MUNDO
Nas imponentes falésias, minha família encontrou um santuário. Isso ainda me atrai hoje | Kat Lister

PUBLICADO
6 meses atrásem
Kat Lister
EUo século XVIII, os médicos procuravam um osso de nostalgia, como se o osso de uma pessoa ansiando por um tempo passado ou lugar poderia ser atribuído a um pedaço de tecido. Mas para mim, que escrevo no dia 21, o estímulo não pode ser encontrado no corpo em que estou, mas nas memórias que carrego. E, em particular, à medida que chego aos 40 anos, as memórias do litoral que visitei na década de 1980: um trecho de seis quilômetros no sudeste da Cornualha, onde minha família e eu passávamos o verão todos os anos com minha avó.
Quando criança, eu ziguezagueava pelo caminho estreito do penhasco com total abandono, minha mãe me chamava nervosamente enquanto eu corria até a areia branca abaixo. É aqui que se encontram as raízes de muitas das minhas memórias felizes. Não apenas nas imponentes falésias em si, mas na minha abordagem destemida a elas naquela idade, galopando em direcção ao mar sem qualquer dúvida de que as minhas pernas me levariam até lá.
É um destemor que muitas vezes me lembro com uma pontada de saudade, como se meu eu mais jovem estivesse me chamando de volta a uma época em que não havia vertigens, apenas o barulho das ondas e o cheiro apimentado dos pastéis na praia. Numa fotografia, tirada em 1988, estou agachado junto a um castelo de areia, decorando-o com conchas. Tirando torres mágicas da areia. Torretas que eu já conhecia, aos cinco anos, nunca durariam.
A cabana revestida de madeira em que nós – minha mãe, meu pai, minha avó e minha irmã – nos amontoamos durante aquela década de verões também era uma cidadela para essa impermanência. Estava situado bem acima da baía de Whitsand, aninhado na rocha, e uma sensação de santuário permeou nossos dias lá. Minha avó o chamava de The Haven: um nome emotivo para um lugar emotivo que, mesmo agora, evoca memórias de casa. Foi lá que minha avó me mostrou como segurar uma concha no ouvido para ouvir o rugido distante do mar. E foi para lá que voltei 30 anos depois, em 2022, principalmente para me lembrar da voz cantante da minha avó enquanto ela me embalava para dormir.
Foi um convite fortuito que me trouxe de volta à Cornualha – e que agora impregna aquela costa prateada com a lembrança de outra pessoa. Depois de ler minhas memórias sobre perda e luto, Kris Hallengafundadora da instituição de caridade de conscientização sobre o câncer de mama CoppaFeel!, entrou em contato comigo nas redes sociais. “Isso é muito aleatório”, escreveu ela, “mas acho que você disse em seu livro que passou os verões de sua infância em Whitsand Bay?” Por acaso, ela e alguns amigos tinham acabado de comprar uma cabana lá, onde planejavam permitir a estadia gratuita de pacientes com câncer. E, acrescentou, “se algum dia quiser reviver aqueles dias despreocupados aqui, use o nosso espaço”.
Alguns meses depois, consegui – com um amigo ao volante e outro no banco atrás de mim. E enquanto passávamos pelos contornos acidentados da baía, fiquei surpreso com o quão pouco ela havia mudado. Saindo do carro e chegando a uma colina gramada, virei meu corpo para a costa para observar o último raio do dia acariciando o mar. E por um momento, eu realmente me perguntei se essa era a maneira de minha avó me receber em casa. Um lugar feito não de tijolos e argamassa, mas de elementos mais efêmeros de areia, névoa e conchas.
É disso que um santuário é feito? Para os gregos antigos, a palavra referia-se a um recipiente para guardar coisas sagradas e pessoas queridas. É assim que penso neste lugar agora. Um receptáculo para lembrar a mulher que me trouxe aqui pela primeira vez e a mulher que me ajudou a voltar. No dia em que soube da morte de Hallenga este ano, prestei-lhe homenagem com uma fotografia da Baía de Whitsand e pensei na minha avó ao fazê-lo.
“Ninguém poderia nos tocar lá”, minha mãe me disse recentemente, quando perguntei o que The Haven significava para ela durante aqueles anos. Tal como muitos polacos que emigraram em meados da década de 1950, ela veio para este país em busca de um lugar seguro. E talvez seja este desejo de refúgio que infundiu o meu ao longo dos anos – especialmente agora, quando penso na atração que aqueles penhascos imponentes ainda exercem sobre mim.
No último dia que meus amigos e eu passamos na cabana de Hallenga, ziguezagueamos pelo penhasco com uma circunspecção mais calma do que eu tinha quando criança. No entanto, a sensação de santuário parecia estranhamente inalterada. Foi um momento que me trouxe de volta àqueles dias despreocupados de 1988. Uma espécie de regresso a casa. Só eu e o mar.
Relacionado
MUNDO
Mulher alimenta pássaros livres na janela do apartamento e tem o melhor bom dia, diariamente; vídeo

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Todos os dias de manhã, essa mulher começa a rotina com uma cena emocionante: alimenta vários pássaros livres que chegam à janela do apartamento dela, bem na hora do café. Ela gravou as imagens e o vídeo é tão incrível que já acumula mais de 1 milhão de visualizações.
