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O Banco Mundial deveria reconsiderar o seu projeto de megabarragem no Tajiquistão | Opiniões
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Em 17 de dezembro, o Banco Mundial deverá votar o financiamento do projeto da megabarragem Rogun, no Tajiquistão. Se a votação for aprovada, tornar-se-á realidade um dos sonhos mais loucos do regime tadjique.
O projecto Rogun, no valor de 5 mil milhões de dólares, está em desenvolvimento desde meados da década de 1970 como uma solução para a crónica escassez de energia no país. Desde 2011, o banco vem incentivando isso por meio de estudos e avaliações.
O presidente tadjique, Emomali Rahmon, disse que o projeto é uma questão de “vida ou morte”. O projecto poderá, de facto, ter consequências enormes, mas talvez não as que o presidente tem em mente. A construção da barragem deslocaria mais de 60 mil pessoas e causaria danos irreparáveis ao meio ambiente.
O Tajiquistão é amplamente conhecido pela sua repressão à dissidência, pela supressão da liberdade de expressão e pela sufocação da sociedade civil. É um país onde os defensores dos direitos humanos e os jornalistas são sistematicamente presos e atacados, e a tortura policial é generalizada.
Conforme destacado no relatório recente “Financiando a repressão”, co-publicado pela Coligação para os Direitos Humanos no Desenvolvimento, o Sistema de Alerta Precoce e o Projecto de Responsabilidade Internacional, no contexto do Tajiquistão, as preocupações das comunidades afectadas correm o risco de permanecerem ignoradas porque as pessoas temem protestar.
O Banco Mundial, que tem sido frequentemente alvo de escrutínio pelos impactos destrutivos dos seus projectos, ao longo dos anos desenvolveu políticas de salvaguarda para garantir envolvimento cívico e participação em empreendimentos que financia. Mas como pode o direito à participação ser defendido num país com um espaço cívico tão restritivo e no contexto de um projecto onde os militares estarão envolvidos no fornecimento de “segurança”?
O facto de apenas organizações internacionais examinarem publicamente o projecto e levantarem preocupações, infelizmente, não significa que as comunidades locais não estejam a ser afectadas negativamente. Embora menos de 25 por cento dos trabalhos de construção tenham sido concluídos, mais de 7.000 pessoas já foram deslocadas. De acordo com um relatório de 2014 da Human Rights Watch, as famílias reassentadas enfrentaram a perda de meios de subsistência, o acesso reduzido aos alimentos, o acesso pouco fiável e inadequado aos serviços básicos e a falta de compensação adequada.
Além disso, o projecto hidroeléctrico de Rogun teria um impacto devastador nas comunidades e ecossistemas a jusante. Está sendo construído às margens do rio Vakhsh, um importante afluente do rio Amu Darya, que deságua no Afeganistão, Turcomenistão e Uzbequistão.
No Tajiquistão, o projecto da barragem afectaria esturjões endémicos criticamente ameaçados e ecossistemas únicos de planícies aluviais a jusante, incluindo as “Florestas Tugay do Tigrovaya Balka”, um Património Mundial na planície aluvial do rio Vakhsh. Afectaria também reservas naturais semelhantes a jusante, no Turquemenistão e no Uzbequistão.
De acordo com a proposta actual, o enchimento do reservatório de Rogun também alteraria gravemente o fluxo de água para o Mar de Aral, um ecossistema que já sofreu uma das maiores catástrofes ambientais induzidas pelo homem.
Outrora o quarto maior lago salino do mundo, o Mar de Aral está agora quase seco como resultado de infra-estruturas hídricas altamente problemáticas e da produção de algodão instaladas na década de 1960 no Uzbequistão, então parte da União Soviética.
A operação da barragem hidroeléctrica de Rogun afectará ainda mais os padrões sazonais de fluxo de água e o seu volume, apoiando os ecossistemas relacionados, a sua biodiversidade e os meios de subsistência das comunidades ribeirinhas já em dificuldades do Baixo Amu Darya e do seu delta. A escassez de redistribuição de água pode alimentar protestos e tensões transfronteiriças numa região já propensa a conflitos.
