NOSSAS REDES

MUNDO

Mineradoras pequenas querem abrir capital no Brasil – 17/11/2024 – Mercado

PUBLICADO

em

Pedro Lovisi

Das cinco empresas de lítio no Vale do Jequitinhonha, região que abriga as maiores reservas do mineral no país, apenas uma é brasileira. As demais são canadense, americana e australiana, ainda que seus ativos estejam no Brasil e seus executivos ou fundadores sejam brasileiros.

Esse cenário aparentemente contraditório se repete em outras regiões do país e com outros minerais –alguns cruciais para a fabricação de carros elétricos, turbinas eólicas e painéis solares.

A razão principal é a facilidade com que mineradoras pré-operacionais, conhecidas como “junior mining companies”, têm para se listar em Bolsas de Valores estrangeiras, em especial na Austrália e no Canadá –países líderes na mineração. O fenômeno faz com que esses países arrecadem impostos e atraiam investidores que, naturalmente, viriam para o Brasil caso as empresas fossem listadas no país.

Agora, porém, o setor tem se movimentado para convencer o mercado financeiro brasileiro a abrir as portas para essas empresas. É uma demanda antiga, mas a busca por minerais críticos da transição energética tem ajudado a mobilizar os atores cruciais: Bolsa, governo e investidores.

Em outubro, um evento organizado pela B3 reuniu nomes importantes da mineração para discutir o assunto. Estavam lá CEOs de mineradoras, investidores de gestoras de investimentos e o ex-ministro da Fazenda Joaquim Levy, hoje diretor de relações com mercados do banco Safra. Semanas depois, a B3 assinou uma parceria com a Bolsa do Canadá para estudar o tema.

O impulso nas discussões foi dado pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O banco criou junto com a Vale, no mês passado, um fundo para investir em mineradoras juniores, principalmente aquelas focadas em minerais da transição energética, como lítio, cobre e níquel.

A ideia é levantar no mínimo R$ 1 bilhão, mas o ânimo do setor com a entrada do banco nesse mercado vai além das cifras. Isso porque, como BNDES e Vale aportarão até R$ 250 milhões cada um, o fundo servirá como termômetro da disposição de investidores em injetar recursos nessas mineradoras.

Além disso, como o banco começará a desinvestir a partir do quinto ano de fundo, é provável que a operação incentive a abertura de capital dessas companhias.

O desinteresse histórico dos donos do dinheiro neste setor, aliás, é uma das razões de o Brasil ainda não ter desenvolvido o mercado. Sem disposição dos investidores, fica difícil para as mineradoras juniores abrirem seu capital no Brasil –o que as leva para outros países.

Levantamento feito pela consultoria GeoAnsata aponta que só uma mineradora júnior está listada na B3: a Sigma Lithium, maior mineradora de lítio em operação no Brasil. Apesar de ser controlada por um grupo brasileiro de investidores, a empresa está listada na Bolsa do Canadá (TSX) e da Nasdaq, uma das Bolsas dos EUA. Na B3, ela lista apenas BDRs, certificados atrelados a ações estrangeiras.

O mesmo levantamento mostrou que 98 mineradoras com operação no Brasil estão listadas em Bolsas. Dessas, 75 são consideradas juniores, e a grande maioria está no Canadá, Austrália e Alemanha (quem lista no último geralmente já se listou nos dois primeiros).

“Nós não temos um mercado de renda variável para a mineração, ao contrário de países como Canadá, Estados Unidos e Austrália, que são geologicamente semelhantes”, diz Marcos André Gonçalves, presidente do conselho superior da Adimb, associação que fomenta o desenvolvimento da mineração no Brasil. “O Brasil não pode ser apenas um país que exporta ferro e ouro; temos total condição de ser protagonistas e ter as empresas abertas aqui”, acrescentou.

O exemplo do Canadá é simbólico. Das 1.423 mineradoras listadas no país em 2022, 770 tinham, na verdade, ativos em outros países, somando US$ 214,7 bilhões (R$ 1,2 trilhão) –dois terços do total dos ativos das empresas listadas. A América Latina é a região que mais abriga esses ativos, e o Brasil o quarto país estrangeiro; atrás apenas de EUA, Chile e Panamá. Ao todo, 88% das mineradoras do Canadá são juniores, mas elas representam 6% do valor dos ativos.

As mineradoras juniores, em geral, são criadas por técnicos da mineração e vendidas para grandes grupos antes mesmo de extrair minério. Foi o que aconteceu com a australiana Latin Resources, empresa que vendeu seu projeto de lítio no Vale do Jequitinhonha em agosto para a Pilbara.

Mas o caminho para viabilizar a entrada delas na B3 ainda é longo. Um passo importante, segundo a CEO da Sigma, Ana Cabral, seria convencer fundos de pensão estrangeiros a investirem no mercado brasileiro –hoje há várias restrições para esses fundos investirem em países emergentes.