Cecilia Monteiro, de São Paulo, tem o mesmo ritual. Entre alpiste e frutas coloridas, ela conversa com as aves e dá até nomes para elas.
Nas imagens, ela aparece espalhando delicadamente comida para os pássaros, que chegam aos poucos e transformam a janela num pedacinho de floresta urbana. “Bom dia. Chegaram cedinho hoje, hein?”, brinca Cecilia, enquanto as aves fazem a festa com o banquete.
Amor e semente
Todos os dias Cecilia acorda e vai direto preparar a comida das aves livres.
Ela oferece porções de alpiste e frutas frescas e arruma tudo na borda da janela para os pequenos visitantes.
E faz isso com tanto amor e carinho que a gratidão da natureza é visível.
Leia mais notícia boa
- Menino autista imita cantos de pássaros na escola e vídeo viraliza no mundo
- Cidades apagam as luzes para milhões de pássaros migrarem em segurança
- Três Zoos unem papagaios raros para tentar salvar a espécie
Cantos de agradecimento
E a recompensa vem em forma de asas e cantos.
Maritacas, sabiás, rolinha e até uma pomba muito ousada resolveu participar da festa.
O ambiente se transforma com todas as aves cantando e se deliciando.
Vai dizer que essa não é a melhor forma de começar o dia?
Liberdade e confiança
O que mais chama a atenção é a relação de respeito entre a mulher e as aves.
Nada de gaiolas ou cercados. Os pássaros vêm porque querem. E voltam porque confiam nela.
“Podem vir, podem vir”, diz ela na legenda do vídeo.
Internautas apaixonados
O vídeo se tornou viral e emocionou milhares de pessoas nas redes sociais.
Os comentários vão de elogios carinhosos a relatos de seguidores que se sentiram inspirados a fazer o mesmo.
“O nome disso é riqueza! De alma, de vida, de generosidade!”, disse um.
“Pra mim quem conquista os animais assim é gente de coração puro, que benção, moça”, compartilhou um segundo.
Olha que fofura essa janela movimentada, cheia de aves:
Cecila tem a mesma rotina todos os dias. Põe comida para os pássaros livres na janela do apartamento dela em SP. – Foto: @cecidasaves/TikTok
Leia Mais: Só Notícias Boas
Relacionado
MUNDO
Cavalos ajudam dependentes químicos a se reconectar com a vida, emprego e família

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
O poder sensorial dos cavalos e de conexão com seres humanos é incrível. Tanto que estão ajudando dependentes químicos a se reconectar com a família, a vida e trabalho nos Estados Unidos. Até agora, mais de 110 homens passaram com sucesso pelo programa.
No Stable Recovery, em Kentucky, os cavalos imensos parecem intimidantes, mas eles estão ali para ajudar. O projeto ousado, criado por Frank Taylor, coloca os homens em contato direto com os equinos para desenvolverem um senso de responsabilidade e cuidado.
“Eu estava simplesmente destruído. Eu só queria algo diferente, e no dia em que entrei neste estábulo e comecei a trabalhar com os cavalos, senti que eles estavam curando minha alma”, contou Jaron Kohari, um dos pacientes.
Ideia improvável
Os pacientes chegam ali perdidos, mas saem com emprego, dignidade e, muitas vezes, de volta ao convívio com aqueles que amam.
“Você é meio egoísta e esses cavalos exigem sua atenção 24 horas por dia, 7 dias por semana, então isso te ensina a amar algo e cuidar dele novamente”, disse Jaron Kohari, ex-mineiro de 36 anos, em entrevista à AP News.
O programa nasceu da cabeça de Frank, criador de cavalos puro-sangue e dono de uma fazenda tradicional na indústria de corridas. Ele, que já foi dependente em álcool, sabe muito bem como é preciso dar uma chance para aqueles que estão em situação de vulnerabilidade.
Leia mais notícia boa
A ideia
Mas antes de colocar a iniciativa em prática, precisou convencer os irmãos a deixar ex-viciados lidarem com animais avaliados em milhões de dólares.“Frank, achamos que você é louco”, disse a família dele.
Mesmo assim, ele não desistiu e conseguiu a autorização para tentar por 90 dias. Se algo desse errado, o programa seria encerrado imediatamente.
E o melhor aconteceu.
A recuperação
Na Stable Recovery, os participantes acordam às 4h30, participam de reuniões dos Alcoólicos Anônimos e trabalham o dia inteiro cuidando dos cavalos.
Eles escovam, alimentam, limpam baias, levam aos pastos e acompanham as visitas de veterinários aos animais.
À noite, cozinham em esquema revezamento e vão dormir às 21h.
Todo o programa dura um ano, e isso permite que os participantes se tornem amigos, criem laços e fortaleçam a autoestima.
“Em poucos dias, estando em um estábulo perto de um cavalo, ele está sorrindo, rindo e interagindo com seus colegas. Um cara que literalmente não conseguia levantar a cabeça e olhar nos olhos já está se saindo melhor”, disse Frank.