Apesar dos riscos óbvios colocados pela operação de um novo reservatório gigante, a avaliação de impacto inicial negou alterações significativas nos fluxos a jusante. E como os países a jusante também têm contextos altamente restritivos, existem sérias dúvidas de que possa ser realizado qualquer envolvimento significativo das partes interessadas.
O argumento do regime tadjique de que esta é uma situação de “vida ou morte” não se sustenta. Existem alternativas ao projecto actual que podem fornecer a electricidade necessária e que não teriam os mesmos impactos ambientais e humanos.
A redução da altura da barragem poderia reduzir enormemente o número de pessoas que correm o risco de serem deslocadas, e os fundos poupados pela redução da escala do projecto poderiam ser utilizados para construir parques solares mais eficientes, diversificando assim o sector energético do Tajiquistão e evitando a dependência excessiva da energia hidroeléctrica numa região. propenso a secas agravadas pelas alterações climáticas. Um projeto menor também poderia evitar alguns dos piores impactos ambientais.
Na década de 1990, o próprio Banco Mundial liderou a criação da Comissão Mundial de Barragens. Em 2000, a comissão divulgou um documento contundente relatório demonstrando claramente como as megabarragens podem prejudicar gravemente as pessoas e o ambiente, e por que alternativas a qualquer proposta de grande barragem devem ser seriamente consideradas desde o início.
No entanto, com a recente pressão para a eliminação progressiva dos combustíveis fósseis, as grandes barragens conseguiram obter apoio renovado. Apesar de algumas delas emitirem mais gases com efeito de estufa do que as centrais eléctricas alimentadas a combustíveis fósseis, as barragens estão a ser promovidas à medida que projectos amigos do clima e os bancos de desenvolvimento estão novamente a investir fortemente nelas.
O Banco Mundial ainda tem a oportunidade de pausar os investimentos propostos e exigir uma nova avaliação de impacto, inclusive para propostas alternativas. Agora é altura de o banco reflectir sobre os erros do passado, ouvir a sociedade civil e transferir os investimentos para projectos de menor escala onde possíveis danos possam ser adequadamente mitigados. Caso contrário, o sonho da maior barragem transformar-se-á num pesadelo para as pessoas e a natureza no Tajiquistão e noutros países.
As opiniões expressas neste artigo são do próprio autor e não refletem necessariamente a posição editorial da Al Jazeera.
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Ufac promove ação de autocuidado para servidoras e terceirizadas — Universidade Federal do Acre
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23 de outubro de 2025A Coordenadoria de Vigilância à Saúde do Servidor (CVSS) da Ufac realizou, nesta quinta-feira, 23, o evento “Cuidar de Si É um Ato de Amor”, em alusão à Campanha Outubro Rosa. A atividade ocorreu no Setor Médico Pericial e teve como público-alvo servidoras técnico-administrativas, docentes e trabalhadoras terceirizadas.
A ação buscou reforçar a importância do autocuidado e da atenção integral à saúde da mulher, indo além da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama e do colo do útero. O objetivo foi promover um momento de acolhimento e bem-estar, integrando ações de valorização e promoção da saúde no ambiente de trabalho.
“O mês de outubro não deve ser apenas um momento de lembrar dos exames preventivos, mas também de refletir sobre o cuidado com a saúde como um todo”, disse a coordenadora da CVSS, Priscila Oliveira de Miranda. Ela ressaltou que muitas mulheres acabam se sobrecarregando com as demandas da casa, da família e do trabalho e acabam deixando o autocuidado em segundo plano.
Priscila também explicou que a iniciativa buscou proporcionar um espaço de pausa e acolhimento no ambiente de trabalho. “Nem sempre é fácil parar para se cuidar ou ter acesso a ações de relaxamento e promoção da saúde. Por isso, organizamos esse momento para que as servidoras possam respirar e se dedicar a si mesmas.”
O setor mantém atividades contínuas, como consultas com clínico-geral, nutricionista e fonoaudióloga, além de grupos de caminhada e ações voltadas à saúde mental. “Essas iniciativas estão sempre disponíveis. É importante que as mulheres participem e mantenham o compromisso com o próprio bem-estar”, completou.
