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Na Folha SP: Associação de juízes critica excessos durante inspeção militar em presídio de Cruzeiro do Sul

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7 anos atrásem

A Associação dos Magistrados do Acre (Asmac) divulgou Nota Pública em que informa terem sido cometidos excessos durante a “Operação Thaumaturgo”, em julho de 2017.
A operação foi realizada sob o comando do general José Eduardo Leal de Oliveira, da 17ª Brigada de Infantaria, com o objetivo de inspecionar o presídio Manoel Neri da Silva, em Cruzeiro do Sul (AC). O oficial impediu o juiz da vara de execução penal Hugo Torquato de acompanhar a inspeção.
Segundo a Asmac, as informações colhidas sugerem a “ocorrência generalizada de agressões físicas, choques elétricos, mordidas de cachorro, disparos com munição de elastômero, uso indiscriminado de spray de pimenta e outros excessos”.
De acordo com a nota, “por provocação do Poder Judiciário acreano foram instaurados procedimentos investigatórios pela Procuradoria Regional da República da 1ª Região, pelo Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Comando Militar da Amazônia”.
No último sábado (28), este Blog publicou post sobre o arquivamento, pela Promotoria-Geral da Justiça Militar, de representação oferecida contra o general José Eduardo Leal de Oliveira.
O Blog enviou consulta ao Comando do Exército, por intermédio do Departamento de Relações com a Mídia, colocando o espaço à disposição para esclarecimentos.
Abaixo, a íntegra da manifestação da Asmac.
***
Dezenas de representações foram apresentadas à Justiça acreana após a realização da “Operação Thaumaturgo” pelo Exército Brasileiro, no dia 11 de julho de 2017.
Durante mais de um mês foram ouvidas testemunhas, analisadas as imagens das câmeras de segurança do complexo prisional e estudadas as informações produzidas pela perícia médico-legal. O conjunto foi sugestivo da ocorrência generalizada de agressões físicas, choques elétricos, mordidas de cachorro, disparos com munição de elastômero, uso indiscriminado de spray de pimenta e outros excessos.
Os relatos dos internos impressionam. Um dos custodiados, preso provisório conduzido para julgamento na data da operação, narrou ter tentado se matar após um nível intolerável de violência. De fato, há registros de que a tentativa de suicídio foi contida por policiais militares e consignada em ata de Sessão de Julgamento da 1ª Vara Criminal da Comarca de Cruzeiro do Sul.
Outros narram que os executores pareciam se regalar com a diligência e que, em meio a ordens para que os cães farejadores mordessem os custodiados, afrouxavam e apertavam de volta as coleiras dos animais, enquanto os presos tentavam se esquivar das mordidas. Vídeos do circuito interno do complexo prisional registraram esta dinâmica. A perícia médico-legal avaliou e fotografou todas as lesões provocadas.
Os excessos, longe de representarem qualquer benefício para a segurança pública, alimentaram um intenso ciclo de ódio na cidade de Cruzeiro do Sul.
Dados dos setores de inteligência revelam incremento sem precedentes na quantidade de delitos praticados com emprego de violência ou grave ameaça.
Duas semanas após a operação ocorreu fuga massiva de custodiados da unidade penitenciária local. Houve incêndios a residências de policiais e, recentemente, foi assassinado um agente penitenciário. Dezenas de agentes públicos da comarca, dentre eles juízes, promotores, delegados, policiais e agentes penitenciários, encontram-se atualmente sob ameaça.
Não obstante, não há efetivo apoio de tropas da União para solução dos problemas causados, de modo que todos os esforços pertinentes continuam sendo feitos em sua quase totalidade pelas forças estaduais.
A Justiça concluiu que o procedimento militar violou ao menos quatro tratados internacionais, além de direitos previstos na legislação interna reguladora da Execução Penal e da proteção contra a tortura.
Por provocação do Poder Judiciário acreano foram instaurados procedimentos investigatórios pela Procuradoria Regional da República da 1ª Região, pelo Conselho Nacional do Ministério Público e pelo Comando Militar da Amazônia.
Os fatos foram comunicados também ao Conselho Nacional do Ministério Público, ao Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, ao Mecanismo Nacional de Prevenção e Combate à Tortura, ao Departamento de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Carcerário, à Defensoria Pública da União e à Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados, para adoção de providências dentro de seus respectivos âmbitos de atuação.
Os excessos poderão acarretar, ainda, a responsabilização do Estado Brasileiro perante Tribunais Internacionais.
O caso ganhou repercussão nacional após a obstrução do acesso do Poder Judiciário ao local da operação. Não é missão da Justiça a defesa de infratores, mas a asseguração da autoridade da lei, indistintamente, entre ricos e pobres, inclusive em relação aos que têm o dever de manter a ordem e detém a força para consecução desta garantia.
A Associação dos Magistrados do Acre considera gravíssima a notícia de que agentes públicos responsáveis pela proteção da ordem jurídica nacional teriam se aproveitado da ausência de controle externo da diligência para darem vazão a instintos menores, que em nada contribuem para a segurança da população.
A ASMAC registra ainda que, em caso de arquivamento imotivado dos procedimentos apuratórios instaurados, levará o caso e todas as provas produzidas à Comissão Interamericana de Direitos Humanos, nos moldes do artigo 46 do Pacto de San Jose da Costa Rica, sem prejuízo da provocação da Associação dos Magistrados Brasileiros para adoção das providências cabíveis junto aos tribunais superiores. Por Frederico Vasconcelos. Folha SP.
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Reitora da Ufac discute comissão para plano de carreira dos TAEs — Universidade Federal do Acre

