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No Dia Mundial de Conscientização do Autismo conheça trajetórias de inclusão nas escolas da rede estadual
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Dayana Soares
No Dia Mundial de Conscientização do Autismo, celebrado nesta quarta-feira, 2 de abril, escola e sociedade são convidadas a refletir sobre a importância da inclusão, do respeito à diversidade e da escuta das singularidades. O transtorno do espectro autista (TEA) é uma condição de neurodesenvolvimento caracterizada por déficits na comunicação social e por comportamentos repetitivos ou interesses restritos.
A palavra “espectro” reflete a amplitude das manifestações do autismo: há pessoas que precisam de suporte intenso para realizar atividades básicas do dia a dia e outras que levam uma vida independente e funcional. O TEA pode vir acompanhado de outras condições, como transtorno do déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), transtornos de humor, epilepsia ou deficiência intelectual, mas também pode passar despercebido por anos em pessoas que nunca foram diagnosticadas.
Para ilustrar a diversidade do espectro, esta reportagem apresenta três histórias de estudantes da rede pública estadual do Acre, todos moradores da capital do Acre, Rio Branco. Cada um deles vivencia o autismo a sua forma e compartilha o direito de aprender.
Benjamin, 20 anos – Apoio e acolhimento no Centro de Ensino Especial Dom Bosco

O jovem Benjamin Vieira foi diagnosticado aos cinco anos de idade com autismo. Sua mãe, Gabriela Vieira, conta que, na época, a jornada para o diagnóstico foi longa. “Ainda não se falava em nível de suporte, era classificado como leve, moderado ou grave. Ele foi considerado moderado. Hoje, com os critérios atuais, ele está entre o nível de suporte 2 e 3. Também descobrimos que ele tem deficiência intelectual e TDAH combinado”, explica.
Além da dificuldade com o diagnóstico, Benjamin sempre teve dificuldades em se adequar às escolas por onde passou. Há dois anos, já na fase da adolescência, ele encontrou o Centro de Ensino Especial Dom Bosco, instituição ligada à rede estadual de ensino onde encontrou um espaço adaptado às suas necessidades.

“Esse ano ele completa 20 anos, e depois que entrou no Dom Bosco tem sido um momento mais tranquilo na nossa vida. Aqui o olhar é mais especializado. Ele aprende coisas do dia a dia, como se cuidar, se comunicar melhor. E nós, como família, nos sentimos acolhidos”, relata.
Gabriela conta que o trabalho da instituição, junto às terapias, tem proporcionado a Benjamin grandes vitórias. “Ele tem melhorado bastante, ainda que devagar. E isso nos dá muita alegria. Crianças, jovens e adultos autistas aprendem como qualquer outra pessoa, mas precisam de mais paciência e dedicação — da família, da escola, dos professores, dos terapeutas”, conclui.
José Arthur, 9º ano – Superação e foco nos estudos

José Arthur dos Santos, estudante da Escola Estadual Maria Chalub Leite, localizada no bairro Nova Estação, é uma pessoa reservada. “Sempre fui um menino muito na minha, quietinho. Nunca fui de sair muito de casa e passava o dia vendo desenho animado na TV”, relembra.
Há alguns anos, José foi diagnosticado com autismo nível de suporte 1, após repetir o segundo ano do ensino fundamental, quando uma professora percebeu dificuldades em seu aprendizado. “Eu tinha muita dificuldade no aprendizado, mas com o suporte que hoje recebo na escola tudo melhorou. Consegui desenvolver bem mais nos últimos anos. Os professores me ajudam, meus colegas também. Me considero legal com todo mundo. Eles gostam de mim, e a gente se ajuda”, conta.

Na escola, José recebe atividades adaptadas do Atendimento Educacional Especializado (AEE) e acompanhamento da professora mediadora Lanna Cristina Barbosa, que o define como esforçado e dedicado. “Cada aluno é único, logo cada autista é único. E o diagnóstico não é uma limitação, pelo contrário, é um norte para encontrarmos um caminho. Sempre digo para o José que ele é capaz de alcançar os sonhos que ele almejar”, diz.
E falando em sonhos, José, que ama estudar história e se considera um craque no assunto, sonha ser historiador e devolver à mãe a dedicação que dela recebe. ‘Eu pretendo estudar bastante, ter um bom emprego e cuidar da minha mãe, que hoje trabalha muito para cuidar de mim”.
Andressa Dimas, 3º série do ensino médio – Autoconhecimento e protagonismo

Andressa Dimas é uma pessoa esperta e determinada. Ela recebeu o diagnóstico de autismo por iniciativa própria, durante a pandemia, aos 12 anos, quando após diversas pesquisas na internet, pediu aos pais que fizessem uma investigação sobre seu caso.
“Eu tinha dificuldade de conversar e fazer amizades, mas todas as vezes que eu pesquisava, nunca aparecia o autista que eu sou. Não tinha dificuldade em manter o foco, achava difícil, mas conseguia olhar nos olhos das pessoas. Mesmo assim, fui conversar com a minha mãe”, relembra.
Nessa época, a jovem conta que seus pais decidiram submetê-la, junto com os irmãos, a uma investigação médica, e descobriram que todos estavam no espectro. Andressa, além do autismo nível de suporte 1, também convive com TDAH e transtorno opositivo desafiador (TOD). Desde então, sua vida escolar mudou completamente. “Foi um divisor de águas. Depois que eu descobri, comecei a estudar melhor, fazer amigos e entender como eu funciono”, conta.