A programação contou com acolhimento, roda de conversa mediada pela assistente social Kayla Monique, lanche compartilhado e o momento “Cuidando de Si”, com acupuntura, auriculoterapia, reflexologia podal, ventosaterapia e orientações de cuidados com a pele. A ação teve parceria da Liga Acadêmica de Práticas Integrativas e Complementares em Saúde e da especialista em bem-estar Marciane Villeme.
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Ufac realiza abertura do Fórum Permanente da Graduação — Universidade Federal do Acre
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22 de outubro de 2025A Pró-Reitoria de Graduação (Prograd) da Ufac realizou, nesta terça-feira, 21, no anfiteatro Garibaldi Brasil, campus-sede, a abertura do Fórum Permanente da Graduação. O evento visa promover a reflexão e o diálogo sobre políticas e diretrizes que fortalecem o ensino de graduação na instituição.
Com o tema “O Compromisso Social da Universidade Pública: Desafios, Práticas e Perspectivas Transformadoras”, a programação reúne conferências, mesas temáticas e fóruns de discussão. A abertura contou com apresentação cultural do Trio Caribe, formado pelos músicos James, Nilton e Eullis, em parceria com a Fundação de Cultura Elias Mansour.
O pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, representou a reitora Guida Aquino. Ele destacou o papel da universidade pública diante dos desafios orçamentários e institucionais. “Em 2025, conseguimos destinar R$ 10 milhões de emendas parlamentares para custeio, algo inédito em 61 anos de história.”
Para ele, a curricularização da extensão representa uma oportunidade de aproximar a formação acadêmica das demandas sociais. “A universidade pública tem potencial para ser uma plataforma de políticas públicas”, disse. “Precisamos formar jovens críticos, conscientes do território e dos problemas que enfrentamos.”
A pró-reitora de Graduação, Ednaceli Damasceno, ressaltou que o fórum reúne coordenadores e docentes dos cursos de bacharelado e licenciatura, incluindo representantes do campus de Cruzeiro do Sul. “O encontro trata de temáticas comuns aos cursos, como estágio supervisionado e curricularização da extensão. Queremos sair daqui com propostas de reformulação dos projetos de curso, alinhando a formação às expectativas e realidades dos nossos alunos.”
A conferência de abertura foi ministrada pelo professor Diêgo Madureira de Oliveira, da Universidade de Brasília, que abordou os desafios e as transformações da formação universitária diante das novas demandas sociais. Ao final do fórum, será elaborada uma carta de encaminhamentos à Prograd, que servirá de base para o planejamento acadêmico de 2026.
Também participaram da solenidade de abertura a diretora de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino, Grace Gotelip; o diretor do CCSD, Carlos Frank Viga Ramos; e o vice-diretor do CMulti, do campus Floresta, Tiago Jorge.
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Ufac realiza cerimônia de abertura dos Jogos Interatléticas-2025 — Universidade Federal do Acre
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22 de outubro de 2025A Ufac realizou a abertura dos Jogos Interatléticas-2025, na sexta-feira, 17, no hall do Centro de Convenções, campus-sede, e celebrou o espírito esportivo e a integração entre os cursos da instituição. A programação segue nos próximos dias com diversas modalidades esportivas e atividades culturais. A entrega das medalhas e troféus aos vencedores está prevista para o encerramento do evento.
A reitora Guida Aquino destacou a importância do incentivo ao esporte universitário e agradeceu o apoio da deputada Socorro Neri (PP-AC), responsável pela destinação de uma emenda parlamentar de mais de R$ 80 mil, que viabilizou a competição. “Iniciamos os Jogos Interatléticas e eu queria agradecer o apoio da nossa querida deputada Socorro Neri, que acredita na educação e faz o melhor que pode para que o esporte e a cultura sejam realizados em nosso Estado”, disse.
A cerimônia de abertura contou com a participação de estudantes, atletas, servidores, convidados e representantes da comunidade acadêmica. Também estiveram presentes o pró-reitor de Extensão e Cultura, Carlos Paula de Moraes, e o presidente da Fundação de Cultura Elias Mansour, Minoru Kinpara.
(Fhagner Soares, estagiário Ascom/Ufac)
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