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Mapeamento inédito do crime na Amazônia revela novas dinâmicas, atores e conivência estatal

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Grande investigação sobre o tema foi publicada por ocasião da Cúpula dos Presidentes da Amazônia (8 e 9 de agosto).
- Durante mais de um ano, 37 profissionais de mídia de 11 países investigaram a Amazônia no Brasil, Colômbia, Peru, Venezuela, Equador e Bolívia. Eles identificaram a ampla presença de facçõescriminosas que estão causando danos irreversíveis ao meio ambiente.
Com dados e depoimentos de vítimas e agressores, eles descobriram que, em algumas localidades, as forças de segurança aceitam as regras das organizações criminosas ou até mesmo trabalham ativamente com grupos de garimpo ilegal e do tráfico de drogas que abusam das comunidades indígenas e recrutam crianças.
A Amazon Underworld (O Submundo da Amazônia) é um projeto de investigação transfronteiriço que traz uma visão aprofundada do ecossistema criminoso na Amazônia. Uma equipe de jornalistas investigativos visitou regiões remotas da maior floresta tropical do mundo e mapeou uma rede complexa de grupos criminosos que agem sem controle e, às vezes, até em conjunto com forças de segurança, contribuindo para a destruição da região de maior biodiversidade do planeta.
Após mais de um ano de trabalho de campo da Amazônia, análise de dados e uso de ferramentas de inteligência artificial, 37 profissionais de mídia de 11 países construíram um mapa que revela a presença de grupos armados, organizações criminosas e economias ilícitas nas fronteiras amazônicas da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Peru e Venezuela. A equipe do Amazon Underworld também produziu uma série de reportagens que revela os rostos por trás dos números.
De acordo com a investigação, poderosas facções criminosas chegaram à Amazônia para controlar as lucrativas rotas de tráfico de drogas, mas ficaram por causa do ouro. Os jornalistas descobriram a presença de grupos criminosos em 70% dos municípios ao longo das fronteiras dos seis principais países amazônicos.
“Após meses de pesquisa em algumas das áreas mais remotas da Amazônia, e conversando com centenas de pessoas, incluindo traficantes de drogas, membros de facções e forças de segurança, a conclusão é clara: a falta de presença do Estado e o crescente controle por parte do crime estão tendo um efeito devastador sobre as comunidades locais e o meio ambiente – tudo isso alimentado pelas indústrias multibilionárias de tráfico de drogas, ouro e armas”, disse Bram Ebus, jornalista líder e Coordenador de Investigação de Amazon Underworld.
“Governar uma área tão vasta como a Amazônia é um desafio monumental, mas se as redes criminosas conseguem administrar um nível tão sofisticado de diplomacia e colaboração, o mesmo deve acontecer com os governos em seus esforços conjuntos para proteger a Amazônia. Os líderes dos países amazônicos devem melhorar a cooperação; caso contrário, a Amazônia se perderá para o crime e a destruição ambiental. A Cúpula da Amazônia no Brasil apresenta uma oportunidade única de discutir estratégias sustentáveis de longo prazo para lidar com a segurança na maior floresta tropical do mundo”, completou.
O ouro estimula o crime e a corrupção na fronteira Brasil-Colômbia
O banco de dados da presença de facções por município, uma introdução ao contexto do submundo da Amazônia e um artigo sobre a expansão de grupos ilegais que controlam o garimpo ilegal no estado do Amazonas, causando terríveis danos ambientais, são as primeiras de uma série de reportagens a serem publicadas ao longo do mês de agosto.
Esta primeira reportagem conta como é a vida em uma draga – enormes barcas de garimpo espalhadas ao longo de um rio compartilhado pelo Brasil e pela Colômbia.