Cavalos que curam
Os cavalos funcionam como espelhos dos tratadores. Se o homem está tenso, o cavalo sente. Se está calmo, ele vai retribuir.
Frank, o dono, chegou a investir mais de US$ 800 mil para dar suporte aos pacientes.
Ao olhar tantas vidas que ele já ajudou a transformar, ele diz que não se arrepende de nada.
“Perdemos cerca de metade do nosso dinheiro, mas apesar disso, todos aqueles caras permaneceram sóbrios.”
A gente aqui ama cavalos. E você?
A rotina com os animais é puxada, mas a recompensa é enorme. – Foto: AP News
Relacionado
MUNDO
Resgatado brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia após seguir sugestão do GPS

PUBLICADO
1 mês atrásem
26 de maio de 2025
Cuidado com as sugestões do GPS do seu carro. Este brasileiro, que ficou preso na neve na Patagônia, foi resgatado após horas no frio. Ele seguiu as orientações do navegador por satélite e o carro acabou atolado em uma duna de neve. Sem sinal de internet para pedir socorro, teve que caminhar durante horas no frio de -10º C, até que foi salvo pela polícia.
O progframador Thiago Araújo Crevelloni, de 38 anos, estava sozinho a caminho de El Calafate, no dia 17 de maio, quando tudo aconteceu. Ele chegou a pensar que não sairia vivo.
O resgate só ocorreu porque a anfitriã da pousada onde ele estava avisou aos policiais sobre o desaparecimento do Thiago. Aí começaram as buscas da polícia.
Da tranquilidade ao pesadelo
Thiago seguia viagem rumo a El Calafate, após passar por Mendoza, El Bolsón e Perito Moreno.
Cruzar a Patagônia de carro sempre foi um sonho para ele. Na manhã do ocorrido, nevava levemente, mas as estradas ainda estavam transitáveis.
A antiga Rota 40, por onde ele dirigia, é famosa pelas paisagens e pela solidão.
Segundo o programador, alguns caminhões passavam e havia máquinas limpando a neve.
Tudo parecia seguro, até que o GPS sugeriu o desvio que mudou tudo.
Leia mais notícia boa
Caminho errado
Thiago seguiu pela rota alternativa e, após 20 km, a neve ficou mais intensa e o vento dificultava a visibilidade.
“Até que, numa curva, o carro subiu em uma espécie de duna de neve que não dava para distinguir bem por causa do vento branco. Tudo era branco, não dava para ver o que era estrada e o que era acúmulo de neve. Fiquei completamente preso”, contou em entrevista ao G1.
Ele tentou desatolar o veículo com pedras e ferramentas, mas nada funcionava.
Caiu na neve
Sem ajuda por perto, exausto, encharcado e com muito frio, Thiago decidiu caminhar até a estrada principal.
Mesmo fraco, com fome e mal-estar, colocou uma mochila nas costas e saiu por volta das 17h.
Após mais de cinco horas de caminhada no escuro e com o corpo congelando, ele caiu na neve.
“Fiquei deitado alguns minutos, sozinho, tentando recuperar energia. Consegui me levantar e segui, mesmo sem saber quanta distância faltava.”
Luz no fim do túnel
Sem saber quanto tempo faltava para a estrada principal, Thiago se levantou e continuou a caminhada.
De repente, viu uma luz. No início, o programador achou que estava alucinando.
“Um pouco depois, ao olhar para trás em uma reta infinita, vi uma luz. Primeiro achei que estava vendo coisas, mas ela se aproximava. Era uma viatura da polícia com as luzes acesas. Naquele momento senti um alívio que não consigo descrever. Agitei os braços, liguei a lanterna do celular e eles me viram”, disse.
A gentileza dos policiais
Os policiais ofereceram água, comida e agasalhos.
“Falaram comigo com uma ternura que me emocionou profundamente. Me levaram ao hospital, depois para um hotel. Na manhã seguinte, com a ajuda de um guincho, consegui recuperar o carro”, agradeceu o brasileiro.
Apesar do susto, ele se recuperou e decidiu manter a viagem. Afinal, era o sonho dele!
Veja como foi resgatado o brasileiro que ficou preso na neve na Patagônia:
Thiago caminhou por 5 horas no frio até ser encontrado. – Foto: Thiago Araújo Crevelloni
Relacionado
PESQUISE AQUI
MAIS LIDAS
- ESPECIAL5 dias ago
“Direitos Humanos e Tecnologia” é o tema do II Prêmio Nacional de Jornalismo do Poder Judiciário
- Economia e Negócios3 dias ago
China Cycle Divulga Relatório de Análise da Feira Internacional de Bicicletas de 2025
- OPINIÃO3 dias ago
OPINIÃO: O STF desrespeita princípios constitucionais
- JUSTIÇA4 dias ago
Presidente do STF lança livro ‘Informação à Sociedade’ na Bienal do Livro 2025, no RJ
Warning: Undefined variable $user_ID in /home/u824415267/domains/acre.com.br/public_html/wp-content/themes/zox-news/comments.php on line 48
You must be logged in to post a comment Login