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Não desligue – as crianças do mundo nunca precisaram tanto de você | Opiniões

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6 meses atrásem
As crises em cascata que o mundo testemunhou este ano fazem com que os defensores dos direitos da criança, como eu, parem para pensar: quais são os caminhos a seguir e como podemos todos garantir que todas as crianças tenham os seus direitos cumpridos e a oportunidade de um futuro melhor?
No meu papel como diretor executivo da Save the Children International, posso conhecer crianças de muitos ambientes complexos e frágeis que enfrentam situações que são inimagináveis para a maioria de nós – situações em que nenhuma criança deveria estar – e muitas vezes fico impressionado com a sua resiliência e sua esperança. Este ano, num centro de trânsito de refugiados na fronteira entre o Sudão e o Sudão do Sul, conheci um rapaz de 13 anos que tinha fugido da guerra no Sudão com a sua família alargada. Ele falou sobre a perda dolorosa de seus pais na guerra e como ele lutou contra pesadelos contínuos. Enquanto conversávamos do lado de fora, numa quadra de vôlei improvisada, grupos de adolescentes que também haviam fugido da guerra no Sudão riam e comemoravam enquanto competiam entre si para passar a bola pela rede, revezando-se para jogar.
Não importa o que aconteça, crianças são crianças. Eles querem jogar. Eles querem rir. Eles querem aprender. Eles querem um futuro. E precisamos de estar presentes para os apoiar – e para os ouvir.
Pode ser muito fácil sentir-se sobrecarregado por estas histórias comoventes, mas desligar-se não é a resposta, embora cada vez mais isto seja visto como a solução. Pesquisa do Instituto Reuters para o Estudo do Jornalismo mostra que a evitação de notícias atingiu níveis recordes em 2024, com 39 por cento das pessoas entrevistadas – em comparação com 29 por cento em 2017 – afirmando que evitam activamente as notícias durante algum tempo ou sempre. Disseram que o volume de informação, as histórias de longa duração, como as guerras na Ucrânia, Gaza e Sudão, e a natureza negativa das notícias, fazem com que se sintam ansiosos e impotentes.
O financiamento para crises humanitárias também caiu, com apenas cerca de 43 por cento da população Plano de resposta humanitária das Nações Unidas cumprido até o final de novembro, para ajudar cerca de 198 milhões de pessoas. Foram arrecadados cerca de US$ 400 milhões a menos em comparação com o mesmo período do ano passado, quando cerca de 45% do valor necessário foi arrecadado.
Mas agora, mais do que nunca, é fundamental não virarmos as costas às crianças do mundo. As crianças são as que menos fazem para causar as situações em que se encontram, mas são as que mais sofrem. Os conflitos mortais em todo o mundo e uma emergência climática pela qual as crianças pagam o preço mais elevado estão a afectar fortemente as suas esperanças e sonhos.
Este ano assinalamos 100 anos desde que a fundadora da Save the Children, Eglantyne Jebb, argumentou com sucesso que as crianças eram pessoas por direito próprio, não apenas bens de adultos, e mereciam os seus próprios direitos fundamentais. Isto foi definido na Declaração de Genebra dos Direitos da Criança e preparou o caminho para a Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos da Criança (UNCRC), à qual aderimos hoje – o tratado de direitos humanos mais amplamente ratificado na história.
Hoje, todas as crianças têm direitos – incluindo o direito à saúde, à educação, à protecção, à segurança, a serem elas próprias e a serem ouvidas. Mas tem sido cada vez mais desanimador ver os direitos das crianças corroídos devido às ameaças consistentes de conflito, alterações climáticas e desigualdade.
As crianças de hoje enfrentam conflitos sem precedentes e lutas de poder geopolítico que ignoram a sua segurança e direitos mentais, físicos e emocionais. Além disso, as catástrofes relacionadas com o clima estão a deslocar um número recorde de crianças das suas casas.
Nosso recente relatório,Pare a guerra contra as criançasmostrou que 473 milhões de crianças – ou uma em cada cinco crianças a nível mundial – vivem ou fogem de uma zona de conflito. Também estamos a assistir a graves violações contra crianças em tempos de guerra, quase triplicando desde 2010. Sabemos que as crianças confrontadas com tal violência estão a lidar com cenas que nenhuma criança deveria ter de vivenciar.
Durante a reunião da Assembleia Geral da ONU deste ano, organizámos uma sessão com os Estados-Membros sobre a situação das crianças no território palestiniano ocupado. Uma das crianças que falou connosco foi Rand *(nome alterado), uma rapariga de 17 anos que vive na Cisjordânia. Depois de viver anos de guerra, ela disse-nos: “Não tenho a certeza se o que vos disse hoje irá causar alguma mudança e, francamente, não sinto que isso irá causar alguma mudança. Mas eu realmente quero que a mudança aconteça. Quero que tenhamos uma vida como a das crianças em outras partes do mundo. Como criança palestiniana, quero muito que as nossas vidas mudem, que a guerra acabe e que possamos viver livres e com os nossos direitos respeitados.”
Uma nova análise da Save the Children antes da cimeira COP29 no Azerbaijão no mês passado mostrou que uma em cada oito crianças do mundo foi diretamente afetada pelos 10 maiores eventos climáticos extremos até agora este ano, enquanto o número de crianças em níveis críticos de fome devido a eventos climáticos extremos duplicou em cinco anos. As crianças forçadas a abandonar as suas casas perdem essa sensação de segurança e proteção, bem como perdem a oportunidade de aprender e moldar as suas vidas futuras.
Nesta COP, conheci Naomi, uma criança ativista que apoiamos para vir ao evento vinda do Sudão do Sul, onde no início deste ano as escolas de todo o país estiveram fechadas durante duas semanas devido a uma onda de calor escaldante. Com o aumento das temperaturas tornando os eventos climáticos extremos como este mais frequentes e severos, ela disse que sem uma ação urgente dos líderes, não há futuro para ela e outras crianças.
Além disso, o taxas de violência contra crianças são surpreendentes, com metade dos 2,4 mil milhões de crianças do mundo a sofrer abusos físicos, sexuais, emocionais e negligência todos os anos, levando a consequências de longo alcance que podem persistir na idade adulta, como o risco de problemas de saúde mental e problemas sociais, como o abuso de substâncias.
Não é de admirar que as pessoas se afastem cada vez mais do confronto com a realidade das notícias diárias, mas num momento de desafios crescentes, não podemos continuar a afastar-nos. Precisamos de nos empenhar para enfrentar estes desafios e garantir que as crianças – que constituem um terço da população mundial – possam ver os seus direitos respeitados hoje e no futuro. Precisamos de ouvir as crianças, dar-lhes uma plataforma para partilharem as suas ideias e promoverem os seus direitos. Juntos, precisamos fazer de 2025 um ano melhor para as crianças.
As opiniões expressas neste artigo são do próprio autor e não refletem necessariamente a posição editorial da Al Jazeera.
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MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
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Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
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MUNDO
Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
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A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
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Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

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3 semanas atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
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Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
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