“Os guerrilheiros se instalaram nesse rio, cobrando impostos dos garimpeiros”, disse aos jornalistas do Amazon Underworld um garimpeiro de São Paulo que opera uma draga de porte industrial no rio Puruê. Ele explicou que fez “contribuições voluntárias” de 40 gramas de ouro para uma guerrilha colombiana. O pequeno pedaço de papel, que tem uma foto do lendário comandante das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), “Mono Jojoy”, atesta que o ouro foi pago a uma facção dissidente das Farc.
Embora em 2021 uma operação do exército brasileiro tenha expulsado os guerrilheiros da área, os garimpeiros dizem que a extorsão continua. Eles afirmam que atualmente pagam dinheiro de proteção à Polícia Militar e a autoridades locais. Os garimpeiros do rio Puruê relataram que, todos os meses, entregam 30 gramas de ouro por draga a policiais militares e até 50 gramas ao prefeito de Japurá. Um garimpeiro disse que os pagamentos fazem parte de um acordo no qual eles pagam por um barco e combustível para a polícia patrulhar o rio e a área de mineração. “Eu ajudo as forças de segurança para que elas possam me ajudar também”, disse ele.
No lado colombiano da fronteira, o governo perdeu o controle sobre o rio Puré depois que dissidentes das Farc ordenaram que os guardas florestais deixassem o Parque Nacional Puré em 2020.
A situação não é melhor na Venezuela. A segunda reportagem de Amazon Underworld, a ser publicada no domingo, 6 de agosto, apresenta um quadro detalhado da complexa situação dos povos indígenas Pemón na localidade de Ikabarú, próxima à fronteira brasileira na altura do município de Amajari, em Roraima, onde garimpeiros guianenses e brasileiros e grupos armados estatais e não estatais venezuelanos estão competindo pelo controle do território. A área tem um potencial diamantífero muito significativo, de acordo com um estudo publicado em 2021 em uma revista do Ministério da Ciência e Tecnologia da Venezuela.
Os outros seis textos que fazem parte dessa pesquisa são:
Quinta-feira, 10 de agosto: Uma reportagem sobre as táticas empregadas pelas pessoas mais pobres dentro da cadeia do tráfico de drogas, enquanto eles habilmente fogem das autoridades na área da tríplice fronteira que abrange Peru, Colômbia e Brasil.
Terça-feira, 15 de agosto: Uma história sobre as experiências de membros de uma comunidade indígena que buscam a proteção espiritual de um xamã para atravessar a selva entre a Colômbia e o Brasil carregando mochilas com 60 kg de maconha.
Quinta-feira, 17 de agosto: Uma reportagem sobre o impacto do aumento da presença do Comando Vermelho, em Ucayali, na Amazônia peruana.
Domingo, 20 de agosto: Uma história baseada nos testemunhos de jovens indígenas recrutados por organizações guerrilheiras colombianas que operam na Venezuela, e como isso forçou uma tribo Warekena a fugir de suas terras e se esconder em uma ilha secreta em um dos maiores rios da Amazônia.
Terça-feira, 22 de agosto: Uma reportagem sobre o recrutamento de migrantes e refugiados venezuelanos vulneráveis por facções criminosas no Brasil, como o Primeiro Comando da Capital (PCC) em Boa Vista.
Quinta-feira, 24 de agosto: Um artigo sobre como o aumento da chegada de cocaína no Porto de Barcarena, próximo à foz do rio Amazonas, no Pará, ameaça as comunidades quilombolas e altera seu tecido social.
INFORMAÇÕES BÁSICAS
Amazon Underworld é um projeto conjunto da InfoAmazonia (Brasil), Armando.Info (Venezuela) e La Liga contra el Silencio (Colômbia). O trabalho foi realizado com o apoio da Rainforest Investigations Network do Pulitzer Center e financiado pela Open Society Foundations, pelo Foreign, Commonwealth & Development Office do Reino Unido e pela International Union for Conservation of Nature (IUCN NL).