Andressa, hoje com 16 anos, faz diversas terapias e tratamentos. Ela está concluindo o ensino médio na Escola Estadual Padre Carlos Casavechia e segue a vida com independência. “Faço tudo sozinha. Pesquiso, estudo, entrego tudo no prazo. Me sinto acolhida aqui na escola. Tenho voz e lugar de fala.”
Na escola, Andressa diz que encontra um ambiente amigável e seguro, onde consegue se desenvolver bem em diversas áreas, como a liderança — já que, desde o começo, foi líder de sala — e o acesso a cursos técnicos. “A Casavechia é um lugar em que gosto de estar e é a escola que mais me marcou, porque aqui eu consegui fazer amigos, me desenvolver e adquirir a confiança que tenho hoje. Eu me sinto feliz”, celebra.
Atendimento na rede estadual
A Secretaria de Estado de Educação e Cultura do Acre (SEE), por intermédio do Departamento de Educação Especial, oferece suporte pedagógico por meio de serviços como o Atendimento Educacional Especializado (AEE), com salas de recursos multifuncionais espalhadas pelas escolas da rede estadual, e com o trabalho de professores mediadores, que apoiam alunos com necessidades específicas no ambiente escolar.
Para o secretário de Estado de Educação, Aberson Carvalho, garantir o suporte adequado aos estudantes autistas é afirmar o compromisso do governo com uma educação que respeita as diferenças e valoriza cada trajetória. “A inclusão não é apenas uma diretriz legal, é um gesto diário de escuta, investimento e presença. Quando a escola se adapta ao aluno, e não o contrário, todos ganham: a sociedade se torna mais justa e a aprendizagem, mais verdadeira”, enfatiza.

