar o empresário porque ele teria uma caixa com grande quantia de dinheiro dentro do porta-luvas do carro.
O acusado mora no bairro Raimundo Melo e contou à polícia que recebeu uma ligação de um membro da facção da qual ele faz parte que passou as orientações. Ele conta que foi orientado a ir até um supermercado na Avenida Getúlio Vargas, e que um outro criminoso, que havia saído do presídio um dia antes, iria buscá-lo para que eles cometessem o crime.
O acusado diz que não saberia informar o contato do suposto mandante porque “os membros da facção” trocam de chips telefônicos com certa frequência.
“Alega que a vítima esboçou reação tocando nos bolsos e, por acreditar que ele pudesse estar armado, efetuou os disparos. Pediu a chave do carro, mas a vítima teria jogado a carteira no chão e que ao recolher a carteira, deu mais um tiro, mas quando saiu da loja correndo, que não viu o comparsa, saiu em busca de um mototáxi, quando foi preso”, diz o depoimento.
Leitão então teve a prisão convertida em flagrante ainda no domingo (6) e foi levado ao Complexo Prisional Rio Branco. Ele tem passagem por estelionato, quando foi preso, e ameaça.
/i.s3.glbimg.com/v1/AUTH_59edd422c0c84a879bd37670ae4f538a/internal_photos/bs/2022/t/8/Lyq7fyTdqjAtvbyXb8zw/whatsapp-image-2022-02-07-at-07.36.50.jpeg)
Jorge foi um dos pioneiros no ramo da floricultura em Rio Branco — Foto: Arquivo pessoal
O que dizem as testemunhas
Já a versão das testemunhas contradizem a do acusado no mesmo ponto: não houve pedido de dinheiro. Uma das funcionárias, que trabalha há três meses na loja, disse que o empresário a chamou para ir até o depósito, onde ficam as rosas, geladeiras e outros equipamentos de manutenção.
“Ele mandou fazer a limpeza do freezer e passar os itens para a geladeira. Neste momento, ele virou as costas e viu um estranho dentro do depósito já com a arma na mão, sendo que em momento nenhum perguntou por dinheiro. Que Jorge não tentou reagir e não fez nenhum movimento brusco e disse apenas: ‘O que é isso rapaz’ e ele logo foi atirando”, contou em depoimento.
A outra funcionária, contratada há apenas 3 dias, confirmou o primeiro depoimento da testemunha, reforçando que em nenhum momento foi pedido dinheiro e que Jorge também não reagiu.
O empresário foi atingido com dois tiros próximo ao pescoço, passou por cirurgia, mas morreu no fim da tarde de sábado (5) após duas paradas cardíacas. Desta forma, a Polícia Civil disse que, inicialmente o crime seria tratado como latrocínio, já que com Leitão foi achada a carteira da vítima.
O que dizem amigos e familiares
Já a família pede apuração rígida dos fatos, uma vez que muitos objetos de valores que estavam com o empresário não foram levados. A defensora pública Iacuty Aiache, que é ex-cunhada do empresário, falou com carinho dele e pediu explicações.
“Sentimento que fica é de indignação e muita tristeza porque o Jorge é do Rio e ele há mais de 30 anos escolheu o Acre para morar e é muito triste pra gente, conhecedor de tudo que fez, ele foi o primeiro cara que vendeu flores do Acre, ter um fim trágico desses. A pergunta que não quer calar: o que houve realmente? Não levaram nada de Jorge, ele tava com R$ 2,6 mil no bolso, com um anel que valia R$ 30 mil, ele tinha R$ 10 mil no carro e ficou intacto lá e é muito triste. Fica uma lacuna, um vácuo na vida da gente”, falou.
A ex-mulher do empresário, Dínia Aiache, que também foi pioneira ao lado do ex-marido na venda de flores, tem duas filhas com ele. Ela disse que ficou abalada com a notícia.
“É um sentimento que dói muito. Jorge foi uma pessoa amada, muito amada, ele tinha os defeitos dele, mas sempre foi uma pessoa alegre, que não via muito maldade, mas ele era esperto, ficava andando e tomando conta das coisas. A gente fica desorientada, ainda mais quando tem filho no meio, mas Deus vai consolar o coração de todos para eles aceitarem essa perda”, disse durante o velório no domingo (6).