Jornalistas disponíveis para entrevistas
Bram Ebus – Jornalista líder e Coordenador de Investigação – Amazon Underworld
Bram Ebus é um jornalista investigativo e criminologista holandês que vive na Colômbia. Seu trabalho foi publicado no Miami Herald, The Guardian, Newsweek e outros meios de comunicação. Ebus trabalha como consultor para o International Crisis Group e é membro da Rainforest Investigations Network do Pulitzer Center. Ele cobre principalmente crimes ambientais e conflitos na região dos Andes e da Amazônia e foi o principal repórter em três investigações colaborativas que receberam vários prêmios, incluindo dois Prêmios de Jornalismo Online e um Gabo.
Juan Torres – Coordenador do Amazon Underworld
Jornalista brasileiro, é coordenador de projetos da InfoAmazonia e gerente de programas do International Center for Journalists (ICFJ). Especialista em jornalismo de dados, já treinou mais de 1.000 profissionais e estudantes na área, em workshops, cursos e aulas de MBA. Trabalhou em veículos de comunicação no Brasil, na Espanha e nos Estados Unidos, em posições editoriais, de gestão de produtos e de estratégia de negócios. Seu trabalho foi reconhecido em mais de 15 prêmios de jornalismo e mídia.
Pâmela Huerta Bustamante
Jornalista peruana especializada em fronteiras e crime organizado. Trabalhou em investigações sobre tráfico de drogas, tráfico de pessoas, extorsão e dinâmica transfronteiriça. Atualmente, trabalha na unidade de pesquisa de dados do jornal La República e é membro do Connectas Hub.
Rodrigo Pedroso
Jornalista e sociólogo brasileiro, especializado em reportagens sobre meio ambiente e direitos humanos. Trabalhou no pós-conflito na Colômbia e atualmente cobre a Amazônia. Seu trabalho foi publicado em vários meios de comunicação, como Piauí (Brasil), BBC Brasil, El País Brasil, CNN (EUA), Internazionale (Itália), Courrier International (França), Ojo Público (Peru) e Armando.info (Venezuela). Ele é bolsista do Pulitzer’s Center Amazon Rainforest Journalism Fund e atualmente trabalha como freelancer investigando crimes ambientais na Amazônia.
Maria de los Ángeles Ramírez Cabello
Jornalista venezuelana com mais de 17 anos de prática profissional, com interesse especial em investigar e compreender a interseção entre economia, meio ambiente e direitos humanos. É co-fundadora da Rede de Jornalistas da Amazônia Venezuelana e professora de Jornalismo Investigativo na UCAB Guayana. Foi bolsista da Rainforest Research Network (RIN) e do Rainforest Journalism Fund do Pulitzer Center. Colabora com a mídia internacional e trabalha em projetos colaborativos transfronteiriços com foco em extrativismo, conflitos socioambientais e crime. Ela fez parte de equipes que ganharam os prêmios Gabo, IPYS Venezuela, SIP e ONA.
Sam Cowie
Jornalista britânico baseado em São Paulo F, com ampla experiência na cobertura da Amazônia brasileira. Suas reportagens e artigos investigativos foram publicados no The Guardian, The Financial Times, The Associated
Press, Al Jazeera, BBC, Mongabay, The Intercept, Folha de S. Paulo, UOL, Repórter Brasil e Valor Econômico. Ele também fez reportagens em Moçambique, Suazilândia, Paraguai e Índia.
A pesquisa está disponível em:
Banco de dados da presença de facções por município
Dragas: Ouro estimula crime e corrupção na fronteira brasil-colômbia
Para mais informações ou para marcar uma entrevista com um dos membros da equipe, entre em contato com:
Josefina Salomon josefina.salomon@gmail.com , Whatsapp:
Ronna Risquez ronnariskez@gmail.com
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Ufac homenageia professores com confraternização e show de talentos — Universidade Federal do Acre

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2 dias atrásem
17 de outubro de 2025
A reitora da Ufac, Guida Aquino, e a pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, realizaram nessa quarta-feira, 15, no anfiteatro Garibaldi Brasil, uma atividade em alusão ao Dia dos Professores. O evento teve como objetivo homenagear os docentes da instituição, promovendo um momento de confraternização. A programação contou com o show de talentos “Quem Ensina Também Encanta”, que reuniu professores de diferentes centros acadêmicos em apresentações musicais e artísticas.
