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Milhares de georgianos manifestam-se contra resultados eleitorais contestados | Geórgia

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Pjotr Sauer in Tbilisi

Milhares de georgianos saíram às ruas na capital, Tbilisi, para se manifestarem contra os resultados de uma disputada eleição parlamentar no fim de semana, na qual o partido do governo, cada vez mais antiocidental, foi declarado vitorioso em meio a relatos de irregularidades e intimidação de eleitores.

A manifestação à porta do parlamento, no centro da cidade, foi organizada pela oposição pró-ocidental do país, que se recusou a admitir a derrota e acusou o partido governante Georgian Dream (GD) de fraude eleitoral.

A presidente georgiana pró-ocidental, Salome Zourabichvili, cujo papel é em grande parte cerimonial, disse no domingo que não reconhecia os resultados oficiais e afirmou que o país tinha sido vítima de uma “operação especial russa” destinada a puxá-lo de volta para a órbita de Moscovo e descarrilar. seu plano de se juntar ao União Europeia.

“Eles roubaram seu voto e tentaram roubar seu futuro. Mas ninguém tem o direito de fazer isso e vocês não permitirão isso”, disse Zourabichvili à multidão na segunda-feira, que agitava bandeiras da UE e da Geórgia.

Quase 20 partidos competiram por assentos no mais alto órgão legislativo do país, que é composto por 150 deputados. Fotografia: David Mdzinarishvili/EPA

Ela disse à Reuters que acreditava que “a metodologia usada e o apoio provavelmente dos tipos russos do FSB (serviço de segurança federal) são demonstrados nesta eleição”.

A Rússia rejeitou as alegações de interferência eleitoral. O FSB, principal sucessor da KGB da era soviética, não estava disponível para comentar.

No protesto, vários líderes da oposição exigiram novas eleições, a serem supervisionadas por uma comissão internacional, e anunciaram que os seus partidos não ocupariam os seus assentos no parlamento, preparando o terreno para uma crise política prolongada.

A comissão eleitoral do país anunciou no domingo que o cada vez mais autoritário GD obteve 54% dos votos, conquistando 89 assentos no parlamento.

Os eleitores no país do Cáucaso, com quase 4 milhões de habitantes, tiveram foi às urnas no sábado, numa eleição decisiva para decidir se GD, que está no poder desde 2012 e conduziu o país para um rumo conservador, afastando-se do Ocidente e aproximando-o da Rússia, deverá obter outro mandato de quatro anos.

A oposição georgiana afirma que o partido no poder se envolveu numa manipulação eleitoral generalizada, citando discrepâncias gritantes entre os resultados iniciais e uma sondagem à saída realizada por investigadores ocidentais que mostrou que o partido no poder obteve apenas 40% dos votos.

Um relatório preliminar da Organização para a Segurança e Cooperação em Europa (OSCE) disse que “notou relatos de intimidação, coerção e pressão sobre os eleitores”, classificando a condução das eleições como prova de “retrocesso democrático” no país.

Vários partidos anunciaram um boicote ao parlamento e a Coligação para a Mudança, da oposição, recusou tanto os mandatos parlamentares como o financiamento estatal. Fotografia: David Mdzinarishvili/EPA

O resultado frustra as esperanças da oposição de uma coligação pró-ocidental unida de quatro blocos e, na verdade, trava as aspirações do país à integração na UE.

“Estou aqui porque o governo fraudou as eleições, roubando as nossas vozes e o nosso direito de escolher o nosso futuro”, disse Kato Bochorishvili, um estudante de economia de 21 anos. “Queremos que o mundo saiba que escolhemos a Europa e não a Rússia. Só espero que o mundo possa nos ouvir”, disse ela.

O apoio aos grupos de oposição pró-ocidentais provém geralmente dos eleitores urbanos e mais jovens, que vislumbram o seu futuro político com a UE.

GD, liderado pelo bilionário secreto Bidzina Ivanishvilitornou os valores conservadores e não liberais centrais na sua campanha, ao mesmo tempo que afirmou que a oposição pró-ocidental arrastaria a Geórgia para um conflito com a Rússia, semelhante ao da Ucrânia.

Os EUA e a União Europeia pediram investigações completas do resultado das eleições de sábado.

Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, criticou o “uso indevido de recursos públicos, a compra de votos e a intimidação dos eleitores”, que, segundo ele, “contribuíram para condições de concorrência desiguais”.

Matthew Miller, porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, acrescentou mais tarde que os EUA estavam em conversações com parceiros europeus sobre qual seria um órgão apropriado para investigar denúncias de violações. Acrescentou que Washington poderia tomar medidas se o governo não atender aos apelos para “retroceder nas suas ações antidemocráticas e regressar ao seu caminho euro-atlântico”.

Fotografia: Shakh Aivazov/AP

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Alemanha condenou “irregularidades significativas” e a França também expressou preocupações sobre “irregularidades observadas antes e durante a votação”, apelando a uma investigação completa.

Mas as autoridades ocidentais não chegaram a declarar a eleição roubada ou falsificada e abstiveram-se de pedir um boicote aos resultados.

Dmitry Peskov, porta-voz do Kremlin, disse que o resultado das eleições foi “a escolha do povo georgiano” e acusou o Ocidente de tentar desestabilizar a situação. O primeiro-ministro da Geórgia, Irakli Kobakhidze, acusou a oposição de tentar “abalar a ordem constitucional”, informou a imprensa local. Ele disse que o seu governo continua comprometido com a integração europeia.

Numa medida que irritou outros líderes da UE e a oposição georgiana, Viktor Orbán desembarcou em Tbilisi na segunda-feira depois de se tornar o primeiro líder ocidental a felicitar o partido no poder GD pela sua “vitória esmagadora”.

Orbán, que recentemente cultivou laços estreitos com o partido GD, foi flagrado entrando no Hotel Marriott a poucos passos de onde ocorria o protesto.

Não é imediatamente claro para onde vai a oposição georgiana a partir daqui, com muitos no país visivelmente frustrados pelo que dizem ser uma falta de apoio ocidental.

Os resultados das eleições também sugerem que o GD mantém o apoio de um grupo central de eleitores georgianos, especialmente nos centros industriais e nas regiões conservadoras e mais pobres, onde o progresso económico tem sido lento e o apelo da Europa parece distante e fraco.

Na Primavera passada, dezenas de milhares de pessoas já protestou em Tbilisi para manifestar-se contra um controverso projecto de lei sobre “agentes estrangeiros”, que os críticos argumentavam ter sido concebido para sufocar os meios de comunicação social e as ONG do país. Mas esses protestos desapareceram gradualmente após uma repressão policial e uma série de prisões. As manifestações de segunda-feira foram significativamente menores, sugerindo que falta impulso ao movimento de protesto.

Anton Shekhovtsov, diretor do Centro para a Integridade Democrática, com sede em Viena, disse que a resposta cautelosa da Europa mostrou que não “tinha o espírito e o consenso para desafiar abertamente o governo georgiano. Sem qualquer apoio claro e explícito, quer das missões de observação eleitoral, quer da UE, os georgianos são hoje deixados sozinhos na sua luta por um futuro europeu.»

Na segunda-feira, alguns manifestantes pareciam desanimados.

“O Georgian Dream já venceu”, disse Irma Khoperia, uma artista de 55 anos. “Eles nunca desistirão do poder voluntariamente. Eles transformarão este país numa ditadura.”

GD foi acusado por críticos nacionais e estrangeiros de planos para mover o país numa direcção autoritária depois de Ivanishvili ter prometido banir todos os principais partidos da oposição e remover legisladores da oposição se o seu partido fosse reeleito.

Tal como outros participantes no protesto daquela noite, Khoperia apelou ao Ocidente para sancionar o líder do GD e o seu partido.

“Gostaríamos que o Ocidente nos apoiasse mais. Eles deveriam ficar ao nosso lado e se manifestar contra esse roubo de votos”, disse Khoperia.

Outros manifestantes prometeram voltar às ruas até que uma nova eleição fosse realizada.

“É muito difícil, mas continuo esperançoso – caso contrário, não estaria aqui”, disse Tekle Makashvili, estudante de doutoramento em Tbilisi. “Continuaremos lutando até que este país esteja livre novamente.”



Leia Mais: The Guardian

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Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

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Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



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Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

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A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

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Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

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