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2 horas atrásem
2 de junho de 2025
A reitora da Ufac, Guida Aquino, reuniu-se com a Comissão Interna de Supervisão (CIS) do Plano de Carreira dos Cargos Técnico-Administrativos em Educação (PCCTAE) para tratar do trabalho desenvolvido pela comissão. A reunião ocorreu na sexta-feira, 30, no gabinete da Reitoria.
A CIS é uma comissão permanente vinculada à Reitoria com o objetivo de assessorar a gestão, trabalhando o acompanhamento, a fiscalização, a avaliação da implementação do PCCTAE, bem como de manter uma constante interação com as políticas e diretrizes da Comissão Nacional de Supervisão do plano.
“Recebemos hoje a CIS, que está se estruturando e elaborando seu regimento para que possamos aprovar no Conselho Universitário”, disse Guida. “Ações importantes já ocorreram e em breve serão divulgadas aos técnico-administrativos.”
A CIS informou à reitora que está em processo de revisão e atualização do seu regimento interno. “Depois esse documento vai ser encaminhado ao Conselho Universitário para aprovação”, contou a coordenadora do CIS, Sirley Resende. “A partir disso, vamos ter bem definidas e alinhadas as atribuições da comissão.”
(Tales Gabriel, estagiário Ascom/Ufac)
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Ufac realiza curso de sobrevivência em campo e áreas de desastres — Universidade Federal do Acre

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2 horas atrásem
2 de junho de 2025
A Ufac promoveu o curso de extensão Raciocínio Quantitativo e Técnicas de Segurança em Campo e em Desastres, coordenado pelo professor Rodrigo Serrano, tendo como instrutor o professor Foster Brown. As atividades ocorreram de 26 a 30 de maio, no Viveiro da Ufac, campus-sede, reunindo estudantes dos cursos de graduação em Ciências Biológicas e Engenharia Florestal, além de alunos de pós-graduação dos programas Bionorte, Geografia e Ciências Florestais.
Os participantes iniciaram com exercícios básicos de calibração do passo e da extensão do braço, habilidades usadas para estimativas de distâncias e áreas em ambientes onde o uso de instrumentos pode ser limitado. Esses conhecimentos foram aplicados em atividades práticas, como a estimativa de quanto tempo a água de um açude poderia suprir as necessidades de mil pessoas durante uma seca.
Os alunos também fizeram exercícios físicos e psicológicos de resistência, testando seus limites em caminhadas longas e na prática de natação de sobrevivência, o que serve para atuação em áreas remotas ou afetadas por desastres. Membros do Corpo de Bombeiros Militar do Acre administraram aulas de reanimação cardiopulmonar e forneceram segurança durante a prova de natação de sobrevivência.
Além disso, representantes das Defesas Civis Estadual e Municipal compartilharam experiências sobre como treinamentos acadêmicos como esse contribuem para o aprimoramento das ações de resposta e preparação para desastres na região amazônica.
Segundo os organizadores, a iniciativa demonstra o compromisso da Ufac em formar profissionais com competências interdisciplinares, cada vez mais necessárias diante das mudanças climáticas e dos riscos ambientais.
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Ufac inaugura laboratório voltado à biodiversidade e bioeconomia — Universidade Federal do Acre

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12 horas atrásem
2 de junho de 2025
O programa de pós-graduação em Produção Vegetal, da Ufac, inaugurou o Laboratório de Estudos Integrados em Biodiversidade e Economia da Amazônia (Leibe), no Bloco dos Doutorados. O espaço é voltado à promoção da ciência, inovação e saberes tradicionais em benefício da Amazônia e seus povos. A cerimônia de inauguração ocorreu na quarta-feira, 28.
A implantação do Leibe foi viabilizada com apoio de emenda parlamentar, no valor de R$ 100 mil, do senador Sérgio Petecão (PSD-AC), o que permitiu a estruturação inicial do local e a aquisição de equipamentos modernos e adequados às necessidades de pesquisas em diversas áreas da biotecnologia, com destaque para bioprospecção de produtos naturais, microbiologia, biologia molecular e bioinformática.
O laboratório nasce com a missão de transformar conhecimento científico em soluções práticas e sustentáveis para o desenvolvimento regional. “A floresta é fonte de vida, saber e inovação”, disse a reitora Guida Aquino. “Com ciência e responsabilidade, transformamos biodiversidade em desenvolvimento. Este laboratório é um passo firme nesse caminho.”
Além disso, o Leibe foi idealizado com o propósito de respeitar os saberes dos povos originários e das comunidades tradicionais. “Queremos identificar espécies amazônicas com potencial ainda pouco explorado e transformá-las em oportunidades para a bioeconomia local”, explicou a professora Almecina Balbino.
Para a professora Marilene Santos, o Leibe representa um compromisso com a preservação da floresta. “Com a valorização dos conhecimentos ancestrais e com a construção de um futuro mais justo, sustentável e conectado com a nossa identidade amazônica”, destacou.
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