“Preparamos algo especial para este Dia dos Professores, parabenizo a todos, sou muito grata por todo o apoio e pela parceria de cada um”, disse Guida.
Ednaceli Damasceno parabenizou os professores dos campi da Ufac e suas unidades. “Este é um momento de reconhecimento e gratidão pelo trabalho e dedicação de cada um.”
O presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara, reforçou o orgulho de pertencer à carreira docente. “Sinto muito orgulho de dizer que sou professor e que já passei por esta casa. Feliz Dia dos Professores.”
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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PZ e Semeia realizam evento sobre Dia do Educador Ambiental — Universidade Federal do Acre

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3 dias atrásem
16 de outubro de 2025
O Parque Zoobotânico (PZ) da Ufac e a Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semeia) realizaram o evento Diálogos de Saberes Ambientais: Compartilhando Experiências, nessa quarta-feira, 15, no PZ, em alusão ao Dia do Educador Ambiental e para valorizar o papel desses profissionais na construção de uma sociedade mais consciente e comprometida com a sustentabilidade. A programação contou com participação de instituições convidadas.
Pela manhã houve abertura oficial e apresentação cultural do grupo musical Sementes Sonoras. Ocorreram exposições das ações desenvolvidas pelos organizadores, Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Sínteses da Biodiversidade Amazônica (INCT SinBiAm) e SOS Amazônia, encerrando com uma discussão sobre ações conjuntas a serem realizadas em 2026.
À tarde, a programação contou com momentos de integração e bem-estar, incluindo sessão de alongamento, apresentação musical e atividade na trilha com contemplação da natureza. Como resultado das discussões, foi formada uma comissão organizadora para a realização do 2º Encontro de Educadores Ambientais do Estado do Acre, previsto para 2026.
Compuseram o dispositivo de honra na abertura o coordenador do PZ, Harley Araújo da Silva; a secretária municipal de Meio Ambiente de Rio Branco, Flaviane Agustini; a educadora ambiental Dilcélia Silva Araújo, representando a Sema; a pesquisadora Luane Fontenele, representando o INCT SinBiAm; o coordenador de Biodiversidade e Monitoramento Ambiental, Luiz Borges, representando a SOS Amazônia; e o analista ambiental Sebastião Santos da Silva, representando o Ibama.
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Curso de extensão da Ufac sobre software Jamovi inscreve até 26/10 — Universidade Federal do Acre

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3 dias atrásem
16 de outubro de 2025
O curso de extensão Jamovi na Prática: Análise de Dados, da Ufac, está com inscrições abertas até 26 de outubro. São oferecidas 30 vagas para as comunidades acadêmica e externa. O curso tem carga horária de 24 horas e será realizado de 20 de outubro a 14 de dezembro, na modalidade remota assíncrona, pela plataforma virtual da Ufac. É necessário ter 75% das atividades realizadas para obter o certificado.
O objetivo do curso é capacitar estudantes e profissionais no uso do software Jamovi para realização de análises estatísticas de forma intuitiva e eficiente. Com uma abordagem prática, o curso apresenta desde conceitos básicos de estatística descritiva até testes inferenciais, correlação, regressão e análise de variância.
Serão explorados recursos de importação e tratamento de dados, interpretação de resultados e elaboração de relatórios. Ao final, o participante estará apto a aplicar o Jamovi em pesquisas acadêmicas e profissionais, otimizando processos de análise e apresentação de dados com rigor científico e clareza.
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