O corpo do empresário foi enterrado na segunda-feira (7) porque a família esperava a chegada de uma das filhas de Jorge que mora em outro estado.
Colaborou Eldérico Silva, da Rede Amazônica Acre.
Relacionado
ACRE
Curso de Letras/Libras da Ufac realiza sua 8ª Semana Acadêmica — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
2 dias atrásem
4 de novembro de 2025O curso de Letras/Libras da Ufac realizou, nessa segunda-feira, 3, a abertura de sua 8ª Semana Acadêmica, com o tema “Povo Surdo: Entrelaçamentos entre Línguas e Culturas”. A programação continua até quarta-feira, 5, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, com palestras, minicursos e mesas-redondas que abordam o bilinguismo, a educação inclusiva e as práticas pedagógicas voltadas à comunidade surda.
“A Semana de Letras/Libras é um momento importante para o curso e para a universidade”, disse a pró-reitora de Graduação, Edinaceli Damasceno. “Reúne alunos, professores e a comunidade surda em torno de um diálogo sobre educação, cultura e inclusão. Ainda enfrentamos desafios, mas o curso tem se consolidado como um dos mais importantes da Ufac.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou que o evento representa um espaço de transformação institucional. “A semana provoca uma reflexão sobre a necessidade de acolher o povo surdo e integrar essa diversidade. A inclusão não é mais uma escolha, é uma necessidade. As universidades precisam se mobilizar para acompanhar as mudanças sociais e culturais, e o curso de Libras tem um papel fundamental nesse processo.”

A organizadora da semana, Karlene Souza, destacou que o evento celebra os 11 anos do curso e marca um momento de fortalecimento da extensão universitária. “Essa é uma oportunidade de promover discussões sobre bilinguismo e educação de surdos com nossos alunos, egressos e a comunidade externa. Convidamos pesquisadores e professores surdos para compartilhar experiências e ampliar o debate sobre as políticas públicas de educação bilíngue.”
A palestra de abertura foi ministrada pela professora da Universidade Federal do Paraná, Sueli Fernandes, referência nacional nos estudos sobre bilinguismo e ensino de português como segunda língua para surdos.
O evento também conta com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Educação e Cultura, da Secretaria Municipal de Educação, do Centro de Apoio ao Surdo e de profissionais que atuam na gestão da educação especial.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
Relacionado
A Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg) comunica que estão abertas as inscrições até esta segunda-feira, 3, para o mestrado profissional em Administração Pública (Profiap). São oferecidas oito vagas para servidores da Ufac, duas para instituições de ensino federais e quatro para ampla concorrência.
Confira mais informações e o QR code na imagem abaixo:
Relacionado
ACRE
Atlética Sinistra conquista 5º título em disputa de baterias em RO — Universidade Federal do Acre
PUBLICADO
6 dias atrásem
31 de outubro de 2025A atlética Sinistra, do curso de Medicina da Ufac, participou, entre os dias 22 e 26 de outubro, do 10º Intermed Rondônia-Acre, sediado pela atlética Marreta, em Porto Velho. O evento reuniu estudantes de diferentes instituições dos dois Estados em competições esportivas e culturais, com destaque para a tradicional disputa de baterias universitárias.
Na competição musical, a bateria da atlética Sinistra conquistou o pentacampeonato do Intermed (2018, 2019, 2023, 2024 e 2025), tornando-se a mais premiada da história do evento. O grupo superou sete concorrentes do Acre e de Rondônia, com uma apresentação que se destacou pela técnica, criatividade e entrosamento.
Além do título principal, a bateria levou quase todos os prêmios individuais da disputa, incluindo melhor estandarte, chocalho, tamborim, mestre de bateria, surdos de marcação e surdos de terceira.
Nas modalidades esportivas, a Sinistra obteve o terceiro lugar geral, sendo a única equipe fora de Porto Velho a subir no pódio, por uma diferença mínima de pontos do segundo colocado.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
Economia e Negócios7 dias agoBIFF encerra apresentação em São Paulo com sucesso, intercâmbio cinematográfico entre China e Brasil inaugura novo capítulo
ACRE6 dias agoAtlética Sinistra conquista 5º título em disputa de baterias em RO — Universidade Federal do Acre
ACRE3 dias agoPropeg — Universidade Federal do Acre
ACRE2 dias agoCurso de Letras/Libras da Ufac realiza sua 8ª Semana Acadêmica — Universidade Federal do Acre