“Tem fundo de pensão que está sentado em um trilhão de dólares e eles têm o mandato de contratar gestores para alocar esse dinheiro, portanto um dos mandatos pode ser incluir minerais da transição energética na carteira de investimentos”, diz. “Com esse elemento, a gente teria uma oportunidade incrível de galvanizar isso na B3.”

A tarefa não é fácil, já que até fundos nacionais estão reticentes. No final do ano passado, por exemplo, a Brazilian Rare Earths (BRE), uma mineradora júnior que quer extrair minerais de terras raras na Bahia, conversou com grandes fundos brasileiros enquanto se preparava para abrir capital na Austrália, mas nenhum se interessou pela compra das ações. Esses minerais são importantes para a fabricação de ímãs de baterias e turbinas eólicas.

Ao final, a empresa fez duas ofertas públicas que somaram 130 milhões de dólares australianos (R$ 481 milhões) sem nenhuma participação de fundos brasileiros. Por outro lado, uma das compradoras foi Gina Rinehart, a pessoa mais rica da Austrália.

“Apesar das diversas reuniões, senti que a narrativa não se encaixou muito bem para que fundos brasileiros entrassem, seja pelo desconhecimento ou pela falta de prática de investir numa empresa com ações em bolsa estrangeira. Poucos fundos possuem esta capacidade construída internamente com times dedicados e com capacidade crítica o suficiente para a tomada de risco”, afirma Renato Gonzaga, diretor financeiro da BRE.

Segundo Leonardo Laport, chefe de global equities da Jefferies na América Latina, a falta de disposição passa pelas regras do mercado financeiro brasileiro, que obrigam alguns fundos a divulgar suas cotas todos os dias.

“Vamos supor que saia um release da mineradora dizendo que os resultados da pesquisa mineral não saíram como a empresa esperava; com isso, a cota do fundo vai tomar uma porrada. Como você justifica essa queda para o cotista, enquanto o Ibovespa, por exemplo, está crescendo? Ou seja, a própria regulação brasileira da divulgação de cota diária não permite ao fundo tomar riscos maiores”, diz. “Isso não existe em outros países do mercado.”

Pesa também a falta de especificidades para o setor nos relatórios de investimentos que as companhias abertas precisam divulgar. Isso porque, como em vários casos as mineradoras juniores ainda são pré-operacionais, seus únicos ativos são os projetos de extração. Assim, os investidores precisam ter certeza da veracidade das reservas, recursos e teor dos minerais relatados. Uma solução seria copiar as normas de Austrália e Canadá, já respeitadas no mundo.

Esse passo poderia ser feito pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários). O órgão abriu uma consulta pública em setembro sobre a possibilidade de agilizar a entrada de empresas com faturamento bruto abaixo de R$ 500 milhões no órgão.

“Esses documentos precisam falar uma língua que traduza os termos para o risco de investimento, porque o investidor precisa entendê-los”, afirma Leonardo Resende, superintendente da B3 responsável pelo tema. “Hoje, quando os bancos apresentam as empresas aos investidores, eles não demonstram interesse e precisamos estar prontos para a eventual saída dos investimentos do BNDES.”



Leia Mais: Folha

Advertisement
Comentários

Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48

You must be logged in to post a comment Login

Comente aqui

MUNDO

Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO

em

O projeto com os cavalos, no Kentucky (EUA), ajuda dependentes químicos a recomeçarem a vida. - Foto: AP News

Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.

Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.

Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.

Amor e semente

Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.

Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.

E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.

Leia mais notícia boa

Cantos de agradecimento

E a recompensa vem em forma de asas e cantos.

Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.

O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.

Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?

Liberdade e confiança

O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.

Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.

“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.

Internautas apaixonados

O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.

Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.

“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.

“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.

Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:

Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Que gracinha! - Foto: @cecidasaves/TikTok Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

PUBLICADO

em

Cecília, uma mulher de São Paulo, põe alimentos todos os dias os para pássaros livres na janela do apartamento dela. - Foto: @cecidasaves/TikTok

O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.

No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.

“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.

Ideia improvável

Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.

“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.

O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.

Leia mais notícia boa

A ideia

Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.

Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.

E o melhor aconteceu.

A recuperação

Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.

Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.

À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.

Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.

“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.

Cavalos que curam

Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.

Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.

Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.

“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”

A gente aqui ama cavalos. E você?

A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MUNDO

Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

PUBLICADO

em

O brasileiro Hugo Calderano, de 28 anos, conquista a inédita medalha de prata no Mundial de Tênis de Mesa no Catar.- Foto: @hugocalderano

Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.

O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.

O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.

Da tranquilidade ao pesadelo

Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.

Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.

A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.

Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.

Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.

Leia mais notícia boa

Caminho errado

Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.

“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.

Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.

Caiu na neve

Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.

Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.

Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.

“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”

Luz no fim do túnel

Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.

De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.

“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.

A gentileza dos policiais

Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.

“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.

Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!

Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:

Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni

//www.instagram.com/embed.js



Leia Mais: Só Notícias Boas

Continue lendo

MAIS LIDAS