Ano passado foi inaugurada a Central de Referência em Educação Especial (Ceree), vinculada ao departamento, que é responsável por realizar avaliações multidisciplinares de estudantes com ou sem laudo médico, oferecendo orientação para famílias e escolas. De janeiro a março de 2025, a Central recebeu quase 100 demandas de avaliação de estudantes com suspeita ou diagnóstico de autismo.
Além disso, o Centro de Ensino Especial Dom Bosco, também ligado à Educação Especial da SEE, atende mais de 400 alunos com deficiência, oferecendo formação funcional, atividades pedagógicas e suporte multiprofissional. A unidade também realiza ações formativas com familiares e é considerada referência em educação inclusiva no estado.
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Aperfeiçoamento em cuidado pré-natal é encerrado na Ufac — Universidade Federal do Acre
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12 de novembro de 2025A Ufac realizou o encerramento do curso de aperfeiçoamento em cuidado pré-natal na atenção primária à saúde, promovido pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proex), Secretaria de Estado de Saúde do Acre (Sesacre) e Secretaria Municipal de Saúde de Rio Branco (Semsa). O evento, que ocorreu nessa terça-feira, 11, no auditório do E-Amazônia, campus-sede, marcou também a primeira mostra de planos de intervenção que se transformaram em ações no território, intitulada “O Cuidar que Floresce”.
Com carga horária de 180 horas, o curso qualificou 70 enfermeiros da rede municipal de saúde de Rio Branco, com foco na atualização das práticas de cuidado pré-natal e na ampliação da atenção às gestantes de risco habitual. A formação teve início em março e foi conduzida em formato modular, utilizando metodologias ativas de aprendizagem.
Representando a reitora da Ufac, Guida Aquino, o diretor de Ações de Extensão da Proex, Gilvan Martins, destacou o papel social da universidade na formação continuada dos profissionais de saúde. “Cada cursista leva consigo o conhecimento científico que foi compartilhado aqui. Esse é o compromisso da Ufac: transformar o saber em ação, alcançando as comunidades e contribuindo para a melhoria da assistência às mulheres atendidas nas unidades.”
A coordenadora do curso, professora Clisângela Lago Santos, explicou que a iniciativa nasceu de uma demanda da Sesacre e foi planejada de forma inovadora. “Percebemos que o modelo tradicional já não surtia o efeito esperado. Por isso, pensamos em um formato diferente, com módulos e metodologias ativas. Foi a nossa primeira experiência nesse formato e o resultado foi muito positivo.”
Para ela, a formação representa um esforço conjunto. “Esse curso só foi possível com o envolvimento de professores, residentes e estudantes da graduação, além do apoio da Rede Alyne e da Sesacre”, disse. “Hoje é um dia de celebração, porque quem vai sentir os resultados desse trabalho são as gestantes atendidas nos territórios.”
Representando o secretário municipal de Saúde, Rennan Biths, a diretora de Políticas de Saúde da Semsa, Jocelene Soares, destacou o impacto da qualificação na rotina dos profissionais. “Esse curso veio para aprimorar os conhecimentos de quem está na ponta, nas unidades de saúde da família. Sei da dedicação de cada enfermeiro e fico feliz em ver que a qualidade do curso está se refletindo no atendimento às nossas gestantes.”
A programação do encerramento contou com uma mostra cultural intitulada “O Impacto da Formação na Prática dos Enfermeiros”, que reuniu relatos e produções dos participantes sobre as transformações promovidas pelo curso em suas rotinas de trabalho. Em seguida, foi realizada uma exposição de banners com os planos de intervenção desenvolvidos pelos cursistas, apresentando as ações implementadas nos territórios de saúde.
Também participaram do evento o coordenador da Rede Alyne, Walber Carvalho, representando a Sesacre; a enfermeira cursista Narjara Campos; além de docentes e residentes da área de saúde da mulher da Ufac.
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CAp promove minimaratona com alunos, professores e comunidade — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O Colégio de Aplicação (CAp) da Ufac realizou uma minimaratona com participação de estudantes, professores, técnico-administrativos, familiares e ex-alunos. A atividade é um projeto de extensão pedagógico interdisciplinar, chamado Maracap, que está em sua 11ª edição. Reunindo mais de 800 pessoas, o evento ocorreu em 25 de outubro, no campus-sede da Ufac.
Idealizado e coordenado pela professora de Educação Física e vice-diretora do CAp, Alessandra Lima Peres de Oliveira, o projeto promove a saúde física e social no ambiente estudantil, com caráter competitivo e formativo, integrando diferentes áreas do conhecimento e estimulando o espírito esportivo e o convívio entre gerações. A minimaratona envolve alunos dos ensinos fundamental e médio, do 6º ano à 3ª série, com classificação para o 1º, 2º e 3º lugar em cada categoria.
“O Maracap é muito mais do que uma corrida. Ele representa a união da nossa comunidade em torno de valores como disciplina, cooperação e respeito”, disse Alessandra. “É também uma proposta de pedagogia de inclusão do esporte no currículo escolar, que desperta nos estudantes o prazer pela prática esportiva e pela vida saudável.”
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, ressaltou a importância do projeto como uma ação de extensão universitária que conecta a Ufac à sociedade. “Projetos como o Maracap mostram como a extensão universitária cumpre seu papel de integrar a universidade à comunidade. O Colégio de Aplicação é um espaço de formação integral e o esporte é uma poderosa ferramenta para o desenvolvimento humano, social e educacional.”
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Semana de Letras/Português da Ufac tematiza ‘língua pretuguesa’ — Universidade Federal do Acre
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11 de novembro de 2025O curso e o Centro Acadêmico de Letras/Português da Ufac iniciaram, nessa segunda-feira, 10, no anfiteatro Garibaldi Brasil, sua 24ª Semana Acadêmica, com o tema “Minha Pátria é a Língua Pretuguesa”. O evento é dedicado à reflexão sobre memória, decolonialidade e as relações históricas entre o Brasil e as demais nações de língua portuguesa. A programação segue até sexta-feira, 14, com mesas-redondas, intervenções artísticas, conferências, minicursos, oficinas e comunicações orais.
Na abertura, o coordenador da semana acadêmica, Henrique Silvestre Soares, destacou a necessidade de ligar a celebração da língua às lutas históricas por soberania e justiça social. Segundo ele, é importante que, ao celebrar a Semana de Letras e a independência dos países africanos, se lembre também que esses países continuam, assim como o Brasil, subjugados à força de imperialismos que conduzem à pobreza, à violência e aos preconceitos que ainda persistem.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, salientou o compromisso ético da educação e reforçou que a universidade deve assumir uma postura crítica diante da realidade. “A educação não é imparcial. É preciso, sim, refletir sobre essas questões, é preciso, sim, assumir o lado da história.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou a força do tema proposto. Para ela, o assunto é precioso por levar uma mensagem forte sobre o papel da universidade na sociedade. “Na própria abertura dos eventos na faculdade, percebemos o que ocorre ao nosso redor e que não podemos mais tratar como aula generalizada ou naturalizada”, observou.
O diretor do Centro de Educação, Letras e Artes (Cela), Selmo Azevedo Pontes, reafirmou a urgência do debate proposto pela semana. Ele lembrou que, no Brasil, as universidades estiveram, durante muitos anos, atreladas a um projeto hegemônico. “Diziam que não era mais urgente nem necessário, mas é urgente e necessário.”
Também estiveram presentes na cerimônia de abertura o vice-reitor, Josimar Batista Ferreira; o coordenador de Letras/Português, Sérgio da Silva Santos; a presidente do Cela, Thaís de Souza; e a professora do Laboratório de Letras, Jeissyane Furtado da Silva.
(Camila Barbosa, estagiária Ascom/Ufac)
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